Discurso durante a 32ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Congratulações ao PMDB pelo transcurso dos quarenta e três anos de sua fundação, no dia de amanhã.

Autor
Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AC)
Nome completo: Geraldo Gurgel de Mesquita Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Congratulações ao PMDB pelo transcurso dos quarenta e três anos de sua fundação, no dia de amanhã.
Aparteantes
Mão Santa, Papaléo Paes, Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 24/03/2009 - Página 6108
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), AGRADECIMENTO, CONVITE, SOLENIDADE, ESTADO DO ACRE (AC), DETALHAMENTO, HISTORIA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, LUTA, REDEMOCRATIZAÇÃO, INICIO, VIDA PUBLICA, ORADOR, MOVIMENTO ESTUDANTIL, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), SAUDAÇÃO, PERSONAGEM ILUSTRE, PARTICIPAÇÃO, RESISTENCIA, DITADURA, REGIME MILITAR.
  • NECESSIDADE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), REVISÃO, DIRETRIZ, PARTICIPAÇÃO, SUCESSÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, CONTRIBUIÇÃO, GOVERNO, COMPROMISSO, SUPERIORIDADE, VOTO, ELEITOR, SAUDAÇÃO, INICIATIVA, ESTADO DO ACRE (AC), PREPARAÇÃO, CANDIDATURA, GOVERNO ESTADUAL.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Serys, Srs. Senadores, venho à tribuna, na tarde de hoje, para parabenizar o meu partido, o PMDB, Senador Paim, que, no dia de amanhã, comemora 43 anos de fundação, uma longa e grande história.

Fui convidado pelo meu caríssimo amigo, o Deputado Chagas Romão, Presidente do Diretório Municipal de Rio Branco, para um café da manhã, amanhã, em Rio Branco, numa festinha muito justa em homenagem a todos aqueles que militam e militaram nesse grande partido, desde a sua fundação; mas, infelizmente, não vou poder estar presente. Tenho um compromisso em São Paulo, para onde estou indo ainda hoje, no final da tarde. Lastimavelmente, é daqueles compromissos que a gente não tem como cancelar nem adiar, Senador Paim, porque ele, na marcação da agenda, já gera obrigações e consequências, e eu não consegui me desvencilhar. Mas não poderia deixar, primeiro, de agradecer o convite do Deputado Chagas Romão para essa pequena solenidade interna dos membros, dos filiados, dos parlamentares e prefeitos do PMDB, na capital do meu Estado, quando, ali, festejarão os 43 anos de fundação desse partido.

O PMDB, oficialmente, teve sua fundação em 24 de março de 1966, com registro na Justiça Eleitoral, mas, na verdade, o MDB, a que o Senador Pedro Simon tanto se refere, constituiu-se informalmente em 4 de dezembro de 1965, como oposição à então Arena. Só após algum período é que se transformou no PMDB - exigência da ditadura para que as organizações partidárias tivessem o P de partido, coisa... Enfim, passado.

Naquela época, Senador Paim, meu pai era Deputado Federal, morava em Brasília e eu vivia aqui com ele, com a minha família, minha mãe e meus irmãos. Já nessa época, participando do movimento estudantil, pude acompanhar o surgimento do PMDB, o surgimento da luta contra a ditadura.

Lembro de uma figura extraordinária - morava, inclusive, no prédio em que nós residíamos, onde meu pai mora até hoje, no bloco E da 105 Sul -, Martins Rodrigues, Deputado do PMDB do Ceará. Valente, ele participava das passeatas conosco aqui em Brasília. Eu quero, inclusive, homenagear aquelas figuras emblemáticas, parlamentares que participaram daquele momento de grande resistência, quero homenagear a todos na figura do Deputado Martins Rodrigues. Ele assumia a linha de frente das passeatas conosco, na W3, por aí afora, aqui em Brasília, num momento de extraordinária riqueza ideológica, política do nosso País, ao lado daquele momento de grande tristeza, de grande comoção nacional, com o recrudescimento de um regime que se tornou violento, cruel.

E o PMDB fez parte disso tudo, Senador Paim. O PMDB é sempre lembrado como o partido que acolheu a grande maioria dos democratas que queriam reagir, que queriam resistir àquele regime que se instalou no nosso País; e, depois, deu origem a tantos outros, a tantas outras organizações partidárias.

