Discurso durante a 233ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Desmentido sobre nota publicada na coluna da jornalista Dora Kramer, do último sábado, que atribuiu a S.Exa. oposição à candidatura do Senador Tião Viana à Presidência do Senado.

Autor
Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Geraldo Gurgel de Mesquita Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA. SENADO.:
  • Desmentido sobre nota publicada na coluna da jornalista Dora Kramer, do último sábado, que atribuiu a S.Exa. oposição à candidatura do Senador Tião Viana à Presidência do Senado.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 10/12/2008 - Página 50518
Assunto
Outros > IMPRENSA. SENADO.
Indexação
  • INEXATIDÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, ACUSAÇÃO, ORADOR, COMBATE, CANDIDATURA, TIÃO VIANA, SENADOR, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PRESIDENCIA, SENADO, ESCLARECIMENTOS, POSIÇÃO, RESPEITO, MAIORIA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), CONGRESSO NACIONAL, OPOSIÇÃO, CONCENTRAÇÃO, PODER.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), EXPOSIÇÃO, CRITICA, TIÃO VIANA, SENADOR, DESMENTIDO, ACUSAÇÃO, IMPRENSA, ESTADO DO ACRE (AC), AUTORIA, ORADOR, FONTE, DENUNCIA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

Sr. Presidente Alvaro Dias, Srªs e Srs. Senadores presentes, o que me traz à tribuna na tarde de hoje é fazer um breve comentário acerca de uma nota publicada na coluna da prestigiadíssima jornalista Dora Kramer no sábado passado.

Vou ler a nota, Senador Gerson Camata. Ela diz o seguinte:

O Senador Renan Calheiros leva a fama, mas o maior combatente da candidatura do petista Tião Viana é o senador acreano Geraldo Mesquita.

Aparentemente um homem de maneiras amenas, quando o assunto é seu adversário regional, Mesquita vira uma fera ferida.

Tenho muito respeito pela jornalista Dora Kramer. Nesta Casa, todos temos o dever - prazeroso, inclusive - de ler sua coluna diariamente. E não me permito rebater o que ela diz, porque é uma opinião pessoal. Mas eu queria apenas dizer que, de minha parte, isso não é verdade, isso não procede.

Não tenho o Senador Tião Viana como inimigo. Tanto na política quanto na vida, apesar até de ter motivos para ter mágoa, não me alimento de mágoa, de rancor, de ódio. Supero isso tudo. Peço a Deus sempre, todo dia, que me dê humildade para enfrentar o que vem pela frente, inclusive as adversidades, com muita humildade. E não é verdade: não tenho o Senador Tião Viana como inimigo.

Já que me envolvi nessa matéria, anunciei aqui, de véspera, uma reunião que o nosso partido, o PMDB, faria, como fez, para uma deliberação importante - que julgo importante. E, inexoravelmente, entrei no debate.

Na verdade, Senador Gerson Camata, entendo que o povo brasileiro deu maioria ao PT para colocá-lo na Presidência do Poder Executivo, mas não deu maioria congressual ao PT. Sintomaticamente, Senador Alvaro Dias! Isso quer dizer alguma coisa. A população, sabiamente, decidiu não concentrar poder no nosso País, porque senão a coisa seria avassaladora.

Eu me bato no seguinte, e aí eu complemento: a população deu maioria ao PMDB. Isso é sintomático também. Ou seja, a população elegeu o PT para presidir o Poder Executivo, mas deu ao PMDB uma maioria congressual, aliás, uma bancada majoritária tanto na Câmara quanto no Senado, Senador Mão Santa.

Para espancar de vez essa dúvida, trazida, mais uma vez, pela jornalista Dora Kramer, a quem respeito muito, devo dizer que a minha tese... Posso estar pecando, errando, mas a tese é esta e eu acredito nela, e, enquanto ninguém me convencer do contrário, eu levo a tese adiante, Senador Mão Santa: a minha tese é que não deve haver concentração de poder, principalmente neste momento, em nosso País. Um mesmo grupo político ter o domínio do Poder Executivo e a chefia do Poder Legislativo - porque a Presidência do Senado representa isso, é a Presidência do Congresso Nacional -, acho temerário para o nosso País. E não se trata do Senador Tião Viana - coincidentemente, Senador, como eu, do nosso querido Acre.

