O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco/PT - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero em primeiro lugar saudar o Paulo Salamuni, que está aqui presente, Presidente da União dos Escoteiros do Brasil. São 70 mil escoteiros no Brasil, 28 milhões de escoteiros no mundo. Podemos ter no Brasil muito mais do que 70 mil. Poderemos ir para 80, 90, 100 mil escoteiros.

Quero dizer ao Presidente Paulo Salamuni que aqui dentro do Congresso Nacional, em parceria com a União dos Escoteiros, temos uma iniciativa que também já ocorre no mundo inteiro, que é a União Parlamentar Escoteira do Brasil, por meio da qual até fazemos o convite neste momento a todos os Vereadores, novamente, Deputados Estaduais, Federais, Senadores - o Valdir Raupp também, que está aqui presente, que já assinou, inclusive, a ficha de adesão à União Parlamentar Escoteira -, para termos no Brasil um movimento parlamentar em favor dos escoteiros. Fazendo o quê? Lá, na Câmara de Vereadores, fazendo uma discussão, ajudando no treinamento, incentivando os escoteiros, achando um lugar na escola para a constituição do grupo de escoteiros.

Enfim, o movimento escoteiro é algo fundamental porque é um movimento voltado para o atendimento da criança, do adolescente e do adulto. Quantas famílias, hoje em dia, pelo Brasil, querem que seus filhos e filhas participem de um movimento bom, bem estruturado, de bons princípios, onde se possa fazer amizade. E uma das grandes dificuldades hoje no Brasil é a criança e o adolescente participarem de um grupo onde possa ter boas amizades. Além disso, o movimento escoteiro é um movimento de educação não formal. Quer dizer, não é na escola, na faculdade; é uma educação que acontece na própria comunidade, e voltado principalmente, entre outras coisas, para o meio ambiente, acampamentos, respeito à natureza, reciclagem de materiais, utilização de energia solar.

Eu participei este ano em Foz do Iguaçu do Jamboree, que é o grande acampamento dos escoteiros, e lá estavam cinco escoteiros em Foz do Iguaçu, na propriedade de Itaipu Binacional, participando desse conjunto de atividades.

O Paulo Salamuni está aqui, inclusive, como Presidente da União dos Escoteiros do Brasil, e participamos ontem de uma conversa, de um diálogo, junto com o Comandante Peçanha, da Marinha, que é do Proantar (Programa Antártico Brasileiro), porque os escoteiros do Brasil, este ano, vão fazer um grande trabalho em todo o País, para que, no mês de julho, provavelmente, possam três escoteiros, selecionados em função dessa organização nacional voltada para o meio ambiente, ir à Antártica, convidados pela Marinha do Brasil, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, para ver, na prática, experiências das quais o Brasil tem de se orgulhar e que conta com 29 países que compõem o Conselho Consultivo da Antártica, no qual o Brasil está presente também.

Então, esse é um apelo, aproveitando a presença do Presidente da União dos Escoteiros do Brasil, Paulo Salamuni, neste plenário do Senado Federal, novamente convidando todo mundo: vamos trabalhar juntos! Em vez de termos 70 mil, vamos em cada Município do Brasil ter um grupo de escoteiros. E a União dos Escoteiros qualifica os dirigentes, ajuda; e nos Municípios onde já há um grupo, vamos constituir o segundo grupo, mais um grupo só. Só fazendo isso, já podemos ter em favor da nossa juventude não 70 mil, mas 200 mil pessoas.

Parabéns ao Paulo Salamuni. Parabéns aos escoteiros do Brasil.

Quero cumprimentar também o Henrique di Luca, grande amigo nosso, do Hospital Pequeno Príncipe, de Curitiba. um hospital de ponta, referência no atendimento também de crianças e jovens, no Município de Curitiba.; uma referência no Paraná e no Brasil, o hospital funciona há 90 anos, para ver que força de vontade da sociedade, dos grupos organizados do chamado terceiro setor. É uma entidade séria, bem estruturada e que tem uma parceria com o Pelé: Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, ao qual o Pelé empresta sua imagem, sua força, sua credibilidade, para que o Hospital Pequeno Príncipe possa arrecadar recursos para o grande objetivo de pesquisa, porque muitas das doenças e questões relacionadas à nossa infância e adolescência, que são o público alvo do Hospital Pequeno Príncipe, possam ser também analisadas, pesquisadas, para se achar os tratamentos mais adequados.

O Pelé esteve há poucos dias em Curitiba, num grande diálogo com a comunidade de Curitiba, juntamente com a Casa da Moeda. Houve a impressão de moedas com cada um dos gols que o Pelé fez e a venda dessas moedas reverte-se para o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe.

Então, quero cumprimentar o amigo José Álvaro Carneiro e todos os funcionários médicos. E, por intermédio do Henrique di Luca, cumprimento todo mundo, todas as pessoas dessa grande referência que é o Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba.

Eu quero, Sr. Presidente, ainda registrar que, no dia de ontem, no período da tarde, tivemos uma reunião extraordinária da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal, em conjunto com a Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle, presidida pelo colega Senador Renato Casagrande, para recebermos em conjunto a carta das responsabilidades para o enfrentamento das mudanças ambientais globais. E essa carta é fruto da III Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente.

Foi muito interessante porque as crianças e jovens foram à comissão, apresentaram documento com uma desenvoltura, com uma segurança, com argumentos, com alegria, com satisfação, pedindo o apoio dos Senadores e Senadoras presentes, dizendo, inclusive, para todos nós, Senadores e Senadoras, que não era simplesmente a questão de colocação de assinatura, mas o desejo, a vontade de transformar uma carta em realidade.

