Discurso durante a 10ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reflexão sobre o crime de pedofilia. Manifestação sobre o Projeto de Lei do Senado 202, de 2006, do Senador Paulo Paim, que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Autor
Flávio Arns (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Flávio José Arns
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EXPLORAÇÃO SEXUAL.:
  • Reflexão sobre o crime de pedofilia. Manifestação sobre o Projeto de Lei do Senado 202, de 2006, do Senador Paulo Paim, que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Publicação
Publicação no DSF de 19/02/2009 - Página 2078
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EXPLORAÇÃO SEXUAL.
Indexação
  • REGISTRO, RECEBIMENTO, SUPERIORIDADE, NUMERO, MENSAGEM (MSG), POPULAÇÃO, MOBILIZAÇÃO, INDIGNIDADE, CRIME, EXPLORAÇÃO SEXUAL, MENOR, DEFESA, ORADOR, AMPLIAÇÃO, PROTEÇÃO, INFANCIA, ADOLESCENTE, PREPARAÇÃO, CIDADANIA, COMENTARIO, TRABALHO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).
  • EXPECTATIVA, PRIORIDADE, COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO JUSTIÇA E CIDADANIA, DESIGNAÇÃO, RELATOR, PROJETO DE LEI, DEFINIÇÃO, CRIME, POSSE, ACESSO, PORNOGRAFIA, MENOR, INCLUSÃO, INTERNET, DEFESA, ORADOR, AUMENTO, CONTROLE, ORIENTAÇÃO, CRIANÇA, ABUSO, UTILIZAÇÃO, INFORMATICA, IMPORTANCIA, EXECUTIVO, LANÇAMENTO, CAMPANHA, ESPECIFICAÇÃO, CONDUTA, CRIMINOSO, PREVENÇÃO, EXPLORAÇÃO SEXUAL, NECESSIDADE, MOBILIZAÇÃO, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, PREFEITURA, GARANTIA, LEGALIDADE, COMPUTADOR.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco/PT - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

Todos nós estamos acompanhando as notícias pela imprensa e, sem dúvida, recebendo incontáveis manifestações indignadas da sociedade a respeito de um tema que considero da maior gravidade, que é o crime da pedofilia.

Devemos todos ter atitude de incondicional defesa da juventude. Jovens sadios e bem assistidos têm grandes chances de tornarem-se adultos equilibrados e participativos nos contextos da sociedade. Diversos problemas de saúde mental em adultos são resultantes de fatos acontecidos na infância e na adolescência.

Tenho recebido dezenas de e-mails de pessoas indignadas com os casos de pedofilia que a cada dia são divulgados pela imprensa. Isso me faz afirmar que nossa sociedade está perplexa com a situação a que chegamos.

A juventude brasileira está violentada, e necessitamos agir com rapidez para que isso deixe de acontecer imediatamente. Não dá para esperar que o Poder Público resolva sozinho esse grave problema.

Há, no Senado, uma Comissão Parlamentar de Inquérito que, com competência, tem apurado crimes de pedofilia, realizando diligências e audiências públicas em diversos Estados, onde pessoas flagradas cometendo o crime são apresentadas e interrogadas.

A Internet, embora represente um grande avanço no universo da comunicação, tem facilitado a ação dos pedófilos. A disponibilidade de acesso a conteúdos de pedofilia pela Internet, que, por estarem fora do País, fogem à jurisdição brasileira, propicia o acesso imediato de qualquer internauta a esses materiais.

Se, por um lado, é dificultoso agir no exterior, o que tem acontecido por meio da Interpol, considero que aquelas pessoas que sejam monitoradas acessando esses sites a partir do Brasil devem ser investigadas, ainda que o façam a título de curiosidade.

No primeiro semestre do ano passado, tive a grata oportunidade de relatar favoravelmente o Projeto de Lei nº 202 de 2006, de autoria do Senador Paulo Paim, que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente para tornar crime o acesso a conteúdos de pedofilia, obtidos sob qualquer pretexto, inclusive pela Internet.

A matéria aguarda designação de relator na Comissão de Constituição e Justiça desta Casa, devendo, no meu entender, ser incluída entre as prioridades da CCJ já no início das atividades de 2009.