É uma história de luta. O partido, hoje, é alvo de uma campanha pesada. O partido, hoje, me parece que perdeu o rumo das grandes bandeiras, a verdade é essa. O PMDB precisa sentar-se, conversar, discutir internamente, sinalizar para a população brasileira, que tanto quer bem ao PMDB, que tanto vota no PMDB, quais são as novas bandeiras, quais são os novos horizontes. Isso se faz necessário. O PMDB precisa se inserir nessa discussão de candidatura à Presidência da República, por que não? Por que não? Precisa, é um grande partido.

Eu não consigo imaginar, Senador Paulo Paim, o PMDB, um partido grande como é, sem visar ao poder. Poder para quê? Poder para realizar, para transformar, para fazer; poder para assumir a primeira responsabilidade neste País e deixar de cumprir papéis coadjuvantes, como vem cumprindo até hoje, ao longo dos tempos - e nos últimos tempos, principalmente.

Enfim, o momento é de festa, Senador Mão Santa. Tive notícia da sua presença, ontem, em Porto Alegre, por ocasião do aniversário do nosso querido Paulo Paim. Espero que V. Exª tenha me representado por lá.

Eu falava aqui, agora, Senador Mão Santa, dos 43 anos que o nosso partido completa na data de amanhã. V. Exª é um entusiasta, um peemedebista de carteirinha. Sei das suas angústias, sei da sua abnegação a esse grande partido, sei da sua devoção, e é com V. Exª que partilho, também, das minhas preocupações, das minhas angústias, aqui, nesta Casa, com relação ao nosso partido, ao partido ao qual somos filiados.

Senador Paim, concedo, com muito prazer, um aparte a V. Exª.

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Mesquita Júnior, pelo que entendo, V. Exª tem, ainda, 13 minutos, por isso estou fazendo um aparte. A sessão iniciou-se às 14 horas e, na segunda, são 20 minutos. Então, só estou medindo a minha fala já. Primeiro, quero cumprimentá-lo pelo pronunciamento lembrando os 43 anos - eu prefiro usar a palavra MDB - do velho MDB de guerra, que cumpriu um papel fundamental no combate à ditadura. Nós votávamos no MDB. Só tínhamos dois partidos: Arena e MDB. Lembro-me de tantas figuras, e só não vou citar algumas aqui porque seria até deslealdade com tantos guerreiros e guerreiras que combateram naquele período, que estiveram conosco em caminhadas, em passeatas. Lembro a oportunidade em que Lilian Celiberti e Universindo Diaz foram raptados. Eu fui, com uma delegação - estavam lá parlamentares do PMDB -, ao Estado vizinho na busca de encontrá-los. Lembro-me de cada momento da história em que o MDB reunia, como V. Exª coloca muito bem, todos os progressistas. Todos aqueles que amavam a liberdade, a igualdade, a justiça estavam ali. Claro que eu tenho um carinho com a história - olho o passado e vejo o presente - e gostaria muito que o velho MDB de guerra fosse o mesmo partido de hoje! Claro que nós temos figuras ilustres no MDB, como os senhores, como V. Exª, Senador Mão Santa, que esteve lá - como V. Exª lembrou -, na atividade, surpreendendo a todos! Ninguém imaginava que o Senador Mão Santa sairia do Piauí para ir ao aniversário do Senador Paim em Porto Alegre. Ele chegou lá, usou a palavra - ele e o Senador Zambiasi -, falou em nome do MDB e PMDB. O Senador Zambiasi falou pelo PTB. Falaram, ao mesmo tempo, em nome do Senado. Foi uma festa suprapartidária, intersindical. Estavam ali todas as correntes políticas e sindicais do nosso País. Fizemos uma grande homenagem ao César Passarinho, um cantor nativista, negro, campeão de todas as califórnias do nosso Estado. E, ali, lembramos a caminhada de todos nós. Por que eu vou encerrar com esta frase? Porque eu falava dos 59 anos, com o título do meu pronunciamento “Minha Vida, Nossas Lutas”, e terminamos cantando a música do Geraldo Vandré “Pra não dizer que não falei de flores, que lembra muito a resistência à ditadura e era a música símbolo, se não me engano, do próprio MDB na época. Meus cumprimentos a V. Exª! É uma alegria estar aqui lembrando os 43 anos do, hoje, PMDB. Um abraço!

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Muito obrigado, Senador Paim. É com alegria que recebo o seu aparte, também aniversariante.