Se o meu partido, por exemplo, Senador Gerson Camata, abandonar a tese da candidatura própria, que nós fixamos, e deliberar por uma composição, pelo apoio, eu não terei dúvida em acompanhar a decisão da bancada. Agora, acho que é temerário e defendo essa tese. Talvez o meu erro seja defendê-la cristalina e abertamente, porque na política convencionou-se que talvez a manha e a esperteza estejam exatamente no fato de não falarmos abertamente as coisas. Eu não sou assim. Sou neófito na política, eu ainda tenho muito que aprender, mas esse tipo de comportamento eu não quero aprender, Senador Mão Santa. Falo o que penso, falo o que me vem na telha e tenho pago um preço muito alto por isso - e vou continuar a fazê-lo.

Eu, definitivamente, acho que não é o caso. A população brasileira não quer essa concentração de poder. E, para espancar de vez essa dúvida com relação ao Senador Tião Viana, eu diria: todos, aqui, são testemunhas do apreço, do carinho, da admiração que tenho pelo Senador Paim, por exemplo. Se fosse ele, aqui, no caso, Senador Mão Santa, eu estaria recomendando ao meu partido, o PMDB, que insistisse na tese do mesmo jeito. Tenho admiração pelo Senador Aloizio Mercadante, como tenho também pelo Senador Flávio Arns, grandes parlamentares do PT, mas acho que a tese se estende a eles também. Eles são parlamentares do PT.

Acho que o PT não deve assumir a Presidência do Senado Federal porque isso representa, em última instância, concentração máxima de poder: Poder Executivo, Poder Legislativo. Eu acho que, neste momento, não é bom para o País, não podemos trilhar esse caminho. A concentração máxima de poder leva a que alguns pensem que podem tudo e mais do que tudo. E não é o caso, não é o caso. O poder, como diz sempre o Senador Mão Santa, deve ser muito bem distribuído e equilibrado.

Então, a minha tese é essa, e não se trata de ninguém em particular.

Senador Aloizio Mercadante, Senador Flávio Arns, Senador Paim, só para citar: se estivessem esses três parlamentares do PT nessa situação, eu estaria dizendo a mesma coisa aqui, porque é isso o que eu penso.

Senador Mão Santa, rapidamente. Não sei se o Senador Papaléo me permite.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Papaléo, um debate qualificado pela democracia. Aí está, na tribuna, um dos homens que tem mais firmeza no Direito do mundo contemporâneo da política, mas ele não é neófito, não. Com ele é genético, até. O pai dele chegou a governar o Estado do Acre e escreveu uma bela página política, que ele segue. Eu queria dizer: o raciocínio de V. Exª coincide com o meu. Nós somos irmãos gêmeos aí, mas pela democracia. A gente sabe que aquele sonho... Eu acho a democracia a maior construção da civilização, mas ela tirou o absolutismo e dividiu o poder. Ninguém contesta, no Executivo, o nosso Presidente Luiz Inácio, mas acontece que aqui tem um agravante ao raciocínio de V. Exª que me preocupa. Não estou culpando ninguém, não. Os sábios homens que fizeram a Constituinte, pois eles eram sábios - quem vai dizer que Afonso Arinos, Ulysses, Mário Covas e toda essa gente não eram sábios? -, atenderam ao apelo popular e deram, na nossa Constituinte, um poder grandioso, atendendo ao povo: que o Presidente da República indicasse, ao seu bel-prazer, a Corte Suprema, o STF. Mas eles o deram por um mandato e, aí, o mundo fez com que o Presidente já tivesse dois. Um quadro vale por dez mil palavras. O nosso Presidente Luiz Inácio já nomeou sete! E ele está certo, ele nomeou pessoas com carteirinha do seu partido há mais de vinte anos. É como um torcedor do Vasco: é Vasco mesmo e quer que acabe agora o campeonato, porque foi desclassificado. Isso é da psicologia, que posso ensinar. O Executivo já é forte porque tem o dinheiro. Eu vim, ali, do Presidente do BNDES. É dinheiro muito e serve para cá e para o mundo todo. A Caixa Econômica e o Banco do Brasil são fortes. Essa escorregada que a nossa Constituinte deu na nossa evolução democrática fez com que eles nomeassem quase todos do STF. Já está forte, e, se nós entregarmos ao PT, é melhor voltarmos e chamarmos o Mussolini logo, da Itália antiga, do fascismo. O equilíbrio é aqui e a sabedoria é simbolizada por Rui Barbosa. Nessa tradição tem sabedoria: a divisão é de acordo com o número de cadeiras conquistadas, que são do povo, que nós representamos. Obedece-se isso. Então, nós...

