Discurso durante a 12ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Notícias divulgadas pela imprensa a respeito do PMDB. Desilusão com a cúpula do PMDB, a Executiva e as lideranças nas duas Casas do Congresso Nacional. Predomínio da impunidade no Brasil. Matéria da revista Veja, que circulará na próxima semana, sobre a corrupção no PMDB.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Notícias divulgadas pela imprensa a respeito do PMDB. Desilusão com a cúpula do PMDB, a Executiva e as lideranças nas duas Casas do Congresso Nacional. Predomínio da impunidade no Brasil. Matéria da revista Veja, que circulará na próxima semana, sobre a corrupção no PMDB.
Publicação
Publicação no DSF de 21/02/2009 - Página 3150
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • DISCORDANCIA, INEXATIDÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ACUSAÇÃO, CORRUPÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB).
  • ESCLARECIMENTOS, OPOSIÇÃO, ORADOR, ATUAÇÃO, DIREÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), CRITICA, IMPUNIDADE, BRASIL, COMENTARIO, EMPENHO, TRABALHO, COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO JUSTIÇA E CIDADANIA, COMBATE, CORRUPÇÃO, REFERENCIA, PROJETO DE LEI, PROIBIÇÃO, CANDIDATURA, REU, GARANTIA, PRIORIDADE, JULGAMENTO, CANDIDATO, ACUSAÇÃO, CRIME.
  • COMENTARIO, INICIATIVA, ORADOR, NECESSIDADE, DENUNCIA, CONGRESSISTA, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ), OBJETIVO, COMBATE, IMPUNIDADE, CONGRESSO NACIONAL.
  • DEFESA, NECESSIDADE, REALIZAÇÃO, CONGRESSO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), DEBATE, PROPOSTA, APRESENTAÇÃO, PROGRAMA, GOVERNO, LANÇAMENTO, CANDIDATO, ELEIÇÕES, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, CRITICA, ATUAÇÃO, PRESIDENTE, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA.
  • SAUDAÇÃO, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ANUNCIO, PUBLICAÇÃO, NOME, ACUSADO, CORRUPÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), DEFESA, ORADOR, NECESSIDADE, APRESENTAÇÃO, DADOS, ATIVIDADE, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB).
  • FRUSTRAÇÃO, ORADOR, SITUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), REGISTRO, COBRANÇA, PROVIDENCIA, DIREÇÃO, COMBATE, IMPUNIDADE, CORRUPÇÃO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente e Srs. Senadores, se há algo que funciona admiravelmente bem aqui, no Senado, é esse serviço de convivência, digamos assim, entre nós, Senadores, e o povo em geral.

Cada vez que você fala aqui, se o assunto for de interesse, alguns que nem o Mão Santa recebem uma montanha de correspondência; outros que nem eu, não uma montanha, mas muita correspondência. E estou acostumado com isso e acho muito bom.

Eu recebo do Brasil inteiro. Contei aqui um caso, que para mim foi importante, em que fiz três pronunciamentos desta tribuna no mesmo dia e recebi três montanhas de manifestações, uma diferente da outra.

Vim para esta tribuna protestar, porque o Lula dizia que o candidato dele à Presidência do Senado, naquela época, era o Sarney, porque ele tinha confiança no Sarney e não tinha confiança no Pedro Simon. Eu vim para a tribuna. O Presidente é o Presidente. “Eu quero saber por que o Senhor não tem confiança em mim. Votar no Sarney, ele é dez vezes melhor do que eu. Ter simpatia pelo Sarney não estou discutindo. Quero saber qual é o motivo de o Senhor ter tanta confiança nele e não ter confiança em mim.” Então, uma situação... De tarde, na mesma reunião, à tarde, houve a votação da taxa de contribuição para a saúde, taxa sobre cheque para a saúde. Eu vim nesta tribuna, defendendo a tese de que deveríamos suspender a votação por 24 horas, porque o Lula nos mandava uma carta, dizendo que ele se comprometia de que seria por um ano, que a reforma tributária seria feita e que a verba seria destinada exclusivamente para a saúde.

“Isso é o que lutamos a vida inteira”, dizia eu. “O Lula vai cumprir”. “O Lula não vai cumprir”. “Não sei, mas vamos suspender; não vamos votar agora; vamos esperar 24 horas, vamos ao Lula e vamos assumir esse compromisso”. Eu recebi uma montanha de cartas quando cobrei do Lula por que ele não tinha confiança em mim, todas de solidariedade. Recebi uma montanha de cartas quando eu defendi a taxa para a saúde, contrárias. “Mas, Simon, o senhor agora falar uma coisa dessas, e votar e acreditar no Lula?” Uma montanha de cartas contra.

E vim fazer o terceiro discurso no mesmo dia, me justificando, dizendo: “Olha, vocês me desculpem, mas, se eu falei, eu, que tinha toda mágoa, que tinha todo ressentimento contra o Lula e dez horas depois eu fui defender...”. Eu não fui defender o Lula, fui defender um projeto que era importante para nós. Era um diálogo que era importante para nós. “Me perdoe, mas eu acho que não é justa essa referência que vocês estão me fazendo”.

