Discurso durante a 28ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Em defesa da divisão do Estado do Piauí, criando o Estado do Gurgueia. Referência ao artigo intitulado "Pobreza tem remédio", publicado no jornal Diário do Povo, de autoria do Sr. Jesualdo Cavalcanti Barros.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. DIVISÃO TERRITORIAL.:
  • Em defesa da divisão do Estado do Piauí, criando o Estado do Gurgueia. Referência ao artigo intitulado "Pobreza tem remédio", publicado no jornal Diário do Povo, de autoria do Sr. Jesualdo Cavalcanti Barros.
Publicação
Publicação no DSF de 18/03/2009 - Página 5626
Assunto
Outros > ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. DIVISÃO TERRITORIAL.
Indexação
  • APREENSÃO, REDUÇÃO, INDICE, DESENVOLVIMENTO, ESTADO DO PIAUI (PI), DEFESA, DIVISÃO TERRITORIAL, CONCLAMAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, AGILIZAÇÃO, APROVAÇÃO, PROJETO DE LEI, GARANTIA, CRIAÇÃO, ESTADOS, BRASIL.
  • ELOGIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, DIARIO DO POVO, AUTORIA, POLITICO, PRESIDENTE, CENTRO DE ESTUDO, ANALISE, SITUAÇÃO, AUMENTO, POBREZA, ESTADO DO PIAUI (PI), DEPENDENCIA, PROGRAMA ASSISTENCIAL, BOLSA FAMILIA, REFORÇO, NECESSIDADE, CONCLUSÃO, OBRA PUBLICA, PRIORIDADE, PORTO, FERROVIA, ZONA DE PROCESSAMENTO DE EXPORTAÇÃO (ZPE), PONTE, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Heráclito Fortes, que preside esta sessão de 17 de março, saúdo os parlamentares presentes, as brasileiras e os brasileiros, aqueles que nos assistem neste plenário e os que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado.

Senador Heráclito Fortes, nós temos em comum o desejo de fazermos o Piauí grandioso, rico e feliz. Infelizmente, aquilo que sonhamos está se tornando um pesadelo: o Piauí voltou a ter os piores índices de desenvolvimento. Quando eu o governei, ele avançou em todos os índices, superando o Estado do Maranhão e, em alguns casos, outros Estados do Nordeste, como a Paraíba, o Rio Grande do Norte e Alagoas.

Ontem, o jornalista Tomaz Teixeira, ex-deputado estadual, escudeiro de Alberto Silva, que chegou a ser presidente do PMDB, telefonou-me para recomendar que lesse um artigo de Jesualdo Cavalcanti Barros.

Heráclito, Jesualdo Cavalcanti Barros, figura conhecida, figura de família influente no sul do Estado, em Corrente, é um político com currículo extenso. Fazendo política estudantil, foi preso durante o regime ditatorial, foi Vereador de Teresina. Eu tive o privilégio de ser Deputado Estadual, de 79 a 82, com Jesualdo Cavalcanti. Ele foi Deputado Federal, foi Presidente da Assembléia do Estado e, quando eu governava o Estado do Piauí, o Jesualdo era o Presidente do Tribunal de Contas do Estado. Juntos fizemos aquele colosso que são as instalações do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, aquela beleza de construção física, bem como a modernização dos processos. Jesualdo Cavalcanti, no momento, sonha com aquele projeto de divisão do Estado do Piauí e o consequente nascimento do Estado do Gurgueia.

Jesualdo Cavalcanti Barros, que hoje é presidente do Centro de Estudos e Debates do Gurgueia, fez um artigo no qual medita sobre a riqueza do Piauí. Esse artigo foi publicado no Diário do Povo e tem como título “Pobreza tem remédio”.

Atentai bem, Antonio Carlos Valadares, ninguém é contra a caridade. O Apóstolo Paulo falava em fé, esperança e caridade - caridade, que é amor na solidariedade. Mas o próprio Apóstolo Paulo disse, Heráclito: “Quem não trabalha não merece ganhar para comer”; porém, exaltou o valor da caridade.

Agora o Jesualdo fez um trabalho em que diz que:

(...) atualmente, nada menos de 60,47% da população piauiense (ou seja, 1.833.725 dos 3.032.421 habitantes do Estado) são atendidos pelo Programa Bolsa Família. Em 2003 eram 53,31%, número já considerado elevado à época. E, segundo fonte oficial, alguns milhares estão na fila de espera [enfim, têm renda per capita não superior a R$137,00 mensais].

Então, afirma Jesualdo:

(...) apesar do oba-oba oficial, crescem assustadoramente as condições de pobreza do piauiense, confirmando, infelizmente, os humilhantes indicadores sociais e econômicos exibidos pelo Estado. E ainda há quem comemore tão pífios resultados...

Jesualdo Cavalcanti diz: “E há ainda quem comemore tão pífios resultados...”

Ele faz uma análise da luta brava do Piauí em busca de sua sustentabilidade, em busca de riquezas, passando pela pecuária pioneira, depois do extrativismo vegetal, com a exploração de borracha, da cera de carnaúba, coco, babaçu, maniçoba. Depois, menciona a tentativa de industrialização com o apoio da Sudene e recorda a navegação do rio Parnaíba.

Jesualdo Cavalcanti, estudioso dos problemas do Estado, lamenta aquilo que, no dia 13 de março, Dia da Batalha do Jenipapo, nós recordamos: o fato de não haver sido concluída - e devemos lutar por isso - a nossa Barragem de Boa Esperança, em Guadalupe. Diz Jesualdo que, há trinta anos falta a eclusa, o que impede a navegabilidade do rio Parnaíba no sul.

