Discurso durante a 24ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com o alastramento da violência e a economia no Estado do Pará. Leitura de carta enviada por cidadão que se mudou do Pará, concordando com as críticas de S.Exa. ao Governo daquele Estado. (como Líder)

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Preocupação com o alastramento da violência e a economia no Estado do Pará. Leitura de carta enviada por cidadão que se mudou do Pará, concordando com as críticas de S.Exa. ao Governo daquele Estado. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 12/03/2009 - Página 4498
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • APREENSÃO, GRAVIDADE, VIOLENCIA, ESTADO DO PARA (PA), REGISTRO, SOLICITAÇÃO, CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA, CONFEDERAÇÃO, AMBITO REGIONAL, AGRICULTOR, PROVIDENCIA, MINISTERIO PUBLICO, BUSCA, SOLUÇÃO, PROBLEMA.
  • REGISTRO, FALTA, ESTABILIDADE, ECONOMIA, ESTADO DO PARA (PA), REDUÇÃO, INVESTIMENTO, EMPREGO, RESULTADO, CRESCIMENTO, VIOLENCIA, COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, BALANÇO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, REGIÃO.
  • LEITURA, CARTA, ENDEREÇAMENTO, ORADOR, AUTORIA, CIDADÃO, ESTADO DO PARA (PA), JUSTIFICAÇÃO, MOTIVO, ABANDONO, CAPITAL DE ESTADO, FRUSTRAÇÃO, VIOLENCIA, CRITICA, AUSENCIA, PROVIDENCIA, AUTORIDADE ESTADUAL, COMBATE, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, APOIO, ATUAÇÃO, CONGRESSISTA.

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O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Srs. Senadores, volto a esta tribuna, na tarde de hoje, com a preocupação voltada ao meu Estado. Iria hoje falar sobre a nossa audiência com o Presidente da Câmara em relação aos aposentados. Vou deixar para amanhã.

Preocupa-me muito, neste momento, a situação do Estado do Pará, do meu querido Estado do Pará. Vi, há pouco, alguns oradores que me antecederam. O Senador Jefferson Praia, a Senadora Marisa Serrano falou sobre a crise que se instala definitivamente neste País, infelizmente, e observei a angústia da Senadora.

Naquele momento em que a S. Exª falava da preocupação dela em relação ao País, eu pensava, ali, em minha cadeira, a situação do meu Estado. É lógico que nenhum brasileiro deseja que o País seja maltratado pela crise; aquele que pensa assim não é brasileiro; quem deseja o mal do seu País não é brasileiro; assim como quem deseja o mal do meu Pará não é paraense. Faço eu aqui o meu dever. Há pouco, a Senadora fez o seu dever de mostrar para a Nação a realidade dos fatos. Não podemos esconder em hipótese alguma! O que devemos fazer é mostrar à Nação a dificuldade em que vive este País.

Brincar com a crise é irresponsabilidade; brincar com o que acontece no meu Estado é irresponsabilidade. Ser otimista é uma coisa; ser irresponsável é outra. Dizer que não tem crise é irresponsabilidade; dizer que é marolinha é irresponsabilidade; dizer que não tem violência no Pará é irresponsabilidade; dizer que os aposentados deste País estão bem é irresponsabilidade; dizer que a economia do meu Estado cresce é irresponsabilidade, não é otimismo.

Ninguém deve ser pessimista. Ninguém! Criatura pessimista é uma criatura morta, é uma criatura sem vida. O alarme traz desgraça, mas a realidade é coisa séria. A realidade deve ser dita a qualquer preço.

Srª Presidente, há no Pará, hoje, uma intervenção pedida pela Confederação Nacional dos Agricultores, pela Confederação Regional do Pará. Vários são os pedidos ao Ministério Público de tomada de providências. A violência alastra-se no meu Estado. Não existe Capital tão violenta neste País, quiçá no mundo, como Belém.

Tenho um balanço em mão de um dos maiores jornais da capital que mostra - agradeço se a TV Senado puder mostrá-lo à Nação - a violência no meu Estado. Isso já virou rotina nos jornais da Capital do Estado.

Mensalmente, os jornais vêm publicando um balanço de mortes violentas no meu Estado. Mostra o jornal, inclusive, detalhes das mortes. Mostra os assassinos - pasmem, senhoras e senhores, paraenses, brasileiros e brasileiras! - e, inclusive, com detalhes, os assassinatos. Mostra que os bandidos estão ficando cada vez mais competentes em matar pessoas no meu Estado e que agora as balas estão indo mais certas do que nunca para o lugar desejado. Não erram! Atiram nos olhos, na boca, no coração! E aqui é mostrado, detalhe por detalhe, o massacre em que vive a população paraense.