Recebi uma terceira montanha de cartas: “É, o senhor tem razão. Realmente, nós não nos demos conta...”.

Agora eu estou recebendo uma montanha de cartas com relação ao meu amigo Jarbas Vasconcelos. Ele falou, e eu pago a conta. Ele falou e parou. E eu passei o fim de semana passado em Brasília - se eu soubesse, eu não teria passado; passei o fim de semana em Brasília, e a imprensa toda: “Só tem o senhor, Senador; só tem o senhor, Senador”. E eu falei.

A maioria, a imensa maioria das cartas, mas a imensa maioria mesmo, é de solidariedade a mim. Fico comovido, fico emocionado. “Senador, o senhor tem razão, o senhor tem autoridade, nós conhecemos a sua história, nós conhecemos a sua biografia”.

Eu não nego que uma ou outra - e estou respondendo pessoalmente a cada uma delas - diz que estranhou. Estranharam que o Pedro Simon, arauto da ética, não sei o quê, tenha discordado, enfim. E algumas manifestações de imprensa.

Hoje, o Merval Pereira: “Tanto faz”. Diz ele:

O PMDB é corrupto? Não mais do que o PT ou o PSDB". Essa frase do senador Pedro Simon, a respeito das acusações feitas por seu colega Jarbas Vasconcelos ao partido de ambos, reflete bem o espírito que tomou conta da política brasileira nos últimos tempos. Identificado com o sentimento mais libertário da política brasileira, o senador Pedro Simon, durante um período, simbolizou o que havia de independente e até mesmo romântico na atividade parlamentar. A frase pode ser interpretada como uma tentativa canhestra de defender a cúpula do PMDB, fortemente atacada por Jarbas [...].

Meu amigo Merval Pereira, eu critico a cúpula do PMDB muito mais do que o Jarbas e há muito mais tempo do que o Jarbas. Tenho vindo a esta tribuna, há vinte anos, fazendo até algo que muita gente acha que não devia ser, lavando roupa suja aqui da tribuna, o que não tenho chance dentro do meu partido. Não me dão chance.

Por amor de Deus, tenho vindo a esta tribuna, cobrando e cobrando muito. O PT passou oito anos criticando o PSDB, criticando as coisas erradas do PSDB. O PT passou oito anos defendendo a ética, a moralidade, a dignidade, a seriedade e cobrando, linha por linha, os equívocos que o PSDB, no governo, eventualmente cometia.

Agora, o PT no Governo. Cá entre nós, nada mais semelhante a um PSDB no governo do que um PT no governo, o que, a rigor, é a mesma coisa.

Você vai cobrar do PT: “Mas estão fazendo isso, estão fazendo aquilo”. E eles respondem ao Líder do PSDB: “Mas vocês também fizeram!” “Vocês estão usando cartão corporativo.” “Mas o Fernando Henrique também usou!”

Essa é a realidade. Agora, meu amigo Merval Pereira, imaginar que essa é a tese que estou defendendo?! Então, será que alguém pode imaginar que estou aqui dizendo que o PMDB é corrupto, mas, tudo bem, o PMDB é corrupto, porque os outros também são? Respeitem-me! Respeitem minha história e minha biografia!

Sou do velho MDB, época da ditadura, época do arbítrio, e sempre tivemos luta. Olha, como bateram em mim lideranças à época! O Brizola queria a guerrilha e financiou uma guerrilha. O Brizola queria o voto em branco, fez uma campanha em 1970. A Arena tirou primeiro lugar nas eleições; o voto em branco, segundo lugar; e o MDB, terceiro lugar.

Parte das Esquerdas estava na luta armada, dividiu a guerra civil e riu da gente: “O Simon e essa gente aí numa ditadura como essa; o quinto general presidente nomeado, as Forças Armadas todas coesas, a Igreja do lado deles, o poder econômico, o empresariado, o mundo internacional, o americano, a grande imprensa. Estão todos do mesmo lado, e essa ‘gentizinha’ aí do MDB, e o Pedro Simon a dizer que temos é que lutar, que resistir, democraticamente, e não apelar, e não ir para as armas, e não ir para a luta. Isso é bobagem! Temos é que ir para a luta!.”

Arrombaram cofre, prenderam embaixador, fizeram horrores! E eu fui um dos que defendiam: “Não, sou contra isso, porque o Brasil não é Cuba”. Em Cuba, saíram da montanha e tomaram Havana. E ganharam. O Brasil é um continente, e, diabolicamente, o americano quer rachar o Brasil. O americano dividiu a Coreia em Coreia do Norte e Coreia do Sul e dividiu o Vietnã em Vietnã do Norte e Vietnã do Sul. Eles querem fazer isso no Brasil. E, hoje, isso está provado.

