Discurso durante a 21ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Cumprimentos ao Senador Papaléo Paes pelo pronunciamento sobre as mulheres mastectomizadas. Críticas ao leilão de casas construídas no Piauí, em mutirão, durante o Governo de S.Exa.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE. POLITICA HABITACIONAL. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Cumprimentos ao Senador Papaléo Paes pelo pronunciamento sobre as mulheres mastectomizadas. Críticas ao leilão de casas construídas no Piauí, em mutirão, durante o Governo de S.Exa.
Publicação
Publicação no DSF de 10/03/2009 - Página 4193
Assunto
Outros > SAUDE. POLITICA HABITACIONAL. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, MULHER, IMPORTANCIA, AMPLIAÇÃO, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), ACESSO, CIRURGIA, REPARAÇÃO, CORPO HUMANO, VITIMA, CANCER, GRAVIDADE, MUTILAÇÃO.
  • IMPORTANCIA, ATENÇÃO, GOVERNO, CONSTRUÇÃO, HABITAÇÃO POPULAR, REGISTRO, EXPERIENCIA, ORADOR, EX GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), MUTIRÃO, VALORIZAÇÃO, FAMILIA, DOAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, MATERIAL DE CONSTRUÇÃO.
  • REPUDIO, ATUAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO PIAUI (PI), AMEAÇA, DESPEJO, FAMILIA, CONJUNTO HABITACIONAL, LEILÃO, IMOVEL, MOTIVO, ATRASO, PRESTAÇÕES, APREENSÃO, VIOLENCIA, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, MORADOR, LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, DENUNCIA, ROUBO, MEMBROS, GOVERNO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), SOLICITAÇÃO, ORADOR, ATENÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Papaléo Paes, que preside esta reunião de segunda-feira, Parlamentares da Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes no plenário do Senado da República e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, decididamente, o meu apartheid com o Partido dos Trabalhadores acho que cada vez fica mais intenso. Acreditei no Partido dos Trabalhadores e votei neles, tanto no Luiz Inácio como no Governador do Estado do Piauí, em 94.

Quis Deus hoje, ô, Papaléo, que eu visse, com tanto encanto, V. Exª citar um livro de escritor da Amazônia que descreve o Amapá. Eu quis aparteá-lo naquele instante, primeiro, para lembrar que, no Amapá, também tem um Senador, o Presidente Sarney, que fez uma devoção à região, com o romance Saraminda, que é a vida do garimpeiro da região, das Guianas e da região, a vida difícil, dura, a luta do amor e tudo.

Mas o aparte era, sobretudo, embora o romance seja extraordinariamente bom... Não estou aqui fazendo marketing, Sr. Presidente, mas, realmente, o Presidente Sarney é uma espécie de Leonardo da Vinci. Ele escreve bem. Outro dia, eu estava no Rio com Álvaro Pacheco, ex-Senador do Piauí, e, Papaléo, eu vi uns quadros bonitos. Está ouvindo, Gilvam Borges? Perguntei de quem eram, e ele disse: “Desenhados pelo meu amigo Sarney”. Pintura, pintura extraordinária. Então, eu sabia que ele escrevia bem, pinta, é um grande legislador do País, foi um grande executivo, Governador do Maranhão extraordinário, Presidente da República no momento mais difícil do País.

Mas o aparte também, porque adentrou naquele instante o Presidente Sarney, foi quando V. Exª prestou a maior homenagem à mulher. E eu senti, e ninguém mais do que eu, porque V. Exª, querendo homenagear ainda a mulher hoje - seu dia foi ontem, mas deve ser todo o dia, e deve ser meditado...

Senador Papaléo, eu, que leio a Bíblia - minha mãe era Terceira Franciscana, meu nome é Francisco -, fico a interpretá-la, mas acho que ela está errada logo no começo, quando diz que a mulher atazanou o homem, o juízo do homem, e o fez roubar o fruto proibido; então, essa mulher, na Bíblia, está amaldiçoada porque tirou de nós o Paraíso. Eu não sei, mas acho que essa interpretação está toda errada, equivocada. Eu acho que a mulher nos faz encontrar o paraíso. Pelo menos, essa é a minha interpretação. Ela é o próprio paraíso.

Mas o que eu queria dizer, Papaléo, foi em relação a essa homenagem que V. Exª prestou, falando sobre a mulher mastectomizada, que tem que tirar a mama por um câncer de mama.

