Fala da Presidência durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comenta a importância de homenagear Joaquim Nabuco.

Autor
José Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: José Sarney
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comenta a importância de homenagear Joaquim Nabuco.
Publicação
Publicação no DSF de 13/02/2009 - Página 1702
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, JOAQUIM NABUCO (PE), CONGRESSISTA, DIPLOMATA, ESCRITOR, IMPORTANCIA, HISTORIA, BRASIL, LUTA, ABOLIÇÃO, ESCRAVATURA, COMENTARIO, OBRA LITERARIA, CORRESPONDENCIA, ESTRANGEIRO, PAIS ESTRANGEIRO, GRÃ-BRETANHA, BUSCA, LIBERDADE, DEFESA, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO RACIAL, REGISTRO, INICIATIVA, ORADOR, GESTÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRIAÇÃO, FUNDAÇÃO, QUILOMBOS, NEGRO.

            O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - Agradeço ao Senador Marco Maciel o seu pronunciamento, sobretudo ressaltando a necessidade de, mais uma vez, esta Nação homenagear Joaquim Nabuco.

            Na verdade, a grande mancha da História do Brasil é a escravidão, e foi Nabuco que pôde construir uma consciência nacional contra a escravidão, porque inúmeros projetos de leis, inúmeras iniciativas foram feitas a esse respeito, mas só quando Nabuco, através da palavra, conseguiu levantar as consciências do País, a abolição tornou-se possível.

            Quero dizer a V. Exª que, nesses dias de luta eleitoral aqui, de que eu participava, tinha o meu refúgio lendo as cartas que José Murilo de Carvalho agora conseguiu reunir. São cartas de Nabuco ao Secretário Allen, da Anti-Slavery Society, sociedade britânica contra a escravidão, que vigiava a escravidão no Brasil e no mundo inteiro. São cartas que honram o Brasil, porque ele diz da importância de que Nabuco representava não somente para a causa da libertação de escravos no Brasil, mas para a causa da liberdade em todo o mundo. Mesmo depois que a abolição foi concluída, Nabuco continuou a se corresponder com ele e, ao mesmo tempo, a participar de ações no mundo inteiro. Onde houvesse um processo de escravidão, aí estava a figura de Joaquim Nabuco.

            E também o que V. Exª bem ressaltou: o grande escritor que ele foi. O estadista do Império é realmente... Dizia meu pai - e eu aprendi isso com ele e hoje posso repetir dizendo que ele estava certo - que é o melhor livro de melhor estilo escrito em língua portuguesa, pela maneira com que ele traça os perfis das pessoas. Ele reconstrói o seu tempo, a vida do Primeiro e do Segundo Império, principalmente. Conseguiu, com isso, reavivar na eternidade tudo o que aconteceu naquela luta do século XIX, que foi uma página importante da história do Brasil e que muito honra este País.

            Portanto, é com grande satisfação e felicidade... E nunca o Brasil resgatará aquilo que nós devemos a Joaquim Nabuco. Até porque mesmo se diz que 60% da política é feito pela palavra, e foi a palavra de Joaquim Nabuco que tornou possível transformar e fazer o maior movimento de consciência que já houve neste País, o movimento em favor da abolição da escravatura, escravidão essa que mancha até hoje a História do Brasil.

            Ali está o Senador Paulo Paim, que é um lutador desta causa neste Congresso, sempre relembrando e contando com a minha solidariedade. E sempre teve, ao longo do tempo, a minha solidariedade à luta que se trava no Brasil em favor da ascensão da raça negra. Tenho a felicidade de haver criado a Fundação Palmares, quando era Presidente da República, na qual consta esse grande movimento das terras quilombolas, e, até hoje, estamos resgatando uma grande dívida que temos.

            José Bonifácio, no tempo de Independência, dizia que duas coisas não concluíram a Independência. Naquele momento, nós proclamamos a Independência, mas não aproveitamos o instante para extinguir a escravatura e, ao mesmo tempo, mudar a política indígena que nós tínhamos, política essa de enfrentamento que continuou dizimando as tribos que existiam no Brasil.

            Parabéns a V. Exª.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/02/2009 - Página 1702