Eu quero dizer, Sr. Presidente, também, que, na Mesa para receber essa carta, estava o 1º Vice-Presidente do Senado, Senador Marconi Perillo; o Presidente da Comissão de Relações Exteriores, Senador Eduardo Azeredo; eu próprio, o Presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte; o Senador Renato Casagrande; a Senadora Ideli Salvatti, Presidente da Comissão de Mudanças Climáticas, e a Deputada Maria do Rosário, Presidente da Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados.

Além de vários Senadores. Para a sociedade toda perceber que foi um momento rico, importante, representativo de valorização das crianças e adolescentes que estavam trazendo essa carta - estiveram lá cinco Presidentes de Comissões e mais a Mesa do Senado, representada pelo Senador Marconi Perillo.

A carta é tão boa que tomo a liberdade de ler uma de suas páginas para divulgá-la ainda mais. Talvez já tenha sido lida ontem, mas vale a pena repetir essa leitura para vermos como essas crianças e jovens estão sintonizados com o que deve acontecer no mundo hoje em dia.

Então, eu leio:

         Somos jovens estudantes de diferentes regiões do Brasil na III Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente. Pequenos guerreiros da paz com o mesmo propósito e o mesmo desejo: cuidar do Brasil, mobilizando a população brasileira sobre as mudanças ambientais globais.

Reconhecemos o panorama ambiental nacional e nos comprometemos a lutar e defender o meio ambiente, não apenas buscando o conhecimento e o entendimento, mas também realizando ações para minimizar os problemas causadores de impactos ambientais.

Para isso, junto com milhares de escolas e comunidades em todo o País, assumimos as seguintes responsabilidades [e as Senadoras e os Senadores assinamos também] :

1. Preservaremos as nascentes e margens dos rios, protegendo as matas ciliares existentes e recuperando as que estão degradadas.

2. Praticaremos e promoveremos os cinco “”R”: refletiremos sobre os processos de produção desde a matéria-prima até a distribuição e o descarte; recusaremos produtos que causem danos ao meio ambiente e à nossa saúde; reduziremos o consumo e a geração de lixo; reutilizaremos, sempre que possível, e reciclaremos, quando necessário.

3. Sensibilizaremos e estimularemos as escolas e comunidades para que economizem energia e utilizem fontes limpas, econômicas, acessíveis e renováveis.

4. Distribuiremos e plantaremos mudas e sementes para arborizar nossas escolas, ruas e comunidades.

5. Diminuiremos o uso de sacolas plásticas e adotaremos as biodegradáveis, reutilizáveis e embalagens retornáveis na nossa comunidade.

6. Junto com a comunidade escolar, denunciaremos as queimadas, as irregularidades do lixo urbano e qualquer ação que degrade o meio ambiente, propondo, quando necessário, ações corretivas aos órgãos competentes.

7. Somaremos esforços e experiências, repensaremos os modos de utilização da água e desenvolveremos novos valores e atitudes sustentáveis no cotidiano.

8. Mostraremos à comunidade a importância de reduzir os transportes poluentes, incentivaremos e cobraremos o investimento do governo em transporte público ecológico, assim minimizando a emissão de gases que intensificam o aquecimento global.

9. Disseminaremos conhecimentos para que os estudantes e a comunidade protejam e conservem o planeta, sensibilizando-os sobre as conseqüências do aquecimento global e sobre as possíveis soluções.

Nós, jovens brasileiros, estamos unidos e contribuindo para cuidar do planeta. Esse é o nosso compromisso. Pedimos o total apoio da sociedade brasileira: autoridades, poder público, movimentos sociais, ONGs, escolas e comunidades, para que essas responsabilidades sejam cumpridas.

Vamos cuidar do Brasil? Junte-se a nós!

Essa é a carta das crianças e jovens que foi recebida nessa reunião solene que contou com a participação de cinco presidentes de comissões e com a participação da Mesa do Senado.

É um projeto para cuidar do meio ambiente de fato. Se isso for colocado em prática - e é possível fazer isso -, nós teremos uma sociedade, um planeta muito mais bem cuidado para atender às pessoas, os seres humanos.

Para finalizar, Sr. Presidente, só quero dizer que ontem também foi aprovado, na Comissão de Educação, o projeto de lei que institui o Dia Nacional do Sistema Braile. O braile é a forma de escrita para pessoa cega, de leitura pelos dedos, pela parte tátil, ensinado às crianças, aos jovens e aos adultos.

Estamos comemorando o bicentenário da vida de Louis Braille, que foi o inventor do sistema braile. O projeto que determina que 8 de abril seja o Dia Nacional do Sistema Braile foi aprovado ontem no Senado e seguirá agora para a Câmara dos Deputados. E por que dia 8 de abril? Porque no dia 8 de abril nasceu José Álvares de Azevedo, que trouxe o sistema braile para o Brasil. Então, reverenciamos o bicentenário do criador do revolucionário sistema, Louis Braille, e homenageamos o responsável pelo desenvolvimento desse sistema no Brasil, José Álvares de Azevedo, nascido em 8 de abril.

A escrita e a leitura em braile muito auxiliam a pessoa cega. É muito interessante ver, inclusive, o quanto um ser humano pode desenvolver o sentido do tato quando isso se torna necessário; isso nos permite reconhecer também o potencial de uma pessoa. Com o sistema braile, pode-se fazer a leitura por meio de pontos em alto relevo na folha.

Aproveito para fazer uma homenagem ao Senado Federal, à Gráfica do Senado, por todo um trabalho que vem sendo feito com as bibliotecas do Brasil. Todo o material do Senado vem sendo impresso em braile e distribuído pelo País. Esse esforço, que já vem sendo feito há alguns anos, vem contribuindo, de maneira importante, para a inclusão da pessoa cega em nossa sociedade.

Obrigado, Sr. Presidente.

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