Discurso durante a 30ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem à cidade de Aracaju, capital do Estado de Sergipe, que completou cento e cinquenta e quatro anos de existência, em 17 de março último.

Autor
Antonio Carlos Valadares (PSB - Partido Socialista Brasileiro/SE)
Nome completo: Antonio Carlos Valadares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à cidade de Aracaju, capital do Estado de Sergipe, que completou cento e cinquenta e quatro anos de existência, em 17 de março último.
Publicação
Publicação no DSF de 20/03/2009 - Página 5783
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE SERGIPE (SE), COMENTARIO, HISTORIA, PLANEJAMENTO, CONSTRUÇÃO, CIDADE, IMPORTANCIA, LITORAL, RECURSOS NATURAIS, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, POPULAÇÃO, SAUDAÇÃO, HABITANTE, GOVERNADOR, PREFEITO DE CAPITAL, DEPUTADOS, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, VEREADOR, REGIÃO.

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O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, este discurso será feito em homenagem à cidade de Aracaju, capital do Estado de Sergipe, que aniversariou na última terça-feira, 17 de março.

Consolidando-se como um importante e gracioso centro turístico, Aracaju, capital do meu querido Estado de Sergipe, acaba de aniversariar, completando mais de um século e meio de idade. Fundada em 17 de março de 1855, completou, há dois dias, 154 anos de existência.

Quem conhece Aracaju, quem já visitou Aracaju e quem lá reside sabe que não preciso me alongar aqui procurando destacar as virtudes e as belezas da capital de todos os sergipanos; sabe que não é necessário chamar a atenção sobre uma cidade hospitaleira, um povo acolhedor, ecologicamente embalado pelo rio Sergipe, pelo oceano Atlântico e que vem chamando seguidamente a atenção do Brasil pelo seu alto nível de qualidade de vida. Uma das nossas belezas, o litoral sergipano, merece destaque, já que ele, de maneira geral, projeta-se em relação aos demais no Nordeste brasileiro, por possuir características peculiares, como ausência de recifes e pedras, além da presença de estuários e a foz de vários rios que desembocam no mar, transformando em espetáculo único o encontro das águas.

Desenhada no papel e construída a partir da prancheta para ser a capital do Estado, Aracaju foi concebida no formato de um tabuleiro de xadrez, a partir da colina do Santo Antônio, derramando-se em direção ao rio Sergipe e, em poucas décadas, tornou-se, já em 1911, o maior centro urbano e industrial do Estado de Sergipe.

Em 17 de março de 1855, pela Lei nº 413, o antigo e modesto povoado de Santo Antônio de Aracaju foi elevado à categoria de cidade com o nome de Aracaju, para ela mudando-se a Capital da Província de Sergipe, que era em São Cristóvão, no Governo de Ignácio Joaquim Barbosa. Estávamos em meados do século XIX.

A concepção urbana original de Aracaju era brilhante por sua simplicidade: quarteirões geometricamente iguais foram traçados, dando uma impressão de harmonia que até hoje perdura no centro histórico da nossa cidade, como se fosse um tabuleiro de xadrez, de ruas geometricamente arrumadas, que desembocam, de conjunto, no rio Sergipe. O ponto de partida para o crescimento da cidade foi a atual praça Fausto Cardoso, que, por sinal, está sendo reformada na administração do Prefeito Edvaldo Nogueira. Mesmo hoje, é muito evidente o quanto aquele desenho original marcou nossa cidade com um DNA muito especial e muito peculiar.

Instalada em uma região pantanosa e de mangues, a fundação da nova capital teve como uma das primeiras vítimas o próprio Governador - na época, chamado de Presidente, na figura de Ignácio Barbosa -, que não resistiu às doenças e à insalubridade do local. Audaciosa obra de engenharia do Brasil Império, o plano de construção de Aracaju desafiou sua época, já que a cidade foi implantada em uma área de charcos, cheias de pântanos. Com muito menos meios técnicos e científicos que hoje, o engenheiro Sebastião Pirro e sua equipe de especialistas conseguiram a proeza de criar a capital Aracaju praticamente do nada - só existia aquele pequeno povoado na Colina do Santo Antônio.

