Pronunciamento de Arthur Virgílio em 03/03/2009
Discurso durante a 17ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Cumprimentos ao Senador Magno Malta pela iniciativa da publicação intitulada "Abuso Sexual Infanto-Juvenil". Solidariedade à Corporação da Polícia Federal e às famílias dos peritos mortos em explosão ocorrida em Manaus. Comentários sobre explanação do Ministro Mangabeira Unger referente à Medida Provisória 458, de 2009.
- Autor
- Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
- Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EXPLORAÇÃO SEXUAL.
HOMENAGEM.
SEGURANÇA PUBLICA.
POLITICA PARTIDARIA.:
- Cumprimentos ao Senador Magno Malta pela iniciativa da publicação intitulada "Abuso Sexual Infanto-Juvenil". Solidariedade à Corporação da Polícia Federal e às famílias dos peritos mortos em explosão ocorrida em Manaus. Comentários sobre explanação do Ministro Mangabeira Unger referente à Medida Provisória 458, de 2009.
- Publicação
- Publicação no DSF de 04/03/2009 - Página 3527
- Assunto
- Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EXPLORAÇÃO SEXUAL. HOMENAGEM. SEGURANÇA PUBLICA. POLITICA PARTIDARIA.
- Indexação
-
- ELOGIO, MAGNO MALTA, SENADOR, PUBLICAÇÃO, DOCUMENTO, ORIENTAÇÃO, COMBATE, PREVENÇÃO, CRIME, ABUSO, EXPLORAÇÃO SEXUAL, CRIANÇA, ADOLESCENTE.
- HOMENAGEM POSTUMA, PERITO, POLICIA FEDERAL, ESTADO DO AMAZONAS (AM), VITIMA, EXPLORAÇÃO, COMBATE, TRAFICO, DROGA, ELOGIO, VIDA PUBLICA, REGISTRO, MOBILIZAÇÃO, AUTORIDADE, ANDAMENTO, INVESTIGAÇÃO, ATENTADO.
- REGISTRO, CONFERENCIA, MINISTRO DE ESTADO, ASSUNTO, AREA ESTRATEGICA, ESCLARECIMENTOS, CONGRESSISTA, REGIÃO NORTE, OBJETIVO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), REGULAMENTAÇÃO, ORGANIZAÇÃO FUNDIARIA, PREVISÃO, DOAÇÃO, VENDA, LEILÃO, ESPECIFICAÇÃO, DIMENSÃO, TERRAS, CRIAÇÃO, SECRETARIA ESPECIAL, AMBITO, MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO, SUPERIORIDADE, VALOR, ARRECADAÇÃO, OMISSÃO, APLICAÇÃO DE RECURSOS.
- ANUNCIO, AMPLIAÇÃO, ANALISE, ORADOR, OBSERVAÇÃO, POLEMICA, ANULAÇÃO, CESSÃO DE DIREITOS, CONTRATO, INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRARIA (INCRA), IMPACTO AMBIENTAL, DIFICULDADE, FISCALIZAÇÃO.
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA |
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, faço questão de cumprimentar o Senador Magno Malta, pela iniciativa de publicar uma espécie de “cartilha” da pedofilia.
Como recebi, no fim do ano passado, o folheto intitulado “Abuso Sexual Infanto-Juvenil”, ainda não havia tido oportunidade de falar alguma coisa sobre esse meritoso trabalho do Senador.
O Senador conseguiu consubstanciar, em apenas uma dezena de páginas, informações muito úteis sobre o nefando crime da pedofilia.
A pedofilia, como nota ele, na abertura da publicação, “é a mãe do crime hediondo (...), arrasa não apenas as crianças e seus familiares, mas abala, pela raiz, a árvore da esperança na Humanidade”.
A “cartilha”, coordenada pelo Promotor de Justiça de Minas Gerais, Carlos José e Silva Fortes, diz o que é pedofilia, cita dispositivos legais e diz como os pais deve agir para prevenir ou denunciar esse tipo de abuso sexual.
O Senador Magno Malta está, pois, de parabéns.
Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, como segundo assunto, na semana passada, a Capital do meu Estado foi tomada de profunda consternação pela morte trágica de três peritos da Polícia Federal, especializados em artefatos explosivos.
Menciono o nome desses servidores, mortos no cumprimento de missão profissional, fato que, no mesmo dia, chegou ao conhecimento de todos os brasileiros.
São eles:
Antonio Carlos de Oliveira
Max Augusto Neves Nunes
Maurício Barreto da Silva Jr.
Os três, como é do conhecimento desta Casa, realizavam perícia em cilindro cuja carga seria cocaína, conforme suspeita, depois confirmada, numa agência dos Correios, em Manaus. Ali, o cilindro foi perfurado, para exame preliminar, e, em seguida, encaminhado à Polícia Federal.
Eram 17 horas e 30 minutos da última sexta-feira. Os três peritos realizavam perícia no cilindro, mas o trabalho não chegou a se concluir. O cilindro explodiu, destruindo por completo as instalações do Laboratório Técnico-Científico da PF. Um dos servidores, Antonio Carlos de Oliveira, morreu na hora e foi sepultado em Manaus, onde moram seus familiares. Os dois outros, gravemente feridos, foram hospitalizados e morreram no dia seguinte. Max Augusto foi sepultado em Santarém e Maurício Barreto em Recife.
