Discurso durante a 235ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos 48 anos de fundação da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 48 anos de fundação da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação.
Aparteantes
Geraldo Mesquita Júnior.
Publicação
Publicação no DSF de 12/12/2008 - Página 51238
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, REDE NACIONAL DE HOSPITAIS DA MEDICINA DO APARELHO LOCOMOTOR, SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, DISCURSO, REGISTRO, HISTORIA, CONTRIBUIÇÃO.
  • SAUDAÇÃO, QUALIDADE, HOSPITAL, RECONHECIMENTO, AMBITO INTERNACIONAL, ELOGIO, DEDICAÇÃO EXCLUSIVA, SERVIDOR, IGUALDADE, TRATAMENTO, VALORIZAÇÃO, SAUDE.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Garibaldi Alves Filho, Deputado Alceni Guerra, Deputado Laerte Bessa, bravos Dr. Aloysio e Drª Lúcia, trouxe um discurso escrito, bonitinho, completo, colocando a Rede Sarah no céu e contando toda a sua história. Vou pedir a transcrição nos Anais e enviarei cópia ao Dr. Aloysio e à Drª Lúcia e vou falar outras coisas.

Ouço dizer que o Sarah é um hospital de Primeiro Mundo. Eu não gosto disso, eu acho que devemos dizer que o Sarah é um exemplo de que nós, do Segundo e Terceiro Mundos, podemos ter um serviço de primeiríssima qualidade. E isso nós temos.

Em um outro pronunciamento que fiz, disse que o Brasil mostra exemplos de que, quando quer, faz. A Petrobras é um exemplo. Temos visto a Petrobras abobando o mundo ao buscar petróleo em águas profundas, a sete mil metros de profundidade, algo considerado impossível, um dos feitos mais fantásticos da ciência moderna. E a Petrobras o fez com a nossa tecnologia, sem multinacional, sem ninguém. Com a nossa tecnologia!

O Sarah é isso, no campo da saúde. Na primeira vez em que cheguei lá, fiquei impressionado com aquele tapete branco que, não sei de quanto em quanto tempo, era trocado por alguém. Eu fiquei com vergonha de pisar em cima, mas aquilo é um exemplo. Realmente, é um exemplo!

É impressionante vermos o amor que os funcionários têm pelo Sarah. É impressionante! Primeiro, para trabalhar no Sarah tem que ser trabalho exclusivo. Não tem médico que trabalha quatro horas no Sarah e cinco horas no seu consultório ou seis não sei onde. Não, o trabalho é exclusivo. Como ascensorista de elevador, como qualquer cidadão, o trabalho é exclusivo. Mas ele aprende a amar e a se dedicar ao Sarah. É impressionante vermos, naquele hall enorme, as pessoas misturadas. A pessoa mais humilde tem o mesmo tratamento da pessoa mais importante. Ali, o companheiro que vai ficar ajudando tem que botar a roupa do Sarah; se vai ao restaurante não se sabe quem é rico, quem é pobre, quem é branco, quem é preto, quem tem dinheiro, quem não tem dinheiro. É todo mundo com a mesma roupa e comendo a mesma comida. Esse é o Sarah!

Com toda sinceridade, acho que o senhor, Dr. Aloysio, é uma pessoa realmente notável! Vejo o seu trabalho nesses anos todos, ali. Agora, em cadeira de rodas. Dizem até, alguns, que é um pouco de sofisticação, mas fica bonito.

Quando eu vejo essa dedicação de uma vida sua, de corpo e de alma; quando eu vejo essa preocupação da busca da perfeição: perfeição no tratamento, perfeição no carinho, perfeição na seriedade, perfeição na austeridade, perfeição na cura, perfeição no amor por aquela pessoa que chega ali, de repente, deitada, sem poder ter nenhum movimento.

Como diz bem o Senador Romeu Tuma, é um lugar de sarar vidas, de recuperação de vidas; de ensinar a acreditar que Deus existe, e que uma parcela Dele nos olha sempre; e de olhar para frente. Quando vejo a diferença entre a pessoa que chega, pensando no fim da vida, e a pessoa que sai, nem sempre curada, apenas encaminhada, mas com a esperança, com a expectativa, com otimismo de que vale a pena, aumenta a minha admiração pelo Dr. Aloysio. E lhe digo do fundo do coração: admiro a sua dedicação e, agora, pelo Brasil afora, nas várias organizações.