Papaléo, eu sou médico cirurgião há 42 anos, e bom cirurgião. Operei muito. Willy Meyer-Halsted, mastectomia total, simples, com esvaziamento ganglionar, e era naquele tempo o que se tinha. E fazia, com toda a minha ciência, com toda a minha consciência e com todo o amor. Acho que demos muita sobrevida com os recursos que tínhamos. É uma Santa Casa da Parnaíba, Zezinho.

Mas eu quero dizer, Papaléo, que, com toda a dedicação de anos de estudo, ciente de que estava fazendo o melhor, quando terminava de amputar o seio da mulher, eu não estava realizado. Eu mesmo ficava constrangido, e esse constrangimento, Papaléo, permanecia anos afora, quando, no pós-operatório, aquela mulher vinha disforme, quase sempre só com uma mama, Papaléo.

Quer dizer, eu vivi isso, mesmo cumprindo o que a ciência tinha para dar, com a nossa devoção, porque ela estava mutilada. Mas aquilo era o que se sabia, foi o que lá, no Hospital dos Servidores do Estado, o Professor Mariano de Andrade me ensinou. Mas era o que se tinha. Mesmo anos depois da operação, quando ela vinha no meu consultório, estava com um prolongamento da vida - era um combate ao câncer -, mas eu ficava constrangido ao ver a mulher com uma mama só. Se eu estava constrangido, avalie a doente, a mulher, a sua sensibilidade, o sofrimento.

Então, o Senador Papaléo mostrou uma sensibilidade para despertar a nós, brasileiros, ao sistema de saúde, ao governo, que somos nós - nós que somos Governo, Luiz Inácio não é o Governo. O Governo somos nós, os três poderes. Ele é o nosso Presidente da República. O Governo foi dividido em três, e nós fazemos parte.

V. Exª deu grandeza ao Legislativo aqui, para ter essa sensibilidade de já dar direito à mãe a essa evolução da ciência e da tecnologia: que sempre essas cirurgias, que eu fiz muito, possam hoje, com essa evolução, ser acompanhadas de um cirurgião plástico, para devolver à mãe a beleza, como Deus a imaginou.

Então, Papaléo, nossos parabéns! Leve isso àquela Subcomissão de Saúde, que V. Exª já dirigiu, para sensibilizarmos o Governo.

Mas quis Deus chegasse aqui o nosso decano, nosso líder Paulo Duque. E é muito oportuna a sua presença. Luiz Inácio, aprenda: Carlos Werneck de Lacerda... Sei que não era do seu lado. V. Exª era getulista mesmo, estadista, e o Papaléo, talvez, não saiba.

Outro dia, ele estava com uma revista ali, do dia em que Getúlio se suicidou, a Manchete. Eu olhei o Paulo Duque, os oradores, Tancredo Neves, velório. Aí, tinha uma mulher bonitona. Eu disse: “Rapaz, quem é essa mulher aí?”. Ele disse: “É a minha esposa”. Ela era chefe de gabinete de Getúlio, Dornelles. E o Paulo Duque, novinho, Deputado, conquistou-a. Mas ele vai viver a vida.

         Sou encantado com Carlos Werneck de Lacerda, porque ele fez o primeiro conjunto habitacional. Ele botou até o nome de Presidente Kennedy.

Era uma confusão no Rio! Olha, quando a gente ia no Rio de Janeiro, quem conhece, saindo do Flamengo para o túnel de Botafogo, Papaléo, aquela imagem parecia um presépio. Não sei como as casinhas se equilibravam lá. Ele tirou aquilo tudo e levou para o primeiro conjunto, o Kennedy. Eu estava no Rio e conheço.

Depois, Deus me permitiu ser Prefeito e governar o Estado do Piauí. E, com aquelas ideias que surgiram no Rio de Janeiro, com a Sandra Cavalcanti e com o Lacerda, fizeram o BNH, Banco Nacional da Habitação, que nunca deveria ter acabado. Mas são coisas do País. E começaram a fomentar.