Eu estava no meu Estado naquela sexta-feira e, como toda a população local, não pude esconder minha indignação. A perda humana, que mais importa, é grande e toca profundamente. Três servidores perderam a vida. Três famílias enlutadas e Manaus e o Amazonas tomados de revolta, procuram externar solidariedade humana diante do ocorrido.
O Diretor-Geral da Polícia Federal, Delegado Luiz Fernando Correa, deslocou-se imediatamente para Manaus, em gesto que só o dignifica. Em momentos assim, é o que se espera das autoridades e o Dr. Luiz Fernando lá esteve, também para indicar as providências que precisavam ser adotadas. E garantiu ele que tudo será apurado com o máximo rigor.
Srªs e Srs. Senadores, como terceiro assunto, os jornais de Manaus, como os de todo o País, registraram a trágica ocorrência. Num deles, leio a opinião do Presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, o Dr. Octávio Brandão Caldas Neto. Para ele, o cilindro que explodiu talvez escondesse uma armadinha. Já nos Correios, as suspeitas eram semelhantes.
Por isso, o que ocorreu em Manaus haverá de ser apurado como deve, e com rigor, pela sua gravidade. O fato é, sim, muito grave. Não podemos permanecer impassíveis nem seria correto limitarmo-nos a apenas lamentar os fatos.
Felizmente, já tiveram início os trabalhos de apuração, com a ida de técnicos de Brasília a Manaus. Lá foi constituída uma comissão técnica de sete peritos experientes, deixando a certeza de que os responsáveis pela tragédia serão descobertos. Creio, tenho certeza, de que esse é o pensamento dos brasileiros.
Encerro, com uma palavra final de solidariedade a toda a corporação da Polícia Federal, mas, neste momento, sobretudo, às famílias dos peritos que perderam a vida no cumprimento do dever.
Como último assunto, Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, quero dizer que o Ministro Extraordinário de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, fez esta manhã longa explanação a Deputados e Senadores da Região Norte sobre um pacote amazônico, a partir do que prevê a Medida Provisória nº 458, de 2009, editada ontem.
A MP pretende a regularização fundiária das ocupações em terras situadas em áreas da União, no âmbito da Amazônia Legal.
Tudo o que diga respeito à Amazônia deve ser analisado detidamente. É o que farei no tocante a essa matéria, com respeito e interesse.
O Ministro passou quase toda a manhã na Câmara dos Deputados, explicando os objetivos da MP, a começar por uma pretendida regularização de 67,4 milhões de hectares nos nove Estados da Amazônia Legal. Parte das terras será doada (art. 10) - até 4 módulos fiscais ou 400 hectares; parte será vendida (art. 11) a preço de mercado a quem detém até 1.500 hectares e haverá leilões para comercializar as propriedades de até 2.500 mil hectares (art. 14).
Não foi feita qualquer menção sobre o volume de dinheiro a ser arrecadado com as operações de venda das terras. Contudo, com base no preço médio do hectare para fins agropecuários na região Norte - R$ 1,2 mil - os cofres públicos podem arrecadar em torno de R$80 bilhões só nas terras com menos de 1.500 hectares.
O processo será gerenciado por uma nova Secretaria Especial do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), cujo formato ainda não foi divulgado. A MP estabelece apenas a transformação de vários cargos e, possivelmente, a estrutura precisará ser ampliada posteriormente (arts. 35, 36 e 37).
A MP prevê também que haverá um sistema informatizado para a execução das medidas previstas - que consideramos fundamental para o acompanhamento e fiscalização - que ainda não existe.
Por ora, é o que se pode depreender da leitura inicial da MP, com a qual o Governo diz esperar a legalização, em 5 anos, de quase 300 mil posses.
Dá para saber, também, que a meta do Programa é legalizar nos próximos cinco anos 296,8 mil posses (anteriores a 2004), todas com até 15 módulos fiscais (1,5 mil hectares). Essas terras situam-se em 426 municípios da Amazônia, muitos com sedes erguidas ilegalmente em terras do Governo federal, que deverão ser também regularizadas.
Como representante do Amazonas, repito que o novo pacote do Governo merecerá minha análise serena e objetiva, com o respeito que o assunto merece.
Li o texto da MP e dos demais textos mostrados esta manhã por Mangabeira Unger. Sem demérito algum, desde logo observo que, no pacote, há questões polêmicas, tais como a nulidade de todas as cessões de direitos a terceiros que envolvam contratos firmados entre o INCRA e o ocupante, antes da data de publicação da MP (art. 19) e os possíveis impactos ambientais da regularização de grande número de propriedade pequenas, dificultando a fiscalização do cumprimento da legislação ambiental.
Enfim, são 43 artigos, inúmeras definições e conceitos novos, que merecem análise cuidadosa e emendas. O que já iniciei, para, oportunamente, voltar a esta tribuna e aqui trazer o tema ao debate de todos os Senadores e Senadoras.
A Amazônia, insisto, é a região estratégica por excelência do Brasil, pelo que dela depende o futuro da Pátria, bem como o bem-estar global.
Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.
Muito obrigado.
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