A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Sr. Presidente, pelas palavras elogiosas. Eu quero aqui cumprimentar todas as Senadoras e Senadores presentes e dizer que esta Casa tem vivido, nos últimos dias, questões candentes que deixam o Brasil todo com os olhos voltados para o Congresso Nacional. Mas isso é importante porque é a forma que nós temos de debater as grandes questões que preocupam o povo brasileiro.

Vim aqui, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, falar de algo importante para minha cidade, Campo Grande.

No começo de fevereiro, Campo Grande viveu dias memoráveis. Foi uma explosão de ânimo, de determinação, de confraternização, realmente de cidadania. Senti nas pessoas o amor à cidade e, principalmente, a autoestima elevada por uma coisa que as pessoas podem achar que é de somenos importância. Campo Grande, mais de 300 mil pessoas na rua, participando junto com o Prefeito Nelsinho Trad, com o Governador André Puccinelli, de uma demonstração de que Campo Grande quer ser subsede da Copa de 2014.

As pessoas podem achar que isso é bobagem. “Como é que uma cidade para, a população sai às ruas, todo mundo alegre, animado, confraternizando-se por causa copa do Mundo? O que isso vai representar para uma cidade? O que ganha Campo Grande com essa mobilização que está sendo feita?”

Eu quero dizer que Campo Grande ganha muito. É bom relembrar que, quando o Presidente Ernesto Geisel assinou a Lei Complementar nº 31, nos finais dos anos 70, ele desmembrou o Estado de Mato Grosso, criando um novo Estado, que foi Mato Grosso do Sul. Gente, vocês não podem imaginar a esperança que viveu o povo do sul do Estado! Um sonho acalentado de séculos estava sendo realizado. Tivemos lá atrás o Território de Ponta Porã. Tivemos tantas lutas, desde a época da Guerra do Paraguai, que o sul de Mato Grosso pensava na separação. Imaginem, no final da década de 70, quando dividimos o Estado. Todo mundo pensou: “Meu Deus do céu, vai ser uma explosão de desenvolvimento em Mato Grosso do Sul, um Estado novo, um Estado pujante, um Estado de belas e grandes cabeças memoráveis, vai crescer muito!” O que foi que o Governo Federal, à época, pensou - o Presidente Geisel? “Mato Grosso do Sul é um Estado que tem condições de caminhar sozinho.” Então, o Governo Federal tinha que voltar todas as suas atenções, todos os recursos, colocar a Sudam e tudo o que podia para apoiar o Estado que ficou remanescente, que era Mato Grosso. E aí Mato Grosso teve todo o apoio que o novel Estado não teve. E Mato Grosso do Sul teve que dar um push, uma guinada, para se construir, para construir um novo Estado. Não foi fácil. Trabalhamos muito, e muito menos para suprir todas as adversidades de um Estado que estava sendo implantado. E Campo Grande, a nossa capital, foi que deu a mão forte a todo o Mato Grosso do Sul e mostrou como é capaz e como é possível construirmos um Estado quando as pessoas realmente assumem o amor a sua terra. E foi aí que Campo Grande se vestiu de gala para pedir a Copa de 2014 na sua área de atuação. Por quê? Porque merece, porque o Estado merece, porque Campo Grande merece. Campo Grande é uma cidade moderna e eu quero mostrar a todo o País um pouco do ufanismo da minha capital. É uma cidade moderna, de largas avenidas, de inúmeros parques; é uma cidade pequena que tem 19 córregos; é uma cidade pequena e é a primeira capital sem favelas do País. Uma cidade, uma capital, que não tem favelas, que conseguiu fazer com que toda a sua população tivesse uma habitação segura - pobre, mas segura -, onde as famílias pudessem educar os seus filhos com tranquilidade. Só isso já merece Campo Grande ter os olhos do País e do mundo voltados para ela.

Mas não é só isso. Eu quero dizer que o meu Estado, Mato Grosso do Sul, tem inúmeras universidades, um dos poucos Estados pequenos e periféricos - porque Mato Grosso do Sul o é - que têm duas universidades federais: a Universidade Federal de Campo Grande e a Universidade da Grande Dourados. Tem quatro universidades particulares e inúmeros cursos universitários. Mas, mais do que isso, nós estamos preparados para mostrar ao País a nossa pujança.

Nós temos três aeroportos internacionais.

Olha, Senador Mão Santa, nosso Presidente, é difícil um Estado ter três aeroportos internacionais; nós temos o internacional de Campo Grande, o Internacional de Corumbá e o Internacional de Ponta Porã. Um na divisa com a Bolívia, outro na divisa com o Paraguai e a nossa Capital. E, além disso, acabamos de ganhar um aeroporto belíssimo em uma cidade chamada Bonito, que, junto com o Pantanal, é o nosso orgulho e a glória da beleza natural do nosso País, e conhecido no mundo todo.

