Discurso durante a 17ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários acerca do estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, publicado em dezembro de 2008, sobre a participação dos municípios brasileiros no Produto Interno Bruto, no período de 2003 a 2006.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comentários acerca do estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, publicado em dezembro de 2008, sobre a participação dos municípios brasileiros no Produto Interno Bruto, no período de 2003 a 2006.
Publicação
Publicação no DSF de 04/03/2009 - Página 3526
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, DADOS, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), CONCENTRAÇÃO, MUNICIPIO, SÃO PAULO (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), BELO HORIZONTE (MG), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), CURITIBA (PR), ESTADO DO PARANA (PR), BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), SUPERIORIDADE, PARTICIPAÇÃO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), BRASIL, GRAVIDADE, DESIGUALDADE REGIONAL, DESRESPEITO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ANALISE, CONCENTRAÇÃO DE RENDA, DESEQUILIBRIO, ORDEM ECONOMICA E SOCIAL, DIFICULDADE, ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL, ESPECIFICAÇÃO, SITUAÇÃO, CRISE, SOLICITAÇÃO, ATENÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • REGISTRO, ENCONTRO, PREFEITO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PROMESSA, REDUÇÃO, DESIGUALDADE REGIONAL, CRITICA, OMISSÃO, PROVIDENCIA, DENUNCIA, PROPAGANDA ELEITORAL, ANTECIPAÇÃO, CANDIDATURA, DILMA ROUSSEFF, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL, SUCESSÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou, em dezembro de 2008, um importante estudo sobre a participação dos Municípios brasileiros no Produto Interno Bruto, no período de 2003 a 2006.

O estudo demonstra que, em 2006, os Municípios de São Paulo (11,9%), Rio de Janeiro (5,4%), Brasília (3,8%), Belo Horizonte (1,4%) e Curitiba (1,4%) representavam 25% do Produto Interno Bruto brasileiro.

Essa constatação é muito preocupante para todos nós que temos responsabilidade política. E muito mais para nós, Senadores, que constituímos a Casa do Congresso que tem a missão constitucional de defender o equilíbrio da Federação e preservar a “união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal”.

A constatação de que apenas cinco, dos 5.564 Municípios brasileiros, geram 25% do Produto Interno Bruto nacional é preocupante do ponto de vista social, econômico e moral, pois contraria a lógica, a justiça, a igualdade e afronta diretamente o disposto no art. 3º da Constituição Federal.

É impossível construirmos uma sociedade livre, justa, solidária, com garantia do desenvolvimento econômico e social, com erradicação da pobreza, da marginalização e redução das desigualdades sociais e regionais e, ao mesmo tempo, continuarmos com uma brutal concentração de renda do ponto de vista regional, estadual e municipal.

Essa concentração de renda prejudica o Brasil como Nação, prejudica as Regiões, prejudica os Estados mais pobres e prejudica muito mais os Municípios mais carentes, onde se concentra a maioria da população brasileira, o que provoca distorções econômicas e sociais muito graves, que reclamam uma ação direta e positiva do Senado Federal.

O estudo do IBGE revela ainda outros fatos graves e preocupantes: os cinco Municípios mais pobres do Brasil representam apenas 0,001% do PIB do País!

Não há dúvida de que é impossível a manutenção desse modelo perverso, concentrador de renda e que agrava as desigualdades sociais, em que, em 2006, 10% dos Municípios com maior PIB geraram 24,4 vezes mais renda do que os 50% mais pobres.

A concentração de renda é muito alta tanto entre regiões como dentro de todas as Regiões geográficas do Brasil. A maior concentração regional da renda municipal ocorre na Região Sudeste, em que a relação entre o PIB dos 10% dos Municípios mais ricos e os 50% dos Municípios mais pobres ultrapassa 36 vezes, ao longo do período 2002 a 2006.

Na Região Norte, em 2006, seis Municípios geraram 50% de toda a renda da Região: Manaus, Belém, Porto Velho, Barcarena, Macapá e Parauapebas.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a situação financeira da grande maioria dos Municípios brasileiros é crítica e tende a se agravar com a crise da economia mundial, que já está trazendo desemprego, redução na renda, queda de arrecadação e diminuição das atividades econômicas.

O Presidente Lula organizou um encontro, em Brasília, nos dias 10 e 11 de fevereiro, com o objetivo declarado de convencer os Prefeitos brasileiros a assumirem um compromisso de reduzir as desigualdades regionais, para que o Brasil possa alcançar as metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

No entanto, há uma grande diferença entre os objetivos declarados e a realidade, pois esse encontro foi aproveitado pelo Governo Federal para realizar propaganda eleitoral disfarçada da candidatura da Ministra Dilma Rousseff, o que significa crime eleitoral e desvio de recursos públicos.

Praticamente nada foi feito em termos de benefício real para as cidades brasileiras, a não ser uma tentativa de esvaziar a Marcha em Defesa dos Municípios.

A concentração de renda continuará grande, os recursos de que dispõem os Municípios são muito reduzidos, e a crise que enfrentamos não nos dá garantia de dias melhores.

O Governo Federal tem a obrigação constitucional de reduzir as desigualdades regionais, e não tem cumprido essa obrigação: até hoje, vemos apenas promessas e promessas do Governo, muitas palavras e poucas realizações.

Deixo aqui o meu apelo para que o Presidente Lula transforme em atos e realizações as repetidas promessas feitas nas campanhas eleitorais e muitas vezes repetidas nos comícios realizados ao longo do mandato, para que possamos reduzir as desigualdades regionais e dar aos Municípios mais autonomia, mais recursos e uma melhor distribuição de renda.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/03/2009 - Página 3526