Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do centenário da Cruz Vermelha Brasileira.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA EXTERNA.:
  • Comemoração do centenário da Cruz Vermelha Brasileira.
Publicação
Publicação no DSF de 13/02/2009 - Página 1626
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, FUNDAÇÃO, CRUZ VERMELHA, BRASIL, IMPORTANCIA, AUXILIO, VITIMA, CALAMIDADE PUBLICA, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), DEFESA, ACELERAÇÃO, TRAMITAÇÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS, PROJETO DE LEI, AMPLIAÇÃO, TRANSFERENCIA, RECURSOS, LOTERIA FEDERAL, ENTIDADE INTERNACIONAL, ELOGIO, ATUAÇÃO, COOPERAÇÃO, FORÇAS ARMADAS, GOVERNO FEDERAL, LIBERDADE, REFEM, GUERRILHA, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA.
  • SOLICITAÇÃO, CRUZ VERMELHA, AUXILIO, BRASILEIROS, VITIMA, AGRESSÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ESPECIFICAÇÃO, SUIÇA, COMENTARIO, ACOMPANHAMENTO, ORADOR, SITUAÇÃO, ELOGIO, ATUAÇÃO, VOLUNTARIO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Prezado Presidente, Senador Geraldo Mesquita; Exmº Sr. Senador Mão Santa; Presidente Luiz Fernando Hernández, Presidente Nacional da Cruz Vermelha brasileira; Srªs Senadoras, Srs. Senadores; Sr. Contra-Almirante Eimar Delly de Araújo, Vice-Presidente Nacional da Cruz Vermelha; Sr. Flávio Marcos Tolomelli, Presidente da filial de Volta Redonda, da Cruz Vermelha; quero cumprimentar a Cruz Vermelha pelos seus 100 anos e dizer quão importante tem sido esse trabalho voluntário de milhares de pessoas. Nas circunstâncias mais difíceis, que preocupam muitas vezes as populações, como pudemos testemunhar há algumas semanas quando as fortes chuvas causaram estragos extraordinários em Santa Catarina, a Cruz Vermelha mobilizou pessoas no Brasil inteiro para levar a sua solidariedade, e muitos têm sido os episódios como este.

Gostaria de lhes transmitir que, quando o Senador Marcelo Crivella, ainda no ano passado, ponderou a mim que seria importante assegurar, no projeto de lei já aprovado pelo Senado, recursos de parcela pequena das apostas da Loteria Federal para a Cruz Vermelha, achei de bom senso que isso pudesse contribuir, para que isso pudesse assim ser assegurado. Informo a V. Exª que, lá na Câmara dos Deputados, está agora esse projeto para ser votado. Há um parecer da Deputada Angela Portela que faz uma ligeira modificação. E seria interessante nós dialogarmos com ela. Eu me propus, junto ao Senador Geraldo Mesquita, a também dialogar com a Deputada, que é do Partido dos Trabalhadores, para assegurar à Cruz Vermelha os recursos necessários.

Gostaria também de aqui enaltecer mais uma ação da Cruz Vermelha Internacional, que, em cooperação com as Forças Armadas Brasileiras, o Ministério da Defesa, nessas últimas semanas, teve uma ação destacada no resgate de sequestrados pelas Farc ali na Colômbia. E, graças a um entendimento entre o Governo da Colômbia, o Governo brasileiro, o Ministério da Defesa, com a participação muito significativa da Cruz Vermelha, é que se permitiu que... Eu, inclusive, assisti ao depoimento de 17 membros do Exército Brasileiro, das Forças Armadas Brasileiras, que disseram que, embora não seja o costume deles andarem desarmados, para essa missão todos foram desarmados no helicóptero com a inscrição da Cruz Vermelha até o meio da selva, na Colômbia. Só puderam saber para onde iriam trinta minutos antes de cada ponto para onde se deslocavam. Portanto, uma missão altamente delicada, onde tudo poderia eventualmente acontecer, mas houve ali a garantia do Governo colombiano, do Governo brasileiro e da Cruz Vermelha, como uma entidade que possibilitou esse resgate de algumas pessoas que haviam sido sequestradas, primeiro, membros das Forças Armadas da Colômbia; depois, ex-Governadores, ex-Deputados. Portanto, representantes do povo.

O que eu espero é que possam, o Brasil e as autoridades da Colômbia, continuar essa cooperação, inclusive com a Cruz Vermelha, para chegarmos à extinção do procedimento de se sequestrarem pessoas, como a ex-Senadora Ingrid Betancourt e esse outro Governador, que ali ficaram por sete, oito anos, distantes de seus entes queridos, de seus filhos, de suas esposas... Então, que logo venha a prevalecer o bom entendimento. E que bom que a Cruz Vermelha existe para, em horas como essas, colaborar.

