O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Para encaminhar. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Papaléo Paes, quero me juntar à palavra do Senador Mão Santa de homenagem ao querido Senador e Governador Chagas Rodrigues, do Estado do Piauí. Eu também havia preparado um requerimento, o qual quero que seja inserido em Ata, de voto de pesar pelo falecimento, aos 87 anos, do ex-Governador e ex-Senador Chagas Rodrigues, do Piauí, ocorrido sábado, dia 7 de fevereiro, no Hospital Santa Lúcia, em Brasília, após parada cardíaca durante uma cirurgia para retirada de uma sonda, bem como a apresentação de condolências aos filhos José Alexandre, Almira, Tereza Lírio e Conceição.

            Chagas Rodrigues, conforme salientou o Senador Mão Santa, que também foi Governador, foi o Governador mais jovem da história do Piauí. Foi empossado aos 37 anos, mas renunciou para ser Deputado Federal pelo PTB. A trajetória política de Chagas Rodrigues teve início em 1950, com a eleição para Deputado Federal pela UDN. Algum tempo depois, migrou para o PTB, sendo reeleito em 1954 e em 1958. Todavia, um fato excepcional o impediu de assumir aquele que seria o seu terceiro mandato na Câmara dos Deputados.

            No dia 4 de setembro de 1958, um acidente automobilístico, conhecido como a Cruz do Cassaco, tirou a vida dos então candidatos a Governador e Senador do Piauí, Demerval Lobão e Marcos Parente. Chagas Rodrigues e Joaquim Pereira substituíram a ambos.

            Assim, graças à legislação vigente à época, o candidato Chagas Rodrigues foi eleito tanto para Governador como para Deputado Federal.

            Atento ao calendário eleitoral, renunciou ao Governo do Estado em 1962 e empreendeu uma dupla candidatura, sendo derrotado na eleição para Senador e eleito para o seu terceiro mandato de Deputado Federal, chegando a presidir a Convenção Nacional do PTB, em 1965. Contudo, a extinção dos partidos políticos determinada pelos militares o fez ingressar no MDB, partido pelo qual foi reeleito em 1966, chegando a primeiro vice-líder da bancada.

            Sua carreira política foi interrompida em 29 de abril de 1969 por força do AI-5. Seus direitos políticos foram suspensos por 10 anos. Ante sua inatividade compulsória, passou a lecionar no Centro de Ensino Universitário de Brasília. Finda a sua punição, ingressou no PMDB.

            Em 1982, foi candidato a Senador pelo Piauí. Mesmo tendo recebido quase 80 mil votos a mais que o outro concorrente, não foi declarado eleito em razão da legislação que considerava a soma do total de candidatos de cada partido (sublegendas) e não apenas a votação individual dos mesmos. Retornou então para Brasília, onde prestou assessoria ao Governo do Distrito Federal. Mais uma vez candidato a Senador em 1986, foi eleito. E em 1988 foi um dos fundadores do PSDB.

            Foi justamente nesse período, pois aqui ingressei eleito em 1991, que comecei a ser colega do Senador Chagas Rodrigues, assim como o Senador Marco Maciel, e tivemos uma convivência de excelente qualidade pelo respeito mútuo, admiração e colaboração.

            Desde o fim de seu mandato passou a residir em Brasília e, em 2007, recebeu uma indenização por conta das perseguições sofridas durante o período militar no Brasil, conforme a Comissão de Direitos Humanos do Ministério da Justiça.

            O Governador Wellington Dias, do Estado do Piauí, que acompanhou o funeral neste domingo, decretou luto oficial de três dias e destacou a amizade pessoal que o ligava a Chagas Rodrigues, considerado historicamente um governador progressista do Piauí no século XX. Também relembrou seus tempos de convivência com o então Senador Chagas Rodrigues no início dos anos 90, quando o Banco do Estado do Piauí - BEP - foi liquidado extrajudicialmente.

            Wellington Dias recorda que, àquela época, era Presidente do Sindicato dos Bancários e que o convívio com Chagas Rodrigues forjou a grande amizade entre os dois homens públicos. “Creio que é uma grande perda para o Piauí”, disse o Governador. “Ele foi alguém que, com certeza, sacrificou inclusive sua própria família, pela dedicação ao Piauí”, acrescentou.

            Prezado Senador Mão Santa, tive uma surpresa, ao lado de uma tristeza. São filhos de Chagas Rodrigues: José Alexandre, Almira, Tereza Lírio e Conceição.

            Há muitos anos que conheço Tereza Lírio, uma das melhores psicanalistas do Brasil. Nos anos 90, perguntei a um amigo meu sobre uma pessoa com quem poderia consultar-me, uma psicanalista, e ele indicou-me a Drª Tereza Lírio. Foi quando a conheci. E ela foi muito bem recomendada. Além disso, a Dr.ª Tereza Lírio, que é uma pessoa de extraordinárias qualidades, na sua forma ética de ser, nunca me revelou que seu pai havia sido meu colega e amigo. No entanto, foi o Dr. Luciano Lírio, amigo de um assessor meu, economista que tem aulas com ele, ao lhe contar do falecimento do pai de Tereza Lírio, que me fez tomar conhecimento que o nosso colega Chagas Rodrigues que havia falecido era o pai da Drª Tereza Lírio. Então, ontem, fiz questão de ligar para ela e expressar-lhe o meu sentimento de respeito mútuo, de amizade e de admiração. E ela própria me relatou que o seu pai tinha uma ótima relação comigo. Inclusive recordou que certa vez eu havia dito que se porventura, naqueles anos 90, anos em que fomos colegas aqui no Senado, Chagas Rodrigues fosse candidato a governador pelo Estado do Piauí, eu procuraria ajudar, inclusive com o apoio do PT, porque avaliava que ele era uma pessoa de muita afinidade conosco.

            Quero, portanto, fazer esta demonstração de carinho e amizade especial a esse grande piauiense, ex-Governador e Senador Chagas Rodrigues.

            Sr. Presidente, fiz questão de assinar a proposição do Senador Mão Santa, como também encaminho o texto que havia preparado.

            Muito obrigado.