O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Senador Mão Santa, que preside a sessão na noite de hoje, por suas bondosas e generosas palavras em relação à minha pessoa.

Antes, porém, quero agradecer o Senador Eduardo Suplicy que, de forma gentil e cortês, cedeu-me, por permuta, a oportunidade de falar pelo meu Estado, Mato Grosso.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, jamais se começa uma construção pelo telhado. A lógica dita que as obras sempre se iniciam pelo alicerce. Parede por parede é assentada de forma segura e firme para sustentar a cúpula que irá emoldurar o edifício e proteger os que nele se abrigarem. Pedra a pedra se amarra a solidez e a confiabilidade dessa estrutura.

Assim também é com a sociedade moderna, que tem como base a educação. Não podemos pensar em igualdade, prosperidade e crescimento econômico se, antes, não implantarmos o alicerce do conhecimento e da autodeterminação numa comunidade.

Poucos minutos atrás, ouvimos aqui as palavras da companheira Senadora Patrícia Saboya em relação às nossas crianças. Um dos fatos mais importantes e preponderantes que entendo é a educação. É a isso que estou me referindo, em relação à educação em nosso Estado e em nosso País.

Sem a força mítica do ensino, o concreto se liquefaz e o próprio tempo se perde num labirinto de incertezas e dúvidas.

Portanto, ao se planejar o processo produtivo de uma região, devemos primeiro plantar um canteiro de mentes livres e inquietas; um laboratório de corações abertos à pesquisa e aos desafios que as novas conquistas impõem. Nesse sentido, a criação de universidades públicas pelo interior do País representa a florada de mais talentos, a geração de oportunidades e o investimento em experiências humanas enriquecedoras Brasil afora.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, recentemente, subi a esta tribuna, regozijando-me pela aprovação, na Comissão de Educação desta Casa, em caráter terminativo, do projeto de lei que autorizava a criação da Unibarças, a Universidade Federal de Barra do Garças, contemplando um território com 31 municípios do Araguaia mato-grossense. Hoje, sinto-me duplamente gratificado por anunciar aos meus Pares uma nova autorização dessa mesma Comissão do Senado, votada na última semana, agora permitindo a implantação da Ufenorte, a Universidade Federal do Norte de Mato Grosso, com sede na cidade de Sinop.

Trata-se, portanto, do assentamento do alicerce a garantir a construção de uma comunidade sólida e voltada ao debate de seus genuínos interesses. Principalmente numa região da Nação que se depara com temas tão urgentes e atuais, como desenvolvimento sustentado, colonização e diversidade étnica.

O Município de Sinop, por sua posição geográfica estratégica, no entroncamento biológico entre o Cerrado e a Floresta Amazônica, pode produzir, por meio de estudos e experiências de sua universidade, um novo padrão científico para a ocupação do solo com a redução dos impactos ambientais. Pode sim desenvolver novas tecnologias para minimizar o efeito antrópico na exploração econômica da região, criando alternativas para uma população que se vê acuada pela progressiva restrição às suas atividades tradicionais. A universidade deve significar o ponto de equilíbrio neste debate, tratando a questão ambiental não como um cutelo ao esforço produtivo do homem do campo, mas sim como um formão a entalhar perspectivas inovadoras e rentáveis para suas famílias e seus descendentes.

Mas, caros Senadores aqui presentes, como disse, é de minha autoria o projeto de lei que autorizou a criação da Unibarças; assino também o dispositivo que faz nascer a Ufenorte; assim como implantei, quando Governador, na década de 90, a Unemat, Universidade Estadual de Mato Grosso, atualmente, uma das mais prósperas entidades de ensino público do País.

Mas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Unemat surgiu como um sonho, uma visão corajosa de futuro; mas, ao brotar de nossos corações, era apenas um ponto equidistante no mapa de Mato Grosso, com um tímido campus no Município de Cáceres, lá no extremo oeste do País, na fronteira com a Bolívia. Hoje, dispõe de 25 unidades espalhadas pelo Estado, com mais de 10 mil, 15 mil alunos matriculados em 79 cursos de graduação, gerando emprego e prosperidade.

Como vemos pelo exemplo da Universidade Estadual de Mato Grosso, o ensino superior gratuito gera não somente possibilidades no mercado de trabalho; produz, isto sim, a vocação para o desenvolvimento integrado da sociedade. Cada curso implantado numa cidade ou região significa uma cadeia de saber que permeia toda a nossa comunidade com a luz do discernimento. Cada professor é um farol a difundir lógica e experiências, enquanto cada estudante é a fonte de esperança de um futuro melhor.

Por isso, Srªs e Srs. Senadores, toda vez que aquecemos a chama do ensino, investindo na educação pública, estamos propagando o calor da justiça, da paz e da igualdade.

Portanto, Sr. Presidente, estou muito feliz de termos hoje dois projetos nossos já aprovados, em caráter terminativo, na Comissão de Educação do Senado Federal.

Está de parabéns o povo de Barra do Garças, da região do Araguaia e da região norte de Mato Grosso, onde já existem dois campi, e agora poderemos ter uma universidade com toda autonomia financeira, administrativa, permitindo, com isso, permear aquela vasta região do Estado de Mato Grosso com duas universidades, a do Araguaia e a do Norte, e que também os filhos dos mais humildes, dos mais carentes, tenham ao seu alcance o ensino de 3º grau de forma gratuita.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estou muito feliz, sobretudo pela certeza de que estou cumprindo com meu papel de Senador da República, sempre defendendo os interesses do povo mato-grossense, mas, acima de tudo, nossas crianças e nossos jovens, para que tenham uma perspectiva melhor do dia de amanhã.

Obrigado, Sr. Presidente.

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