Discurso durante a 240ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do vigésimo quinto aniversário do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar - DIAP.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. MOVIMENTO TRABALHISTA.:
  • Comemoração do vigésimo quinto aniversário do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar - DIAP.
Publicação
Publicação no DSF de 17/12/2008 - Página 52479
Assunto
Outros > HOMENAGEM. MOVIMENTO TRABALHISTA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, PRESENÇA, DIRETOR, SINDICALISTA, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, DEPARTAMENTO, ENTIDADES SINDICAIS, ASSESSORIA LEGISLATIVA, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, GARANTIA, DIREITOS, TRABALHADOR, PARCERIA, LEGISLATIVO, REGISTRO, TRECHO, MUSICA, VALORIZAÇÃO, JUSTIÇA SOCIAL, PAZ, COMENTARIO, PARTICIPAÇÃO, HISTORIA, ASSEMBLEIA CONSTITUINTE, RECONHECIMENTO, QUALIDADE, ATUAÇÃO, DIRIGENTE, COMPROMISSO, POVO, RESPEITO, DIVERSIDADE, POLITICA PARTIDARIA.
  • ELOGIO, PUBLICAÇÃO, DEPARTAMENTO, ENTIDADES SINDICAIS, ASSESSORIA LEGISLATIVA, AVALIAÇÃO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, VALORIZAÇÃO, COMPROMISSO, LUTA, TRABALHADOR, DETALHAMENTO, PAUTA, JORNAL, PARTICIPAÇÃO, POLITICA NACIONAL, MOVIMENTO TRABALHISTA, LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, RECONHECIMENTO, QUALIDADE, DESEMPENHO FUNCIONAL, SERVIDOR, SENADO, CAMARA DOS DEPUTADOS.
  • CONCLAMAÇÃO, CONTINUAÇÃO, PARCERIA, DEFESA, DIREITOS E GARANTIAS TRABALHISTAS, ESPECIFICAÇÃO, APOIO, LUTA, APOSENTADO, PENSIONISTA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Mão Santa, Presidente desta sessão, se me permitem, vou me referir a eles como meus amigos, o meu amigo Ulisses Riedel de Resende, Diretor Técnico do Diap, o meu amigo Antônio Queiroz, que vou chamar de Toninho, que é também diretor, que tem feito um trabalho brilhante e que vou acabar citando ao longo do meu pronunciamento, e o meu amigo também José Gabriel Teixeira dos Santos, vice-Presidente, representando o Presidente do Diap, companheiro lá do meu Rio Grande, Presidente da Federação dos Trabalhadores na Construção Civil e do Mobiliário, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, meus amigos que estão no plenário, meus amigos nas galerias, sei que muitos deles também Vereadores que estão na expectativa da votação de uma PEC no dia de hoje.

Sr. Presidente Senador Mão Santa, nossa intenção, no dia de hoje, é prestar uma justa homenagem ao nosso Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar, o Diap. Aliás, eu pensava essa noite, enquanto escrevia o pronunciamento; dizia para mim mesmo: qual é a intenção? É de uma homenagem? E tomo a liberdade de dizer: é muito mais que uma homenagem, vai além disso: ela quer falar sobre essa entidade que se tornou parceira permanente na conquista dos direitos para os trabalhadores. Anos, anos de muita caminhada, anos de companheirismo, momentos de suor e, por que não dizer, sem nenhuma vergonha, até de lágrimas. Momentos de passar noites em claro, como a vigília que fizemos recentemente.

Vivemos momentos de avanços e momentos de recuo, sei disso, mas assim mesmo continuamos sempre parceiros. Sabendo que, mesmo nas paradas momentâneas os que lutam por uma causa nobre tiram lições para a batalha que está por vir.

Meus amigos Toninho, Ulisses, Gabriel, lá no Rio Grande, tenho feito algumas incursões pelo interior, acompanhado pelo cantor Dante Ramon Ledesma. Para mim, ele é o maior cantor de música de protesto do nosso continente. O Dante Ramon em uma das suas músicas, que ele chama “Pela paz e por quem luta por ela”, diz: “O amor não é a guerra; necessitamos de paz. Se é por todos que eu canto, de todos os continentes, arrastando inocentes que a história deixou para trás”. Em nome da paz ele diz: “E eu te dou minha garganta para que cantes comigo e que cantemos os povos que ainda lutam pela paz”.

