O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Srª Presidente.

Srªs e Srs. Senadores, orgulho-me muito de ser companheiro e de ter sido colega Senador, aqui, do Governador Sérgio Cabral. Trata-se de um excelente Governador. Está mudando a fisionomia e a história do Estado do Rio de Janeiro. Está enfrentando, com uma coragem temerária, o tráfico, os marginais e o crime organizado no Rio de Janeiro. Mas hoje vou discordar um pouco do meu amigo Governador Sérgio Cabral.

Recentemente, nós, da bancada do Espírito Santo e da bancada de Minas fomos ao Ministro da Defesa, Nelson Jobim, solicitar que voos procedentes de Belo Horizonte e de Vitória, tais quais os voos de São Paulo, pudessem aterrissar no Aeroporto Santos Dumont; e que também voos de Curitiba e de outros locais pudessem aterrissar naquele fabuloso, histórico e caríssimo - na sua construção e na sua reforma - Aeroporto Santos Dumont.

Entretanto, o Governador reagiu de maneira violenta: disse que ia acabar com os impostos, ia interditar o aeroporto. E, segundo disse a imprensa - não acredito nisto -, porque ele tem interesse em privatizar o Aeroporto do Galeão. Não é verdade isso. Não acredito que um Governador vá impedir que um aeroporto funcione com o interesse de privatizar um outro aeroporto do mesmo Estado. Isso não é verdade.

Pois bem, agora, discordando do Governador, eu queria dizer que, primeiro, os paulistas têm direito de aterrissar no Santos Dumont - ponte aérea. O aeroporto, caríssimo, foi reformado recentemente e custou mais de R$160 milhões, e o Governador diz que não pode pousar avião vindo de Vitória, de Belo Horizonte, de lugar nenhum; só os de São Paulo. Está errado. Imaginem se o Prefeito de Vitória disser: “Agora, avião de Curitiba não pousa mais; avião vindo da Bahia não pode pousar aqui!”.

Os aeroportos são nacionais. Eles foram construídos com recursos da população brasileira de todos os rincões do Brasil. Imaginem se um prefeito de esquerda assumir e disser: “Avião americano não pousa mais aqui em Guarulhos”. Depois, assume um de direita e diz: “Avião cubano não pode pousar mais aqui”. Não pode ser assim. O aeroporto é propriedade do povo brasileiro e, em nome do povo brasileiro, administrado pela Agência Nacional de Aviação Civil. Isso é o que foi decidido aqui por lei que votamos no Congresso Nacional; e é isso o que o povo brasileiro quer.

O que acontece, a pretensão de Belo Horizonte, de Vitória, de Curitiba de pousar no Santos Dumont é, primeiro, porque o aeroporto é no centro do Rio. Aqueles que vão a negócios ao Rio preferem um aeroporto onde eles se locomovam e cheguem mais rapidamente aos destinos de suas viagens.

Há um outro problema sobre o qual várias pessoas do Espírito Santo têm reclamado comigo: a tal da Linha Vermelha. Para ir do Galeão ao Centro do Rio é necessário passar pela Linha Vermelha. Ali, há tiroteio todo dia; é uma temeridade. Marginais ocupam a área e, frequentemente, a polícia tem de ir ali desobstruir a pista. Inúmeras pessoas já morreram no local. É um perigo para quem tem de transitar naquela região passar pela tal da Linha Vermelha.

Esse também é um dos motivos pelos quais muitos empresários e turistas que vão de Vitória ao Rio desejam que o avião possa pousar no Aeroporto Santos Dumont. É claro que, para conexões internacionais, haverá voos de Vitória para o Aeroporto do Galeão; haverá voos de Vitória para o Aeroporto de Guarulhos. Mas há voos de Vitória, de Belo Horizonte e de Curitiba para Congonhas, como pretendemos que haja voos também de Belo Horizonte e de Vitória para o Aeroporto Santos Dumont.

Eu queria deixar aqui um apelo ao Governador, conforme lei votada por ele nesta Casa, quando era Senador e convivia conosco, para que deixe que os aeroportos sejam administrados pela Agência Nacional de Aviação Civil. Isso é melhor para o Brasil, é melhor para o Rio de Janeiro e é melhor para todos os brasileiros.

Muito obrigado, Srª Presidente.

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