A economia do meu Estado desaba. O meu Estado entra em caos. É pedida a intervenção no meu Estado. A CPI da Pedofilia, que há pouco esteve lá, ouviu um bispo, o Arcebispo de Marajó, dizer:

          “Tenham pena das crianças que vivem no Marajó! Elas são trocadas por alimentos!”

         Às vezes, o próprio pai, a própria mãe troca o sexo com aquela criança por alimento. E onde está, Senador Magno Malta, a autoridade do meu Estado do Pará?

         Aqui, não faço de propósito para aborrecer ninguém. Aqui, cumpro o meu dever - me entendam, me entendam! -, o meu dever constitucional, o meu dever perante aqueles que confiaram em mim, aqueles que acreditaram em mim.

         Srª Presidenta, não vou me alongar tanto.

         E vou fazer sempre isso pelo bem daquela população, daquela população sofrida. Eu repito aqui muitas vezes, vou repetir novamente ao meu povo, vou repetir novamente ao meu Estado, vou repetir novamente àqueles Municípios do meu Estado que vivem na deplorável situação da criminalidade: drogas, assassinatos, pedofilia. A economia do meu Estado está desabando, o minério desabou, a exportação do minério, a exportação da madeira. Quem quer investir no Estado do Pará? Quem quer investir no Estado do Pará hoje? Os empresários correm do meu Estado, as pessoas saem do meu Estado, as pessoas abandonam o meu Estado, as pessoas não querem mais investir no meu Estado.

Isso é triste, Senador Magno Malta. Eu não posso conviver com essa realidade. Dói no fundo do meu coração, Senador, quando recebo uma correspondência de um cidadão da minha terra.

Vou ler, Senador, vou ler essa correspondência. Dói o coração de qualquer paraense. O sexto maior exportador do Brasil cai. O sexto maior exportador, Senador Jefferson Praia, desaba.

Desaba a sua economia: comércio falido, desemprego em massa - desemprego em massa no meu Estado.

Vou encerrar, Srª Presidente.

Ouça o que diz um paraense, ouça o que diz um paraense, veja a realidade do abandono da Capital paraense:

Caro Senador, quero parabenizá-lo pelo discurso de 05/03/2009, no qual V. Exª versou sobre o estado lastimável da segurança pública no Pará. Gostaria de dizer que sou nascido e criado em Belém, local onde cresci, estudei, criei muitos amigos, mas hoje falo com muita tristeza: não volto para Belém por causa da violência instalada principalmente nesses dois últimos anos.

Saí de Belém em novembro de 2007, depois de uma tentativa de assalto com a minha filha, na qual a sua colega levou um tiro. Foi um susto muito grande para nós, sem falar que já levaram o carro da minha esposa, do meu cunhado e assassinaram um vizinho nosso por que ele reagiu a um assalto na saída de uma casa lotérica.

Aproveitei que havia sido convidado por um amigo para lecionar em uma faculdade de Juiz de Fora e de Petrópolis, mudei com a minha família para Juiz de Fora onde a preocupação com a violência é quase zero.

Outros amigos meus que puderam também saíram de Belém. Tenho muitos amigos aí, Senador, inclusive na polícia, que estão todos desmotivados, pois o salário é péssimo [R$800,00 líquido, para enfrentar a bandidagem no Pará. É isso que se paga], e a Governadora proíbe ações da polícia que a prejudicam politicamente, como incursões em aglomerados, combate ao jogo de bicho e caça-níqueis, prisão de usuários de drogas, etc.

Caro Senador, continue denunciando as mazelas dessa Governadora. Ela está acabando com o Pará. Está acontecendo muita coisa e pouca gente tem coragem de denunciar. Recebo notícias de meus amigos sobre a situação em Belém, e cada dia me pergunto: quando isto vai acabar?

Senador, temos somente o senhor para nos defender. Confiamos em vossa pessoa. Denuncie! Fale na tribuna! Divulgue nos jornais! Não vamos deixar essa Governadora continuar esfacelando o Pará.

            Esta é a realidade, Senador Magno Malta: todos querem sair do meu Pará. Todos querem sair da minha Belém com medo de morrerem, com medo de serem assaltados.

Paraenses, confiem em Deus! Confiem em Nossa Senhora do Perpétuo Socorro! Confiem na sua padroeira, na nossa padroeira, a maravilhosa Nossa Senhora de Nazaré, a nossa Santa Filomena!

Confiem, paraenses, as coisas vão melhorar. Eu não quero desejar, nunca, o mal do meu Estado, eu quero o bem do meu Estado, mas eu não posso mais conviver com esta situação deplorável em que vivem os meus queridos amigos do Pará. Confiem. Confiem em Deus, confiem em Cristo, que nós vamos mudar a situação deplorável do meu Estado.

Muito obrigado, Srª Presidenta.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/03/2009 - Página 4498