Pronunciamento de Alvaro Dias em 18/02/2009
Discurso durante a 10ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Comentários a editorial do jornal Estado de S.Paulo, intitulado "Crise boa para os bancos". (como Líder)
- Autor
- Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
- Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
BANCOS.
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
- Comentários a editorial do jornal Estado de S.Paulo, intitulado "Crise boa para os bancos". (como Líder)
- Publicação
- Publicação no DSF de 19/02/2009 - Página 2087
- Assunto
- Outros > BANCOS. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
- Indexação
-
- SOLICITAÇÃO, INCLUSÃO, ANAIS DO SENADO, EDITORIAL, JORNAL, ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DEBATE, CRISE, ECONOMIA, FAVORECIMENTO, BANCOS, CRITICA, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL, PRIVILEGIO, PRIORIDADE, ATENDIMENTO, BANQUEIRO.
- COMENTARIO, ENTREVISTA, PRESIDENTE, ENTIDADE, BANQUEIRO, APOIO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, MOTIVO, PRESERVAÇÃO, LUCRO, BANCOS, FALTA, INTERESSE, DIFICULDADE, TOTAL, ECONOMIA NACIONAL.
- QUESTIONAMENTO, NEGLIGENCIA, GOVERNO, ATUAÇÃO, BANCOS, ADIÇÃO, TAXAS, RISCOS, NATUREZA CREDITICIA, AMPLIAÇÃO, JUROS, BRASIL, EFEITO, DESEMPREGO.
- COMENTARIO, PESQUISA, ENTIDADE, ESTUDO, DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL, PERDA, BRASIL, OPORTUNIDADE, CRESCIMENTO ECONOMICO, APRESENTAÇÃO, DADOS, INFERIORIDADE, INVESTIMENTO PUBLICO, INFRAESTRUTURA, DEPRECIAÇÃO, PATRIMONIO, LOGISTICA, NECESSIDADE, PLANEJAMENTO, GESTÃO, SETOR.
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA |
O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Marconi Perillo, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, começo, Sr. Presidente, solicitando de V. Exª autorização para inserção nos Anais da Casa do editorial de hoje do jornal O Estado de S.Paulo, sob o título “Crise boa para os bancos”.
Discutimos muito aqui, já...
O SR. PRESIDENTE (Marconi Perillo. PSDB - GO) - O pleito de V. Exª será atendido.
O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - Obrigado.
Desde o início, desde a eclosão dessa crise financeira internacional, discutimos as medidas adotadas pelo Governo para o seu enfrentamento e notamos que a primeira preocupação do Governo foi com os bancos e com os banqueiros.
Contestamos muitas das providências adotadas pelo Governo, enviadas através de medida provisória. Tentamos alterá-las para proteger, sobretudo, os correntistas brasileiros, mas em nenhum momento deixamos de destacar a preferência do Governo pelos banqueiros deste País.
Esse editorial do jornal O Estado de S.Paulo consagra esta tese: em primeiro lugar, os banqueiros.
Esse editorial foi redigido em função de uma entrevista concedida ao jornal pelo presidente da Febraban, Sr. Fabio Barbosa. É claro que quem leu a sua entrevista concluiu que o Governo brasileiro privilegia os bancos e os banqueiros. O que disse o presidente da Febraban significa que, para ele, se o setor financeiro ganha enquanto o resto da economia enfrenta dificuldades, para que mudar de política? Portanto, o presidente da Febraban defende a manutenção da política adotada pelo Governo Lula porque ela beneficia os banqueiros do País.
O País foi atingido pelos primeiros impactos da crise no terceiro trimestre de 2008. Desde então, o crédito ficou mais caro, porque os bancos ampliaram o spread, isto é, a diferença entre o seu custo de captação do dinheiro e o preço cobrado na concessão dos empréstimos. Diz o presidente da Febraban: “O spread no Brasil é o mais elevado do mundo e não tenho como dizer que não é. O spread subiu e não tenho como dizer que não subiu”.
Mas, se nós queremos combater a recessão, se nós desejamos impedir que o desemprego seja um fantasma a rondar as famílias brasileiras, por que permitir que o spread seja elevado? Por que admitir as altas taxas de juros? Por que o Governo Lula não adota providências que coloquem em primeiro lugar o trabalhador brasileiro?
Os banqueiros ganharam demais! Aliás, ganharam num período em que a economia mundial proporcionou ao Brasil oportunidades preciosas, que foram desperdiçadas pelo Governo. Em um ambiente de crescimento extraordinário da economia mundial, o Brasil teve um crescimento pífio. É bom recordar, as pessoas se esquecem facilmente, especialmente os defensores do Governo se esquecem, mas nós não podemos nos esquecer: o Brasil teve um crescimento medíocre; cresceu apenas mais do que o Haiti, num período de prosperidade mundial. Quando todos os países do mundo cresceram de forma significativa, o Brasil ficou lá atrás, desperdiçando oportunidades que jamais voltarão. Agora é o enfrentamento da crise.
Sr. Presidente, eu não vou ler todo o editorial do jornal O Estado de S. Paulo, mas peço que o publique nos Anais da Casa como registro histórico, porque ele reflete a realidade do modelo adotado pelo Presidente Lula desde que assumiu o Governo. É um modelo que privilegia, ao contrário do que muitos imaginam, os banqueiros deste País em primeiro lugar.
Antes de concluir, Sr. Presidente, eu gostaria - já que V. Exª, generosamente, me concedeu um pouco mais de tempo -, de fazer referência a um estudo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial - IEDI, em parceria com o Instituto Talento Brasil, que revela bem o desperdício das oportunidades.
No ano de 2007, um ano bom para o País, um ano de relativa folga fiscal, os investimentos em infraestrutura do Governo Federal alcançaram apenas 0,34% do PIB. Portanto, muito aquém da necessidade. O estimado é em torno de 3% do PIB, para evitar a degradação da infraestrutura do País. Em razão desses escassos investimentos em obras de infraestrutura, temos o nosso patrimônio, adquirido durante anos, com milhões de reais aplicados pelos cofres públicos, em degradação: as estradas esburacadas; os portos, da mesma forma, sucateados; as ferrovias insuficientes; os aeroportos proporcionando apagões aéreos; temos o setor de energia elétrica também devendo muito, em razão de perspectivas de crescimento econômico do País. E os investimentos continuam escassos.
O Governo investiu 0,34% quando deveria ter investido 3% do PIB, para atender às necessidades do nosso País. Há, pela frente, um enorme desafio. Um desafio que vai exigir do Governo competência, gerenciamento capaz e recursos para que, a médio e longo prazos, este País não sofra as consequências de um apagão logístico inevitável. É o alerta que estamos fazendo já há algum tempo e que estamos, no dia de hoje, reiterando, contrastando os privilégios conferidos aos banqueiros do País com a escassez de recursos investidos em setores fundamentais, e que dizem respeito à infraestrutura do nosso País.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ALVARO DIAS EM SEU PRONUNCIAMENTO.
(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e §2º, do Regimento Interno.)
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Matéria referida:
Editorial de O Estado de S. Paulo (“Crise boa para os bancos”).
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