Discurso durante a 235ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração dos 48 anos de fundação da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. SAUDE.:
  • Comemoração dos 48 anos de fundação da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação.
Publicação
Publicação no DSF de 12/12/2008 - Página 51244
Assunto
Outros > HOMENAGEM. SAUDE.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, REDE NACIONAL DE HOSPITAIS DA MEDICINA DO APARELHO LOCOMOTOR, SAUDAÇÃO, LOCALIZAÇÃO, SEDE, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), PATRIOTISMO, DEMONSTRAÇÃO, POSSIBILIDADE, COMPETENCIA, SAUDE PUBLICA, BRASIL, VALORIZAÇÃO, EXERCICIO, SERVIÇO PUBLICO, DEDICAÇÃO EXCLUSIVA, EFICIENCIA, COMPROMISSO, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO, EXPECTATIVA, AMPLIAÇÃO, APRENDIZAGEM, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Tião Viana; meu caro Aloysio; Dr. Alceni; Lucinha, nossa amiga; Deputado, que, mais uma vez, nos prestigia nesta Casa, sou suspeito para falar do Sarah, não por ter sido paciente - aí muitos são - , sou suspeito pela admiração que eu tenho pelo Aloysio, pela Lucinha, por toda a equipe e pelo trabalho dessa casa, desse maravilhoso hospital. Mas sou suspeito também porque sou brasiliense por opção, e o Sarah é um dos maiores de todos os orgulhos de Brasília. 

Eu já disse, algumas vezes, Aloysio, que tenho a impressão de que a gente deveria colocar o Sarah no roteiro turístico de Brasília. Não estou falando nenhuma ironia, falo como algo, sim, que valeria a pena mostrar, como a gente mostra a Catedral ou o Congresso, porque as pessoas não vêem essa outra Brasília. As pessoas vêem a Brasília da política, não vêem a outra Brasília, a que sai daqui de dentro e, daqui, serve de exemplo para o Brasil inteiro.

Sou suspeito, portanto, e, talvez por essa suspeição, não vou falar das maravilhas do Hospital Sarah Kubitschek e de toda a Rede, não vou falar da Ortopedia, nem da ciência, Lucinha, mas da ortopedia cívica que vocês fazem pelo Brasil inteiro - ortopedia cívica porque o Brasil é um País que claudica, é um País claudicante, pelo menos, em algumas coisas que vocês tentam corrigir.

Primeiro, o patriotismo: visitar o Sarah nos dá patriotismo, como visitar Itaipu ou algumas dessas realizações maravilhosas do espírito e da persistência do povo brasileiro. Vocês fazem uma ortopedia cívica no sentimento de patriotismo do Brasil.

Mas há outra ortopedia mais importante: vocês reinventaram o conceito de público, porque, neste País, por diversas influências, confundimos público com estatal, e não são a mesma coisa. É muito comum ter atividades estatais sem espírito público. E vocês mostraram como é possível uma entidade que não segue os padrões normais daquilo que se chama de estatal ter o mais alto grau possível do espírito público. Esta é uma forma de ortopedia cívica no País que perdeu as noções do que, de fato, significa o espírito público.

Vocês praticam, em cada um de vocês, a idéia de ser servidor do público, e não de ser servidor público. E disso, a gente precisa demais neste País. Perdemos esse sentimento em grande parte dos serviços que são prestados no Brasil, confundindo o servidor público com o servidor do público, confundindo o Estado com o público, o interesse do Estado com o interesse do público. Vocês conseguiram colocar o público por cima do Estado, e esta é uma forma de ortopedia cívica também. Nós nos perdemos. No Brasil, perdemos, colocando o Estado por cima do interesse público muitas vezes. E no trabalho de toda a Rede e, especialmente, do Hospital, a gente vê onde o público está na frente do Estado.

Mas, mais que isso, vocês fizeram essa ortopedia cívica ao mostrar que o que não é competente nem eficiente não consegue servir ao público. Só se serve ao público, de fato, quando se tem competência. Não adianta o bombeiro melhor do mundo que não sabe apagar fogo; ele pode ser de boa vontade, mas ele não serve ao público. Vocês conseguiram vincular o trabalho público com a competência e com a eficiência - outra palavra que a ortopedia cívica, no Brasil, está precisando descobrir, porque tem gente que acha que a eficiência é algo negativo, que eficiência, Senador Arthur Virgílio, é coisa antidemocrática. Antidemocrático é a ineficiência, antidemocrático é a incompetência, antidemocrático é pôr o Estado na frente do público.

Vocês têm o espírito público, vocês têm a competência, vocês têm eficiência e têm mais essa coisa formidável que é evitar a dupla militância, e esse é o estágio máximo do serviço ao público, o compromisso total da abnegação, da valorização do que faz a ponto de dizer: “Eu tenho que me concentrar nisto, eu não posso ficar servindo a mais de um senhor”. Eu gostaria de ver todo o serviço público brasileiro transformado num serviço ao público no Brasil carregando a competência, a eficiência, o compromisso que vocês demonstraram em todos esses anos.

Vocês são, portanto, um exemplo que o Brasil precisa seguir. Não só esse exemplo que todo mundo vê do ponto de vista da competência científica, do desenvolvimento de coisas que ninguém conseguiu ver antes, como a Lucinha e sua equipe têm feito, mas esse outro lado que, muitas vezes, a gente esquece e alguns até desprezam, que é o lado, posso dizer, político da Rede Sarah, político no sentido melhor possível da palavra, de compromisso com o povo, com o público, com competência, com seriedade, com eficiência e trazendo esse orgulho patriótico que todos os brasileiros sentem, mas que nós, brasilienses podemos dizer que sentimos mais do que os outros, porque aqui começou, aqui se desenvolveu e daqui serviu de exemplo para todo o País.

É como Senador do Distrito Federal, como brasileiro que quero agradecer pelo que vocês têm feito. E é como Senador, como brasileiro e como brasiliense por opção que quero dizer que esse exemplo de vocês sirva para pôr não no gesso mas pôr, livremente, o Brasil para funcionar bem graças a essa ortopedia cívica que vocês desenvolveram.

Muito obrigado a vocês. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/12/2008 - Página 51244