Discurso durante a 51ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação de pesar pelo falecimento do Sr. José Holanda Bessa e do empresário Luiz Afonso Faccio.

Autor
Augusto Botelho (PT - Partido dos Trabalhadores/RR)
Nome completo: Augusto Affonso Botelho Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Manifestação de pesar pelo falecimento do Sr. José Holanda Bessa e do empresário Luiz Afonso Faccio.
Aparteantes
Mozarildo Cavalcanti.
Publicação
Publicação no DSF de 15/04/2009 - Página 10570
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, FUNCIONARIO PUBLICO, AMIZADE, FAMILIA, ORADOR, EMPRESARIO, PIONEIRO, IRRIGAÇÃO, ARROZ, DIVULGAÇÃO, TECNOLOGIA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), ESTADO DE RORAIMA (RR), EX-DEPUTADO, ELOGIO, VIDA PUBLICA.
  • COMENTARIO, RETIRADA, AGRICULTOR, ARROZ, AREA, RESERVA INDIGENA, ESTADO DE RORAIMA (RR), EXPECTATIVA, CONTINUAÇÃO, PRODUÇÃO.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. AUGUSTO BOTELHO (Bloco/PT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na realidade, estou aqui usando a palavra para fazer um requerimento de pesar para dois amigos que perdi lá no Estado de Roraima. Um, o Sr. José Holanda Bessa, morreu há uns nove dias. Foi funcionário público exemplar, muito amigo da minha família. Eu praticamente me considero membro da família dele. Ele era vizinho do meu pai e da minha mãe. José Holanda Bessa, marido da dona Olga, deixou uma filha e dois netos. Mas ele era uma pessoa muito boa, muito simples. Em velhos tempos em Roraima, onde não existia escola no interior, ele abrigou na casa dele, em períodos diferentes, a casa dele era uma casa igual a do meu pai, uma casa pequena, entre 15 e 20 sobrinhos, cunhados, que vinham estudar na cidade, até que aprendessem a se equilibrar, arranjar um trabalho e se colocarem. Foi um pai para a família roraimense do interior. O Sr. José Bessa faleceu; já estava aposentado e deixou um grande vazio lá na nossa rua, na nossa quadra.

Outro amigo meu que faleceu, faleceu esta noite, foi o Luiz Afonso Faccio. Ele foi um empresário importante para Roraima, porque o arroz irrigado, hoje a principal atividade econômica do meu Estado, foi o Luiz Afonso Faccio que desenvolveu, com a Embrapa, é claro, ajudando, a tecnologia que hoje é utilizada, e que é responsável pela produção de quase 120 mil toneladas de arroz no meu Estado.

Senador Mozarildo Cavalcanti, antes de continuar falando, eu lhe concedo um aparte.

O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Augusto Botelho, quero me solidarizar e me incluir no pronunciamento de V. Exª, já que tive a honra de subscrever também os dois requerimentos que V. Exª encaminhou à Mesa, de pesar e de votos de condolências as famílias, tanto do Zé Bessa, quanto do Faccio. Como V. Exª já enfatizou, José de Holanda Bessa foi um funcionário público exemplar, homem que colaborou com a educação de Roraima, homem que dedicou a sua vida, digamos assim, de maneira muito heróica a ser útil às pessoas. E o Faccio tem até um simbolismo: no momento em que há, digamos assim, a exclusão, a expulsão, das 500 famílias que moram na Raposa Serra do Sol mais os arrozeiros que hoje produzem 25% do PIB do Estado de Roraima, a morte do Faccio tem um simbolismo, porque ele foi um homem que foi, por conta própria, lá do Paraná para Roraima para plantar; comprou as terras, investiu; era um dos maiores produtores de arroz do Estado e tenho certeza de que sua família não vai parar com esse trabalho. Mas, é uma perda inestimável para o Estado de Roraima. Portanto, quero parabenizar V. Exª pela iniciativa dos requerimentos e pelo pronunciamento que faz.

O SR. AUGUSTO BOTELHO (Bloco/PT - RR) - Muito obrigado, Senador. E realmente V. Exª assinou os requerimentos juntamente comigo.