Então Prefeito, fiz muitas casas populares na minha cidade de Parnaíba, mutirão,e fui vivendo. Quando governei o Estado do Piauí, Papaléo, tão encantado com o valor de uma casa, eu fui eleito, disse “vou aprender a governar” e fui ali no Goiás, onde tinha sido Governador Iris Rezende. Ele chamou a atenção do País porque anunciou um mutirão e, em um dia só, fez mil casas. Então, eu fui eleito, fui ver o Governo de Iris Rezende. O Cícero era também. Fui a esse conjunto, mil casas em um dia. Olhe, Papaléo, aquilo me encantou mais porque as casas não eram mais paralisadas. Visitei anos depois e vi que cada uma foi aumentando. E eu senti a felicidade. Mas ele fez mil, esperto: concedeu o material, os engenheiros, tudo pré-moldado e um mutirão, mas me deu a ideia.

Papaléo, eu estou aqui tranquilo porque, quando governei o Piauí, por seis anos, dez meses, seis dias, entreguei ao povo do Piauí quarenta mil casas, apartamentos. Fiquei apaixonado! Tudo que eu podia entrar para fazer casa eu entrava e dava um jeito. Tinha de todo jeito. Alagado, peguei um dinheiro aí e dei para o Prefeito Francisco Gerardo, que fez dois bairros naquelas regiões ribeirinhas: Wall Ferraz - um Prefeito -, e no outro botaram o nome Mão Santa.

E saí fazendo a Cohab. Era nosso Presidente um do PDT, Ximenes do Prado Júnior. Fazia o serviço social e fazia mutirão, a coisa mais bela que eu tinha aprendido como prefeito, a melhor experiência. Papaléo, gostei de ser prefeitinho, então, tenho bem mais experiência do que Luiz Inácio. Ele não foi prefeitinho, eu fui. Ele não foi Governador de Estado, eu fui.

Papaléo, então, todo domingo, na nossa região, se fazia mutirão. E está aqui um livro do Piauí... Em Teresina havia muita casa de palha de carnaúba. Resolvi, com Adalgisa, acabar com as casas de palha em Parnaíba. Às vezes, eram do lado de um clube elegante. Saía a rapaziada das festas - naquele tempo não tinha negócio de tóxico, mas tinha uísque, tinha cerveja -, jogavam uma bagana simples e tocavam fogo. Ali do lado. Então, eu fazia um mutirão todo domingo. A prefeitura, com o Tiro de Guerra, que o Prefeito tomava conta, usava o domingo para trocar as palhas por telhas. E ficava. E eu vi que aquilo era tão bom, Paulo! Estou ensinando o Luiz Inácio. Estou ensinando e posso. Só tem uma razão para o Senado da República: se formos os Pais da Pátria.

Agorinha, o Papaléo deu uma contribuição: buscar uma solução para a mãe com câncer da mama não perder o seu seio. Ele disse isso com sua vivência de prefeitinho, de médico, de marido, de tudo.

Aprendi com aquilo, Papaléo, que um mutirão é muito importante. E ficava. Eu não ia embora, sem arredar pé, eu não ia com a Adalgisa. Eu trocava e dava; se não estava a família para fazer a casa, eu não deixava a telha, porque eles iam vender, não é? Rebocava-as, e só dava no outro dia. E o rolo ia.

Papaléo, mas eu vi um fato muito interessante. Lá para de noite, Paulo Duque, eu vi um lá em cima, botando as telhas, tirando as palhas, com medo de cair. E aí um disse: “É, mas o Prefeito está aí, o Mão Santa, e eu vou perder o mutirão, porque o meu nome estava lá, no domingo seguinte” - olha, aquilo une a família -, “e eu vou estar de plantão na indústria de leite, de pasteurização, domingo, então, vai estar o meu nome e eu vou perder. E eles não deixam a telha lá.” Aí eu vi aquela cena. O tio e ele trabalhando: um jogando a telha para o outro; as crianças iam buscar no caminhão. Une a família. Mutirão é uma coisa linda, as crianças - parecia aqueles tempos das pirâmides - iam buscar, porque eu deixava o caminhão, assim, no asfalto, para irem mesmo. As crianças trazendo telhas. Era um negócio bonito. Une a família. Aí eu vi lá o homem, lá de cima, que disse: “Não, meu sobrinho, pode ir e permaneça o seu nome, domingo. Vá lá no Prefeito que eu virei tomar conta da sua casa. Eu vou trazer minha família.” Quer dizer, eu achei que aquele trabalho é bonito, Luiz Inácio. E me apaixonei.

