Discurso durante a 52ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre série de reportagens exibida, semana passada, no Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão, mostrando o universo que se desenvolve no entorno da BR-163, a rodovia que liga Cuiabá/MT a Santarém/PA. Voto de aplauso à equipe da Rede Globo de Televisão responsável pela realização da referida série de reportagens.

Autor
Jayme Campos (DEM - Democratas/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. TELECOMUNICAÇÃO. POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Comentários sobre série de reportagens exibida, semana passada, no Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão, mostrando o universo que se desenvolve no entorno da BR-163, a rodovia que liga Cuiabá/MT a Santarém/PA. Voto de aplauso à equipe da Rede Globo de Televisão responsável pela realização da referida série de reportagens.
Publicação
Publicação no DSF de 16/04/2009 - Página 11386
Assunto
Outros > HOMENAGEM. TELECOMUNICAÇÃO. POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, VEREADOR, PRESENÇA, SENADO, PREFEITO, MUNICIPIO, SANTO ANTONIO DO PINHAL (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP).
  • IMPORTANCIA, NOTICIARIO, TELEJORNAL, EMISSORA, TELEVISÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), EXIBIÇÃO, SITUAÇÃO, CONTRADIÇÃO, COMUNIDADE, ENTORNO, RODOVIA, LIGAÇÃO, MUNICIPIO, CUIABA (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), SANTAREM (PA), ESTADO DO PARA (PA), APRESENTAÇÃO, VOTO, CONGRATULAÇÕES, DIRETOR, JORNALISMO, RESPONSAVEL, EDIÇÃO, PROGRAMA, JORNALISTA.
  • COMENTARIO, PROMESSA, GOVERNO FEDERAL, CONCLUSÃO, OBRAS, ASFALTAMENTO, RODOVIA, LIGAÇÃO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ESTADO DO PARA (PA), MELHORIA, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO AGRICOLA, FACILITAÇÃO, EXPORTAÇÃO, PRODUTO PRIMARIO, REDUÇÃO, PREÇO, TRANSPORTE, AUMENTO, LUCRO, AGRICULTOR.
  • DEFESA, NECESSIDADE, COMPATIBILIDADE, EXIGENCIA, NATUREZA ECONOMICA, REGIÃO, ENTORNO, RODOVIA, PROTEÇÃO, BIODIVERSIDADE, ECOSSISTEMA, GARANTIA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, COMENTARIO, EXPERIENCIA, MUNICIPIO, LUCAS DO RIO VERDE (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ADESÃO, AGRICULTOR, PROGRAMA, PRESERVAÇÃO, MARGEM, RIO, NASCENTE, AUMENTO, VALOR, PRODUTIVIDADE.

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SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes de iniciar o meu pronunciamento, quero saudar também, associando-me ao Senador Eduardo Suplicy, os Srs. Vereadores, o Prefeito José Augusto, que, não tenho dúvida nenhuma, é um grande Prefeito, tendo em vista que prefeito que é reeleito com 79% dos votos eu imagino que tem praticamente o consenso da maioria da cidade que, naturalmente, S. Exª administra.

Mas, Sr. Presidente, eu vim falar hoje em relação à reportagem que a Rede Globo de Televisão fez na semana passada, praticamente por um período de seis dias.

Para se compreender a diversidade socioeconômica do Brasil, basta o olhar sincero e corajoso para o seu interior.

Foi o que fez a TV Globo, na semana passada, ao exibir no Jornal Nacional uma série de reportagens mostrando o universo que se desenvolve no entorno da BR-163, a rodovia que liga Cuiabá, no Mato Grosso, até Santarém, no Pará.

Ao longo dessa estrada, vamos enxergar duas nações: uma próspera e produtiva nos primeiros quilômetros e, mais adiante, uma miserável e devastada. É como se essa rota cortasse o País ao meio, expondo as contradições de uma comunidade que tem um pé no asfalto e o outro na lama.

A BR-163 representa a síntese de uma sociedade que de um ponto de sua trajetória vislumbra, ao mesmo tempo, o futuro com esperança e o passado com ressentimentos. O horizonte aponta para uma região que se destaca como líder na produção de grãos e de proteína animal. Mas a traseira mostra um rastro de destruição do meio ambiente e de equívocos no processo de ocupação desse território.

Nesse aspecto, a reportagem dos grandes jornalistas Júlio Mosquera e Laércio Domingos pode ser considerada irretocável, porque mostra os dois lados da colonização do entorno dessa rodovia, ocorrida nas últimas três décadas. Relata os projetos que alcançaram sucesso, como nos Municípios de Sorriso, Sinop e Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, em contraposição aos piores resultados sociais de uma exploração econômica criminosa da floresta em alguns espaços da estrada, onde colonos foram assentados e, posteriormente, abandonados pelo Governo ou por empresários inescrupulosos.