Outro risco que destaco é a chamada “sala de bate-papo”, onde grupos de pessoas dialogam livremente pelo computador, usando o teclado, ou mesmo por voz e imagem com as webcams. Esse é um dos instrumentos preferidos pelos pedófilos para suas abordagens, pela facilidade de acesso e anonimato que o meio propicia.

Devemos também observar os acessos feitos às salas de bate-papo, onde adultos criminosos podem se fazer passar por jovens para a sedução de menores. Enfim, cumpre-nos proteger e orientar nossas crianças e jovens quanto aos riscos e às atitudes...

O SR. PRESIDENTE (Marconi Perillo. PSDB - GO) - Senador Flávio Arns, pode concluir seu pronunciamento tranquilamente.

O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco/PT - PR) - ... mais corretas e seguras no uso do computador.

Considero, ainda, Sr. Presidente - e agradeço -, que esta Casa deve alertar o Poder Executivo para que lance imediatamente uma campanha nacional, na imprensa, orientando a todos sobre os cuidados que devemos ter, mostrando exemplos de como se dão as abordagens dos pedófilos, exemplos de atitudes preventivas e também defensivas.

As escolas, igualmente - e isso também é objeto de discussão na Comissão de Educação -, onde a cada dia há mais facilidades de acesso à Internet, têm esse papel de orientar aos alunos.

Menciono, ainda, aquelas prefeituras municipais de todo o Brasil que têm recebido, do Ministério da Ciência e Tecnologia, telecentros para uso comunitário, para que também cuidem de observar como são utilizados esses equipamentos com a maior atenção, especialmente por se tratarem de bens públicos que não podem ser empregados em prática criminosa de qualquer natureza.

Portanto, Sr. Presidente, dentro desse quadro grave, no Brasil e no mundo, de abuso de crianças e de adolescentes através do crime da pedofilia, tenho absoluta certeza de que este Senado Federal pode participar de maneira decisiva no encaminhamento de alternativas e de sugestões no combate ao crime.

Como eu disse, que a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, provavelmente a ser presidida pelo nosso colega, Senador Demóstenes Torres, possa apressar a tramitação do projeto que considera crime o acesso a imagens de pedofilia, mesmo que seja por curiosidade.

Ao mesmo tempo, temos, no PSDB, o Senador Eduardo Azeredo como uma das autoridades nesta Casa, discutindo e apresentando alternativas para combater crimes da informática. Também, nas Comissões de Direitos Humanos e na própria Comissão de Educação, temos a perfeita condição de debatermos o tema e encaminharmos sugestões, como ressaltado, às prefeituras, ao Banco do Brasil e às escolas, para que esse assunto passe a fazer parte do cotidiano da nossa sociedade, fazendo com que as crianças e jovens sejam protegidos.

Então, Sr. Presidente, gostaria que fosse considerado como lido o texto completo do pronunciamento, para que ele pudesse fazer parte dos Anais desta Casa.

Agradeço a tolerância e a amizade, já antiga, que tenho o prazer de desfrutar com V. Exª.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR FLÁVIO ARNS.

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O SR. FLÁVIO ARNS (PSDB - AL. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, acompanhando as notícias pela imprensa, e tendo recebido incontáveis manifestações indignadas por parte da sociedade, desejo ocupar hoje a tribuna do Senado para tratar de um tema que considero da maior gravidade, que é o crime da pedofilia.

Devemos todos ter atitude de incondicional defesa da juventude. Jovens sadios e bem assistidos têm grandes chances de tornarem-se adultos equilibrados e participativos nos contextos da sociedade. Diversos problemas de saúde mental em adultos são resultantes de fatos acontecidos na infância e adolescência.

Tenho recebido dezenas de e-mails de pessoas indignadas com os casos de pedofilia que a cada dia são divulgados pela imprensa. Isso me faz afirmar que nossa sociedade está perplexa com a situação a que chegamos.

A juventude brasileira está violentada, e necessitamos agir com rapidez, para que isso deixe de acontecer imediatamente. Não dá para esperar que o poder público resolva sozinho esse grave problema. Temos a obrigação de denunciar casos suspeitos, e de proteger nossas crianças e jovens com a máxima energia.