O Embaixador da época, no Brasil, no livro que ele publicou, disse: “A frota americana estava na fronteira, esperando que o João Goulart resistisse para iniciar a ocupação”. E Jango foi um herói. Eu estava com ele lá, na casa do Comandante do III Exército, em Porto Alegre, de madrugada, quando Brizola - e eu respeito - insistia, exigia que tínhamos que resistir e ir para a luta. E quando o Comandante do III Exército disse que, praticamente, ele estava do lado do Jango, mas que as tropas até do III Exército já estavam do lado do golpe, o Jango disse: “Não quero derramar sangue; não quero ser o responsável por um terror desses no meu País”. E foi embora.

Mas conquistamos a democracia sem derramar uma bala. E foi o velho MDB. Somos dessa época; somos da época em que, quando caiu a Emenda das Diretas Já, continuamos na rua e transformamos o Colégio Eleitoral, que era um órgão imoral, indecente, para nomear general, e fizemos esse Colégio Eleitoral se transformar num Colégio responsável e democrático, para derrotar o candidato da ditadura e eleger o Tancredo.

Não, meu amigo Merval Pereira, não me faça isso!

Tenho mágoas profundas do PMDB.

Não aceito essa cúpula que está aí. Lamento o Fernando Henrique e o Lula. Os dois, na Presidência da República, aliaram-se com essa cúpula. No fundo, no fundo, parece que o Fernando Henrique e o Lula desejam, realmente, que o PMDB seja isso aí, para eles fazerem conchavos e pegarem apoio. Nenhum dos dois se preocupou em selecionar, em fortalecer uma área mais ética, mais séria, mais responsável.

Nesse mesmo O Globo, na segunda-feira, o Noblat, endeusando meu amigo Jarbas, disse: “E o Pedro Simon, onde é que está? Do Pedro Simon, só sobrou uma fotografia na parede”. Meu amigo Noblat, nem a fotografia na parede.

Quando fui Governador, proibi fotografia de Governador, a tradicional, em todos os lugares do Estado. Coloquei um mapa do Rio Grande do Sul, e muita gente pode não se dar conta, mas o mapa do Rio Grande do Sul é a figura de um coração. E coloquei: “Leve o Rio Grande no peito”. Esse foi o símbolo do meu Governo, e todas as repartições públicas tinham obrigação de colocar, em vez da fotografia do Governador, esse mapa.

Não tenho nenhuma fotografia, meu amigo Noblat! Aqui, no Senado, estou há 30 anos. Nunca fui líder, nunca fui presidente de Comissão, nunca fui vice-presidente de Comissão, nunca fui membro da Mesa, nunca fui coisa nenhuma. Você anda por aí e vê fotografia de todo mundo. Não tem do Pedro Simon.

Se for falar o que você está pensando, meu amigo Noblat, minha situação é ainda mais grave: não sobrou nem a fotografia na parede. Não tenho nenhuma fotografia na parede.

Mas, meu amigo Noblat, continuo o mesmo. E você sabe.

Quando derrubaram Ulysses da Presidência do MDB, eu era o primeiro Vice-Presidente. Fui contra. Ulysses tinha mil qualidades. O grande defeito é que ele queria ser Presidente da República a qualquer preço, e isso atrapalhou o MDB. Ele tinha um diálogo difícil com o Tancredo, um diálogo difícil com o Covas, um diálogo difícil com o Montoro, um diálogo difícil com o Arraes, um diálogo difícil com o Teotônio, um diálogo difícil com o Brizola, porque ele queria ser o candidato a Presidente da República, e o resto que se danasse. Mas agora ele já foi e levou uma surra; agora, sobrou ele como candidato a presidente, ele como presidente do partido.

E, quando o Quércia veio me procurar, primeiro, queriam que eu assumisse a Presidência, que eu fosse o candidato a vice da Presidência no lugar do Dr. Ulysses. Hoje, digo: “Lamentavelmente, não aceitei; devia ter aceitado”. Aí colocaram o Quércia, e o Quércia veio me convidar para ser o primeiro vice dele, para ficar na vice-presidência. Eu disse: “Quércia, não aceito. Tu vais fazer uma bobagem. O Dr. Ulysses, os defeitos que ele tinha não tem mais, ele é o grande candidato a presidente do partido. Deixa ele lá! Se tu queres ser candidato a Presidente da República, ele vai ser o teu grande cabo eleitoral, mas não pega a presidência”. Ele disse: “Pô, Simon, mas tu vais ser o vice-presidente. Eu estou lá sem mandato, eu estou em São Paulo, não tenho nada. Você vai ficar aqui em Brasília, você vai assumir, praticamente, o comando”. Não aceitei, e ele foi convidar o Jarbas, e o Jarbas aceitou ser primeiro-vice-presidente do Quércia, na derrubada do Dr. Ulysses. E eu iniciei a minha resistência contra a cúpula do MDB.

Na época da candidatura Quércia, eu achei absolutamente negativo. Eu era líder do Itamar, e o Itamar queria que o candidato a Presidente da República fosse do MDB - claro que não o Quércia -, mas o MDB não deixou. E o Quércia foi e fez menos votos do que o Dr. Ulysses.

