Discurso durante a 11ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Leitura de artigo do jornalista Zózimo Tavares, intitulado "Demissão em massa", publicado no jornal Diário do Povo. Enaltece eleição do Senador José Sarney para a Presidência do Senado.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • Leitura de artigo do jornalista Zózimo Tavares, intitulado "Demissão em massa", publicado no jornal Diário do Povo. Enaltece eleição do Senador José Sarney para a Presidência do Senado.
Publicação
Publicação no DSF de 20/02/2009 - Página 3002
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • COMENTARIO, GESTÃO, ORADOR, PROCESSO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ESCOLHA, CANDIDATURA, JOSE SARNEY, PRESIDENTE, SENADO, ALTERNATIVA, REFORÇO, INSTITUIÇÃO DEMOCRATICA, ELOGIO, INICIO, CORTE, GASTOS PUBLICOS, CRIAÇÃO, COMISSÃO, ACOMPANHAMENTO, CRISE, ECONOMIA.
  • REGISTRO, DIFERENÇA, INTERIOR, CAPITAL DE ESTADO, CAPITAL FEDERAL, AMBITO, EFEITO, CRISE, ECONOMIA, MOTIVO, ESTABILIDADE, NUMERO, EMPREGO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, DIARIO DO POVO, ESTADO DO PIAUI (PI), GRAVIDADE, DESEMPREGO, INICIATIVA PRIVADA, REDUÇÃO, EXPORTAÇÃO, DADOS, AMBITO ESTADUAL, REIVINDICAÇÃO, EMPRESARIO, AUXILIO, GOVERNO ESTADUAL, ESPECIFICAÇÃO, IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (ICMS).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Cumprimento a Senadora Serys, que preside esta sessão de quinta-feira; as Srªs e os Srs. Parlamentares aqui presentes; as brasileiras e os brasileiros que aqui estão nos assistindo e os que nos acompanham pela televisão, pelas rádios AM e FM e pelo sistema de comunicação escrita, o Jornal do Senado.

O Presidente Sarney tem visão de estadista. Sempre digo que, neste País, há poucos estadistas: Fernando Henrique Cardoso é um deles, pela cultura dele, pelos serviços prestados; o Presidente Sarney é outro, bem como o Senador Marco Maciel. Entendo bem as coisas. Então, nessa sua visão de estadista, o Presidente Sarney, ao assumir... E não assumiu por que quis, não. Vou assumir a culpa: dos que o forçaram a ser candidato, fui um dos principais. Depois, convencemos o PMDB. O Presidente Sarney não queria assumir esse cargo, não, Serys. Sou testemunha disso. No PMDB, dei meu voto por escrito, muito claro, dizendo: “Ó Presidente, minha posição é a de Rui Barbosa”. Está ouvindo, Marco Maciel? Rui Barbosa disse: “Quem não luta pelos seus direitos não merece viver”. Então, esse é um direito do PMDB. Esse é um pacto que vem, não é? Esta é uma Casa que tem de ter união, que é ícone do Poder Legislativo, que está enfraquecido. Então, nós não podemos dividir. E dei meu voto por escrito: 1º - Presidente Sarney; 2º - Pedro Simon; 3º - Garibaldi; 4º - Leomar Quintanilha, que é homem de bem, mas no qual não pude votar, porque eu tinha assumido um compromisso; 5º - Geraldo Mesquita, do qual o PMDB não abdicaria. Eu seria o sexto candidato. Todo mundo sabe - há testemunha disso - que saí pedindo voto por aí. Pedi voto até para a Ideli. A Serys, eu sei que é professora, mas a Ideli fez uma cara, e eu lhe disse: “Calma! Está na Bíblia: “Pedi, e dar-se-vos-á”. Eu sabia o resultado. A surpresa foi o PSDB. Na minha pesquisa interna, eu disse: “O senhor é o nome mais forte”. E, realmente, ele o foi. Mas ele não queria isso, não. Ele foi forçado. Eu dei meu voto escrito, e ele o botou no bolso e disse que ia ver. Aí, ele foi convencido.

