Discurso durante a 234ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato sobre a audiência pública realizada hoje na Comissão de Assuntos Sociais, cujo tema central foi o Projeto de Prevenção da Transmissão Materno-Fetal do Vírus da AIDS, implantado em Angola a partir de 2002.

Autor
Patrícia Saboya (PDT - Partido Democrático Trabalhista/CE)
Nome completo: Patrícia Lúcia Saboya Ferreira Gomes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Relato sobre a audiência pública realizada hoje na Comissão de Assuntos Sociais, cujo tema central foi o Projeto de Prevenção da Transmissão Materno-Fetal do Vírus da AIDS, implantado em Angola a partir de 2002.
Publicação
Publicação no DSF de 11/12/2008 - Página 51181
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • IMPORTANCIA, PROJETO, PREVENÇÃO, TRANSMISSÃO, SINDROME DE IMUNODEFICIENCIA ADQUIRIDA (AIDS), RECEM NASCIDO, COOPERAÇÃO, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, ANGOLA, EXTENSÃO, CONTINENTE, AFRICA, SAUDAÇÃO, REDUÇÃO, CONTAMINAÇÃO, ELOGIO, ATUAÇÃO, MEDICO, ESPECIALISTA, DEPOIMENTO, COMISSÃO DE ASSUNTOS SOCIAIS (CAS), SENADO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


           A SRª PATRÍCIA SABOYA (PDT - CE. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, uma lição de medicina, de cooperação internacional e de sensibilidade social foi dada hoje na Comissão de Assuntos Sociais do Senado pelo infectologista David Everson Uip, presidente da Fundação Zerbini e diretor-executivo do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e pelo médico Rogério Tuma, renomado especialista em neurologia clínica do Hospital Sírio-Libanês. O tema central de seu depoimento foi o Projeto de Prevenção da Transmissão Materno-Fetal do Vírus da Aids, implantado em Angola a partir de 2002.

Os dois médicos, ambos de renome mundial, participam do projeto, dedicando-se com outros profissionais de saúde a um programa que já conseguiu mudar o perfil da Aids em Angola e, agora, estende-se a outros países africanos. Alcançaram-se êxitos relevantes, como a redução significativa na chamada transmissão vertical, a que passa a doença de mãe para filho. Ambos tornaram claro que se trata de um primeiro passo. Muitos outros precisam ser dados, em função da gravidade do quadro existente.

David Uip é uma referência na medicina brasileira. Dirigiu o programa contra a Aids quando se conhecia pouquíssimo da doença e, ao deixar a função, toda uma estrutura de diagnóstico, atendimento e prevenção havia sido montada. Na reunião da Comissão de Assuntos Sociais, além de uma ampla exposição sobre a evolução da pandemia e o primoroso trabalho feito em Angola, proporcionou-nos uma visão ampla da doença e de suas perspectivas. Mostrou-nos que, embora ainda estejamos distantes da cura da Aids ou de uma vacina perfeita contra o vírus HIV, há muito o que se possa fazer, tanto do ponto de vista da prevenção quanto dos avanços dos medicamentos e, principalmente, de uma atenção profissional qualificada.

Rogério Tuma, embora jovem, já ocupa posição de destaque na medicina paulista e brasileira. Teve igualmente papel relevante no Projeto de Prevenção da Transmissão Materno-Fetal do Vírus da Aids em Angola. Atuando primordialmente na neurologia, contribuiu também, de forma decisiva, para a qualificação do atendimento médico angolano, superando as graves carências que se acumulam desde seu passado colonial.

Mais do que tudo, porém, David Uip e Rogério Tuma deram-nos uma lição de vida. O Brasil conseguiu grandes avanços no combate à Aids, graças a um esforço de que participam hoje e no qual David Uip teve papel chave. Esse papel foi lembrado com precisão pelo presidente José Sarney, para nossa felicidade presente à Comissão de Assuntos Sociais. Conseguimos também avanços institucionais extremamente relevante, como a garantia de medicação aos pacientes de Aids, por iniciativa legislativa do próprio senador Sarney, após deixar a Presidência da República. Não é, infelizmente, a situação de muitos dos países africanos, razão pela qual o desprendimento e a competência de médicos como Uip e Tuma adquirem relevância especial.

Na reunião, Rogério Tuma comoveu-nos com o relato que fez do drama vivido pelos doentes angolanos e do seu estoicismo. Em um depoimento impressionante, descreveu os espaços das enfermarias e corredores de hospitais de Luanda, com dezenas de enfermos, todos calados, sem protestar nem se lamentar, sem sequer gemer.

David Uip fez uma análise não menos vívida dos desafios enfrentados no Brasil e fora dele. Sua contribuição para o enfrentamento das doenças infecciosas no Brasil é reconhecida a nível internacional. Por isso mesmo se torna ainda mais preciosa a disposição para combater a Aids em outro continente, com recursos minguados e riscos de todo gênero.

Tivemos a nosso lado, na reunião da Comissão de Assuntos Sociais, o senador Romeu Tuma, autor do requerimento que levou à audiência pública de hoje, proporcionando-nos assim essa experiência. Também lá estavam os senadores Rosalba Ciarlini, médica e vice-presidente da Comissão, Flávio Arns, Raimundo Colombo, Papaléo Paes, Inácio Arruda e José Nery, além do presidente José Sarney. Acredito que compartilhamos, todos, de uma experiência que engrandece nosso país.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/12/2008 - Página 51181