De lá para cá, tem sido com essa cruz que o PMDB trabalha. Grande partido, povo do lado, mas o comando é uma cruz que nós estamos carregando. A Executiva, a Liderança aqui, na outra Casa, o PMDB não merece. Não merece. O partido com mais votos na última eleição, que fez mais Governadores, mais Deputados Federais, mais Deputados Estaduais, mais Senadores. Nesta última eleição, mais Vereadores, mais Prefeitos, seis milhões de votos a mais do que o que está em segundo lugar. Está aí um partido que a imprensa ridiculariza, debocha, debocha, ridiculariza, porque nós estamos para ser a noiva: quem paga a baia, quem dá o melhor dote. É uma posição grosseira, vulgar!

Eu apresentei projeto, meus amigos, dizendo que o partido político tem de abrir, na convenção, espaço para que membros da convenção possam impugnar candidatos cuja ficha tenha problemas graves. Mas convenção, hoje, nós sabemos como é: Vereadores, Deputados Estaduais, Deputados Federais, a gente vai para a convenção, botam uma lista, tu votas e tu não sabes nem em quem tu estás votando, nem em quem tu não estás votando. Pois eu acho que a gente tem de tomar conhecimento, saber quem é, e se alguém tem coisas graves, um grupo de 10% dos convencionais faz a denúncia e a comissão de ética tem de decidir.

Eu concordo que a seleção tem de começar lá no partido. Com isso eu concordo, mas eu concordo também, Sr. Presidente, e isso eu digo daqui, que o mal do Brasil se chama impunidade.

Eu tenho autoridade para falar, Sr. Presidente. Durante dez anos, eu, membro da Comissão de Constituição e Justiça, criei uma comissão: Presidente do Supremo, Presidente do Senado, Presidente da Câmara, Ministro da Justiça, Procurador-Geral da República, Presidente do Tribunal de Contas nos reuníamos mensalmente para debater e discutir o que fazer para terminar com a corrupção. Eu participei da Comissão de Justiça e trouxemos da Itália os célebres procuradores da operação Mãos Limpas, que vieram, debateram, discutiram conosco como foi lá e como nós podíamos fazer aqui.

Eu apresentei projeto. Eu acho que quem tem ficha suja não pode ser candidato, mas eu não acho que tenha de ficar na gaveta - nem da revista, nem da promotoria, nem da polícia, nem do juiz e nem do tribunal - o julgamento. O tribunal, o juiz, o delegado têm de dar prioridade absoluta no julgamento do político, mais do que todos, e não pode ficar na gaveta. E o relator, o ministro não podem pegar, pedir vista e ficar um ano com o processo na gaveta.

Eu tenho dois projetos: quem tiver ficha suja não pode ser candidato, mas quem é candidato tem o direito de exigir que o seu processo seja julgado até a eleição. E, se, por qualquer questão, não for julgado até a eleição e se ele for eleito, entre a eleição e a posse - aí, é muito menor, é um número infinitamente menor -, esse tem de ser julgado.

O mal do Brasil é a impunidade. Fazem acusações contra mim, contra o companheiro Mão Santa, contra qualquer companheiro nosso e não se prova nada, e não se faz nada, e não acontece nada. Quem é honesto não pode provar que é honesto e quem é desonesto empurra com a barriga e nunca decide.

Essas teses eu venho defendendo há vinte anos. Eu posso dizer, e disse ontem a um membro do Supremo: foi minha a iniciativa. Quando entrei aqui na Casa, Deputado e Senador não podiam ser processados pelo Supremo, só se a Casa desse consentimento. Então, o Presidente do Supremo mandava um ofício para o Senado: “Peço licença para processar o Senador fulano de tal”, ou mandava um ofício para a Câmara: “Peço licença para processar o Deputado fulano de tal”. E o que acontecia? Ficava na gaveta do Presidente da Câmara e do Presidente do Senado. Não ia a plenário para ser votado. Por quê? Porque os Parlamentares não queriam. Não queriam dar licença, porque não queriam que o colega fosse condenado, e não queriam negar a licença, para não se ridicularizarem perante a opinião pública.

Nós aprovamos - parecia um milagre. Muita gente achou que isso nunca ia acontecer, mas aconteceu. Hoje, é lei. O Procurador denuncia o Parlamentar ao Supremo Tribunal, o Supremo aceita a denúncia e não ouve Senado, não ouve Câmara, não dá bola nenhuma, e processa o Parlamentar. E o Parlamentar é processado. Então, hoje, não dá para culpar nem o Senado, nem a Câmara na questão da impunidade. Essa é uma questão do Judiciário. E eu repito: terminar com a impunidade é fundamental.

Se dependesse de mim, meus caros jornalistas, o PMDB seria um partido diferente. Seria. Seria um partido em que nós, um grupo de jovens meio aloprados, como diria o Mão Santa, que queríamos a democracia, teríamos ido adiante. Lamentavelmente, o Dr. Tancredo morreu. Ele não podia ter morrido.

Sarney foi um grande Presidente. Eu fui Ministro do Dr. Ulysses, fiquei com Sarney durante um ano e sou o homem que fala da seriedade com que ele agiu, mas o Sarney não era o Tancredo, e todo aquele movimento que tinha sido feito era para o Tancredo. E, principalmente com o Sarney e o Dr. Ulysses rompendo, o PMDB não era nem Governo, nem Oposição, e aí começou o nosso calvário.

