O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - Srªs e Srs. Senadores, eu não estava presente no plenário, porque me cabe, pelo Regimento, presidir a Ordem do Dia, quando o Senador Jarbas Vasconcelos, meu ilustre colega desta Casa, usou da palavra e teve oportunidade de dizer que as medidas que eu tomei mereceriam sincero elogio, não fossem dois reparos que merecem ser feitos. O primeiro deles: “o Sr. Presidente José Sarney, em seu ofício dirigido ao Sr. Antonio Fernando de Souza, Procurador-Geral da República, e ao Ministro da Justiça, Tarso Genro, não retrata a verdade dos fatos”.

            Quero comunicar ao Plenário que tomei essas medidas na defesa dos Srs. Senadores e da Casa, e o meu ofício ao Dr. Antonio Fernando, em nenhum momento, afirma que o nosso colega Jarbas Vasconcelos teria dito que a origem... Eu digo o seguinte - lerei o ofício:

A revista Veja [é o único fato que cito] publica, em sua edição de 11 de março, que faço juntar à presente, matéria na qual divulga a existência de crimes que atingem a Instituição do Senado na pessoa do Exmº Sr. Senador Jarbas Vasconcelos, que denuncia ser vítima [ele ser vítima - diz a Veja] de escuta telefônica e de vigilância de seus passos e dos seus familiares, por parte de empresa privada estrangeira de investigação, contratada por integrante do Partido do Movimento Democrático Brasileiro.

            Essas expressões que transcrevo e que digo para apurar são da revista Veja, que está em minha mão. Ela diz:

Integrantes do seu partido [não é ele quem diz; quem diz é a revista Veja], o PMDB, teriam contratado uma famosa empresa americana de investigação privada para grampear seus telefones, vasculhar sua biografia e vigiar os passos dele e de seus familiares.

            Assim, Srs. Senadores, em nenhum momento, eu aludi que o Senador Jarbas Vasconcelos tivesse feito essas acusações. O único fato é essa divulgação da revista Veja e, como estamos vendo, mando apurar o que ela divulga - e é esse o objetivo da apuração -, no interesse dos Srs. Senadores. Muitos Senadores têm me procurado pedindo garantia de vida e aludindo fatos também dessa natureza.

            Eu mesmo já pedi ao Presidente desta Casa, algumas vezes, garantias a meu respeito, garantia de vida, de ameaças à minha casa, ao meu escritório no Maranhão, no sentido de tocarem fogo neles, ou de grampearem o telefone, assim como outras coisas. V. Exªs sabem que a própria revista diz que um outro delegado tem um arquivo secreto a respeito das pessoas.

            Não há, de maneira alguma, qualquer afirmação aludindo ao Senador Jarbas Vasconcelos. Então, o meu ofício está perfeitamente dentro da norma jurídica. Estou pedindo para que apurem as divulgações da revista Veja e não dizendo que o Senador Jarbas Vasconcelos fez afirmações contra quem quer que seja.

            Assim, quero colocar a Casa a par disso, pedindo ao Senador Jarbas Vasconcelos que leia o meu ofício e a revista Veja e compreenda o cuidado que teve a minha assessoria - eu mesmo fiz uma revisão depois da feitura do ofício -, para que realmente as coisas sejam encaminhadas corretamente.

            O meu desejo é que realmente se respeite o Senado e os Srs. Senadores, dando garantias a V. Exªs. É o que estou fazendo. É o cumprimento do meu dever. V. Exªs me elegeram para isso.

            Então, quero dizer ao Senador Jarbas Vasconcelos que, de maneira alguma, tive açodamento, ou melhor, se tive, foi o bom açodamento, para que imediatamente se apurem essas coisas, a fim de que os Senadores não fiquem à mercê dessas situações - não quero mencionar nomes de Senadores -, ou seja, das denúncias que tenho recebido de alguns. Em todas elas, tenho procurado tomar essas providências.

            Era isso que eu queria dizer.

            Muito obrigado.