Essa é uma parte de uma canção do Dante Ramon. Essa letra tem muito a ver com o Diap, pois ela fala de justiça social e de paz. É isso que nós queremos, que as nossas vozes nesta tribuna sejam instrumentos de defesa das causas que Diap defende. Bons sentimentos, boas ações, boas intenções unem as pessoas. E é disso que é feita a paz. É disso que é feita a nossa amizade. 

É disso que ela tem nos alimentado. Como somos grato por esta caminhada juntos. Caminhada que só nós, só nós sabemos o quanto nos fez crescer. Caminhada que teve início -Toninho, Ulisses - há 25 anos, completados hoje e na qual permanecemos, cada vez mais unidos.

Você, Diap, é jovem, Diap! O Diap é muito jovem. Está com 25 anos; eu estou com 58 anos. Estarei com 60 anos em 2010 - logo ali, logo ali -, e vocês farão, apenas, 27. Nós representamos, com orgulho, o encontro de gerações e estamos fazendo a mesma caminhada, e isso só me dá alegria.

Senhores e senhoras, pensava eu como poderia expressar o que sinto e, tenho certeza, a maioria dos Parlamentares em relação ao Diap. Falar do Diap é falar de nossas vidas. É falar do que ele representa para o trabalhador, seja da área pública, seja da área privada. É falar dos aposentados, dos pensionistas, é falar daqueles que sonham em se aposentar. É falar do Estado. É falar de empregados e dos empregadores. Falar do Diap é falar da história de nosso povo para nossa gente. Falar do Diap é lembrar Ulisses. Quando cheguei no Congresso, ao lado de Lula - à época, um líder sindical -, ao lado de Olívio Dutra, de Ulysses, de Mário Covas, de Cabral, de Nelson Jobim, de Carlos Alberto Cao, de João Paulo - lá de Monlevade - turno das seis horas na Constituinte,

Benedita da Silva e a luta contra os preconceitos, e tantos outros que eu teria que citar aqui se tivesse tempo. É lembrar de tantas reuniões secretas que fazíamos porque sabíamos o que queríamos e tínhamos que arrancar o possível naquele momento da Assembléia Nacional Constituinte. Tu te lembras, não é, Toninho?

Nós queríamos dar vida aos nossos sonhos e à nossa visão de mundo.

Falar do Diap é lembrar a defesa da garantia do emprego, é lembrar o combate ao arrocho salarial. Falar do Diap, meus caros, é lembrar que, há 25 anos, vivíamos o tempo da resistência democrática nas mobilizações contra a ditadura militar. O Diap estava lá, à frente das articulações, à frente da luta, com a palavra escrita e falada na linha da justiça.

Depois veio a Constituinte, de 1986 a 1988, quando se fazia necessário unir capacidade jurídica, que com certeza ele não tinha, com habilidade política. O Diap conseguiu fazer isso. Mais uma vez o meu amigo Diap estava lá do nosso lado, articulando jurídica e politicamente o direito dos trabalhadores naquela que foi considerada a Constituição cidadã. Parabéns, Diap! Vocês merecem, com certeza, essa homenagem. Defendemos juntos, com certeza.

Queríamos 40 horas semanais, bandeira do nosso movimento até hoje.

Não conseguimos, mas saímos das 48 e chegamos às 44. Queríamos as férias em dobro! Não conseguimos, mas avançamos; conseguimos as férias mais um terço. Está lá, é conquista, é fato! As reivindicações que marcaram, de forma majoritária e consensual, os interesses dos trabalhadores sempre, sempre ganharam voz pelo Diap, sempre foram o foco dele.

O Diap é formado hoje por cerca de 900 entidades sindicais de trabalhadores, congregando centrais, confederações, sindicatos, associações distribuídos em todos os Estados, em todo o território do País, dos quais 90 só aqui em Brasília. Nós estamos falando, meu amigo Ulisses Riedel, de uma entidade que atua em sintonia com os segmentos sociais e populares que lutam por democracia, transparência e justiça social. Assim, assim é o Diap. Com orgulho, eu digo, suprapartidário e intersindical.

