Discurso durante a 51ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-Senador e Deputado Federal Carlos Wilson Campos.

Autor
Marco Maciel (DEM - Democratas/PE)
Nome completo: Marco Antônio de Oliveira Maciel
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-Senador e Deputado Federal Carlos Wilson Campos.
Aparteantes
Eduardo Azeredo, Heráclito Fortes, Jarbas Vasconcelos, Jorge Afonso Argello, João Pedro, Romeu Tuma, Sergio Guerra.
Publicação
Publicação no DSF de 15/04/2009 - Página 10584
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, CARLOS WILSON, DEPUTADO FEDERAL, EX SENADOR, EX GOVERNADOR, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), ELOGIO, VIDA PUBLICA, APRESENTAÇÃO, PESAMES, FAMILIA, INSTITUIÇÃO PUBLICA, CLUBE, FUTEBOL.
  • JUSTIFICAÇÃO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, CRIAÇÃO, FUNDO DE ASSISTENCIA, FINANÇAS, EMERGENCIA, MUNICIPIOS, COMPENSAÇÃO, PERDA, FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICIPIOS (FPM), ABATIMENTO, IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI), ALEGAÇÕES, COMBATE, CRISE, ECONOMIA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobre Senador Jayme Campos, Srªs e Srs Senadores, desejo, antes de tratar do assunto para o qual me inscrevi, fazer manifestação de profundo pesar pelo falecimento do ex-Senador, nosso colega, e ex-Deputado Federal Carlos Wilson Campos. S. Exª faleceu vítima de um câncer que o acometeu durante quase cinco anos. Apesar disso, S. Exª continuava exercendo o seu mandato de Deputado Federal, cumprindo as obrigações decorrentes do cargo.

Embora ele seja de uma geração posterior à minha, tivemos sempre boa convivência, ainda que eventualmente, em um pleito ou noutro, tivéssemos opiniões divergentes, o que é da natureza do processo democrático.Desejo, pois, na ocasião, apresentar o meu voto de profundo pesar pelo seu passamento e solicitar da Mesa do Senado que dê ciência da referida proposição à sua família, à Câmara dos Deputados, visto que ali exerciamandato; ao Governo de Pernambuco, posto que foi Governador do Estado, com a renúncia do ex-Governador Miguel Arraes, que se afastara para concorrer a mandato eletivo federal; e também ao Clube Náutico Capibaribe, agremiação de futebol à qual, juntamente com seu saudoso pai Wilson Campos, esteve muito ligado.

Sei que o Senador Carlos Wilson está em bom lugar. Ele era uma pessoa de fé cristã, católico apostólico romano. Portanto, não podemos deixar de homenageá-lo, no instante em que ele nos deixa com muita saudade.

Certa feita, o Bispo Pedro Casaldáliga disse que o nascimento e a morte se procuram e se encontram; mas a vida vence sempre. É essa a perspectiva minha de cristão, de que, ao final, a vida vence sempre, porque o cristianismo se fundamenta na ressurreição de Jesus Cristo.

E podemos dizer, portanto, que a própria Igreja, há séculos, qualifica o dia da morte como dos santos, como dies natalis - dia do natalício. A Igreja considera que a morte é um dia que deve ser celebrado, porque estamos num mundo passageiro, somos peregrinos no mundo e, depois da vida terrena, nos é destinada a vida eterna.

Mas, Sr. Presidente, feito este registro, eu gostaria...

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Pois não. Concedo o aparte ao nobre Senador Heráclito Fortes, 1º Secretário do Senado Federal.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Senador Marco Maciel, quero associar-me a V. Exª neste pronunciamento, em que pranteia o falecimento do ex-Senador e ex-Deputado Carlos Wilson. Como V. Exª bem sabe que, quando cheguei a Pernambuco, vindo da minha terra natal, o Piauí, e ingressei na política estudantil e, em seguida, na política partidária, tive em Carlos Wilson um dos companheiros mais firmes, mais corretos, mais leais; companheiro de 40 anos quase de caminhada. Carlos Wilson chegou ao Congresso oito anos antes de mim, eu cheguei logo depois. E tivemos durante todo esse período uma convivência estreita, amiga, até por que Carlos Wilson era uma das pessoas que dificilmente você conseguiria ter como inimigo. Era uma pessoa amena, uma pessoa de diálogo aberto e que deixou grandes amigos, inclusive, aqui nesta Casa, não só entre os Senadores, seus colegas, mas também e, principalmente, no meio dos funcionários. Eu quero registrar aqui o meu pesar em meu nome e em nome de minha família, também muito ligada a ele, e estender aos seus filhos - à Camila, ao Marcelo e ao Rodrigo, à Ana Lúcia, sua primeira mulher, e à Maria Helena, sua atual mulher. Quero dizer à D. Terezinha, sua mãe, aos seus irmãos, George e André, enfim, a todos os seus familiares que estou associado a Pernambuco neste momento de dor, neste momento de luto pela morte de um homem que nos deixa bem jovem, mas com uma história marcante e uma digital indestrutível em favor de Pernambuco. Muito obrigado.