Quando vejo a seriedade da organização... Eu não sei, mas, imaginem os senhores: se uma Rede Sarah, se o Dr. Aloysio estivesse no sistema previdenciário brasileiro, Dr. Guerra, como a coisa seria diferente, como a coisa seria diferente e como o sistema previdenciário - e temos orgulho em dizer na Constituição que “a saúde é um direito de todos e uma obrigação do Estado” - seria realmente uma grande realidade.

Quando eu vejo a Drª Lúcia... Essa simpatia, esse sorriso é permanente, esse sorriso é emocionante. Prêmio internacional no mundo...

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Senador Pedro Simon, é curativo.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - É, a cura começa com o sorriso dela. É isso aí, tem razão. Ela chega no quarto e entra com um sorriso, a dor meio que vai embora.

Eu vejo o Dr. Aloysio preparando a Drª Lúcia ao longo do tempo. E eu dizendo: “É competente a Drª Lúcia, não é, Dr. Aloysio?”. E ele: “É. Tudo o que eu sei ensinei para ela e ela aprendeu umas tantas coisas a mais. Realmente, ela está lá na frente”. Eu não digo que ela esteja lá na frente, mas eu admiro V. Sª também por isso. Está ali e tem a grandeza de olhar para dentro.

E esta dupla, o Dr. Aloysio e a Drª Lúcia, transformam a Rede Sarah em um orgulho do Brasil, um orgulho do Brasil, em um exemplo que temos que reconhecer que vale a pena.

Nós, aqui, nesta Casa, quando olhamos o que destinamos ao Brasil, quando é à Rede Sarah, emocionamo-nos e dizemos que vale a pena, porque é dar direto. E o que é interessante dizer é que, se fizerem um levantamento dos custos do Sarah, vamos ver que custa menos que qualquer outro hospital, porque sua eficiência é real. Enquanto se vêem casos de contaminação tão graves em alguns hospitais, no Sarah é praticamente 0,001%, porque é a perfeição.

Por isso, esta sessão; por isso, esta emoção. Hoje é um dia de todos nós nos sentirmos realizados. Hoje é um dia que vale a pena olharmos para o nosso País e analisar aonde chegaremos. E chegaremos muito longe! Estamos às vésperas de sermos a oitava economia do mundo, passando a Espanha, passando Canadá e rumo, com a China e a Índia, às grandes potências do futuro. O Sarah é o exemplo do que faremos antes de chegar lá.

Por isso, Dr. Aloysio, por isso, Drª Lúcia, eu lhes digo, do fundo do coração, muito obrigado. Muito obrigado aos senhores, a essa Rede espetacular, a esses médicos, a esses enfermeiros, a esses funcionários, que se dedicam de corpo e alma a essa instituição. Vale a pena! Vale a pena esse grande exemplo! Um dia, tenho certeza, o Brasil estará lá, ao lado do Sarah, no comando da dignidade, da seriedade e da liderança na humanidade.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

*******************************************************************************************************

SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR PEDRO SIMON.

*******************************************************************************************************

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é com muita alegria que me encontro aqui na condição de orador nesta solenidade que em homenageamos uma das mais destacadas instituições brasileiras.

A Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação é uma instituição de primeiríssima linha, que enche de orgulho o povo brasileiro e obteve para o nosso país pleno reconhecimento internacional.

Ao falar com muito respeito e admiração por essa notável organização clínica e científica, eu quero me concentrar principalmente no aspecto humano do trabalho que lá é desenvolvido.

Quero examinar com profundidade os sentimentos envolvidos na missão de recuperar pessoas que se viram, de um momento para outro, envolvidas nas tramas de um acidente.

Devo em primeiro lugar dizer que a Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação é considerada, por todos que a conhecem, uma entidade de excepcional qualidade, com um atendimento que beira a perfeição.

Seus médicos e enfermeiros - que dedicam-se integralmente à recuperação de pessoas que sofreram traumas, por doenças ou acidentes - são dos mais qualificados da nação, escolhidos em rigorosos concursos de provas e títulos.

De outro lado, é relevante destacar que a Rede Sarah proporciona a seus trabalhadores condições plenas para o exercício profissional, disponibilizando a todos eles as técnicas mais avançadas e os aparelhos mais inovadores.