Houve vanguardismo na concepção da nossa Aracaju. As cidades da época costumavam adaptar-se rigidamente às condições topográficas. Aracaju fugiu dessa rigidez, não se adaptou à irregularidade da região nem ao ambiente hostil. Por isso, mesmo com a inauguração da nossa cidade, também foi inaugurada uma tendência geométrica na construção de várias outras cidades, a exemplo de Goiânia.

Aracaju só surgiu como uma ideia viável na década de 50 do século XIX, quando os canaviais produtivos do vale do rio Cotinguiba precisavam de um porto para escoar o açúcar e havia um certo crescimento econômico da região, crescimento que exigia uma cidade mais bem estruturada do que a velha capital de São Cristóvão, fundada em 1590 e que tem o mérito de ter sido a quarta cidade inaugurada no nosso País.

Nas primeiras décadas, muita gente não acreditava que o povoado de Aracaju fosse sobreviver, nem que chegasse a funcionar como capital, e muito menos imaginariam que - sobretudo depois da década de 60, com a vinda da Petrobras - Aracaju fosse tornar-se a metrópole moderna que é.

Portanto, Aracaju foi uma obra avançada, foi um ato de teimosia e de ousadia, ousadia técnica e política: não esqueçamos que houve muita resistência dos poderes instalados na velha capital de São Cristóvão, uma cidade histórica, uma das cidades mais belas do nosso País. E Aracaju foi, acima de tudo, um testemunho da capacidade empreendedora do nosso povo.

Um dos aspectos mais interessantes e mais cativantes da nossa Aracaju está, precisamente, na sua capacidade de se tornar metrópole sem abandonar o seu jeito de província, seu jeito de cidade pequena, de povo que leva uma vida simples. Com toda a violência e devastação urbana que, lamentavelmente, cresce por todos os lados do nosso País, a verdade é que Aracaju tem chamado a atenção por conseguir preservar esse ar de “cidade do interior”, quando, na verdade, todos nós sabemos que é uma grande cidade, com seus quase um milhão de habitantes.

A Região Metropolitana de Aracaju, criada pela Lei Complementar Estadual nº 25, de 29 de dezembro de 1995, é composta pelos Municípios de Aracaju, Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão, tendo como sede o Município de Aracaju. Essa região metropolitana possui aproximadamente 760 mil habitantes e continua crescendo com as levas de famílias que chegam do campo para a cidade. Nós podemos incluir também, na região metropolitana, as cidades de Itaporanga d’Ajuda, de Laranjeiras e de Santo Amaro. Se o fizéssemos, a população urbana aracajuana cresceria muito mais do que essa população a que me referi anteriormente.

Se considerarmos que a Região Nordeste é a segunda mais populosa do Brasil, contanto com mais de 53 milhões de habitantes, a população de Sergipe, com quase dois milhões de habitantes, representando quase 4% da população nordestina, tem muito do que se orgulhar com relação à capital do seu Estado, seja por sua história tão original, quanto pelos níveis de urbanização, progresso e qualidade de vida que tem alcançado. Não conseguiu superar a pobreza nem a miséria, tarefa que não é exclusiva do nosso Estado e, mais ainda, de um País cuja tradição secular tem convivido com a modernidade e a industrialização, e, por isso mesmo, a pobreza se coloca - disso temos consciência - como o mais grave e mais atual dos nossos desafios como brasileiros.

Finalizando, Srª Presidente, quero saudar o bravo povo de Aracaju por ocasião do seu aniversário, que ocorreu na última terça-feira, dia 17. Quero saudar a festa de aniversário da capital do meu Estado, que já tive a honra de governar por quatro anos; quero saudar o Prefeito Edvaldo Nogueira e, também, o Governador Marcelo Deda, os Deputados, a Assembléia Legislativa, os Vereadores de Aracaju, e todos aqueles que não poderei citar neste pronunciamento, mas com os quais me sinto irmanado nessa data magna de nossa querida Aracaju.

Esta é a singela homenagem que quero registrar no aniversário do meu querido “cajueiro dos papagaios”, nossa Aracaju, esse torrão abençoado que viverá sempre no meu coração, como diria nosso poeta Vilermando Orico.

Era o que eu tinha a dizer, Srª Presidente.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/03/2009 - Página 5783