Concedo ao Senador Mão Santa um aparte.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Geraldo Mesquita, é com grande satisfação que participo do pronunciamento de V. Exª, que traz à Casa mais um aniversário do PMDB, que, desses partidos de hoje, vamos dizer, é o que tem maior idade. Depois do período da ditadura militar, ele persiste e tudo. Mas quis Deus, como o Paim já disse, que eu fosse ao Rio Grande do Sul! Realmente, é muito feliz um político como o Paim, que consegue que o povo vá abraçá-lo no dia do seu aniversário. E do povo há os agradecidos que têm esperança, centenas e milhares de velhinhos aposentados na esperança de conquistar aquilo que o Paim lidera, o resgate do salário dos aposentados. Suprapartidário. Eu saí abraçado com o Ministro Tarso Genro. Todo mundo sabe a nossa posição, mas o que nos unia era a grande causa que o Paim tem defendido. Quer dizer, o aniversário deixou de ser dele, da família, de Porto Alegre, de Canoas, de Caxias, do Rio Grande do Sul, passou a ser do Brasil todo. Nós estávamos lá. E eu fui abraçado por muitos nordestinos que lá estavam. Mas quis Deus... As Tiradas do Dr. Brizola é um livro que eu comprei no aeroporto. Como sempre, me cativa a história dos líderes gaúchos - isso eu já ressaltei -, mas é oportuno para o pronunciamento de V. Exª este trecho: Viajando de Nova Iorque para Lisboa, ainda no exílio, Brizola, em conversa com dois trabalhistas que sonham em ressuscitar o velho PTB, não consegue escapar de mais uma métáfora. Comparando um partido político a uma estrada, receita: “Primeiro, abre-se uma picada. Depois, vêm os sinalizadores. Mais tarde, chega a turma da terraplenagem. Em seguida, coloca-se o asfalto. Só então chega o pessoal que usa a estrada”. Então, chegou aí no PMDB um pessoal que está usando essa estrada, construída com muita luta, com muita galhardia, com muito sacrifício. E por essa estrada construída está um bocado de aproveitadores, trocando a grandeza e a história do partido, que é do povo, que é Ulysses, que receitou e está encantado no fundo do mar: “Ouça a voz rouca das ruas”. Quer dizer, o partido é quem está na rua, é o povo, é para ouvi-los. E eles, não. Eles ouvem só os seus interesses pessoais. E trocam a grandeza, a história do partido, que é do povo, e a democracia por cargo, por barganhas que nos envergonham. Mas homens como V. Exª me fazem ainda persistir no PMDB. E eu tenho essa esperança. A maior estupidez é perder a esperança. Eu tenho essa esperança. O partido tem que ser isto, buscar o poder, e não como o nosso maior líder da ética disse: “Estão dizendo que o PMDB é uma noiva. Estão oferecendo. É a noiva procurada”. Aí, Pedro Simon, que simboliza a sinceridade, disse: “É, mas essa noiva está muito sem-vergonha”. Ela está vendo que, se o José Serra continuar nesse patamar de preferência popular, ela vai para a cama com o José Serra, e, se o Luiz Inácio conseguir botar essa mulher candidata lá no patamar, ela vai se agarrar com ela. Então, o PMDB não pode ser isso. Inclusive há o Presidente do nosso partido. Ele não é o Presidente, não cresceu, não conquistamos aqui? Foi isso que nos fez lutar. Essa grandeza? O Presidente do Partido é um grande candidato, o Pedro Simon, vários Governadores do PMDB, vários Senadores, nós não podemos aceitar esse PMDB como uma noiva sem-vergonha, como o Pedro Simon tão bem descreveu.

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Muito obrigado, Senador Mão Santa. Seu aparte enriquece o meu discurso com informações sobre fatos que V. Exª vivenciou. Eu lhe agradeço o aparte.

Senador Papaléo, concedo-lhe, com muito prazer, um aparte.