Aqui no Diap, todos são bem-vindos, de todos os partidos e de todas as matrizes ideológicas e de cunho sindical. O Diap, cujo comando político-sindical é exercido pelas entidades filiadas, sempre teve uma equipe de guerreiros e guerreiras, presidentes devotados, fiéis às causas daqueles que depositavam, e depositam, no Diap a sua confiança. Estabelecemos com todos os presidentes, ao longo das nossas vidas, certa, eu diria, cumplicidade. Ulisses, quando falo cumplicidade, penso em cumplicidade do bem, 

aquela cumplicidade articulada, no que é bom, para buscar o melhor para o nosso povo, a nossa gente. Por isso, se me permitirem, eu vou citar aqui a cumplicidade estabelecida com o ex-Presidente Carlos Falkenberger, Maurício Rangel, Antônio Octaviano, Geraldo Lima Bentes, Ruy Brito, Ezequiel Sousa do Nascimento, João Artur Almeida Pinheiro, Celso Napolitano, grandes nomes que trazem em si grandes pessoas, pessoas comprometidas com as causas sociais.

Tenho, não nego, uma identificação muito grande com o Diap. É uma espécie de aliança formada em prol dos direitos dos trabalhadores da área pública, da área privada e de todos os aposentados e pensionistas.

É mais ou menos como a solidariedade que, um dia eu li num livro, uniu os combatentes, exatamente como quando os brasileiros livremente se engajaram na revolução espanhola em nome da justiça, da igualdade e da liberdade.

Todos esses grandes combatentes pela Justiça são nossos companheiros fiéis de jornada. Por mais que possamos agradecer a eles pelo apoio que sempre prestaram, pela firmeza e determinação com que lutam, nós nunca conseguiríamos fazê-lo na medida certa, adequada, correta e justa.

Sabem, eu ontem à noite dizia para mim mesmo: eu poderia mudar o nome do Diap. Vou mudar o nome do Diap lá da tribuna. Claro que é uma mudança simbólica.

Diap. Com o “D” eu escreveria diário; com o “i’, intensivo: com o “a”, amor e com o”p”, povo . E o nome do Diap poderia ser Diário Intensivo de Amor pelo nosso Povo. Grande Diap! Grande Diap!

É com muito orgulho que eu digo que o Diap é coisa nossa, é coisa do povo, é coisa dos trabalhadores, é coisa da nossa gente. O Diap marcou época durante todo seu tempo. O Diap é do tempo em que o Presidente Lula era líder sindical metalúrgico, do tempo em que eu presidia a Central Estadual de Trabalhadores lá do meu Rio Grande, lembra, Gabriel? Unitária, era uma só. Somos do tempo de Chico Mendes, somos do tempo de Brizola, somos do tempo de Teotônio e de tantos outros. Eu poderia aqui falar de cruzadas que fizemos neste País. Pode ter certeza, Toninho, nós temos e teremos muito orgulho de contar para os nossos filhos, netos e bisnetos - se Deus permitir - que caminhamos, ao longo de décadas, ao lado do Diap na construção de um mundo melhor para todos.

As publicações do Diap servem de referência. O Quem é Quem relata a atuação dos Parlamentares sobre matérias de interesse dos trabalhadores. O livro Quem foi Quem na Constituinte, em 1988, faz análise da atuação de Parlamentar por Parlamentar. Em 1994, lançou a série anual Os Cabeças do Congresso Nacional, na qual tive a honra de ver meu nome incluído.

         O Diap fez uma coisa inédita no País: indicou os parlamentares comprometidos com as causas populares e deu nota aos políticos pelas suas posições . Isso é uma forma democrática de mostrar a visão de todos nós.

Os resultados dessa ação estão escritos na história da ação sindical- política.

O Diap continua escrevendo sua história no Boletim Informativo e no Jornal do Diap, que são editados regularmente até hoje. Estou certo ou errado, Toninho? Estou certo.

Esse jornal estampou algumas manchetes, ao longo desses anos, que eu aqui destaco: “Pauta permanente: trabalho e justiça social; ‘Demissão arbitrária e Constituinte são temas de destaque’; ‘Emprego e participação popular na Constituinte continuam na pauta’; ‘Diretas Já! ganha as ruas e trabalhadores enfrentam o Centrão’; Diap reforça a luta pela recuperação dos salários’; Ano de luta pela ética na política’; ‘Esquerda conquista governos em quatro Estados’; ‘Aumentam a recessão e o desemprego no País’; Câmara aprova projeto que pode retirar milhões de brasileiros da informalidade’; Governo Federal anuncia medidas anticrise e reduz impostos’; ‘Aposentadoria: PL 4.434 é distribuído às comissões técnicas da Câmara’; ‘Pacote do Governo deve reduzir imposto de renda e outros tributos; alívio para a classe média.”