O Faccio chegou em Roraima em 1970, ele era produtor rural e andou experimentando várias áreas em Roraima.

Realmente, foi ele quem descobriu que as margens do rio Surumu era o local mais adequado para produzir arroz irrigado em Roraima, e desenvolveu a tecnologia. Trabalhou bastante.

Infelizmente, há essa coincidência, realmente, de sair esse julgamento e ele morrer. É lógico que há oito anos ele vinha lutando contra um câncer - eu posso falar isso publicamente, porque ele sempre disse isso e nunca negou publicamente.

Agora, eu vou tornar pública aqui a última conversa que eu tive com o Faccio, mais ou menos um mês e pouco atrás, não preciso bem a data. Porque ele, quando sentiu que estava ficando mais grave a doença, que estava eclodindo, passou as coisas para os filhos tomarem conta. E perguntei como é que estava fazendo. O Tiaraju é o filho dele que está cuidando, está tocando as lavouras e as fazendas dele. Perguntei do Faccio como é que estava o Tiaraju, se estava dando conta do serviço. Ele disse: “Olha, Augusto, agora eu estou despreocupado. Eu até me orgulho do trabalho que o meu filho está fazendo nisso. Como ele está tocando o trabalho lá, com a responsabilidade e com a eficiência que está fazendo o trabalho.” Então eu tenho certeza de que o meu amigo Faccio partiu tranqüilo, porque sabe, apesar do baque que ele vai receber agora com essa retirada dele lá da terra, mas sabe que a família dele, o Tiaraju, a Tatiana e a Ana Cássia, vai continuar trabalhando e fazendo o serviço que ele sempre fez. Eu também aqui, em meu nome e no nome do Mozarildo, quero apresentar os nossos votos de pesar a Dona Lizete, esposa do Faccio.

           O Faccio foi pioneiro na agricultura e também foi um dos primeiros Deputados Estaduais da gente lá em Roraima. Ele foi Deputado por duas legislaturas e foi patrão do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) lá de Roraima por três mandatos. Ele fez três mandatos no CTG lá de Boa Vista. Ele gostava de jogar bocha. Algumas vezes eu fui lá com ele. Ficava lá batendo papo, ele jogando bocha, a gente conversando e eu comendo aquele churrasco de gaúcho que sempre tem lá no CTG.

           Mas o que ele marcou mesmo foi esta mudança, porque até o Faccio chegar lá em Roraima nós só plantávamos arroz de sequeiro em pequenas áreas e em pequenas quantidades. O nosso arroz dava para a gente comer e a gente tinha que comprar arroz de outros Estados. Depois que o Faccio desenvolveu a tecnologia, juntamente com o Paulo César e o Genor que são os três que começaram por lá, e o Gianluppi, eles permitiram que Roraima se tornasse exportador de arroz.

           Senador Jefferson Praia, o Estado de V. Exª come arroz do meu Estado, arroz de boa qualidade e de bom aspecto, feito dentro da melhor tecnologia. Quando dizem que eles estão agredindo o ambiente é conversa. Nos lugares onde eles plantam arroz, aumentam os patos, aumentam as caças, aumentam as marrecas e aumentam até os peixes nas áreas de arroz irrigado lá em Roraima. Por isto é lógico que, no começo, pode ter havido alguma falha, mas, atualmente, eles estão trabalhando dentro da mais perfeita tecnologia.

           O Luiz Afonso Faccio será sepultado amanhã e o corpo será velado na Assembléia Legislativa do nosso Estado. Eu reafirmo, aqui, que Roraima perdeu um dos grandes homens que contribuíram muito para a sua mudança, mas eu tenho certeza de que o trabalho que ele fez, a semente que ele plantou vai permitir que Roraima, com novas áreas que serão descobertas, continue sendo o grande produtor de arroz do Brasil, talvez, se não passe do Rio Grande do Sul num futuro não muito distante.

           Muito obrigado, Sr. Presidente. Era isso que eu tinha a dizer.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/04/2009 - Página 10570