Há, no Senado, uma Comissão Parlamentar de Inquérito que, com competência, tem apurado crimes de pedofilia, realizando diligências e audiências públicas em diversos Estados, onde pessoas flagradas cometendo o crime são apresentadas e interrogadas. Esse trabalho deve contar com o apoio de todos os Senadores e Senadoras desta Casa quando de diligências da CPI em seus Estados, e inclusive aqui, nesta tribuna.

A Internet, embora represente um grande avanço no universo da comunicação, tem facilitado a ação dos pedófilos. A disponibilidade de acesso a conteúdos de pedofilia pela Internet, que por estarem fora do País, fogem à jurisdição brasileira, propicia o acesso imediato de qualquer internauta a esses materiais.

Se por um lado é dificultoso agir no exterior, o que tem acontecido por meio da INTERPOL, considero que aquelas pessoas que sejam monitoradas acessando esses sites a partir do Brasil devem ser investigadas, ainda que o façam a título de curiosidade.

No primeiro semestre do ano passado, tive a grata oportunidade de relatar favoravelmente o PLS 202 de 2006, de autoria do Senador Paulo Paim, que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente, para tornar crime o acesso a conteúdos de pedofilia, obtidos sob qualquer pretexto, inclusive pela Internet.

Ocorre que, desde então, a matéria aguarda por designação de relator na Comissão de Constituição e Justiça da Casa devendo, no meu entender, ser incluída entre as prioridades da CCJ já no início das atividades de 2009.

Outro risco que destacado é a chamada “sala de bate-papo”, onde grupos de pessoas dialogam livremente pelo computador, usando o teclado, ou mesmo por voz e imagem com as webcams. Esse é um dos instrumentos preferidos pelos pedófilos para suas abordagens, pela facilidade de acesso e anonimato que o meio propicia.

A quebra de sigilo na Internet de pessoas suspeitas do crime de pedofilia deve ser imediata. Não consigo compreender que haja empresas provedoras de acesso à Internet, que deixaram de aderir a termo de cooperação, que confere agilidade à obtenção de dados dessas pessoas, firmado entre o Ministério Público, a Polícia Federal, e demais entidades em dezembro passado.

A situação é grave, pois não há como impedir que sites de pedofilia funcionem em países onde esse crime não é tratado com a gravidade devida. Em face disso, devemos estar sempre alertas em nossas casas, onde nossas crianças e jovens utilizam do computador.

Devemos observar os acessos feitos, as “salas de bate-papo”, onde adultos criminosos podem se fazer passar por jovens, para a sedução de menores, enfim, cumpre-nos proteger e orientar nossas crianças e jovens quanto aos riscos, e atitudes mais corretas e seguras no uso do computador.

Considero ainda, Sr. Presidente, que esta Casa deve alertar o Poder Executivo, para que lance imediatamente uma campanha nacional na imprensa orientando a todos sobre os cuidados que devemos ter, mostrando exemplos de como se dão as abordagens dos pedófilos, exemplos de atitudes preventivas e também defensivas.

As escolas, igualmente, onde a cada dia há mais facilidades de acesso à Internet, têm esse papel de orientar aos alunos.

Menciono ainda aquelas prefeituras municipais de todo o Brasil, que têm recebido tele-centros para uso comunitário do Ministério da Ciência e Tecnologia, para que também cuidem de observar como são utilizados esses equipamentos com a maior atenção, especialmente por tratar-se de bens públicos, que não podem ser empregados em prática criminosa de qualquer natureza.

Finalizo Sr. Presidente, e valendo-me das audiências da TV Senado e da Rádio Senado neste horário, falando agora diretamente para o público que nos acompanha em todo o País:

Vamos denunciar casos suspeitos de pedofilia pelo Disque 100, da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República!

Vamos colocar os pedófilos na cadeia!

Vamos banir a pedofilia do Brasil!

Vamos lutar por uma juventude sadia e bem assistida para nossas crianças e adolescentes!

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/02/2009 - Página 2078