O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado, nobre Senador Heráclito Fortes. V. Exª traduziu - e bem - o sentimento que é de todo o povo pernambucano pelo falecimento do ex-Senador, ex-Deputado Carlos Wilson. E, no caso específico de V. Exª, que morou, durante muito tempo, em Pernambuco, fez sua vida acadêmica - podemos dizer - em nosso Estado. V. Exª o conhecia já há bastante tempo e foi colega de geração de Carlos Wilson.

Daí por que acolho o aparte de V. Exª e devo acrescentar que este é o sentimento de todos nós, pernambucanos.

Concedo agora aparte ao nobre Senador Eduardo Azeredo, ex- Governador de Minas Gerais.

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador Marco Maciel, eu quero também me solidarizar com toda a família enlutada, manifestando toda a admiração que sempre tive pelo Carlos Wilson. Ele foi realmente um político durante toda a sua vida - pode-se dizer assim - e sempre procurou trabalhar em prol dos interesses públicos. Quando eu o procurei, ainda na Presidência da Infraero, já no início do Governo passado, no primeiro Governo do Presidente Lula, ele sempre se mostrou pronto a entender a defesa que nós estávamos fazendo do Aeroporto de Confins, em Minas Gerais. Quero enviar também o meu abraço a todos que puderam conviver com ele e lembrar a sua luta final em termos de saúde, uma luta de alguns meses, de alguns anos, que veio enfrentando com muita altivez até o fim da sua vida.

O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Nobre Senador Eduardo Azeredo, transmitirei à família e às instituições às quais o Senador Carlos Wilson era ligado, seu sentimento e a expressão do seu pesar.

V. Exª chamou a atenção para o fato importante de que ele não se abateu com a doença, enfrentndo-a de forma determinada e não deixou que a doença o afastasse do convívio congressual. Vinha toda semana a Brasília para cumprir seu mandato; quando se encontrava impedido de fazê-lo, ele acompanhava a vida nacional por intermédio dos seus assessores e do noticiário. Enfim, ele foi uma pessoa que se dedicou plena e totalmente à vida pública. Ele tinha o carisma, a vocação do político e nessa condição se exercitava em todos os instantes de sua vida.

Ouço agora, depois da manifestação do Senador Eduardo Azeredo, a manifestação do Senador João Pedro; logo a seguir, a do Senador Sérgio Guerra. E, posteriormente, a do Senador Jarbas Vasconcelos.

O Sr. João Pedro (Bloco/PT - AM) - Muito obrigado, Senador Marco Maciel. Quero me associar ao registro que V. Exª faz de um homem público, de uma liderança política de Pernambuco e um companheiro de Partido, do PT. O PT perde um homem público forjado, experimentado em várias atividades como homem público, como Governador, como dirigente maior da Infraero no primeiro Governo do Presidente Lula. Quero me associar à fala de V. Exª, que faz este registro por conhecer de perto o Deputado Carlos Wilson. Eu tive oportunidade de conhecê-lo num momento talvez duro da vida dele, mas guardo comigo a versão dele. Participei da CPI do Apagão Aéreo e tive oportunidade de, por duas vezes, dialogar com ele sobre aquela situação. Guardo comigo a certeza e a clareza com que ele prestou informações que ajudaram a formar uma convicção, um juízo sobre a postura do Deputado então Presidente da Infraero. Eu guardo as duas conversas que tive com o Deputado meu companheiro do PT. É interessante que ele não surge no PT; ele surge como homem público, salvo engano, na antiga Arena e fez essa transição. Com certeza, ele vai deixar saudades à sua família, aos seus correligionários e à dinâmica da política do Estado de Pernambuco. Eu quero me associar à justa homenagem que V. Exª faz a um homem público do seu Estado e também do Brasil, porque passou pelo Senado (foi Secretário da Mesa) e ultimamente era Deputado. Eu quero me associar às palavras de V. Exª e dizer que tenho um bom conceito desse político do seu Estado. Parabéns pelo registro que V. Exª faz desse grande homem público.

O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Nobre Senador João Pedro, agradeço e incorporo ao meu discurso o aparte de V. Exª.