Isso é normal, Marco Maciel. V. Exª se lembra da nossa era? Nós nascemos na guerra, eu e o Marco Maciel. Olha, estava tudo perdido, e foram buscar o Winston Churchill. Isso não é verdade, Marco Maciel? Ele adentra o parlamento e diz: “Eu vos tenho a oferecer trabalho, sangue, suor e lágrimas”. Veio e comandou; uniu os Estados Unidos com a Rússia, Franklin Delano Roosevelt com Stálin; arrastou Getúlio; e ganhamos a guerra. Winston Churchill voltou naquele momento. Sarney também veio por que era o melhor para todos nós. Ele nunca desejou isso, nunca quis isso. Ele veio aqui, como Winston Churchill, que teve de assumir o poder quando o mundo estava em dificuldade; não era num momento bom não, e ele já tinha sido tudo. Todo mundo sabe disso. Quero apenas, Presidente Serys, dizer que essa é a realidade.

E o Presidente Sarney é muito competente, é um estadista, ó Marco Maciel! “A inveja e a mágoa corrompem os corações.” Eu o escolhi, pois ele era o primeiro, o melhor. Assumo isso. E o conheço desde menininho. Eu passava as minhas férias em São Luís, no Maranhão. Essa é outra história.

Ele assumiu quatro compromissos básicos: a mãe de todas as reformas, que é a política; a reforma fiscal; austeridade - e já está dando exemplo, pois cortou 10% linearmente -; e uma comissão para acompanhar essa parafernália mundial da economia. E já a instalou. Aí foi buscar os nomes dos notáveis da Economia: Francisco Dornelles, Tasso Jereissati, Marco Maciel - V. Exª está em todas, Marco Maciel -, Pedro Simon e Aloizio Mercadante. E já está funcionando. Em tudo, o Presidente é quem dá o exemplo de trabalho. Ele é discípulo do Padre Antônio Vieira. “Palavra sem exemplo é um tiro sem bala”, dizia Padre Antonio Vieira. O exemplo arrasta. Neste instante, ele está lá recebendo o Vice-Presidente da China. Vou já acompanhá-lo. E ele não tem culpa, não! Como é que ele vai mandar votar aqui? Podem focar o placar na televisão: há 41 registros, mas sabemos que muitos não estão aqui, viajaram. Mas, por ele, estaríamos votando. Não venham com negócio de Oposição, não venham apelar para demagogia, não! Não é por causa dele, não. Ele tem dado exemplo. O bom exemplo arrasta. Agora, vou acompanhá-lo.

Mas essa é a realidade, Presidente Luiz Inácio. Então, eu ia buscar minha cidadezinha, Parnaíba, Marco Maciel. Fui buscar para ver nossas preocupações com a economia. Brasília é diferente de tudo. Ô José Nery, esta é uma ilha da fantasia. Aqui, há muito emprego público, os Parlamentos, a Câmara, o Senado, as embaixadas. Não sofrem, não sofrem, nem nas capitais, porque nelas há a máquina administrativa pública. Mas o País está sofrendo. Então, vou buscar minha cidade como exemplo.

Um dos artigos que tenho aqui é de um dos mais conceituados jornalistas, Zózimo Tavares, publicado no jornal Diário do Povo, intitulado “Demissão em massa”, que retrata, Presidente Luiz Inácio, todas as cidades do Brasil. O otimismo de Vossa Excelência é bom, Luiz Inácio. Juscelino disse: “É melhor sermos otimistas; o otimista pode errar, e o pessimista já nasce errado”. A realidade, temos de enfrentá-la. Sou um cirurgião e tenho de enfrentar a realidade, e chega!

Diz a matéria: “Demissão em massa”. A matéria é veiculada pelo jornal Diário do Povo, o mais livre e independente do Brasil, talvez, porque o empresário, seu dono é muito rico, inclusive comercializa com a China e contratou o melhor jornalista, Zózimo Tavares, que é Carlos Castello Branco revivido.