Então, eu contei, Papaléo, até 30 mil casas. Porque tinha um Governador, que foi Senador, o Lucídio Portella - eu era Líder - fez uma arte final: “30 Mil Casas”. E eu, numa competição salutar, disse “vou passar dele”. Leonardo da Vinci disse que mau discípulo é o que não suplanta o mestre. Eu contei mesmo até 30 mil casas, e eu sei que passei. Por isso que eu digo: 40 mil.

Papaléo, olhe aí! Esse Governo do PT eu não sei, não. Eu votei no Luiz Inácio. Ele tem momentos bons. Quando ele disse “há aloprados de todo lado”, foi um momento de beleza, é muita verdade. Olha, e está aqui. Eu sei o valor disso.

Aí começamos a fazer. O meu chefe da Cohab morreu. Ele era do PDT. Eu o chamava até de Che Guevara, era novo, rebelde.

Olha, esse negócio de, vamos dizer, dessa reforma universitária, de ter uma faixa de aluno da escola pública, aluno preto, ele quis botar lá. Eu disse: “Rapaz, para. Aqui é uma universidade nova. Deixa vir de cima para baixo”.

Mas eu quero dizer que, quando ele inaugurava um conjunto, ele chamava um padre - viu, Paulo Duque? - para celebrar a missa. Foi bom porque eu rezei muito também. Mas um dia eu estava cansado, depois do Palácio, dez horas da noite, aí ele botava, depois da missa, o Elias do Prado Júnior, ele mandava entregar as chaves, e a gente entregava ali, não é? Aí eu tava cansado, já vinha do Palácio, a missa, o padre falava muito, mais do que eu e tal, e se entregavam as chaves ali, Paulo Duque. Você sabe dessas inaugurações. Você lembra.

Aí veio um rapaz: “Governador, eu queria que o senhor tirasse um retrato lá em casa, eu, a mulher e os filhos”. Aí eu olhei assim, o conjunto era grande, já cansado, Papaléo, a missa, dez horas, já tinha trabalhado de manhã e tudo, e disse a ele: mas meu amigo, não é tudo igual, as casas? Então, a gente tira aqui na porta desta. Aí, ele olhou assim: “Não, não, Governador. Eu queria que o senhor fosse lá. A minha mulher não veio. Eu disse que eu ia levar o senhor para tirar lá, com a minha esposa e os filhos.” Aí eu olhei, vi tanto entusiasmo! Você sabe como é. Eu estava com fome. Eu disse: Mas eu saí a pé; as casas todas iguais. Eu me lembro que era da Companhia Energética da Cepisa de lá, Dr. João Lobo, que foi Senador. Aí eu andei assim uns dois quarteirões, as casas todas iguais. Mas fui. Aquilo é muito importante. Esse PT só tem conversa. Estão dizendo que vão fazer casas. Estão é tomando casas. Isso é desgraçado, Luiz Inácio. Agora é que eu quero chegar. São aloprados, mentirosos, bandidos e ladrões. Eu vou provar agora. Mas já vai sair. Eu provo.

Olha, Paulo Duque, aí eu entrei na casa lá. Rapaz, aí ele puxou a mulher dele lá de dentro, bonitinha, empatava com a Adalgisa. Ajeitadinha a mulherzinha do funcionário público. Botou na porta. Botou uma moto assim do lado. Foi buscar duas filhas, Papaléo. Eram mulheres as duas. Encantadora a mulherzinha dele. Orgulhoso. Aí eu vi o significado de uma casa e o valor.

Aí ele queria tirar. Eu disse: “Não. Já que nós estamos aqui, você vai sair”. Oh, João Lobo, vai tirar - o diretor da Companhia Energética, que foi Senador -, vai tirar aqui, cheio de paparazzi. Você já está aqui, rapaz! Rapaz, ele botou. Veio a mulher dele, bonitinha, os dois filhos. Ajeitou, botou a moto assim perto. E haja fotografia na casa. Aí eu perguntei: Rapaz, a mulher estuda?

Ele disse: “Governador, olha, eu já tinha desistido de ter uma casa”. Isso, o Luiz Inácio tem de saber. Ele não viu essas histórias, eu já vi e estou ensinando a ele o que significam.

Aí, eu disse: “Está certo”. Então, porque eu fiz um plano e eu dei casa para tudo que foi soldado. Olhe que tem soldado e polícia... Dei. Dei casa. Soldado sem casa é uma loucura! Como é que vai ficar? Por isso é que você vê. E, depois, todos os funcionários que ganhavam salário mínimo.

