Discurso durante a 234ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Luta pela liberação de créditos para o Piauí.

Autor
Heráclito Fortes (DEM - Democratas/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Luta pela liberação de créditos para o Piauí.
Publicação
Publicação no DSF de 11/12/2008 - Página 51165
Assunto
Outros > ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • CRITICA, GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), MANIPULAÇÃO, POPULAÇÃO, ANUNCIO, RECURSOS, GOVERNO FEDERAL, REGISTRO, ANAIS DO SENADO, DOCUMENTO, SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA (SIAFI), DADOS, INFERIORIDADE, LIBERAÇÃO, ORADOR, LEVANTAMENTO, ABUSO DE PODER, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL, FAVORECIMENTO, ELEIÇÃO MUNICIPAL, DETALHAMENTO, PARALISAÇÃO, OBRAS.
  • CRITICA, GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), DESVALORIZAÇÃO, OPOSIÇÃO, PREJUIZO, DEMOCRACIA.
  • DENUNCIA, IRREGULARIDADE, GOVERNO ESTADUAL, VENDA, TERRAS, OBJETIVO, DESMATAMENTO.
  • REGISTRO, GESTÃO, ORADOR, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA (MME), ANUNCIO, ENCONTRO, DIRETOR, CENTRAIS ELETRICAS DO PIAUI S/A (CEPISA), BUSCA, SOLUÇÃO, CORTE, ABASTECIMENTO, ENERGIA ELETRICA, ESTADO DO PIAUI (PI), ESPECIFICAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em primeiro lugar, quero agradecer a V. Exª as palavras carinhosas, fruto de uma generosidade infinita.

Mas, meu caro Senador Mão Santa, V. Exª que fala em recursos federais, V. Exª que fala no esforço que nós Parlamentares fazemos para conseguir a liberação de verbas para o nosso sofrido Estado, quero chamar a sua atenção para um fato. Meu avô já dizia que é mais fácil se pegar um mentiroso que um coxo.

O Governador chega a Teresina, principalmente quando vem de Brasília, anunciando bilhões para o Estado do Piauí. V. Exª é testemunha disso. Senador Mão Santa, o Piauí está vivendo, única e exclusivamente, de recursos oriundos das emendas dos Parlamentares. Fora isso, não há nada de específico e extra-orçamentário com que o Piauí seja contemplado. O prestígio que o Governador alardeia com o Presidente da República é só blá, blá, blá, conversa para boi dormir. Nada melhor para comprovar o que estou dizendo do que o documento publicado pelo Siafi. Recebi até uma informação dada por atentos jornalistas do meu Estado, envergonhados com o que vivemos. Mão Santa, o documento é do Siafi. É o documento oficial do Governo.

No Nordeste, de nove Estados, o Piauí é o sétimo em liberação de recursos. É o sétimo em liberação de recursos! O Governador anuncia milhões para lá e para cá, estradas para aqui. Sabem quanto o Piauí tem para ser liberado neste ano todo? R$159 milhões. Só foram liberados até agora 54%, aproximadamente R$75 milhões.

Para que criar essa expectativa desnecessária para a nossa gente pobre e sofrida do Estado do Piauí, Mão Santa? O que se está fazendo lá é criminoso, é uma deslealdade! Promessas, promessas, enganando!

Estou mandando fazer um levantamento dos convênios assinados pelo Governador no ano da eleição, 2006, agora refeito no ano da eleição municipal. Estou vendo essa leva de investigações sobre o uso de máquina em período eleitoral e não acredito que no Piauí nada aconteça. Obras prometidas, estradas, dois quilômetros para cá, quatro quilômetros para ali e uma patrulha de máquinas destinada a asfalto viajando de Município para Município, aonde o governo ia, apenas com promessas.

Vi agora gravação pública - porque são gravações de palanque, não são gravações clandestinas -, promessas e compromissos assumidos em praça pública e assinados por meio de convênios em palanques em Municípios do Piaui, que, se não forem crime eleitoral, eu não sei mais nada o que é neste País.

A campanha do Piauí foi cara. Os dirigentes do Partido do Governador voando de avião, segundo alguns, transportando recursos. Que essas viagens são estranhas, são, tendo em vista o pouco espaço de tempo em que a aeronave passava em cada um dos Municípios. E isso precisa ser apurado. O povo do Piauí não pode viver dessas promessas ridículas que o Governador faz.