O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP) - Senador Geraldo Mesquita, V. Exª lembra muito bem o aniversário do PMDB, que será comemorado. Quando falamos em PMDB, nós nos lembramos das lutas pela democracia que o então MDB travou, sendo o grande ponta-de-lança da nossa democracia. Depois do PMDB, do então MDB, surgiram outros partidos que passaram a compor e a reforçar essa luta. Graças a Deus, graças ao PMDB e a outros partidos que não estavam ainda consignados na legalidade, graças a lideranças políticas, temos hoje um processo democrático em pleno andamento. Quero parabenizar V. Exª. Já fui do PMDB, já passei pelo PMDB e, infelizmente, não tive a convivência necessária para sentir no sangue o valor do PMDB - foram questões locais no meu Estado -, mas passei com muita satisfação, e não nego. Então, quero parabenizar o PMDB e dizer que realmente é um partido forte, um partido que tem, na estrutura do Legislativo brasileiro, uma força muito grande, tanto no Congresso Nacional quanto nos Estados e nos Municípios. Por isso, é um partido forte. Não o vejo como uma noiva sem-vergonha, absolutamente. Noiva sem-vergonha é aquela que vai atrás daquilo que a agrada mais, que tem mais vantagens. Não. Eu vejo a postura do PMDB como a de um partido que fica sempre dentro de uma coerência de apoiar as boas ações dos bons governos. Então, se hoje o PMDB tem uma análise do Governo Lula como um governo que realmente é sério e responsável, ele está lá, apoiando o Governo Lula. Então, não sou absolutamente definidor do PMDB como sendo essa noiva sem-vergonha. Absolutamente! É uma noiva ou é um - vamos dizer - grande líder que acompanha outros grandes líderes, permitindo a governabilidade do País. V. Exª está de parabéns por lembrar essa data importante; e está de parabéns também o PMDB, que, como todo e qualquer partido, tem as suas desavenças, mas deságua num só, que é PMDB. Muito obrigado.

O SR. GERALDO MESQUITA JÚNIOR (PMDB - AC) - Muito obrigado, Senador Papaléo.

A questão da noiva que o Senador Mão Santa coloca é um embaraço que terá que ser superado a partir de agora, Senador Mão Santa. Tudo bem! O PMDB faz parte do atual Governo, mas o PMDB tem que aspirar ao governo. Como um grande partido, não pode abrir mão dessa perspectiva. O PMDB tem que aspirar ao governo, sob pena de o povo brasileiro retirar-lhe o apoio que lhe empresta hoje. O PMDB é o maior partido do País, é o maior partido em número de votos, em número de bancadas estaduais e federais, número de prefeitos. Agora, se o PMDB continuar sinalizando para o povo brasileiro que abdica do poder, o povo brasileiro vai lhe puxar o tapete; o povo brasileiro vai fazer as suas escolhas, e talvez o PMDB, num certo sentido, venha a diminuir toda esta bagagem que hoje reúne, de votos, de consideração, de prestígio, ofertados pelo povo brasileiro. O PMDB precisa discutir seriamente a possibilidade de ter candidato à Presidência da República. No meu Estado, o PMDB já discute a possibilidade de ter candidato forte ao Governo do Estado. Creio que nos demais Estados essa é uma tendência também, Senador Paim. A maneira de agradecermos ao povo brasileiro, ao povo acreano o prestígio, a consideração que tem devotado e dedicado ao PMDB é mostrando que o partido sabe aonde quer chegar, mostrando que pode e sabe assumir responsabilidades maiores do que as que atualmente exercita.

Eu antecipei as congratulações pelos 43 anos do PMDB, porque amanhã não vou estar aqui, Senador Paim, e não poderia deixar passar em branco essa data importante, festiva, do meu partido, mas também política. Quero, mais uma vez, agradecer a gentileza do convite do Deputado Chagas Romão, Presidente do Diretório Municipal do meu partido, em Rio Branco, que, junto com a Deputada Antonia Sales, promove amanhã um café da manhã, uma festinha, internamente, no PMDB, com a presença de filiados, de simpatizantes, de parlamentares. Gostaria imensamente de estar lá amanhã. Não vou poder estar. Lamento, mas deixo aqui as minhas felicitações àquelas acreanas, àqueles acreanos que têm feito da bandeira do PMDB uma bandeira de causa, de luta, de justiça; uma bandeira política por melhores momentos, por melhores dias para o povo acreano.

Eu conheço, a perder de conta, gente dentro do PMDB, na minha terra, que aspira a que esse partido - também por sua vez, agradecendo, como se diz, todo esse prestígio, toda essa consideração que tem do povo brasileiro, do povo acreano - sinalize para uma candidatura à Presidência da República, e, no meu Estado, sinalize para uma candidatura forte ao Governo do Estado.

Meus parabéns ao PMDB!

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/03/2009 - Página 6108