Então, Senador Heráclito Fortes, ele lamenta e reforça o apelo que fizemos por essas obras fundamentais e estruturantes. E lamenta vivermos o pior momento da história do Piauí. O Estado, segundo os dados dele, 60,47% da população piauiense recebe o Bolsa-Família. O que eu quero crer - e é nossa contribuição - é que está na hora desta Casa, que é uma Casa de debate, dar rumo a esses beneficiários do Bolsa-Família em busca do trabalho. E seria fácil - esta é a Casa.

Eu fui prefeitinho e V. Exª também, Senador Antonio Carlos Valadares; como o Senador Heráclito Fortes o foi na capital, um extraordinário Prefeito. Então, eu entendo que se essas bolsas fossem transferidas aos prefeitos com os seus serviços sociais, eles orientariam aquela massa de beneficiários ao trabalho. As mulheres que tivessem vocação para culinária iriam trabalhar na Secretaria da Educação, fazendo merenda escolar. Os homens do campo, os agricultores, iriam cuidar das praças, dos jardins. Os outros, que tivessem uma compleição física mais forte, iriam trabalhar como vigias dos patrimônios municipais. De tal maneira que orientassem essa gente para o trabalho. O trabalho é uma inspiração divina. O próprio Deus disse: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”. Antonio Carlos Valadares, isso é uma mensagem de Deus aos governantes.

            Voltaire, um parlamentar da França, no nascimento da República, disse que o trabalho afasta no mínimo três desgraças: o tédio, a preguiça e a pobreza. E o Fagner tem aquela música muito bonita: “Menino guerreiro”. E ele canta e diz mais ou menos ao menino guerreiro... Mas se tirar o trabalho dele, tirarão a honra. O trabalho é a honra e a dignidade. Sem trabalho, ele não tem honra. Ele mata e rouba. E o nosso poeta lá, do sertão nordestino, dizia: “A esmola dada a um homem são mata ele de vergonha ou vicia o cidadão”.

Então, é isso que eu, Jesualdo Cavalcanti e o Heráclito Fortes fizemos aqui. Então, no seu brilhante artigo, que foi publicado em um jornal independente - Diário do Povo: “Pobreza tem remédio” - ele invoca essas coisas, essas obras que nós reivindicamos: a conclusão do Porto Luís Correia, iniciada em 1918 por Epitácio Pessoa; a Estrada de Ferro Central do Piauí, prometida e apalavrada pelo Presidente da República, pelo Governador do Estado, do PT, e pelo Prefeito, quando disseram que em 60 dias - e eu ouvi, eu ouvi! - os trens iriam para Luís Correia, ô Heráclito, e, em quatro meses, para Teresina.

A ZPE; as obras inacabadas da ponte de Luzilândia; a de Santa Filomena; a Sesquicentenária de Teresina... Há oito anos o Governo Federal constrói uma ponte sobre o rio Poty. Sobre esse mesmo rio, eu fiz uma ponte em noventa dias. Heráclito, no mesmo rio, fez uma em cem dias.

Ainda: o Hospital Universitário; a Transcerrado; a Transnordestina. E mais ainda: o nosso Governador tinha que exigir - e há estudos sobre isso na Petrobras - que fosse instalada uma refinaria lá no sul do Piauí, em Paulistana. Como há um déficit de combustível refinado em todas as capitais do Norte e Nordeste, lá seria o local ideal, pois é equidistante de todas as capitais.

Aí diriam...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Heráclito, dois minutinhos.

Aí diriam: “não, mas refinaria não tem...” Apesar desse mesmo raciocínio, Juscelino ousou. Diziam que Brasília era cara, era mais dispendiosa, mas ele encravou, com coragem, visão de futuro e integração, Brasília, e nós estamos aqui. E como mudou! Como mudaria o Piauí com uma refinaria em Paulistana.

Quanto à companhia energética, o próprio Juscelino dizia, Heráclito: “energia e transporte”. E hoje é um caos; são as piores do Brasil nessa administração.

E o Jesualdo então faz - e nós fazemos também, desde o início do nosso Governo - a defesa da divisão do Estado do Piauí, com a criação do Estado de Gurgueia, e ele é Presidente do Centro de Estudos e Debates do Gurgueia. Goiás está aí com o Tocantins, e melhorou - está ali o Marconi Perillo -, melhoraram os dois, como melhorou o Mato Grosso. Então, a divisão do Estado é real. O nosso País tem quase a dimensão dos Estados Unidos, mas lá são 53 estados, aqui 27. Se nós olharmos o mapa do Brasil, constataremos que é todo disforme: o Piauí é comprido, da praia à Bahia. Lá nos Estados Unidos, parece um azulejo, todos iguais.

Então, nós defendemos essa tese com o Jesualdo, porque fomos felizes quando criamos municípios no Piauí. No nosso Governo, Deus nos permitiu...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Um minuto mais para fazer o Pai-Nosso aqui e terminar, Heráclito. Em um minuto Cristo criou o Pai-Nosso. Então, Deus nos permitiu criar, no Estado do Piauí, 78 novos Municípios. Povoados e cidades transformaram-se, apareceram novos líderes, além do que se vê numa cidade nova: avenidas, praças para namorar, mercados para comprar, hospitais para saúde e educação.

Então, essa experiência, evidentemente, dá-nos uma certeza: se este Congresso agilizar os projetos de criação de novos Estados, este País se desenvolve. O México tem menos da metade do território do Brasil e são 35 estados.

Essas são nossas palavras de aplauso ao trabalho de Jesualdo, mostrando a pobreza em que vive o Brasil.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/03/2009 - Página 5626