Aqui, Mão Santa, é um documento do Siafi, órgão do Governo, oficial. R$159 milhões, e apenas uma parte, 54%, foi liberada. É preciso que o Governador explique o que foi feito da fidelização dos recursos oriundos da venda da conta dos servidores do Piauí, da conta de pessoal do Estado do Piauí ao Banco do Brasil.

No Piauí, não se aceita oposição. Fazemos oposição, e eles tentam nos desqualificar, desconstruir. É uma tática usada por Hitler. E nem na ditadura os governadores mais tiranos chegaram a cometer tamanha ousadia. O que estamos vendo é o tempo passar, e as promessas de S. Exª não se concretizarem.

Senador Mão Santa, lutei na semana passada e amanhã vamos continuar a luta para a liberação de créditos para o Piauí. Nem isso o Estado está merecendo. Há, por exemplo, começada por mim e depois com a paternidade assumida pelo Governador, a ponte de Luzilândia, parada por falta de verbas, por falta de recursos, por falta de trabalho, por falta de esforço.

Cadê o prestígio do Governador? A obra está parada. A ponte de Santa Filomena está parada, e por aí vai.

Senador Mão Santa, onde é que estão as barragens prometidas? É entristecedor falarmos sobre a Ferrovia Transnordestina. Vimos ontem o nosso Senador e amigo Presidente Sarney indo, na companhia do Senador Leomar Quintanilha e de uma comitiva com a Dilma Roussef, para um evento da Norte-Sul. Cadê a Transnordestina? Onde é que estão os recursos da Transnordestina, que tinha inauguração prometida para o ano que vem?

Senador Mão Santa, V. Exª colocou a sua emenda, em um gesto de grandeza e de amor ao Piauí, para o porto de Luís Correia. Cadê as obras? Cadê a retomada? Qual foi a empresa que ganhou a concorrência com a capacidade e a competência dessa empresa em construção de porto? As coisas precisam ficar mais esclarecidas no Estado.

E o Governo a dar guarida à transação de terras no Estado, envolvendo empresas acusadas de desmatamento ilegal. Esse caso precisa ser apurado! A venda dessas terras, dessa propriedade, em Currais, por R$42 milhões é grave. É preciso que se saiba a forma de pagamento, porque as histórias que se contam na própria região são estarrecedoras, envolvendo membros importantes do Partido dos Trabalhadores. Essas coisas precisam ser esclarecidas!

Nessa região, o que se fala é de sinais exteriores de riqueza de pessoas que não têm como justificar a mudança de padrão de vida tão repentina.

Enquanto isso, o Piauí é o sétimo Estado no Nordeste em liberação de recursos federais. É preciso que se acabe com essa palhaçada de ficar anunciando, meu caro Senador Mão Santa, liberação de recurso, dinheiro que está vindo e que não chega. Não podemos nos conformar com isso!

Os recursos que estão sendo liberados são devido ao esforço da Bancada federal. Cadê o Governador? Cadê o prestígio? Cadê a intimidade com o palácio? A nossa luta para que os funcionários do Banco do Estado do Piauí fossem protegidos na fusão começa a dar certo, porque nem com isso um governo de origem trabalhista se preocupou.

Senador Mão Santa, a gente que vive em Brasília e que gosta de política para fazer o bem não tem hora para enfrentar os desafios. Ontem, às 22h30 tive um encontro com o Ministro Edison Lobão, nosso colega do Senado, e protestei fazendo-lhe um apelo, pelo respeito e amizade que tenho, com relação ao estado em que se encontra a Cepisa, que é um patrimônio do Piauí. Sabe o que o Senador e Ministro Lobão fez? Imediatamente ligou para Dr. Flávio Decat, que é o atual gestor da Cepisa, que se encontrava no Piauí e mantive uma conversa com ele mostrando a situação. Como não gosto de ser injusto, eu disse: Dr. Flávio, não estou botando culpa exclusivamente no senhor, na sua gestão. Essa cadeira de burro acompanha a Cepisa já há seis ou oito anos, mas é preciso dar um basta porque ninguém agüenta viver nesses apagões constantes que Teresina vive hoje.

