Pronunciamento de Fátima Cleide em 17/02/2009
Discurso durante a 9ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Registro da realização do Fórum Social Mundial, na cidade de Belém do Pará.
- Autor
- Fátima Cleide (PT - Partido dos Trabalhadores/RO)
- Nome completo: Fátima Cleide Rodrigues da Silva
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA SOCIAL.
MANIFESTAÇÃO COLETIVA.:
- Registro da realização do Fórum Social Mundial, na cidade de Belém do Pará.
- Publicação
- Publicação no DSF de 18/02/2009 - Página 2043
- Assunto
- Outros > POLITICA SOCIAL. MANIFESTAÇÃO COLETIVA.
- Indexação
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- BALANÇO, CONFERENCIA INTERNACIONAL, NATUREZA SOCIAL, REALIZAÇÃO, MUNICIPIO, BELEM (PA), ESTADO DO PARA (PA), PARTICIPAÇÃO, ENTIDADE, INDIO, SINDICATO, FEMINISMO, NEGRO, ESTUDANTE, POPULAÇÃO RURAL, POPULAÇÃO, LUTA, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, IMPORTANCIA, BUSCA, ALTERNATIVA, CAPITALISMO.
- REGISTRO, PRESENÇA, CONFERENCIA INTERNACIONAL, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO PARA (PA), PRESIDENTE DA REPUBLICA, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, BOLIVIA, EQUADOR, VENEZUELA, PARAGUAI, COMENTARIO, PARTICIPAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ESPECIFICAÇÃO, ORADOR, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL, SECRETARIA, POLITICA, MULHER, DEBATE, FEMINISMO, PODER.
- EXPECTATIVA, REALIZAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, COMBATE, CAPITALISMO, GUERRA.
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA |
A SRA. FÁTIMA CLEIDE (Bloco PT - RO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, realizado na região amazônica pela primeira vez, o Fórum Social Mundial mobilizou na bela e rica cidade de Belém do Pará 133 mil participantes inscritos, de 142 países. Somados aos trabalhadores que possibilitaram a realização das atividades durante uma semana, o número de pessoas envolvidas chegou a 150 mil.
Segundo os organizadores, 5.808 entidades e organizações se inscreveram no FSM. Destas, 4.193 da América do Sul, 491 da Europa e 489 da África.
O elevado número de organizações da América do Sul presentes no Fórum revela a importância política, cultural e social que a nossa região alcançou nos últimos tempos, em que a convergência de sucessivas eleições de governos de feição progressista e a força aglutinadora de movimentos sociais tem dado o tom pela imperiosa necessidade do mundo se organizar de outra maneira.
De uma maneira em que a lógica da economia não seja esse capitalismo que corrói as forças produtivas, consome sem parcimônia os bens e riquezas naturais e condiciona as relações sociais de forma fetichizada, pois o valor que interessa é a mercadoria, a propriedade, o dinheiro.
Não é tarefa fácil, e entendo que ela só pode ser levada a cabo com a aliança dos movimentos sociais com os governos e instituições que já compreenderam que devemos marchar para a valorização das qualidades individuais, das necessidades sociais e superação das condições humanas de sociabilidade baseadas na lógica do capital.
O Fórum Social Mundial nasceu como instrumento de luta para a construção de outro mundo possível. Problemas de organização e o monopólio da direção do FSM por parte de ONGs merecem reavaliação, uma vez que movimentos altamente representativos como o MST e a CUT são minoria no grupo diretivo.
Mas em que pesem todas as críticas ao FSM, construído em solo brasileiro com a inédita experiência da primeira edição em Porto Alegre, o seu caráter contestador e sua capacidade aglutinadora de tantas vozes que clamam por mudanças no rumo da civilização têm cumprido um papel relevante.
Cresce a politização dos movimentos sociais, e a crise econômica que se abateu sobre o mundo, causada pelo receituário que o FSM se opõe desde o primeiro momento, desafia todos nós na construção do outro mundo possível.
Destaco neste Fórum a presença dos cinco presidentes que lá estiveram: Evo Morales, da Bolívia; Rafael Correa, do Equador; Hugo Chávez da Venezuela; Lugo, do Paraguai e o presidente Lula. São governos que, em distintos níveis, colocam em prática políticas que identificaram o FSM desde o seu nascimento: o Banco do Sul, a regulamentação do mercado financeiro e circulação de capitais, prioridade para políticas sociais, campanhas que terminaram com o analfabetismo na Venezuela e na Bolívia, o Conselho Sul-Americano de Segurança, a Telesul entre outras.
Muito ativamente o PT participou do Fórum Social Mundial. Lá estive prestigiando os debates e, ao lado das ministras Dilma Roussef, Casa Civil, e Nilcéa Freire, da Secretaria de Políticas para Mulheres, participei da mesa “A mulher nos espaços de poder”, organizada pela companheira Laissy Morière, dirigente da Secretaria Nacional de Mulheres do PT.
Ativistas sociais, militantes e simpatizantes do PT encheram a Tenda de Cuba, na Universidade Federal do Paraná, onde o partido promoveu também o seminário “Governo Lula - Realizações e Perspectivas”, com a presença do ministro Luiz Dulci; do presidente da CUT, João Felício; da presidente da UNE, Lúcia Stumpf; do secretário-geral do PT, deputado José Eduardo Cardozo e senador Inácio Arruda (PC do B-CE).
Para além disso tudo, tivemos a cara real do FSM, a cara real que representa populações espezinhadas pela ordem que desmorona e mergulha nosso tempo numa encruzilhada em que a humanidade só verá salvação se der conta de que o caminho da globalização solidária é o rumo a ser seguido.
Estavam lá os povos indígenas, o Fórum PanAmazônico, os movimentos camponeses e a Via Campesina, os sindicatos e o mundo do trabalho, os movimentos feministas e a Marcha Mundial das Mulheres, os movimentos negros, estudantis, o movimento de jovens e os movimentos ambientalistas, que são os grandes protagonistas do FSM.
E que, a meu ver, nesta edição, parecem movidos por uma maior articulação entre eles e também por um estado de urgência: a definição de estratégias de luta social e política para a superação da sociedade do capital.
Protestos contra o capital e a guerra estão agendados pelos movimentos: é o chamamento mundial de mobilização para os dias 28 de março e 4 de abril.
Parece, enfim, que os movimentos, incapazes de construir uma agenda de convergência com uma proposta clara de alternativa para o mundo nosso de cada dia, se deram conta de que não basta as mulheres pedir salários iguais ao dos homens; os povos indígenas pedirem terras ou os negros terem reconhecida sua identidade e valorização social.
Todos são vítimas da sociedade do capital, que privilegia os já privilegiados e estabelece formas de sociabilização humana baseadas na lógica do consumo, na lógica do poder material, com instituições e governos a seu serviço.
Creio que a partir de agora, e a depender dos desdobramentos da crise que se afigura assustadora, e das iniciativas dos governantes influentes do mundo, o FSM de 2011, agendado para ter lugar em país africano, poderá nos reservar uma saudável unidade dos movimentos sociais que, até lá, são protagonistas credenciados moralmente a lutar por mais participação e maior inserção de suas demandas na agendas públicas dos governantes.
Era o que eu tinha a dizer.
Muito obrigada.
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