Concedo aparte ao nobre Senador Sérgio Guerra.

O Sr. Sérgio Guerra (PSDB - PE) - Sr. Presidente, Sr. Senador Marco Maciel, Srs. Senadores, eu conheci Carlos Wilson Campos na juventude. Fomos amigos nesse período por muitos anos, eu mais político do que ele, porque eu fazia política estudantil e ele não. O Senador Marco Maciel era Presidente da União dos Estudantes de Pernambuco, entidade da liderança universitária pernambucana. Eu fui presidente de uma associação de estudantes secundários no Recife. Carlos Wilson era estudante e companheiro nosso de geração e de muitos divertimentos. Muito tempo depois, Carlos Wilson entrou para a política; eu não fazia política nessa época. Meu irmão José Carlos Guerra tinha sido cassado pelo Ato Institucional nº 5, e Carlos Wilson se elegeu Deputado Federal. Voltamos a nos encontrar, eu na vida civil e ele na vida política. Depois, juntos, no PSB do Governador Miguel Arraes. E, por último, numa disputa para o Senado que fizemos juntos (eu e o Senador Marco Maciel), sendo Carlos Wilson Campos nosso opositor. Na disputa, como era previsível, nós nos afastamos. O Senador Maciel logo confirmou a sua eleição, e nós disputamos a eleição de Senador. Não foi uma campanha fácil; foi uma campanha dura. E depois da campanha continuamos, se não amigos, a nos entender. Nos últimos anos, recuperei a amizade que tinha com Carlos Wilson. Fui um dos que defenderam aqui o Senador Carlos Wilson na chamada CPI que tratava de uma empresa que ele havia dirigido, e o fiz com convicção. Fui um daqueles que compartilharam com ele uma doença extremamente perversa que ele enfrentou como ninguém. Não conheço ninguém entre tanta gente que já conheci e que assisti com problemas graves de saúde que tivesse a capacidade de resistência de Carlos Wilson. Lembro-me de que ele ia ser convocado aqui para prestar um depoimento e eu tomei a iniciativa de dizer que ele não devia vir, porque as condições físicas não ajudavam. No outro dia, na minha casa, ele me repreendeu, dizendo que queria vir, que desejava vir e que não aprovava a iniciativa que tomamos aqui - eu e outros companheiros dele - para que ele não viesse. Desde então, Carlos Wilson contou os dias em que continuou a viver. E viveu com muita intensidade e vontade até que, uns dias atrás, dois ou três meses (não me lembro ao certo), a gente soube que ele estava aqui, na Câmara, se não me engano na eleição de Michel Temer, e ao longo do processo de votação passou mal. Tomei a iniciativa de visitá-lo imediatamente onde ele estava, na assistência médica da Câmara Federal. Já o encontrei muito, muito mesmo, abatido com a doença. Não imaginei que alguém tivesse tanta resistência e vontade a ponto de estar aqui naquele dia para votar numa eleição de Presidente da Câmara com a energia que tinha e pelo amor que tinha à vida. Enfrentou esse tempo todo com sofrimento imenso; dele e da sua família, de Maria Helena, minha amiga e sua mulher, dos seus filhos, dos seus irmãos. Finalmente, cedeu quando já não havia mais força para resistir. Agora mesmo, o Senador Jarbas me dava um depoimento sobre uma frase dramática (tenho impressão de que ele pode expressar daqui a pouco) do seu irmão André, sobre a resistência dele. Foi um homem público de muito valor e tinha uma capacidade de amizade enorme; não somente ele, a família dele toda e até seu pai, Wilson Campos. Eles tinham a imensa capacidade de amizade, de criar e preservar amizades. São, foram e serão sempre generosos. Ele fez sempre uma política de conciliação. Como minha natureza sempre foi a de admirar políticos conciliadores, admirei a atuação política de Carlos Wilson Campos por sua capacidade de conciliação. Não tinha limites para abraçar nem para convergir, e não era daqueles que divergiam com facilidade. Hoje, a palavra do Senador Marco Maciel, que também é um homem público da convergência dos mais destacados que o Brasil tem, traz ainda mais uma luz à memória de Carlos Wilson, que nós honramos, admiramos e respeitamos. Então, eu queria dar uma palavra, como pernambucano, como Senador, como brasileiro, como Presidente do meu Partido, ao qual pertenceu também Carlos Wilson, de solidariedade aos seus familiares e àqueles que sofrem pelo seu desaparecimento.

