A SRª ROSALBA CIARLINI (DEM - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente Inácio Arruda; Sr. Renato Rabelo, Presidente do Partido; Deputada Jô, em nome de quem quero cumprimentar todos os que estão à Mesa, todos os comunistas e o povo brasileiro, venho, nesta data, prestar homenagem ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB), ao Partidão, como é conhecido, ao “partido vovô”, como podemos dizer neste Brasil, porque ele é símbolo, sim, da luta pela redemocratização do nosso País, da luta pela igualdade e pela liberdade. Faço essa homenagem ao PCdoB, revolucionário desde 1922, na defesa do povo brasileiro, relembrando fatos que, talvez, poucos conheçam, mas que fazem parte da minha história de vida.

No Rio Grande do Norte, eu, menina, ouvia falar de um tal de Sindicato do Garrancho. Os trabalhadores do sal, sindicalistas, tiveram de reunir-se, durante muito tempo, às escondidas, dentro de uma caverna coberta de garrancho. E lá estavam muitos dos comunistas, na defesa do trabalhador de uma atividade que, ainda hoje, é muito forte, muito presente no Estado do Rio Grande do Norte, que é exatamente a da produção do sal. Todos sabem que somos produtores de cerca de 96% do sal consumido no Brasil.

Lembro-me da figura de um trabalhador da construção civil que era empregado do meu pai - meu pai também era da construção civil -, o Sr. Zé de Rosa. Eu era menina e ia à construção, naquela época, acompanhando meu pai. E ele vinha sempre de forma interessante, de forma muito organizada, com as palavras muito bem colocadas, que me impressionavam, na defesa do trabalho e dos trabalhadores, para que pudessem avançar nos seus direitos. Depois, encontrei o Zé de Rosa quando eu era, pela primeira vez, candidata à Prefeita. Contei com o Partido Comunista nessa luta. Depois, como chefe de gabinete, participando da administração, estava o Professor João Batista Xavier, que, realmente, foi grande auxiliar e que nos ajudou a fazer uma grande administração. E não me esqueço daquele que era meu líder para as questões sindicais, Lourival de Góes. Que Deus o tenha, com certeza, em bom lugar, gritando sempre a liberdade! São figuras como essas que fazem parte da história deste Brasil e que poucos conhecem.

O Sr. José Sarney (PMDB - AP) - V. Exª me permite um aparte?

A SRª ROSALBA CIARLINI (DEM - RN) - Pois não, Senador Sarney. Sr. Presidente, é um grande prazer, uma grande honra ser aparteada por V. Exª.

O Sr. José Sarney (PMDB - AP) - Primeiro, peço desculpas por interromper seu brilhante discurso. Até estou quebrando um pouco a norma regimental, que diz que, nas sessões solenes, não são permitidos apartes, mas eu não poderia deixar de associar-me às congratulações que estão sendo feitas, hoje, nesta Casa e que se estendem ao País inteiro, pelos 87 anos de fundação do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que tem prestado relevantes serviços à política do nosso País, sobretudo pelo idealismo com que tem marcado sua presença na política brasileira. Quero relembrar, numa homenagem muito carinhosa, que tive a felicidade de ter, posso até dizer, laços de amizade com João Amazonas. Sei que era um dos homens que tinha uma força interior, na sua fragilidade pessoal, que, sem dúvida, inspirava a todos nós. Ele guardou, até o fim da vida, com sua idade avançada, a força do ideal que tinha e ao qual dedicou toda a sua existência. E é na pessoa do Presidente do Partido, Renato Rabelo, que quero me congratular com todos os que pertencem ao PCdoB por essa data, dizendo que tive a felicidade também de legalizar o PCdoB quando era Presidente da República. E, muitas vezes, posso até dizer que, de certo modo, fui uma linha auxiliar do PCdoB; fomos aliados em muitas campanhas. Muito obrigado. (Palmas.)

A SRª ROSALBA CIARLINI (DEM - RN) - Agradeço ao Senador Sarney, Presidente do Senado, um democrata, um homem de luta, um homem que realmente tem sua história marcada na vida brasileira.

Vou terminar, Senador Inácio Arruda, porque, pela falta de tempo, eu não poderia lembrar os muitos que convivem conosco, que fazem e fizeram parte da história do PCdoB, do nosso País, da nossa cidade, do nosso Estado. Dizem que a vida é um fato local, e isso é verdade. Foi lá que vi a luta; foi lá que vi o sofrimento; foi lá que acompanhei colegas, professores, trabalhadores que, naquele momento, na clandestinidade ou nos momentos difíceis da ditadura, jamais deixaram de acreditar no seu ideal e na sua luta.

Então, homenageio esses homens e mulheres - muitas companheiras também estiveram presentes - que lutaram sempre e que jamais deixaram que a bandeira do Partido fosse abaixada nos momentos mais difíceis, enfrentando as maiores adversidades, mas trazendo a esperança daqueles que acreditam nas mudanças, daqueles que querem as mudanças, daqueles que querem um País mais justo, mais solidário, mais fraterno. Tudo isso é nosso sonho.

O fato de estarmos em siglas diferentes não quer dizer que nossos caminhos não se possam cruzar num só ideal: o do Brasil maior, o do Brasil que orgulha todos nós, o do Brasil da liberdade.

Muito obrigada. (Palmas.)

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