Então, ele contou essa história que eu quero passar para esses aloprados do Piauí, ladrões do Piauí, do Partido dos Trabalhadores! Aí, ele me disse assim: “Governador Mão Santa, eu sou funcionário da saúde”. Você sabe, Papaléo, que aquele pessoal da saúde ganha pouco salário. “E o senhor fez um plano, aí, que a gente, com mutirão - o senhor dando prazo -, ganhava a casa, cobrando uma taxa mínima. Eu sonhei em ter uma casa. Passei 11 anos namorando essa mulher aqui”. Olha aí, a paixão é muita. Olha aí. Não é só você, não, Paulo Duque. Ouviu, Papaléo? Ele disse assim: “E, aí, não consegui economizar para ter uma casa”. Apaixonado, 11 anos. Lembra do seu casamento, Papaléo? Ô Duque? “Então, aí, eu peguei e casei mesmo, e fui morar com a sogra e com o sogro. Então, depois de uns quatro anos, já tinha enterrado o sonho: eu jamais eu iria ter uma casa. Aí, o senhor fez esse plano, e então, eu tenho essa gratidão”. Quer dizer, é uma família assim organizada, um homem que, quer dizer, já devia ter seus 15 anos como funcionário do Estado, na área da saúde.

Isso é o que eu quero dizer, mas olha aqui, Papaléo.

Ô Luiz Inácio, ajeita teus aloprados do Piauí, esse Partido dos Trabalhadores!

            Está aqui o jornal. Esta mulher, aqui, chorando. Olha aqui. Bota bem grande aí. Faz de conta que é o Mercadante aí. Faz de conta, para o Luiz Inácio ouvir. Olha a mulher chorando aqui, Papaléo. “Mutuários ameaçam reagir a despejo”. Ela chorando, aqui, com os talões. “Aurinete Sousa, ameaçada de perder a casa, exibe mensalidades e prestações em atraso, tentativa frustrada de renegociação dos débitos”.

            Aqui ó, O Dia, é um jornal do Piauí.

Com as casas na relação da Emgerpi [é uma picaretagem que eles criaram, uma empresa para tomar as casas], por conta de atraso nas prestações, mutuários do Conjunto Nova Teresina, Zona Leste, ameaçam uma reação extremada para tentar manter a posse dos imóveis. Garantem que vão destruir as moradias caso sejam leiloadas”.

E o pior é que foram leiloadas hoje. Hoje. Olha a confusão!

O interessante é que tem um jornalista, aí, que recebe bola do Governo e disse que os discursos são inócuos. Mas tem uns independentes, como o que fez essa... Esse aí, olha ali, é o jornal deles lá. Dia-a-dia: “Mutuários ameaçados...” Olha ela chorando. Tudo bem, dizem: “Não pagou, está certo”. Mas eles são ladrões mesmo, Luiz Inácio. É teu povo, presta atenção.

Tem um jornal aqui, este aqui, deles, O Dia, está aqui o nome: Emgerpi realiza terceiro leilão.” São dezenas, botando gente para fora. Vem esse descarado dizendo aí, fazendo propaganda de que vão fazer um milhão. Estão botando é para fora. O Partido dos Trabalhadores do Piauí está botando é para fora. Está aqui a mulher chorando.

Agora, estão riscados, aqui, uns. Por que eu digo que eles são ladrões? Ô Paulo Duque, ô Luiz Inácio. Os aloprados de lá. Lá em São Paulo, matam, roubam no Brasil, e lá, no Piauí, roubam e mentem. Ainda não mataram, não. Ainda não mataram. Mas, atentai: a esses que estão, um monte, os nomes, os que estão grifados, eu, Governador do Estado do Piauí dei em regime de mutirão. Dei. Eles passaram. Eles não pagaram o cimento; o Serviço Social dava. Então, foi feito um contrato. Os pilantras, os aloprados, os ladrões venderam a carteira imobiliária e criaram uma firma. Aí, o banco...

Por que, Luiz Inácio? Eu fui prefeito da maior cidade, Parnaíba, governei o Estado por seis anos, dez meses e seis dias. Não tomei casa de ninguém, não botei ninguém para fora, não aluguei, não vendi, não foi para leilão!

Esses aloprados do Partido dos Trabalhadores roubaram, porque aquilo foi mutirão, foi feito o contrato. Venderam para ganhar para os bancos a carteira imobiliária da Cohab e, agora, estão tomando e botando para fora os piauienses. Essa é a verdade.