Mas eu venho lutando, venho lutando pela candidatura própria. Quando Itamar assumiu a Presidência, eu, que fui o coordenador da CPI do Impeachment, não aceitei ser Ministro do Itamar. Como gaúcho, nós carregamos uma mágoa muito grande daqueles que derrubaram o Getúlio e depois foram pegar os ministérios do governo que ficou no lugar do Getúlio. Mas fui Líder do Governo de Itamar. E nós tínhamos tudo para fazer o Presidente da República. Mas o Quércia exigiu a candidatura dele. O Antônio Britto, que o Itamar, o Fernando Henrique e eu, na reunião, decidimos que era o candidato, se assustou de ir para a convenção com o Quércia, não aceitou, e terminamos não tendo o candidato. Eu fiquei aqui, com a vitória do Fernando Henrique, como Líder do Governo dele; continuar na tarefa que eu estava como Líder do Itamar. Quando Fernando Henrique não deixou criar a CPI das Empreiteiras, e quando Fernando Henrique extinguiu a Comissão de Fiscalização que o Itamar tinha criado, eu caí fora. Tanto que o Líder de Fernando Henrique foi o meu Vice-Líder, que era meu Vice-Líder e ficou no meu lugar. E eu apoiei o Lula na candidatura dele quando ele ganhou.

Eu tinha uma esperança enorme no Lula, uma enorme esperança no Lula! Convidou-me para ser seu Ministro, jantando lá em casa. Não aceitei sob o argumento de que, no Rio Grande do Sul, o PT e o PMDB eram velhos adversários e de que eu podia ajudá-lo muito mais nesta Casa do que em Ministério. E fiquei aqui disposto a ajudá-lo. Quando saiu o problema do Waldomiro na televisão, em que ele colocava dinheiro no bolso e conversava com o cidadão sobre sua comissão, sobre as porcentagens da bandalheira, saí daqui e, em cinco minutos, estava no gabinete do Lula. E lhe disse: “Presidente, demita-o já! O senhor tem de demiti-lo imediatamente, porque seu Governo precisa disso!”. E o Presidente não o demitiu. Aí queríamos criar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), e ele não deixou que se criasse a CPI. O Supremo teve de pedir para que fosse criada a CPI. Aliás, ele e o PMDB não o quiseram, e fomos contra ele e contra o PMDB.

Então, minha linha é uma só. Não sou melhor do que ninguém. Sou um homem de 80 anos, e essa é minha trajetória, essa é minha maneira de ser, e não vou mudar depois de velho. Concordo com o Jarbas, um grande líder, nas coisas que fala. É verdade. Mas não concordo que se queira, de repente... E parece-me que a Veja vem aí agora com uma entrevista de capa, mostrando os corruptos do PMDB. Correto! A resposta que a Executiva do Partido deu é ridícula. A Executiva, em sete linhas, disse o seguinte: “Foi um desabafo do Jarbas. E, como ele disse que a corrupção está em todos os partidos, não é problema nosso”. A nota da Executiva, meu amigo Merval Pereira, está dentro do que o senhor está dizendo aqui, não eu, porque acho que esse é problema nosso, sim. Eu já vinha defendendo e defendo agora: vamos fazer um grande congresso do PMDB. Vamos debater, vamos discutir, vamos analisar, vamos apresentar um programa de governo, vamos apresentar uma proposta!

O Lula está apresentando a candidatura da Ministra Dilma, que, até ontem, era ridicularizada. Ninguém a levava a sério, mas, hoje, ela está crescendo. O Serra é uma pessoa competente, séria, mas antipática, e está crescendo! Dizer que o PMDB não tem candidato?! E o Jobim não é um grande candidato? E o Governador do Rio não é um grande candidato? E o Jarbas Vasconcelos não é um grande candidato? E o Rigotto não é um grande candidato? E o Governador do Paraná não é um grande candidato? E o Ministro da Saúde não é um grande candidato? Quem tem mais candidato do que o PMDB?

O problema é que a cúpula está negociando. A cúpula está negociando quem dá mais! Isso é uma vergonha! Essa cúpula do PMDB é uma vergonha! Primeiro, foi o Sr. Temer, um grande Presidente. Ele tinha todas as condições para ser Presidente. É um homem natural. Já foi quatro anos presidente, um bom presidente, um homem sério, um intelectual, um jurista, o maior partido, apoio do Lula. Mas ele mendigou a presidência, ele não se impôs. Em primeiro lugar, queria que o Senado abrisse mão da presidência para ele ser. Em segundo lugar, a rigor,... Agora estão dizendo que se está discutindo entre ele e o da Bahia quem é o vice-presidente do Lula. O nosso amigo Gedel, que era o grande herói da luta contra o Lula - Fernando Henrique fanático -, agora declarou: “O que vou fazer? Me apaixonei pelo homem!” Ele se apaixonou pelo Lula. O que ele pode fazer? Não pode.

