O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero me associar às preocupações manifestadas aqui pelos Senadores Tasso Jereissati e Arthur Virgílio e dizer da oportunidade desse requerimento de convocação de autoridades do Governo para tranqüilizar a Nação.

            Se a Petrobras chega à esteira da crise, chega ao anúncio de buscar R$2 bilhões junto à Caixa Econômica Federal e considera isso normal, é razão para grandes preocupações no País. Se, de um lado, a Petrobras, em velocidade incomum, consegue R$2 bilhões para fechar o seu caixa no dia de hoje, de outro lado, os setores produtivos do País buscam e não encontram crédito.

            O Governo anuncia o repasse de bilhões para o sistema financeiro, para os bancos do País, anuncia crédito farto para a agricultura e os agricultores dizem que não vêem a cor do dinheiro, assim como para exportadores, que dizem a mesma coisa, que não conseguem chegar ao Comitê de Crédito do Banco do Brasil.

            Os empresários das outras áreas do mundo empresarial brasileiro, da mesma forma, lamentam não alcançarem sequer os Comitês de Crédito das instituições financeiras, mesmo após o anúncio de que bilhões de reais estão sendo liberados para promover desenvolvimento e enfrentar a ameaça de recessão no Brasil. Quanto ao BNDES, nem se fala, Sr. Presidente. Chega a apresentar justificativas esdrúxulas, como, por exemplo, de recursos para shopping só no Norte e no Nordeste; no Sul, não. Ou seja, não há como compreender isso. Enquanto o BNDES é vítima de calote no exterior, os projetos brasileiros não são considerados.

         Portanto, nós estamos vivendo uma grande contradição. A Petrobras, toda-poderosa, vivendo um momento de crise, com dificuldade de fechamento de caixa, consegue, em velocidade incomum, R$2 bilhões, repentinamente, junto à Caixa Econômica Federal, e os setores produtivos do País amargam uma situação dramática porque não conseguem sequer chegar ao Comitê de Crédito das instituições oficiais que são responsáveis pelo fomento e, portanto, pela alavancagem de nosso desenvolvimento. E nós estamos aí, ameaçados por uma recessão que é global e que ameaça o Brasil e que é uma realidade que não pode ser ignorada.

            Portanto, Sr. Presidente, este requerimento é urgente, é oportuno e deve, evidentemente, provocar resultado imediato. É claro que nós não podemos esperar um mês para ouvir o Presidente da Petrobras sobre eventual crise que a empresa esteja vivendo agora. Não podemos aguardar um mês para ouvir as autoridades financeiras relativamente a créditos que não existem para atender a necessidade dos setores produtivos nacionais.