(Interrupção do som.)

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - ...somos majoritários. Rui Barbosa, que está ali, disse: “O homem que não luta pelos seus direitos não merece viver”. Nada contra Tião Viana. Se ele é do seu Estado, ele é meu companheiro médico, inteligente, professor, simpático e tudo. Pelo contrário, eu acho que quem está sendo injusto com ele é o Luiz Inácio. É o Luiz Inácio! É o Luiz Inácio! Por que Tião Viana não é lembrado para ser candidato a Presidente da República? Muito mais mérito ele tem do que a Dilma, que não foi nem Vereadora. Ele não, ele é testado, ele é um Senador, e é o caminho natural. Então, admito que ele seja até um Obama simpático do PT. Numa prévia, numa primária, tenho toda a convicção de que ele dá de chinelo na Dilma. Não é contra ele, não. Aí, eu defendo o direito, mas aqui é do PMDB. O PMDB terá candidato. Quem é que está aqui do PMDB? Nós somos a maioria presente. Já somos dois. Então, é um direito. Ele vai ter candidato.

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Senador Mão Santa, V. Exª acaba de lançar uma idéia. É uma idéia.

Agora, Senador Papaléo, para concluir, repito: olha, não me passam pelo coração nem pela cabeça rancor, ódio, nada disso. O que me guia nesse assunto é exatamente isto: eu temo a concentração de poder. A concentração de poder máxima, como poderia se afigurar dessa forma, enseja a tentação inclusive do terceiro mandato, que é uma coisa que devemos repelir, porque seria um golpe mortal à nossa democracia.

Para concluir, Senador Papaléo, um assunto leva a outro e se relaciona do mesmo jeito. Neste final de semana, o Correio Braziliense publicou duas matérias tendo o Senador Tião Viana como personagem e, lá na minha terra, como sempre, alguns aloprados tentam insinuar que a fonte teria sido este Senador.

Eu digo com toda tranqüilidade, Senador Mão Santa: essa não é a minha praia. A minha praia é o embate político. Eu não lido com esse tipo de prática. Eu não tenho essa prática de ficar plantando coisa contra pessoas, ou para o bem ou para o mal. Não faço isso, Senador Papaléo.

Para tirar qualquer dúvida com relação a isso, caso tenha sido eu a fonte, como se diz, das duas matérias, eu autorizo de público o Correio Braziliense, a competente jornalista que fez a matéria, a dizer, também publicamente: “Foi o Senador Geraldo Mesquita” - caso tenha sido, Senador Papaléo Paes, porque não fui eu. Então, não posso, mais um vez, pagar pelo que eu não faço. Não fui, não trabalho assim. Essa não é a minha praia. A minha praia é o embate político. Se quiserem o embate político, estou dentro. Agora, plantar notícia em jornal, matéria, ser fonte escusa... Eu jogo limpo. Eu jogo assim: peito aberto, olho no olho, Senador Papaléo. Essa é minha prática. Do resto, eu não partilho, eu não participo; pessoalmente, não advogo esse tipo de comportamento, nem pratico esse tipo de comportamento. Portanto, estão autorizados o Correio Braziliense e o próprio jornalista autor da matéria a, se tiverem tido como origem, fonte da notícia o Senador Geraldo Mesquita, revelarem. É claro que eles não vão poder fazer isso porque, de fato, isso não ocorreu.

Senador Papaléo, eram os esclarecimentos que eu queria trazer, e agradeço a V. Exª pela tolerância do tempo.


Modelo1 5/7/241:09



Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/12/2008 - Página 50518