Mas, mais do que isso, pergunto: onde está Mato Grosso do Sul?

Talvez as pessoas que estejam nos vendo ou ouvindo, talvez aqui um Senador, possam parar para pensar e perguntar onde fica Mato Grosso do Sul. Fazemos limites com cinco Estados da Federação, o que não é pouco. Temos limites com Paraná, com São Paulo, com Minas, com Goiás e com Mato Grosso. Além disso, temos divisa com dois países, o Paraguai e a Bolívia.

Falando do Paraguai - ouvi hoje o Senador Valter dizendo que o nosso Governador esteve lá com o Prefeito, conversando com o Presidente Lugo -, Paraguai e Mato Grosso do Sul se confundem, porque temos toda uma tradição cultural nos ligando. Os paraguaios estão conosco nesta luta para trazer uma das sedes da Copa de 2014 para Campo Grande, porque eles vêm muito ao nosso Estado. Eu estava em Bonito nesses dias. No final de semana, havia grande quantidade de carros com placa do Paraguai, porque eles vêm muito ao nosso Estado. Para eles, também seria uma extensão. Seria uma forma de ver essa integração realmente se consumar, não só no turismo, pois o turismo com o Paraguai já é forte no nosso Estado, mas na cultura, que é importantíssima - imaginem músicas como a polca e o chamamé -, e nas coisas mais prosaicas, como o tereré - o gaúcho usa o chimarrão, mas, para nós lá, é o tereré, o mate gelado, que os paraguaios tanto apreciam -, e também a gastronomia, como a sopa paraguaia, que não é sopa, mas um suflê. Tudo isso faz parte da nossa história. O Paraguai é muito importante para nós na luta que estamos para fazer a fim de que o nosso Estado tome uma outra dimensão. E dizer então ao povo brasileiro por que estamos lutando tanto pela Copa. Só por isso? Não; mais do que isso. Chegou o momento, depois da divisão do Estado de Mato Grosso, criando o Mato Grosso do Sul, que nós sentimos que não tínhamos tanta identidade, a dificuldade de nos firmarmos como Estado, com uma identidade que não era aquela que nós queríamos, o povo brasileiro não vendo ainda Mato Grosso do Sul, tendo mesmo dificuldade de dizer até o nome. Qualquer um nos chamava de Mato Grosso. As pessoas têm dificuldade em lembrar que existe um Estado chamado Mato Grosso do Sul, e as pessoas falam Mato Grosso. Hoje mesmo, nesta tribuna, um Senador falou Mato Grosso e nós corrigimos: Mato Grosso do Sul.

Até, Senador Mão Santa, pensou-se em trocar o nome do Estado; substituir o nosso Mato Grosso do Sul pelo Estado do Pantanal, pela dificuldade das pessoas em lembrar qual era o nosso nome. Por isto nós queremos também a Copa: para garantir que o nome do nosso Estado seja um nome falado não só em Mato Grosso do Sul mas no Brasil e no mundo.

Nós queremos mostrar que 65% do Pantanal está em Mato Grosso do Sul, mostrar para o mundo as nossas riquezas. Nós temos esse direito por tudo aquilo que nós passamos desde o final da década de 1970, quando dividimos o nosso Estado. Nós queremos fortalecer a nossa identidade, e a sede e subsede da Copa de 2014 vão servir para isso também.

(Interrupção do som.)

A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS) - Já termino, Sr. Presidente. Para mostrar que nós somos um Estado de uma economia pujante, um Estado economicamente viável, que é um dos lastros da economia brasileira. Para mostrar que é um Estado da integração latino-americana, para mostrar que o Brasil não está só virado para o Atlântico, que o Brasil tem que se virar, sim, para o oeste, tem de estar ali, junto conosco, junto com a Bolívia, junto com o Paraguai, mas junto com as grandes riquezas naturais que nós temos.

Se a Fifa quer uma subsede da Copa no Pantanal, tenho certeza de que vai ser em Mato Grosso do Sul, que vai ser em Campo Grande, até porque, além dos 65% do Pantanal que temos, nós temos uma cidade que é considerada a capital do Pantanal, que é Corumbá, uma cidade belíssima, Senador Mão Santa, que eu tenho certeza de que vai estar junto conosco nessa luta na fronteira com a Bolívia.

Portanto, deixo aqui o meu libelo a todos aqueles que têm o dever e o direito também de escolher os locais onde serão as subsedes da Copa de 2014 - e olha que eu não sou tão futebolística assim.

Mas quero dizer que Mato Grosso do Sul merece isso, pela sua luta, pelo seu trabalho, pelas pessoas que lá habitam, por tudo aquilo que temos passado nesses anos todos. Nós queremos mostrar ao País que temos uma identidade única, uma identidade própria, uma identidade que, tenho certeza, vai orgulhar todos os brasileiros.

Muito obrigada.

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