Eu queria dizer o que diz uma mulher. Todo mundo sabe que o desemprego está aí, não é marola, não. Papaléo, tem uma que soma e vê que vão cobrar da mulher R$2 mil. Como? Sem negociar. Então, essa é a verdade.

Tem aqui. Ainda tem mais, não tenha pressa, não. Em desgraça eles estão lá.

Este jornal aqui. Olha, Papaléo, agora, este aqui é um jornal independente e é muito raro, é muito raro, é muito raro, daí a audiência da TV Senado. E eu dou o atestado. Olha, aonde eu chego, em qualquer cidade do Brasil, ô Papaléo, é uma confusão doida. É retrato, é autógrafo. E ela chega por quê? Porque ela chega com a verdade, porque quase todos os órgãos de comunicação...

Agora, tem esse jornal de muita moral e vergonha, porque o proprietário é muito rico. Isso foi uma benção. Deus não desgraça tudo, não. Esse Diário do Povo - o homem é muito rico, ele é muito rico. Ele pega, na China, vende moto, peça, que rende mais, tem os melhores hotéis. Então, a reportagem: “Mutuários temem ficar na rua após o leilão das casas”. Vejam os conjuntos habitacionais. A reportagem dura, dura, dura.

Ele diz aqui: “As casas do Residencial Nova Teresina, no bairro Pedra Mole, construídas em regime de mutirão nos anos entre 1996 e 1997”.

Luiz Inácio, são aloprados, ladrões. Fui eu que entreguei. Eu era o Governador em 96 e 97. Entregamos e contratamos em regime de mutirão. Contrato, da mesma maneira... Não tem aquele dito popular que diz “cesteiro que faz um cesto faz um cento”?

Da mesma maneira, os aloprados estão roubando as aposentadorias dos velhinhos. O descaramento está grande. Os velhinhos fizeram um contrato. Trabalharam por 30 anos, 40 anos, descontaram, pagaram para ganhar dez salários mínimos e estão ganhando cinco. Descontaram, pagaram por 30 anos para ganhar cinco e estão ganhando dois. Isso aqui foi um contrato.

Eu, Governador do Estado do Piauí, fiz em mutirão. Esse governo de aloprados, da mesma maneira que rouba os aposentados, está roubando e dizendo, com demagogia, que vai fazer um milhão de casas.

Ô Luiz Inácio, resolva isso! Ô Marisa, Dia Internacional da Mulher, seja mulher! Adalgisinha não deixaria eu fazer um negócio desse. A mãe de Sarney, que está no céu, a Kyola, disse: “Meu filho, não deixe que persigam os velhinhos aposentados”. E ele pagou.

É, Dona Marisa. Encantadora, bonita, tenha coragem. Sem dignidade e sem moralidade...

No Piauí, é isso que é a verdade, computando a imprensa até uns para nos ofender, dizendo que é inócuo! É inócuo, mas é a verdade, é a coragem, é a decência e a dignidade.

Luiz Inácio, nós acreditamos que Vossa Excelência não tem culpa. Eu votei em Vossa Excelência. É generoso. Agora, se Vossa Excelência se desencantou com os aloprados que o enganaram, eu acordo Vossa Excelência: estão tomando as casas dos pobres do Piauí, casas que construímos em mutirão. Da mesma maneira que o Governo está fazendo com os aposentados, fazem com aqueles do Piauí. E essa demagogia está aqui: estão aqui as casas, casas que eu construí, Presidente Sarney, em mutirão, entreguei. Estão chorando! Aí venderam a carteira imobiliária.

Por que nos meus governos de Prefeito e de Governador de Estado nunca se tirou uma família? É demagogia, Luiz Inácio. Você comprou a imprensa, a mídia. Por isso nós estamos aqui. E hoje todo mundo ouve, porque aqui é a verdade.

Luiz Inácio, então, o nosso protesto. Não adianta um jornalistinha de meia tigela dizer que é inócuo, não; é a verdade, é a coragem. E o Senado é para isto: fazer leis boas e justas.

E como disse o nosso Teotônio Vilela aqui: “resistir falando e falar resistindo”.

Nós, acreditando na generosidade do nosso Presidente Luiz Inácio, estamos apelando para que ele faça marcha à ré e devolva a tranquilidade e a felicidade às famílias das casas populares do Piauí que os aloprados do PT estão roubando.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/03/2009 - Página 4193