Fechando este ciclo virtuoso, todos os que trabalham na Rede Sarah são remunerados condignamente pela sua dedicação em tempo integral.

Todos esses fatores fazem com que incontáveis pessoas, ao relatarem tratamento recebido em hospitais da rede, se referem ao Sarah como uma organização de “primeiro mundo”.

Não gosto desta expressão: “primeiro mundo”. Ela é simplificadora porque traz embutida a idéia de que tudo que é ótimo ou excelente só encontra similar nos países mais ricos do mundo. Isso não é verdade. No Brasil, alcançamos a excelência em incontáveis áreas da atividade humana. Muitas delas nos domínios da Medicina.

Pessoalmente, eu acredito que muitas nações de primeiro mundo não têm um sistema de hospitais de traumatologia e recuperação tão eficiente e competente quanto a nossa Rede Sarah.

Mas eu compreendo quando as pessoas usam essa expressão para se referirem à Rede Sarah. Elas querem expressar sua admiração por um trabalho que, chegando agora a quase meio século, foi desenvolvido com notável competência por sucessivas gerações de profissionais dedicados.

Por esses dias, fala-se que a economia brasileira poderia assumir o oitavo posto no mundo, superando Canadá e Espanha. É bem possível que, ao final desta crise mundial em que o capitalismo foi abalado nos seus alicerces, o Brasil saia ainda mais forte e ainda mais na frente.

Temos, portanto. que nos acostumar com a idéia de que este é um grande país, uma potência econômica, que aos poucos começa a atingir metas mais ambiciosas. Temos uma agricultura de primeiríssima linha, desenvolvida em grande parte pelos gaúchos e por seus descendentes espalhados por este país. Temos um sólido parque industrial que alcança áreas de extrema complexidade. Como, por exemplo, a fabricação de aviões de grande porte.

Cito esses dados todos para dizer que a expressão mais adequada para elogiar a Rede Sarah não é que ela é algo de “primeiro mundo”. Ela é uma conquista exponencial do povo brasileiro. Resultou de um trabalho científico metódico e rigoroso. É uma instituição que nos enche de orgulho, que aumenta nossa auto-estima como povo.

A Associação Pioneiras Sociais, entidade gestora e mantenedora da Rede Hospitais de Reabilitação, é composta por 9 hospitais em diferentes Unidades da Federação: Brasília (2), Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Macapá, Salvador, São Luís, Fortaleza e Belém, um Centro Internacional de Neurociências, um Centro de Desenvolvimento de Tecnologia e uma Universidade de Pós-Graduação em Neurociências. A Rede Sarah é considerada Centro Internacional de Referência e mantém ligação com várias instituições e universidades na Escandinávia, Europa, Estados Unidos e Canadá.

Feito esse comentário inicial, eu queria falar, como prometi, do aspecto humano envolvido no trabalho da Rede Sarah.

Iniciemos apenas com um número.

            Ao longo de 2007, mais de dois milhões de cidadãos brasileiros foram atendidos nos hospitais da Rede. Conforme pesquisa feita com os pacientes, 98,6% deles classificaram o atendimento recebido como “bom ou ótimo”.

Como já foi dito aqui, a Rede Sarah trata pessoas com limitações físicas decorrentes de traumatismos ou de doenças. Ou seja, o atendimento é feito com freqüência nas condições mais dramáticas.

Nenhum de nós ignora os milhares de pessoas que todos os anos são vítimas de acidentes de trânsito. Também são contados aos milhares os feridos em decorrência de uso de armas de fogo, vítimas de uma violência que não dá sinais de diminuir nas grandes cidades brasileira. Devo incluir aqui também os muitos que sofrem traumas derivados da prática de esportes ou de acidentes diversos. Por fim, há os que por motivo de doença sofrem limitações de movimento. Em todos os causos, há muita dor envolvida.

Muitos dos que chegam à Rede Sarah necessitando de tratamento são crianças ou jovens, que tiveram sua trajetória de estudo ou trabalho interrompida por um acidente. Outros são homens e mulheres no auge de sua produtividade. Sempre, em qualquer idade, esses traumas geram muito sofrimento.

Ora, em torno dessas pessoas, unidas no sofrimento, estão pais, irmãos e parentes. É um momento em que ocorre uma mudança radical de expectativas. Uma vida deve ser recomeçada em novos parâmetros.