Senhoras e senhores, para concluir, lembro com muito carinho, Toninho, a análise política sob o título: “Congresso Nacional: um centro de excelência funcional”, que li certa vez - obra do Diap.

O texto, redigido pelo diretor de documentação do Departamento Intersindical, jornalista Antonio Augusto de Queiroz, o Toninho, dizia - e aqui é uma homenagem, Toninho, já que você não pode falar nessa atividade que está fazendo à Câmara e ao Senado:

A Câmara e o Senado possuem, possivelmente, os quadros funcionais mais qualificados da Administração Pública Federal. A excelência funcional vai desde a secretarias gerais da Mesa e as diretorias gerais,[...] passa pelas Consultorias legislativas e orçamentárias, até os funcionários de carreira lotados nas Lideranças Partidárias e nas Presidências da Casas.

É uma homenagem que o Diap faz a todos os funcionários do Congresso Nacional.

Pois bem, Toninho, você tinha toda razão. O quadro funcional da Câmara e do Senado é excelente e nós somos gratos ao desempenho de cada um.

Mas, como hoje a homenagem é para vocês que dirigem o Diap, eu creio que nós, Parlamentares, só temos a dizer muito obrigado. Muito obrigado, Diap, por sua atuação junto ao Congresso Nacional; por sua atuação firme, sua impecável contribuição no plano político, social e sindical.

         Faço questão de ratificar a opinião que já expressei inúmeras vezes em relação ao Diap:

O Diap não exerce qualquer tipo de patrulhamento ideológico. Pelo contrário, respeita todos os posicionamentos, tendo a verdade como seu principal compromisso. Assim procura dar conta dos projetos em curso no Congresso Nacional e oferece elementos sobre a atuação parlamentar, contribuindo para que haja transparência e para que cada cidadão tenha, afinal, meios de conferir se há coerência entre o discurso e a prática legislativa de cada representante do povo.

Meus queridos companheiros do Diap, bons companheiros de estrada, desejo muito, muito sucesso a todos vocês e agradeço, sinceramente, na pessoa do Presidente Celso Napolitano, aqui representado pelo Vice, Gabriel, seu apoio aos trabalhadores do nosso País e a todos nós na caminhada aqui no Congresso Nacional.

Finalizo e quero dizer a vocês, eternos e valorosos amigos, num estilo bem lá do Rio Grande. Agora eu não posso chegar até a mesa e nem a cada um de vocês, mas quero dizer: me dá cá um abraço, Diap. Me dá um abraço, Diap! Eu quero receber um abraço do Diap. Vamos sorrir juntos o sorriso daqueles que congregam o mesmo sentimento.

Me permita continuar seguindo ao teu lado, abraçando os ideais que motivam nossas vidas. Vamos andando lado a lado, uns fortalecendo aos outros, mesmo quando estivermos meio alquebrados, meio judiados, mas firmes.

Vamos continuar indo ao encontro daqueles que são a razão do nosso viver, a razão das nossas vidas, o nosso povo, a nossa gente.

Vamos unir nossas vozes a outras vozes que clamam por justiça, clamam por solidariedade, clamam por dignidade, como por exemplo os meus queridos idosos, aposentados e pensionistas do nosso País.

Vamos sonhar nossos sonhos ao embalo do mesmo vento e deixar que ele sopre com força e que ele nos traga o sonho em forma de realidade.

Aceita, Diap, meu aperto de mão. De uma mão que faz questão da tua. De uma mão que se estende cheia de gratidão e de amor por todos esses anos de luta.

Quando eu falo nas mãos, eu me lembro de uma oração que é chamada Oração do Cristo, que retrata mãos que se entrelaçam. E, inspirado nessa poesia, eu digo:

Aceita meu aperto de mão, de uma mão que se entrelaça com a mão do trabalhador, que se entrelaça com as nossas mãos, com as mãos de Cristo, e que tem entre as mãos as mãos do nosso querido Diap.

Aceita nossa companhia, que jamais se farta da tua. Aceita nosso muito, muito obrigado e seja para sempre o nosso amigo do peito, aquele amigo do coração, aquele amigo da alma.

Aceita um abraço de quatro costados. Aceita aquele abraço de quebrar costela, como a gente fala lá no meu grande Rio Grande! Aceita esse abraço chamado quebra-costela.

Vida longa aos trabalhadores. Vida longa ao movimento sindical. Vida longa ao Diap. Vida longa ao povo brasileiro.

Muito obrigado a todos. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/12/2008 - Página 52479