Acho que o presidente do partido, que é Presidente da Câmara, já devia ter se licenciado ou renunciado; já devia. Se renunciar, se tiver outra eleição, se licenciar-se, a Deputada Iris é uma grande Deputada e tem condições de assumir, e vão fazer uma movimentação nesse sentido.

Tenho medo de falar agora, porque se eu disser: “Tudo bem, meus irmãos da Veja, agora vocês publicaram a lista dos corruptos do PMDB. Ótimo!”, eu vou vir à tribuna semana que vem cobrar do PMDB uma análise disso. Mas que tal apresentar uma lista também do geral da vida partidária? Do geral da vida partidária! Até porque, reparem, o PMDB não está no Governo. O PSDB esteve oito anos. O PT vai fechar oito anos.

Estive em um debate na Globo News e dizia isso. Os outros dois que participaram, brilhantes, da maior dignidade, da maior seriedade, primeiro cobravam do Congresso - o que está certo -: “O Congresso não tem o que fazer, não tem personalidade, não tem nada!” Eu digo: “Em primeiro lugar, e a medida provisória? Como é que o Congresso vai ter personalidade? Como é que o Congresso vai existir com a medida provisória? A medida provisória é uma imoralidade, é uma indecência!” Quero fazer justiça ao Presidente Sarney. Estive em seu gabinete, e ele deu-me a impressão profunda de que isso vai mudar. Ele está convencendo, inclusive o Lula, para o bem do Lula, para o bem do Brasil, para que encontraremos uma saída para isso. Eu fiquei muito feliz. Tomara que se encontre! “E a corrupção?” Respondi: “A corrupção, a primeira causa da corrupção no Brasil se chama impunidade”. No Brasil não acontece nada! No Brasil não acontece nada!

Eu já falei dez vezes no Obama, meu Presidente - agora o Acre na Presidência, e V. Exª fica bem na Presidência; não é um Mão Santa, mas fica bem. Eu fiquei triste com o nosso Obama por ter mandado 17 mil soldados para o Afeganistão. Dizem até que não tem outra saída, que a situação estava num percalço que era capaz de implodir. Até há uma certa unanimidade das pessoas que debatem essa questão, achando que não tinha outra saída. Mas foi triste pra gente que confiava tanto no Obama! Ele foi o presidente americano que não chegou a fechar um mês e já mandou 17 mil para o Afeganistão. Nem o Bush fez isso. O Bush levou bem mais tempo para mandar gente para o Iraque. Mas quando a gente vê como o Obama constituiu o governo dele! A gente vê que lá nos Estados Unidos - corrupção, é claro que há corrupção, muito mais do que aqui; lá em dólar, em bilhões de dólares - as pessoas pagam a conta. Lá as pessoas pagam a conta! E no Brasil não. No Brasil não acontece nada. Não acontece absolutamente nada. E vai e vem, dali a pouco a pessoa volta.

Tem certas revistas e certos jornais que guardam o dossiê na gaveta. Teve um caso, e eu nem vou falar em nomes, mas eu soube que ia sair uma reportagem violenta em relação ao cidadão, e eu falei: “Olha, vai acontecer isso, assim, assim, assim...” E o cidadão saiu do Ministério, na quarta-feira. A reportagem ainda não saiu. Suspenderam a reportagem. Mas a informação que tenho: continua na gaveta. Continua na gaveta!

O senhor se lembra quando o Renan saiu daqui e depois se apresentou como candidato a Presidente da Câmara? Tinha baixado a bola. Ele renunciou ao Senado. Renan não, o Jader. O Jader renunciou para não ser cassado, foi embora e veio como Deputado Federal, com uma montanha de votos. Ficou uns tempos calado. E aquela frase que na época da ditadura a gente dizia muito: “na época da muda, passarinho não canta”. Na época das cassações, vão cassar, há perigo de cassar, vão cassar, então todo mundo fica sem abrir a boca, ninguém falava. O Jader ficou assim. Começou a voltar a ter prestígio e se lançou à Presidência da Câmara. A Veja fez uma reportagem de capa, nunca mais se falou na candidatura dele a Presidente da Câmara.

Eu não aceito isso. Eu não aceito que o jornal, que a revista, que o ministro do tribunal, que o procurador, que o delegado fique com processo na gaveta. Isso não é correto. Essa impunidade é causa disso tudo. Que a revista Veja publique, sei lá quem são, acho que até podia. Não vou dizer aqui, mas garanto que eu posso dizer daqui alguns nomes que vão sair, que todo mundo sabe, e alguns nomes que não vão sair e que podiam sair. Agora, não sei se meu amigo Merval Pereira, se eu disser aqui, não vai querer imaginar que estou dizendo “nós somos, outros também são”. Não, nós somos e vamos cobrar do PMDB, porque é uma barbaridade isso que está acontecendo com o PMDB. Mas, cá entre nós, por que não botar a lista do PT? E por que não botar a lista do PSDB? O problema é a impunidade.