Mas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é o Brasil que anda a cem quilômetros por hora em alguns trechos e a vinte quilômetros por hora em outros. É o País miscigenado, de pele clara e olhos azuis dos sulistas colonizadores, com a cútis morena de cabelos negros dos homens e mulheres naturais da Amazônia.

Durante vinte dias, os enviados da TV Globo, com apoio técnico da TV Centro América de Cuiabá, percorreram os 1.767 quilômetros dessa via que liga a capital mato-grossense ao Porto de Santarém, no Pará. Mais do que uma expedição jornalística, essa viagem resultou num tratado sociológico em formato de videorreportagem que apresenta as duas faces da comunidade amazônica: uma confiante e segura de seu papel, no percurso pavimentado, e a outra temerosa e descrente do futuro, no trecho sem asfalto.

De qualquer forma, o Governo Federal promete concluir as obras de asfaltamento da BR-163 até 2011, criando, assim, uma nova calha para escoamento da produção agrícola mato-grossense. Com isso, o percurso para exportação de nossas commodities terá uma redução de mais de dois mil quilômetros, barateando o preço do transporte e resultando num acréscimo de R$5,00 por saca de soja no lucro dos agricultores.

Contudo, Srªs e Srs. Senadores, a maior viagem que se empreenderá, daqui por diante, nesta rodovia, será a de compatibilizar as exigências econômicas da região com a indiscutível necessidade de proteger o bioma amazônico da ganância de seus destruidores. Não se pode mais pensar em exploração sem que haja o compromisso com o desenvolvimento sustentado.

Em Lucas do Rio Verde, por exemplo, todos os agricultores aderiram a um programa de preservação das margens dos rios e córregos do Município. Eles não pensam mais em quantidade, mas sim na produtividade de suas lavouras. Com isso almejam garantir o selo verde para seus produtos.

Uma consciência começa a se projetar entre os produtores rurais: a de que a preservação é um componente essencial para sua atividade. A conservação ambiental agrega valor político e econômico ao seu negócio.

Mas, Sr. Presidente, a BR-163 situa-se no entroncamento entre o Brasil moderno e produtivo e um País lento e ancestral. Investir em sua conclusão não significa apenas pavimentá-la, mas sim aprimorar seus aspectos sociais, criando alternativas econômicas sustentadas, transferindo tecnologia e dotando a região de uma infraestrutura compatível com o laboratório humano que se implantou ali. O País deve aos brasileiros que deixaram suas terras no Sul, no Nordeste e no Sudeste para estenderem ao longo dessa estrada, um verdadeiro cordão de unidade e de espírito nacional.

Para nós, da Amazônia e do Centro-Oeste, a retomada das obras da BR-163 é tão importante quanto a transposição das águas do São Francisco para o Nordeste. Porque se lá falta líquido, para nós faltam caminhos.

Mas, Sr. Presidente, valorosos Senadores Eduardo Suplicy e Flávio Arns, eu gostaria de apresentar, nesta noite, o voto de aplauso desta Casa ao diretor de jornalismo da TV Globo, Ali Kamel; ao editor responsável do Jornal Nacional, William Bonner; e aos repórteres Júlio Mosquera e Laércio Domingos, por mostrarem à Nação o Brasil complexo e diferente que sobrevive no entorno da BR-163, um universo paralelo, um território sem retoques e sem truques de edição, um País chamado Brasil.

Portanto, Sr. Presidente, era o que eu tinha a dizer nesta noite de hoje, na certeza de que o Presidente Lula vai, durante o seu período de Governo, dar uma nova perspectiva de vida a milhares de brasileiros que estão morando às margens dessa tão importante rodovia de integração nacional.

Só para recordar aqui e concluir a minha palavra, o Governo Federal, valorosos e competentes Senadores Eduardo Suplicy e Flávio Arns, foi responsável pela implantação dessa rodovia ao dizer, lá atrás, na década de 70, que tínhamos de habitar aquela Amazônia, tínhamos de “integrar para não entregar”. Todavia, hoje, lamentavelmente, milhares de brasileiros estão ali à mercê de políticas públicas, sobretudo no campo social. Falta educação, falta saúde e, acima de tudo, falta uma melhor perspectiva de vida.

Confio no fato de que o Presidente Lula, mesmo não sendo do seu Partido, com certeza vai resgatar o compromisso que vários governos assumiram com a sociedade do Estado do Pará, com a sociedade do Estado do Mato Grosso, e não cumpriram. Entretanto, invocando aqui Rui Barbosa, que dizia, em uma de suas frases, que sonhar todos nós temos o direito, como sonhou D. Pedro I com a Independência do Brasil, como sonhou Juscelino Kubitschek com a construção de Brasília, nós sonhamos que o Presidente Lula possa levar esse investimento para entregarmos e darmos, com certeza, melhores dias àqueles brasileiros que moram ao longo da BR-163.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/04/2009 - Página 11386