Discurso durante a 225ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Esclarece sua participação como pré-candidato juntamente com, e também, pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva, na prévia do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores para a eleição do candidato a presidência da república.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Esclarece sua participação como pré-candidato juntamente com, e também, pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva, na prévia do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores para a eleição do candidato a presidência da república.
Publicação
Publicação no DSF de 28/11/2008 - Página 48211
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, ANTERIORIDADE, EXPERIENCIA, ORADOR, OFICIALIZAÇÃO, INSCRIÇÃO, NOME, DIRETORIO NACIONAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), SIMULTANEIDADE, CANDIDATURA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ANALISE PREVIA, ESCOLHA, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, REFORÇO, DEMOCRACIA, PAIS.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Mão Santa, agradeço a referência de V. Exª, uma vez que isso constitui um fato histórico no Brasil. Pela primeira vez na história dos partidos políticos brasileiros, todos os filiados de um partido - no caso, o PT, o Partido dos Trabalhadores -, em 17 de março de 2002, foram convidados para escolher entre os dois candidatos à Presidência. Um era o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o outro era eu. E, no meu entender, foi uma experiência altamente democrática. Eu tive a oportunidade de percorrer praticamente todos os Estados brasileiros. Lula, obviamente, também percorreu todos os Estados e tinha uma história política extraordinária, pois era a quarta vez que era candidato à Presidência da República. Então, sem dúvida, era a maior liderança da nossa história e Presidente de Honra do partido.

            Quero assinalar que, em dezembro de 2000, quando eu o visitei na sua residência, eu transmiti ao Presidente: “Gostaria de lhe dizer que muitos companheiros e companheiras, amigos e amigas têm dito que gostariam que eu me candidatasse à Presidência”. Eu disse ao então Presidente de Honra do PT: “Estou considerando me inscrever perante o Diretório Nacional, mas, obviamente, se, porventura, avaliar V. Exª que isso poderá causar mal ao PT ou a você, Presidente Lula, eu não me inscreverei”. A palavra do Presidente Lula, meu amigo, foi: “Eduardo, por tudo o que você fez na história deste partido, você tem todos os méritos e condições para ser um candidato à Presidência; então, apresente-se ao Diretório Nacional”. Assim eu fiz. Era dezembro de 2001, o Presidente do Diretório era o Deputado José Dirceu, que, de maneira respeitosa e adequada, quando eu disse da minha intenção, colocou a decisão de me aceitar como pré-candidato oficialmente inscrito para o Diretório Nacional, que, por consenso, aceitou a minha inscrição.

            V. Exª me dá a oportunidade de esclarecer um fato importante da história. Eis que então o Partido dos Trabalhadores organizou a prévia. O Presidente Lula me disse: “Olha, Eduardo, eu até acho que, como somos amigos e pensamos de forma igual, não haveria por que fazermos debates”. Eu gostaria de ter realizado debates, mas ele preferiu não fazê-los, então a prévia se deu dia 17 de março de 2002. Cento e setenta e dois mil filiados no PT compareceram às urnas. Lula teve 84,4% dos votos e eu tive 15,6% dos votos, mais do que muitos haviam cogitado que eu poderia ter.

            Vou-lhe relatar algo pessoal. No início de 2001, a Marta Suplicy já havia se separado de mim, mas ela me disse: “Olha, Eduardo, estão dizendo que você poderá incorrer em grave erro se disputar com o Presidente Lula, porque ele é tão significativo para todo o partido que você não vai ter sequer 5% dos votos. Isso poderá ser um desastre político para você”. Mas eu avaliei que não, porque eu estava lá para, sobretudo, defender idéias. Não fiz críticas ao meu companheiro, Presidente Lula, e, no dia em que se deu o resultado, eu, de pronto, disse, perante o Diretório Nacional e ao Presidente Lula: “Daqui para a frente, até se fecharem as urnas, eu estarei, por toda parte, fazendo campanha por você”.

            E assim o fiz. Tanto é que, na reunião do Diretório Nacional, o Secretário de organização do partido, que coordenava as ações políticas, logo após a vitória do Lula, prestou um depoimento dizendo que, de todos os parlamentares e membros da direção do partido, desde aquele 17 de março, eu havia sido aquele que tinha cumprido todas as sugestões formuladas pela direção do partido para ir a todas as cidades onde era possível; que, às vezes o Presidente-candidato, estava em um lugar do Brasil e eu ia para outro e às vezes estávamos juntos, mas que eu fui aquele que mais viajou para apoiá-lo.

            Então, quero transmitir a V. Exª que a experiência de prévia, inclusive, contribuiu para legitimar e fortalecer a então candidatura do Presidente Lula, que, nessa ocasião, chegou à vitória.

            Na campanha de 2006, avaliei que, aí, tendo em conta que o direito de reeleição já estava consagrado - uma só - e o partido tinha expectativa de que o Presidente Lula fosse reeleito, não me coloquei como pré-candidato. Mas que a prévia é algo muito saudável tem razão V. Exª.

            Foi tão bonita e interessante a experiência vivida pelos Estados Unidos da América! O povo dos Estados Unidos deu uma lição para todos os povos com a disputa tão bonita entre o Senador Barack Obama e a Senadora Hillary Clinton, que fizeram 22 debates transmitidos pelos meios de comunicação. Inclusive, nós tivemos a oportunidade, por vezes, de assistir, pela CNN, GloboNews e BandNews, a esses debates tão interessantes, que empolgaram o povo norte-americano e levaram o Partido Democrata a escolher o Senador Barack Obama, que, de forma brilhante, venceu.

            Portanto, as prévias contribuíram para fortalecer a candidatura do Senador Barack Obama versus o seu competidor, o Senador McCain; prévias que foram muito mais disputadas dentro do Partido Democrata do que no Partido Republicano.

            Então, agradeço a menção e a oportunidade de eu fazer esse registro, que fica para o conhecimento de V. Exª e do Senado brasileiro, sobre a importante e saudável experiência de prévias. Eu espero que possamos continuar realizando-as, já que elas estão previstas nos estatutos do Partido dos Trabalhadores também para 2010, seja para os candidatos aos Governos estaduais, seja para a Presidência da República.

            Quem bom que o PT tem inúmeros pré-candidatos à Presidência de excelente qualidade, a começar pela Ministra Dilma Rousseff.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/11/2008 - Página 48211