Eu tenho muita mágoa do meu partido. Eu tive muitas ocasiões de sair. Eu fui dos poucos que recebi convite pessoal quando fundaram o PT. E eu não sei. Eu nunca imaginei que o PT teria esse êxito que ele tinha. Porque eu acho que se eu tivesse lá, no PT, podia ter ajudado em muita coisa, mas fiquei no meu partido. Aí veio o Brizola. O Brizola chorou, amargurou, fez o que ele fez para eu entrar no PTB, que depois virou PDT. E eu dizia a ele que a minha tese era muito singela: a ditadura tinha terminado com o MDB e a Arena porque o MDB tinha crescido demais e a Arena estava desmoralizada, então quiseram implodir o MDB. Eu nunca fui a favor do bipartidarismo. Eu era a favor do pluripartidarismo. Só que eu achava que extinguir os partidos como eles queriam e criar os partidos dentro da ditadura era começar mal.

Então, a minha tese era convocar a Assembleia Nacional Constituinte. Feita a Assembleia Nacional Constituinte, extinguir-se-ia os partidos; quer dizer, instalada a Assembleia Nacional Constituinte, extinguir-se-ia os partidos. E aí se organizariam os grupos. E esses grupos teriam o prazo de dois anos para, depois de promulgada a nova Constituição, se organizarem em partidos políticos. Aí não seria o mal que aconteceu em 45: PTB, PSDB e UDN não tiveram nenhum conteúdo, porque os partidos formaram contra o Getúlio e a favor do Getúlio. Getúlio tinha ficado vinte anos no poder, ele era o chefão, quer dizer, ou era a favor dele, ou era contra ele. O conteúdo do PTB, que tinha, ninguém dava bola. O conteúdo do PSD, que tinha, ninguém dava bola. E mesmo da UDN. E lá depois que o Getúlio tinha morrido, quando os partidos começaram a ter conteúdo, o PTB, partido dos trabalhadores, o PSD, partido da área rural, que era riquíssima naquela época, UDN, partido dos intelectuais, dos literatos, do pessoal da burguesia citadina, quando começaram, quando o PDC era um partido de idéias no mundo inteiro, parecia que era uma revolução social, extinguiram os partidos e criaram a Arena e o MDB. E extinguiram Arena e MDB antes do prazo.

Pois eu não fiquei com o Brizola. Fraudaram-me uma eleição. Mas, na verdade, eu perdi uma eleição que poderia ganhar facilmente em 1982. Mas fiquei no MDB. O Mário Covas e o Governador do Rio Grande do Sul - ele e mais quatro, José Richa e outros tantos - foram ao meu gabinete pedir, implorar para que eu entrasse no PSDB. Eu disse: vocês estão fazendo um erro; vocês e nós do MDB vamos derrotar o Orestes Quércia; nós vamos ser um grande partido. Mas eles estavam com ódio do Quércia, com medo do Quércia, e fundaram o PSDB. Eu fiquei no MDB.

         Eu não nego que hoje sou um desiludido. Oitenta anos. A única coisa que eu tenho que conservar é a minha dignidade. Eu saúdo aqui... Eu peço, Sr. Presidente, meio... Eu apresento à Mesa um voto de agradecimento e de alegria por nosso querido José Alencar ter saído de uma cirurgia de 18 horas espetacular, alegre, feliz. Ele disse uma frase e eu fiquei emocionado. “E aí, como é que vai ser?” “Não sei. Eu só digo que não quero que Deus me dê um dia a mais de vida que eu não possa viver com dignidade”. Eu estou assim. A única coisa que sobrou foi a minha dignidade.

Tem um grande amigo meu, foi deputado muito tempo, é jornalista do jornal O Sul, Adroaldo Streck, que escreveu uma coluna - ele tem uma coluna brilhante e é um grande companheiro - onde ele fala, debocha assim: “O nosso arauto da ética: Pedro Simon”. O meu amigo Streck sabe que eu não sou isso, não. Eu não sou arauto da ética. Eu sempre digo que quando começam a dizer que o fulano é isso, é ridículo, porque ser sério, ser digno, ser correto é o mínimo necessário para qualquer cidadão, seja operário, seja Presidente da República. Eu não sou nem mais ético nem menos ético do que ninguém. Eu sou apenas o que eu sou. Eu tenho coerência, isso eu digo com toda a sinceridade. Eu tenho coerência. Eu tenho coerência e não tenho ambição. Podia ter brigado muitas vezes. Podia ter retornado, nas duas vezes que nós fizemos o Governo do Rio Grande do Sul. O partido insistia porque insistia que eu devia ser o candidato. E eu não aceitei, em hipótese nenhuma. E ganhamos com o Rigotto, e ganhamos com o Britto. Então... Não aceitei ser ministro do Fernando Henrique, não aceitei ser ministro do Itamar, não aceitei ser ministro do Lula. Não sou nada nesta Casa. Eu acho que sou o único Senador que está aqui há trinta anos e nunca teve cargo nenhum. Mas eu sou assim: cumpro as minhas idéias e faço o que tenho de fazer.