É neste ponto que entra o trabalho daquelas pessoas que dedicam sua vida à Rede Sarah: médicos, fisioterapeutas, atendentes e psicólogos.

Conheço muitas dessas histórias.

Vivenciei muito desses dramas.

E sempre me impressionei com a dedicação e a competência daqueles que têm como missão dar o apoio para que essas pessoas atingidas por acidentes ou doenças retomem suas vidas de forma plena.

Falei antes em dois milhões de atendimentos.

O atendimento é algo que se pode quantificar e qualificar.

O que não se pode medir, no entanto, é o esforço empregado pelos que trabalham no hospital para que uma pessoa volte a reencontrar-se, recomece sua vida, ganhe um novo futuro.

Não se pode quantificar os sentimentos que envolvem os pacientes e os que lhes prestam atendimento. Perplexidade, dor, esperança. Garra, determinação, dedicação. Carinho, amizade, compreensão.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, pensando em prestar uma merecida homenagem a todos os trabalhadores dessa grande instituição - dos seus cientistas mais notáveis aos seus mais humildes servidores -, que citar aqui duas pessoas que representam muito bem o espírito da Rede Sarah.

Para simbolizar o trabalho dos que têm como objetivo de vida atender bem aos brasileiros vítimas de acidentes ou doenças, começo falando do doutor Aloysio Campos da Paz Júnior, nome que se confunde com o da Rede Sarah. Carioca, formado em Medicina em 1960, ele fez mestrado e doutorado em Ortopedia e Reabilitação.

Em 1981, foi nomeado presidente da Fundação das Pioneiras Sociais que englobava várias unidades, entre elas o Instituto Nacional de Medicina do Aparelho Locomotor.

Foi o criador do Centro de Tecnologia Hospital para o desenvolvimento de equipamentos em ortopedia e reabilitação.

Em 1986, o doutor Campos da Paz foi nomeado coordenador do Sistema Integrado de Reabilitação em Traumatologia e Ortopedia, que tinha por meta elaborar rotinas técnicas para utilização nos hospitais públicos brasileiros.

Integrou o Conselho Nacional de Saúde, nomeado pelo Presidente da República, por reconhecida capacidade profissional, no período de novembro de 1991 a novembro de 1992.

Aloysio Campos da Paz Júnior foi o grande articulador do processo de transformação da Fundação das Pioneiras Sociais em Associação das Pioneiras Sociais, em 1991. Naquele momento foi criado o primeiro Serviço Público não estatal no Brasil contemporâneo, agora plenamente bem sucedido.

Hoje, além de presidente da Associação das Pioneiras Sociais e cirurgião-chefe da Rede Sarah de Hospitais de Medicina do Aparelho Locomotor, é reitor da Universidade SARAH de Pós-graduação em Ciências da Reabilitação.

Pela sua dedicação ao próximo, pela sua grande capacidade administrativa, pelos seus vastos conhecimentos científicos, pela sua intensa atividade intelectual, o doutor Campos da Paz é membro de inúmeras sociedades médicas internacionais.

Quero elogiar também a minha conterrânea a doutora Lúcia Willadino Braga, neurocientista e neuropsicóloga, nascida em Porto Alegre, que iniciou suas atividades clínicas e de pesquisa na Rede Sarah em Brasília, em 1977.

Hoje diretora executiva da Rede Sarah, é pró-reitora da Universidade Sarah em Ciências da Reabilitação. Participante de várias entidades internacionais, é representante brasileira no projeto da União Européia de Pesquisa em Biomedicina e Saúde. Integra o conselho editorial da revista internacional Neuropsicologia Aplicada.

Em 1999, na condição de principal pesquisadora da Rede, a doutora Lucia recebeu o título de honoris causa de uma das universidades mais antigas da Europa - universidade de Reims. Esse título é concedido a apenas 3 cientistas a cada 50 anos.

Integra a diretoria das cinco principais sociedades internacionais relacionadas ao estudo do cérebro. É professora visitante de universidades na Dinamarca, Suíça, Alemanha, França, França, Espanha e de cinco universidades dos Estados Unidos.

Encerro, Sr. Presidente, deixando aqui o mais sincero agradecimentos a todos os integrantes dessa magnífica instituição brasileira. O Brasil se orgulha, e muito, de contar com a Rede Sarah.

Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.


Modelo1 5/5/242:06



Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/12/2008 - Página 51238