Discurso durante a 35ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação comemorativa ao Dia Nacional da Comunidade Árabe, transcorrido hoje.

Autor
Romeu Tuma (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Manifestação comemorativa ao Dia Nacional da Comunidade Árabe, transcorrido hoje.
Publicação
Publicação no DSF de 26/03/2009 - Página 6943
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, COMUNIDADE, DESCENDENTE, PAISES ARABES, RESIDENCIA, BRASIL, COMENTARIO, HISTORIA, IMIGRAÇÃO, POPULAÇÃO, IMPORTANCIA, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, CULTURA, AMBITO NACIONAL, REGISTRO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), AUTORIA, ORADOR, COMEMORAÇÃO, DATA.
  • JUSTIFICAÇÃO, LEGISLAÇÃO, AUTORIA, ORADOR, CRIAÇÃO, DIA NACIONAL, COMUNIDADE, PAISES ARABES, BRASIL, AGRADECIMENTO, SANÇÃO, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. ROMEU TUMA (PTB - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sempre simpático. Obrigado.

Sr. Presidente, eu queria usar da palavra o mais rápido possível, porque o Senador José Nery tem necessidade de falar. Mas, hoje, Senador José Nery, transcorre pela primeira vez como data inscrita no Calendário Oficial da República Federativa do Brasil, o Dia Nacional da Comunidade Árabe - espero que, no seu Estado, nós tenhamos muitos descendentes -, por mim proposto a esta Casa como projeto em 2004 e que vi transformar-se na Lei nº 11.764 quatro anos depois.

Portanto, desta vez, o dia 25 de março é cultuado em todo o País com a magnitude que o calendário oficial republicano lhe confere, após décadas de espontâneas comemorações populares em regozijo pela vinda de milhares de imigrantes árabes desde o século XIX, principalmente os de origem síria e libanesa.

Poucos são os acontecimentos de minha vida capazes de me envaidecer. Mas, sem dúvida, entre eles pontifica o fato de meu pai ter sido um daqueles heróis que arrostaram a fúria oceânica para aqui aportar em busca de paz, tolerância, respeito mútuo e progresso para si e seus descendentes. Legaram tais princípios às próprias famílias, ao constituí-las em solo brasileiro à imagem desta sociedade ímpar, o maior cadinho de raças da terra, um mavioso mosaico de peles de todas as cores.

Com a reverência anual à comunidade de origem árabe no dia 25 de março, a Nação perpetuará o seu tributo de gratidão a tantos quantos participaram daquela epopéia e aos que mantêm vivas as tradições deles herdadas.

Além do mais, Sr. Presidente, este Dia Nacional da Comunidade Árabe chega em meio a uma das maiores crises de confiança já vistas nos mercados internacionais, com bancos, seguradoras, montadoras, imobiliárias e outras gigantescas empresas a caminho da bancarrota nos países mais desenvolvidos. Inspira-me, por isso, a imaginar o que aconteceria caso todos os seres humanos tivessem a visão e o espírito corajoso, trabalhador e pioneiro dos antigos mascates, imigrantes que ajudaram a desbravar nossas terras e construir este Brasil belo e gigante. Se assim fosse, a humanidade estaria coalhada de empreendedores, aptos a solucionar rapidamente os problemas que flagelam a economia mundial e parecem arrastá-la em direção ao abismo.

Sim, porque muito mais difícil foi nossos antepassados levarem os milenares conhecimentos comerciais e culturais árabes aos rincões mais inóspitos e perigosos deste continente. Criaram as práticas que acabaram transformando este dia em símbolo de pujança, integração e realizações em todos os campos de atividade.

Foi assim que me vi impelido a propor ao Senado Federal, em 2004, o projeto transformado em lei sob o nº 11.764/2008 para instituir o Dia Nacional da Comunidade Árabe. Aliás, no Estado de São Paulo, a data comemorativa integra o Calendário Oficial de Eventos desde 12 de abril de 2006, por força da Lei nº 12.309, que resultou do projeto apresentado dois anos antes por meu filho Romeu Tuma Jr., atual Secretário Nacional de Justiça, quando exercia o mandato de Deputado Estadual.

A par disso, como ressaltei ao justificar a proposição da lei, a data sempre lembrará o crescente relevo das relações diplomáticas e econômicas entre o Brasil e os países árabes. Ao mesmo tempo, dará destaque para a Rua 25 de Março e seu entorno, onde nasci, hoje transformados na maior área de comércio da América Latina, na zona central de São Paulo. Destaque merecido, pois ali já se concentravam 40% dos imigrantes árabes em princípios do século XX, antes de se espalharem por todos os setores de atividade, das artes e culinária até os campos industrial e científico. Sem dúvida, encontramos sua marca indelével na formação da sociedade brasileira nos últimos 100 anos.

Perderam-se no passado tristes lembranças que caracterizavam a instabilidade política do Império Otomano no auge da emigração. Desvaneceu-se igualmente a aflição e a violência provocadas por intolerância religiosa e arcaicas estruturas agrárias nos países de origem. Nisso estão os motivos da vinda dos mais de 58 mil imigrantes aqui aportados só até 1920. E nisso vemos a forja da coragem que os fez prosseguir sem se intimidar mesmo ante as mais árduas condições de trabalho, fosse no agreste, no sertão, na floresta ou na cidade. Agora, oficialmente, seus descendentes - lídimos brasileiros - têm no dia 25 de março oportunidade de celebrar e estimular o crescimento da contribuição que deram ao País.

Srªs e Srs. Senadores, em sua atual edição, a revista Chamas, com circulação principalmente na comunidade árabe, publica artigo de minha autoria, expondo tais pontos de vista. Termino este pronunciamento da mesma forma que encerrei o artigo. Isto é, conclamo todos os brasileiros a mirarem-se no espelho herdado daqueles denodados mascates para, seguindo o seu exemplo, poder exclamar com firmeza: Que crise! Que nada!

Sr. Presidente, queria também aproveitar para agradecer ao Vice-Presidente José Alencar Gomes da Silva, ilustre amigo, que sancionou essa lei e teve a gentileza de me ligar comunicando o ato de governo criando o Dia Nacional da Comunidade Árabe.

Muito obrigado, Sr. Presidente, era o que tinha a falar.

Amanhã, falarei um pouquinho sobre o problema da torianita. Já houve um programa na televisão a respeito desse produto, que traz prejuízo à saúde pública, em razão das dificuldades de apreensão da extração, feita ilegalmente no Estado do Amapá.

Muito obrigado, Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/03/2009 - Página 6943