A coisa é tão grave que eu, falando com uma filha minha, disse que iria comprar um petromax, e essa geração não sabe sequer o que é petromax. Pois candeeiro, petromax e lamparina - fora as tradicionais velas - voltaram a ser vendidas no mercado de Teresina em grande abundância.

Pois bem, tivemos uma conversa muito positiva, e o Dr. Flávio combinou que, a partir da próxima terça-feira, nós iríamos ter um encontro. Até gostaria que V. Exª participasse também, em nome do Piauí, porque nós não estamos defendendo ao interesse próprio, mas nós temos que defender o Piauí. O Governador disse que tem um apreço muito grande pela região de Bom Jesus. Gente, por que não retoma aquela obra iniciada no seu governo com a minha participação direta, da eletrificação da Serra do Quilombo, para fortalecer o potencial agrícola daquela área? Até para incentivar esse empresário, salvo engano, de sobrenome Rolim, do Rio de Janeiro, que comprou por R$42 milhões essa área lá em Currais. Era preciso.

De forma que deixo a tribuna, depois de trazer esses dados que para mim são estarrecedores. Vou repetir: o Piauí é o 7º no Nordeste. Se nós formos para o país de um modo geral, é o 18º ou o 19º. Os gráficos estão aqui. Eu vou deixá-los com a Taquigrafia para que fiquem registrados nos Anais da Casa. Mas que não se venha mais com essa história de que Piauí está nadando em dinheiro. O Governador desceu, na semana passada: “Estão assegurados R$470 milhões para o Piauí este ano”. A realidade é outra, completamente diferente. É triste, mas é verdade. Tudo o Governador leva a sério, porque vive passeando, vive passeando. Já foi à Europa três vezes! Anuncia hotéis, anuncia vôo internacional, anuncia geração de emprego, campo de golfe...

Há três anos, anunciou a construção de um centro de convenções com um projeto da família Ohtake. Não sei nem se pagou o anteprojeto, não sei nem como isso anda! E nunca mais se fala nisso! E o pior, Senador Mão Santa, é que o garroteamento é tão grande que nós estamos proibidos de fazer oposição. Proibidos de fazer oposição! Se a gente faz oposição, vem aquele rolo compressor de agressão, de tentativa de desqualificação das pessoas. Eu não vou recuar, sei que V. Exª também não, porque nós temos a consciência tranqüila do dever cumprido. Nós fomos eleitos pelo povo do Piauí com mandato. E fui eleito para ser oposição e vou ser oposição. Se não querem discursos ruins, comportem-se bem! Ou arquem com as conseqüências. Temos de fazer isso. Não podemos ficar dizendo amém! Não podemos concordar com as mazelas.

Senador Mão Santa, mande ver os índices da educação no Estado do Piauí. Mande ver, vamos ver. Eu lamento. Tudo aquilo que combatiam praticaram. Os apaniguados do Governador transformaram-se em candidatos. Em 2006, praticaram a eleição mais cara de toda a história do Piauí. São aqueles candidatos que, quando terminam uma eleição, não estão com conta na bodega, estão comprando carro de luxo, carro japonês, carro importado. Não desafio. Temos até o caso de uma pessoa pela qual tenho respeito, me ajudou muito quando eu era Prefeito e ele era líder sindical. Era o segundo ou o terceiro na hierarquia. O primeiro era o Trindade. Trindade era duro. Mas ele sempre dava um jeito e a gente se entendia, era o João de Deus. João de Deus fez a primeira eleição gastando R$22 mil, a segunda gastando R$400. Não comeu, não bebeu, não comprou roupa durante quatro anos. É um mágico! Acho que o PT deveria chamá-lo para colocar no lugar do Mantega, porque sabe realmente fazer a multiplicação dos pães.

É uma coisa incrível, mas é verdade.

Vamos, Sr. Senador, lamentar e anunciar esse dado entristecedor. Dinheiro para o Piauí só na conversa mole dos governantes, é o 7º no Nordeste e o 18º ou 19º no Brasil. Vou amanhã trazer esses dados com mais precisão para voltar ao assunto.

Muito obrigado. 

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES EM SEU PRONUNCIAMENTO

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e o § 2º, do Regim ento Interno.)

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Matéria referida:

“Unidades da Federação. Regiões Norte, Nordeste, Sul,e Centro-Oeste.”


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/12/2008 - Página 51165