O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado, nobre Senador Sérgio Guerra, pelo depoimento de V. Exª sobre a vida de Carlos Wilson. V. Exª, que é de uma geração muito próxima da dele, pôde falar de cátedra a respeito dos episódios que marcaram não somente a vida acadêmica mas também a vida pública de ambos. Portanto, quero dizer que o seu depoimento, incorporado ao meu discurso, certamente poderá definir adequadamente o papel que Carlos Wilson desempenhou na política de Pernambuco e também no plano nacional.

Ouço, agora, o nobre Senador Jarbas Vasconcelos e a seguir, finalmente, o nobre Senador Romeu Tuma.

O Sr. Jarbas Vasconcelos (PMDB - PE. Com revisão do orador.) - Meu caro Senador Marco Maciel, quero louvar a iniciativa de V. Exª. Ao que me parece, ontem não estavam presentes nenhum dos Senadores do Estado de Pernambuco aqui no plenário. Eu, por exemplo, só consegui chegar aqui à noite. V. Exª, com sua sensibilidade, toma a iniciativa, nesta terça-feira, de ir à tribuna para reverenciar a figura do ex-Senador Carlos Wilson. Com muita propriedade V. Exª já disse tudo que se tinha a dizer sobre o papel político, o papel de homem e de cidadão que Carlos Wilson cumpriu na vida, complementado pelo belo aparte do Senador Sérgio Guerra, que inclusive concorreu com Carlos Wilson a essa vaga que ocupa aqui no Senado da República. Serei muito breve. O maior patrimônio de Carlos Wilson - e tive oportunidade de dizer isso no velório dele, no último domingo - foi a capacidade de criar um sólido círculo de amizade. Não conheço nenhum político, não conheci no passado e não conheço no presente, que tivesse esta capacidade de aglutinar tantas pessoas, independentemente de coloração partidária, ou posição política ideológica. Ele era uma pessoa afável, que procurava sempre, na missão política ou fora dela, consolidar e ampliar suas amizades. Foi Deputado Federal várias vezes; foi eleito vice-governador de Pernambuco e, depois, assumiu o Governo por onze meses; foi Senador da República; ocupou cargos nos Governos de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e no Governo do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva. Gravemente enfermo, lutou contra a doença durante cinco anos. O que foi marcante nos depoimentos de Carlos Wilson, e o Senador Sérgio Guerra fez referência, foi o que me contou André Campos, seu irmão, no velório no Palácio das Princesas, no último domingo de manhã; André me disse que Carlos Wilson havia afirmado que estava num impasse porque não conseguia nem viver nem morrer e isso estava estrangulando a sua vida. Por aí se tem a dimensão exata do sofrimento, da situação penosa que Carlos Wilson passou e enfrentou. De forma que, quero me associar a essa justa homenagem que V. Exª, sempre com sensibilidade muito aguçada, presta a ele nesta tarde, no plenário, já que não foi possível nem eu, nem V. Exª e nem o senador Sérgio Guerra falar no dia de ontem, segunda-feira. Quero me incorporar e falar da grandeza da personalidade, do caráter, do lado afetivo, carinhoso, de que foi possuidor o ex-Senador Carlos Wilson e deixar aqui o meu abraço fraterno a V. Exª.

O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado, nobre Senador Jarbas Vasconcelos. V. Exª fez realçar, com muita propriedade, o fato de que Carlos Wilson foi uma pessoa que sabia fazer e conservar amigos. Talvez essa fosse uma das suas maiores características, além das qualidades de político. Isso me faz lembrar uma frase de Cervantes, colocada na boca de Sancho Pança, quando disse que “a liberdade era o maior dom que os céus tinham dado aos homens”. Eu poderia fazer uma paráfrase com essa afirmação de Cervantes dizendo que, para Carlos Wilson, a amizade era o maior dom que os céus tinham conferido aos homens, porque ele foi, sobretudo, uma pessoa amiga e soube ser amigo.

E, Senador Jarbas Vasconcelos, eu gostaria também de destacar que V. Exª chamou a atenção para aspectos importantes não somente da vida pública mas também de sua vida privada e das suas relações com Carlos Wilson, que eram muito próximas, posto que estiveram juntos em diferentes momentos da vida política de Pernambuco e também do País.

Ouço agora o Senador Gim Argello.

