Discurso durante a 18ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Crítica ao tratamento dado pelo Governo Federal aos aposentados, registrando a diferença entre os aumentos concedidos ao salário mínimo e às aposentadorias. (como Líder)

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Crítica ao tratamento dado pelo Governo Federal aos aposentados, registrando a diferença entre os aumentos concedidos ao salário mínimo e às aposentadorias. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 05/03/2009 - Página 3667
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, MELHORIA, SITUAÇÃO, APOSENTADO, REGISTRO, DIFERENÇA, AUMENTO, SALARIO MINIMO, APOSENTADORIA.
  • CONCLAMAÇÃO, SENADOR, PRESENÇA, REUNIÃO, PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS, DEFESA, MELHORIA, SITUAÇÃO, APOSENTADO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Como Líder da Minoria. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vou abordar, nesta tarde - sei que com muita dificuldade, porque estou bastante resfriado, mas não poderia deixar de estar aqui hoje para abordar o tema -, o aumento dado ao salário mínimo e, proporcionalmente, o aumento dos aposentados deste País.

Primeiro, Presidente, quero dizer a V. Exª que me sinto muito honrado por ser um Senador livre, por ser um Senador que aqui, nesta tribuna, encaminhado pelo povo do meu querido Estado do Pará, posso externar meus sentimentos, sem dever favores a ninguém. Não devo favores a ninguém. Não devo cargos a ninguém. Por isso, Presidente, eu me orgulho de representar meu Estado com a minha consciência tranquila, podendo aqui dizer o que eles querem dizer, o que eles pensam em dizer e não podem, mas me mandaram representá-los.

E aqui eu posso fazer com dignidade. Aqui posso fazer como Oposição e com dignidade, porque, Sr. Presidente, vou deixar o meu mandato em 2014, mas nunca alguém vai provar algo de mim neste Senado. Repito e digo quantas vezes forem necessárias: nunca! Vou representar meu povo, com dignidade, até o fim; serei Oposição até o fim, com dignidade, com respeito, com ética. Mas tenho a liberdade de expressar meu sentimento aqui, sem dever favores a ninguém.

Como tal, posso dizer, neste momento, que o Presidente Lula, Luiz Inácio da Silva, o Presidente, faltou com a verdade com os aposentados. Dizia ele nas suas campanhas políticas, o Presidente Lula... Não engane os aposentados, Presidente. Faça o seu sentimento prevalecer. Cumpra com sua palavra, Presidente. Vossa Excelência diz que tem palavra: mostre que tem, Presidente. Vossa Excelência disse aos aposentados deste País que, se um dia fosse Presidente da República - disse, está gravado, está registrado, Vossa Excelência não pode negar, Presidente Lula -, acabaria com o maldito fator previdenciário que maltratava o trabalhador brasileiro; disse que iria tratar com dignidade os aposentados deste País, Presidente. E não está tratando, Presidente! Trata como mendigos. Trata como se fossem inimigos. Trata como se não valessem nada. Ninguém pode mais aturar, meu Presidente. Ninguém pode mais aceitar, meu Presidente.

Este Senado tem de tomar uma providência imediata. Já bradei, já falei, já pedi, e nada acontece. Já fizemos vigílias, e nada acontece. E veio a tortura, com o ato do Presidente dando 12% de aumento para o salário mínimo e 5,92% para os aposentados.

Matem! Matem os aposentados deste País de uma vez por todas! Não matem lentamente. Não matem lentamente! Matem de uma vez por todas! É muito triste. É muito triste, Senador.

Nós temos, aqui, Senador Mão Santa, de tomar uma providência imediata. Já trouxemos os velhinhos deste País aqui. Eles já disseram como estão morrendo. Eles já disseram a miséria em que vivem. Eles já contaram que vida cruel passam neste País.

Quero convocar para esta quinta-feira, Presidente Mão Santa, a reunião marcada com o Presidente Michel Temer. Oxalá! Tomara que ele não faça a mesma coisa que o Presidente anterior fez comigo, Senador, quando fui falar com ele. Ele virou-se para mim, depois de eu ter questionado a situação miserável em que vivem os aposentados deste País, e perguntou: “De que partido você é, Senador?” Eu virei as costas e desisti da reunião, não continuei a conversa. Tomara, oxalá que este Presidente pelo menos a ética tenha de nos ouvir colocar os projetos que estão lá para serem votados. Eu quero ver. Eu quero ver a cara de cada Deputado. Eu quero ver o massacre; se terão coragem de fazer.

Senão, Presidente, vamos, sim, Presidente, vamos ser mais contundentes este ano. Acabaram as vigílias. Vamos às ruas! Vamos às ruas! Vamos marcar data aqui! Vamos, neste mês de maio, às ruas! Vamos à rampa do Planalto! Vamos ficar lá, de vigília, na rampa do Planalto! Se tem de morrer, morre lá, morre no pé do Presidente da República! Não vamos mais, não vamos mais tolerar.

Convoco, novamente, todos os Senadores que terminaram o ano passado nessa luta. Convoco. Convoco, Senador Mão Santa. Quero que todos venham. Quero que todos venham à tribuna a partir de agora. Que voltemos a falar nesse fato. Não podemos deixar que os nossos irmãos, brasileiros e brasileiras, morram à míngua, como estão morrendo, a cada dia vendo seu direito criminosamente tirado - criminosamente tirado! Tirado por um Presidente que jurou, que prometeu, que disse, em seus pronunciamentos, que seria uma classe defendida por ele.

Faltou com a verdade o Presidente da República. Faltou com a verdade. Vem faltando, vem maltratando, vem pisoteando, vem massacrando o aposentado e o pensionista brasileiro Vamos! Vamos, Senadores! Vamos voltar, Senadores, a bater nessa tecla. Vamos voltar a proteger, vamos voltar a falar, vamos mostrar as nossas ações de proteção. Não vamos ficar só em palavras. Convoco para quinta-feira estarmos lá e, na próxima semana, uma reunião para uma decisão de caráter impositivo.

Temos de impor. Temos de impor.

Vamos levar os aposentados à rampa do Planalto. Vamos mostrar ao Presidente Lula o que ele está fazendo com os aposentados deste País. Vamos, se for possível, carregá-los nas macas. Vamos levá-los nas macas, para mostrar como eles estão doentes, abandonados, na miséria, morrendo à míngua. Vamos carregá-los nas macas e levá-los à porta do Planalto, para mostrar ao Presidente Lula o que ele fez aos aposentados deste País.

Isso precisamos fazer, Presidente, imediatamente. E conto com V. Exª, Presidente, para que possamos juntos, com todos aqueles Senadores que terminaram o ano comigo, fazendo ações cívicas, para mostrar à sociedade como vivem os aposentados deste País, voltar, a partir desta semana, prosseguir na nossa luta. Vamos voltar a falar, Senadores. Vamos voltar, todos vocês que estavam engajados nessa luta. Não poderemos abrir sequer um milímetro em relação à situação dos pobres e abandonados velhinhos deste País.

Presidente Mão Santa, espero que V. Exª me confirme para quinta-feira de manhã, às 10 horas, a reunião com o Presidente Michel Temer, e que V. Exª possa convocar todos os membros que fazem parte dessa caminhada suada, dessa caminhada que nós temos que fazer junto com V. Exªs. Marque data. Na próxima semana nós estaremos aqui anunciando as nossas ações em relação a esse dramático fato, que envolve seres humanos que trabalharam com tanta dignidade por este País.

Muito obrigado, Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/03/2009 - Página 3667