Demissão em massa

Está havendo demissão em massa nas empresas exportadoras do Piauí sediadas em Parnaíba [onde é o litoral, onde se faz a exportação], por conta da crise econômica mundial. O comunicado foi feito ao Presidente do Centro dos Exportadores do Piauí, Antônio Machado. O e-mail, encaminhado ao empresário, enfatiza que os números de demissões, até o início deste mês, “são assombrosos”.

Eis, conforme o levantamento, a situação do desemprego nas indústrias de Parnaíba voltadas para a exportação: Vegeflora - 48% de demissões; PVP [Produtos vegetais do Piauí] - 70%; Nortcor - 25%, podendo chegar a 50%; Cera Pontes - 60%; Curtume Cobrasil - 20%; e Q-Odor (recicláveis) [do extraordinário empresário Abidon Teixeira] - 100% de demissões.

No e-mail encaminhado ao Presidente do Centro dos Exportadores do Piauí, os industriais parnaibanos pedem uma manifestação da Associação Industrial do Piauí sobre a crise e fazem apelo ao Governo do Estado para que adote providências no sentido de socorrer as empresas que estão dispensando seus empregados e ameaçam fechar:

“Considerando a difícil situação mundial e vendo o que os governos estão fazendo, no mundo todo, para salvar os empregos (liberação de recursos para montadoras, flexibilização das leis trabalhistas, etc.), achamos que o Estado do Piauí, ou melhor, cada Estado da Federação poderia contribuir com algo”.

Mas não está contribuindo com nada. Isto são os empresários que dizem: “Está ausente, está alienado o Governador do Piauí”. Continuo a leitura:

Segundo os empresários parnaibanos, “uma forma positiva de contribuir seria a de efetuar os pagamentos das empresas que solicitem, ou solicitarem, a restituição de crédito tributário (ICMS)”. Outra medida “que teria maior impacto ainda nas contas do Estado seria a flexibilização das transferências de ICM entre empresas”.

De acordo ainda com o comunicado, “tanto uma quanto a outra medida implicaria na injeção de recursos no mercado, propiciando um crescimento do consumo e, consequentemente, da arrecadação”. Mas o maior impacto seria, entretanto, a injeção de recursos na empresa, sejam nas cedentes, sejam nas adquirentes destes créditos, segundo os empresários parnaibanos.

Por fim, eles garantem que “tal medida se faz urgente, considerando a situação de grande maioria das empresas no Piauí, parando ou reduzindo suas atividades por falta exclusiva de crédito”.

O presidente do Centro de Exportadores [que é o Sr. Antônio Machado] se comprometeu em encaminhar o manifesto aos empresários parnaibanos à Associação Industrial do Piauí e ao Governo do Estado.

Então, são essas as palavras dirigidas à Sua Excelência nosso Presidente Luiz Inácio. Essa é a verdade. A crise está aí.

Senadora Serys, um empresário muito inteligente, que participou do Governo quando eu governava o Piauí, disse-me: “A vida fora está difícil”. Eu não sabia. Ele me disse: “É fora do governo”. A vida está fácil, Luiz Inácio, para nós que estamos no Governo.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Vou terminar, Sr. Presidente.

Joaquim Almeida, grande líder empresarial, disse esta frase sábia: “A vida lá fora está difícil”. Está difícil para quem está fora do Governo, Luiz Inácio. Essa é a realidade. Então, Vossa Excelência, ô Luiz Inácio, vê aqueles aloprados, puxa-sacos e tudo. Mas, para quem trabalha, está difícil. Vamos lembrar nosso patrono: “A primazia tem de ser dada ao trabalhador e ao trabalho; eles vieram antes, eles é que fazem a riqueza”.

Esse é nosso apelo ao Presidente Luiz Inácio.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/02/2009 - Página 3002