Eu não precisava ter entrado... Até porque o Jarbas é um amigão meu. Eu acho que não tem ninguém mais amigo do Jarbas aqui, nesta Casa, do que eu. Ideias iguais, idênticas, luta permanente pelas mesmas causas. Mas eu falei uma coisa que eu achava que devia falar, e o espírito do que eu falei, não é isso que a imprensa botou. O espírito do que falei e falo agora de novo: vamos aproveitar a entrevista do Jarbas na Veja, nós do PMDB e até nós do Congresso, para discutirmos, discutirmos essas questões da impunidade, essas questões no seu geral e no seu todo. Vamos aproveitar essa questão para entrar no geral.

Alguns diziam que eu não devia falar hoje: “Espera para falar segunda-feira, que a gente já vê a Veja que vai sair”, porque a única notícia que a gente tem é que a capa são os corruptos do PMDB. Mas eu achei que devia falar hoje, e até antes. Posso voltar na segunda-feira.

Era isso, Sr. Presidente. Eu agradeço a V. Exª, que devia estar aqui. Eu achei que ia falar pouquinho e ocupei o seu espaço, mas prometo ficar aqui o tempo todo, ouvindo o seu pronunciamento. Eu só vim aqui... Eu não vinha para falar, Sr. Presidente. Eu vim de casa aqui, porque V. Exª me disse que ia falar e eu tinha me compromissado a vir para assistir ao discurso de V. Exª.

Eu só quero felicitar, nesta sexta-feira de Carnaval, que, ao lado de tanta festa e de tanta alegria - e é correto -, de tantas manifestações - e é correto - , existem grupos que se reúnem para fazer meditação. Eu acho isso muito bonito. Eu tenho feito isso, inclusive aqui, em Brasília, o chamado Rebanhão, que lota o Ginásio de Esportes.

E o que me chama a atenção, Presidente, é que muitos jovens, muitos, muitos jovens ficam esses dias de carnaval meditando, debatendo, analisando. E uma das partes mais bonitas é a parte dos depoimentos, que são espontâneos. Alguém que está assistindo sente uma inspiração e uma vontade de falar, e fala. Fala no seu problema, fala no que sente, fala no que pensa. Não é só a Igreja Católica. Várias igrejas fazem isso. Eu acho isso muito, muito profundo, porque o carnaval é o carnaval: é uma alegria. Eu sou a favor do carnaval. Eu acho que é uma manifestação, é o povo na rua, cantando. Eu acho, por exemplo, que, no Rio de Janeiro, a escola de samba e, antes de mais nada, aquele desfile, uma manifestação cultural. Muita gente me diz que é um dos espetáculos mais bonitos, no mundo inteiro, de ser assistido. E é verdade. Eu sou muito a favor, mas também sou a favor daqueles que não gostam de carnaval e passam exatamente esses quatro dias como aqui, no Rebanhão, com o nosso querido Arcebispo de Brasília, por quem tenho muito respeito e de quem gosto. É um homem simples, muito simples, fala com uma voz meiga, carinhosa. Eu até acho que o Arcebispo de Brasília tinha a obrigação de ser Cardeal. O Brasil é o maior país católico do mundo. O Arcebispo de Brasília deveria ser Cardeal. Mas o Rebanhão... E fico emocionado com os convites que tenho recebido.

Eu decidi, com a minha mulher, Mão Santa, que, neste ano agora, vou fazer, mais uma vez, a caminhada de Santiago de Compostela. E, se Deus ajudar, vou levar meu filho junto. É uma grande caminhada, é uma possibilidade de meditação. Eu fiz aquela, aqui no Ceará, bem mais simples, bem mais humilde, de Fortaleza até Canindé, o segundo santuário do mundo, mais importante, de São Francisco. Só que a gente caminha de noite - porque o calor é muito intenso - e, durante o dia, a gente dorme nos lugares que a gente encontra.

Mas essa de Santiago de Compostela...

V.Exª já fez, não é, Senador?

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Não. Conheço a igreja, mas não fiz a caminhada.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Então, vamos fazer juntos. Estou convidando. Está aí. São três. A sua esposa garanto que aceita, pelo que eu conheço. E a esposa do Mão Santa nem adianta perguntar, porque é ele que manda. Eu acho que ela aceita, mas, independentemente de aceitar ou de não aceitar... Eu acho que vale a pena. Sinceramente, vale, vale, vale a pena.

            Não vou começar o discurso de novo, Presidente. É que estou recebendo aqui da Internet a Veja que vai sair. Estou vendo aqui a Veja que vai sair:

Basta de folia com o dinheiro público.

A entrevista do Senador Jarbas Vasconcelos, recebida com silêncio pelo PMDB, entrará na história como um marco na luta contra a corrupção. Ele deu as coordenadas desse bom combate.”

É. Está aqui o Renan, que eu já desconfiava. Está aqui o Jader. Está aqui o Roriz. Está aqui o Jucá. Está aqui o Newton Cardoso. Esses com fotografia. Não sei se tem mais aqui. Não dá para comentar agora, Sr. Presidente. Fica para segunda-feira.

Muito obrigado.

Mão Santa, dá uma chegada no Rebanhão. Você vai gostar.

Obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/02/2009 - Página 3150