O Sr. Gim Argello (PTB - DF) - Senador Marco Maciel, querido e eterno Presidente, eu só me atrevi a fazer este aparte a V. Exª porque, da forma como V. Exª falou, eu também conhecia bem o Senador e amigo Deputado Carlos Wilson. Ele marcou a sua passagem porque durante muitos anos foi do nosso Partido, Senador Romeu Tuma, do PTB, e, mais do que isso, pela sua amizade, assim pela amizade de sua senhora, de sua família, pelo jeito de se portar, pelo jeito que conduzia as suas amizades. Durante muitos e muitos anos, tive oportunidade de desfrutar da sua amizade e, por isso, Presidente Marco Maciel, nada mais justo e correto que, V. Exª, que é do mesmo Estado que ele, fazer essa homenagem neste momento, no Senado, para que todos nós possamos lembrar e dizer que perdemos, sim, um grande amigo, uma pessoa de bem, um homem sério, comprometido, acima de tudo, com a democracia e com a República. Como todo bom pernambucano, é um que tem de entrar nos anais da História, dizendo que esse, sim, foi um representante digno, não só do Senado da República, como da Câmara dos Deputados. Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado, nobre Senador Gim Argello, pelo seu depoimento a respeito do conterrâneo falecido, ex-Senador e hoje Deputado Carlos Wilson.

Finalmente, agora, ouço o nobre Senador Romeu Tuma, que deseja também se manifestar sobre o assunto, posto que foi seu colega no Senado Federal.

O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Presidente Maciel, V. Exª na tribuna, com os apartes de Jarbas Vasconcelos e de Sérgio Guerra - os três representantes de Pernambuco - em uníssono, elogiam a amizade e o carinho com que Carlos Wilson conduzia sua vida parlamentar, sua vida pública, sua vida particular, pouco se tem a acrescentar - até porque me parece que o Presidente já está reclamando do tempo. Eu acho que o Carlos merecia mesmo essa homenagem, visto que no dia de seu falecimento era véspera de feriado e não havia, em plenário, na segunda-feira, quase ninguém para fazê-la. E ninguém melhor que V. Exªs, os três representantes de Pernambuco, para relatar a vida de Carlos Wilson desde jovem, que aqui foi, realmente, sacramentada nos apartes e nos discursos de V. Exª. Mas ele era uma pessoa realmente gentil, carinhosa, tinha sempre a alegria no rosto, na fisionomia. Cheguei uma vez a viajar com ele em missão nos Estados Unidos, ele tratando com muito carinho, muita sensibilidade e um afago permanente. Eu estou também pedindo licença a V. Exª para incorporar a sua homenagem a de Robson Tuma, meu filho, que conviveu muito tempo com Carlos Wilson e o tinha como grande amigo. Ele me ligou e pediu permissão a V. Exª para que pudesse citá-lo como uma homenagem também ao Carlos Wilson. Obrigado.

O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE) - Muito obrigado, nobre Senador Romeu Tuma. A lembrança que Robson Tuma tem de Carlos Wilson é notória, a sua família tomará conhecimento por meio da publicação deste discurso. Agradeço a manifestação de apreço e amizade que V. Exª demonstrou pelo ilustre conterrâneo falecido.

Sr. Presidente, ao encerrar minhas palavras, eu gostaria de lembrar - já que Rui Barbosa é o nosso Patrono e está aqui presente nestes nossos debates - que, quando faleceu Machado de Assis, Rui Barbosa foi escolhido pela Academia Brasileira de Letras para expressar o sentimento daquela Casa pela morte de seu fundador. Rui Barbosa, no seu muito bem elaborado discurso conclui dizendo o seguinte: “A morte não extingue, transforma; não aniquila, renova; não divorcia, aproxima.”

A sensação que nós, amigos de Carlos Wilson, temos é a de que a morte não divorcia e nos torna mais próximos, porque nos permite avaliar a sua obra, entender as suas atitudes e compreender que bucou a aspiração de todos os políticos de fazer em favor do seu Estado e do País.

Sr. Presidente, desejo aproveitar o momento para dizer a V. Exª que estou apresentando um projeto de lei que institui o Fundo de Assistência Financeira Emergencial aos Municípios. Esse Fundo está sendo criado tendo em vista as dificuldades que as Prefeituras Municipais estão enfrentando em função dos cortes nas transferências do Fundo de Participação dos Municípios, sobretudo os mais pobres, como os Municípios do Nordeste, que sofrem de forma muito mais contundente, posto que o Governo desonerou de tributação alguns impostos, inclusive o IPI, afetando a transferência de renda para os Estados e sobretudo para os Municípios.

Não vou ler o projeto. A proposta que ora faço se impõe, tendo em vista a crise financeira que vive o mundo, com suas reverberações em nosso País. Tenho certeza de que, por esse caminho, poderemos, assim, mitigar o sofrimento por que passam as administrações municipais, tão afetadas nos cortes ocorridos nas transferências da União para os Municípios, nomeadamente o FPM.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado a V. Exª, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/04/2009 - Página 10584