Eu também, assim como o Senador Romeu Tuma, pedi a cooperação da Cruz Vermelha para que haja um melhor entendimento diante do gravíssimo episódio ocorrido ontem perto da cidade de Zurique, quando a Srª Paula Oliveira foi violenta e barbaramente atacada por três pessoas, quando ela saiu da estação de metrô, ali nos arredores de Zurique. Ela estava conversando em português com a sua mãe, que se encontrava em Recife, e possivelmente três suíços pertencentes a um partido denominado UDC, União Democrática de Centro, ou melhor, do Partido do Povo da Suíça, cuja sigla é SVP, na hora em que viram uma pessoa brasileira, que, aliás, tem um namorado suíço, mas porque falava português, identificaram-na como uma possível imigrante. Na verdade, ela estava inteiramente legal, com companheiro suíço. Eis que a agarraram, levaram-na a um parque, onde tiraram parte de sua roupa e, com um estilete, a feriram na barriga, fazendo inúmeros cortes, marcando no seu corpo a sigla SVP, do Partido do Povo da Suíça, que é um partido de extrema direita, justamente para procurar demonstrar a sua oposição a estrangeiros.

Gostaria de informar que, ainda há pouco, conversei com a nossa Cônsul em Zurique, Srª Vitória Clever, que diz estar procurando tomar todas as informações das autoridades suíças policiais sobre o que de fato aconteceu; que providências estão sendo tomadas para resolver esse assunto. Há vinte minutos, procurei a Srª Paula Oliveira, que obviamente está acamada, mas falei com a mãe dela. Paula é filha do Sr. Paulo Oliveira, que é amigo do Senador Heráclito Fortes e trabalha com o ex-Governador e Deputado Roberto Magalhães, de Pernambuco. A mãe, a esposa do Sr. Paulo Oliveira, já se deslocou para a Suíça para ficar junto da sua filha, que se encontra em recuperação. Infelizmente, ela perdeu os três...

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Dois filhos.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - ...os dois filhos que esperava. Esperava gêmeos. Estava grávida de três meses e infelizmente...

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Foram dois homicídios.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - São dois homicídios, na verdade, o que aconteceu.

A nossa Embaixadora Vitória Clever está tomando todas as providências. Há pouco telefonei para a embaixada suíça para tentar dialogar com o embaixador Wilhelm Meier, que se encontra no Rio de Janeiro. Atendeu-me atenciosamente o Sr. Claude Crottaz, que informou que, obviamente, a maioria do povo suíço e o Governo da Suíça reprovam essa ação criminosa, que de maneira alguma podem estar de acordo com qualquer ação brutal dessa natureza e que estão tomando as providências necessárias.

Quero aqui, portanto, expressar a minha solidariedade à família de Paula Oliveira, atacada e torturada por três neonazistas na cidade suíça de Dubendorf, na periferia de Zurique. Levada para um parque, foi espancada por 15 minutos e teve sua roupa parcialmente arrancada. Um deles usou um estilete para cortar barriga, braços, rosto, tórax e pernas. Ela ficou marcada em várias partes do corpo, disse a nossa representante na Suíça, Vitória Clever.

É importante que, neste momento em que homenageamos a Cruz Vermelha, possa também essa entidade associar-se a nós, por sua presidente e seus diretores, para estarmos todos solidários a que problemas dessa natureza não se repitam, e inclusive que possamos sempre externar o nosso respeito por aqueles que vêm de outros países. E que isso ocorra em cada país e também na Suíça.

O Presidente Lula está definindo nestes dias uma legislação para acolher melhor aqueles que vêm de outros países, procurando legalizar a sua situação. Será muito importante que na Suíça isso também possa ocorrer com pessoas de todas as nacionalidades, inclusive com os que falam português.

Sei de muitos portugueses, em anos em que não era permitido ainda aos portugueses irem para todos os países, mas que em enorme número foram trabalhar na Suíça. Hoje, felizmente, na União Européia, pessoas de todas as nacionalidades podem escolher onde viver, estudar e trabalhar. Isso é um avanço que deve ser até um exemplo para nós, nas três Américas, para que não haja mais muros que separem povos de quaisquer origens.

         Eu quero aqui cumprimentar a Cruz Vermelha Internacional e o Senador Mesquita pela iniciativa de propor homenagem aos cem anos da Cruz Vermelha.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/02/2009 - Página 1626