Discurso durante a 53ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Satisfação pela publicação da edição 3.000 do Jornal do Senado.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. SENADO.:
  • Satisfação pela publicação da edição 3.000 do Jornal do Senado.
Aparteantes
Leomar Quintanilha.
Publicação
Publicação no DSF de 17/04/2009 - Página 11671
Assunto
Outros > HOMENAGEM. SENADO.
Indexação
  • HOMENAGEM, JORNAL, JORNAL DO SENADO, DISTRITO FEDERAL (DF), SUPERIORIDADE, NUMERO, EDIÇÃO, ELOGIO, TRABALHO, FUNCIONARIOS, VALORIZAÇÃO, INSTITUIÇÃO DEMOCRATICA.
  • ELOGIO, QUALIDADE, CONTRIBUIÇÃO, SENADO, VIGILANCIA, DEMOCRACIA, SAUDAÇÃO, SUPERIORIDADE, AUDIENCIA, TELEVISÃO, RADIO, LEGISLATIVO, LUTA, LIBERDADE, FISCALIZAÇÃO, EXECUTIVO, DENUNCIA, OMISSÃO, GOVERNO, CRESCIMENTO, VIOLENCIA, COMPARAÇÃO, DIFERENÇA, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA.
  • COMENTARIO, PROBLEMA, SENADO, VICIO, ADMINISTRAÇÃO, FALTA, REVEZAMENTO, DIRETORIA GERAL, EXCESSO, CRIAÇÃO, GRATIFICAÇÃO, DIRETORIA, CRITICA, IMPRENSA, DESVALORIZAÇÃO, INSTITUIÇÃO DEMOCRATICA.
  • COMENTARIO, NOTICIARIO, INTERNET, UNIÃO, PRODUTOR RURAL, CONSTRUÇÃO, RODOVIA, ESCOAMENTO, SAFRA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Senador Jefferson Praia, que preside esta sessão de 16 de abril, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, Srªs e Srs. Parlamentares na Casa, não poderia deixar de manifestar aqui a nossa satisfação pela vitória que o Senado conquista hoje, quando o Jornal do Senado entrega ao Brasil a sua edição de número 3.000. Isso sintetiza a grandeza do Senado da República, que nós, todos juntos, fazemos.

         Esta instituição, sem dúvida nenhuma, orgulha-nos, bem como o seu corpo funcional desta Casa, de alta competência; e nos surpreende este Jornal do Senado.

         Às vezes, Senador Jefferson Praia, estamos aqui, entramos pela madrugada, mas às sete horas da manhã, já está circulando o Jornal do Senado. E quero dizer que, ao longo destes anos em que aqui estou, nunca vi uma falha, nunca vi um erro. Ele traduz a competência dos servidores desta Casa. A eles, nossa admiração e gratidão, porque é através deles que chegam aos rincões de todo o Brasil nossas ações.

Efraim, devo muito a V. Exª e a esta Casa. V. Exª foi extraordinário Presidente da Câmara dos Deputados, em momento de transição e de dificuldade. E, com essa experiência, trazida da Câmara Baixa para cá, V. Exª foi um Líder neste Senado, e nos orgulhamos de ter acompanhado essa liderança. V. Exª, aqui chegando, foi quem criou o grupo da Minoria e que o liderou.

Quero dizer que nunca antes, em 183 anos, houve um Senado da República melhor do que este. Podemos dizer: nós fazemos parte dele, cada um com sua vida exitosa. Eu, por exemplo, 66 anos de idade, 42 anos de Medicina, cujas ações são respeitadas na minha cidade, no meu Estado e no Brasil; e também no exercício da política, a que o povo me levou. Não seríamos nós que iríamos, depois de tantos anos de zelo, a cada instante, pela nossa conduta - herança maior que deixaremos aos nossos filhos e aos nossos netos -, aqui, diminuir essa valia. Pelo contrário, achamos que todos nos enriquecemos.

Efraim Morais escreveu aqui uma das mais belas páginas. Este Senado nunca trabalhou às segundas-feiras. Nunca, nunca, nunca - é bom que a imprensa saiba disso; a verdadeira imprensa -, nem às sextas-feiras! Foi o Efraim Morais o responsável por esse despertar. Ele determinou que chegássemos às segundas e sextas-feiras nos horários previstos pelo Regimento. Ele, com a forte liderança que tem, inata, dizia: “Mão Santa, vá presidir”. Éramos eu, o Efraim, o Arthur Virgilio e o nosso amigo de Mato Grosso e grande jornalista Antero Paes. De início, só quatro - realmente, ele tem cabeços brancos, mas tenho alguns anos mais do que ele. Pelo Regimento, era assim; cabia ao mais velho. Paulo Paim queria também, mas ele era Vice-Presidente e era do PT; e para o PT não era bom que isso funcionasse.

Não há dois lugares; aqui é a única resistência democrática. É aquilo que Eduardo Gomes disse: “O preço da liberdade democrática é a eterna vigilância”. Só nós fizemos essa vigilância.

Este País não é Cuba, não é Venezuela, não é Equador, não é a Bolívia, não é a Nicarágua por nossa causa, nós, Senadores. Sua Excelência, nosso Presidente, sabe que, aqui, entendemos - somos pais da Pátria - que a democracia, a maior construção da humanidade, nasceu da insatisfação com o absolutismo, do l’ État c’est moi. O povo foi às ruas e gritou: liberdade, igualdade e fraternidade. Caíram todos os reis. Cem anos para caírem os daqui, mas caíram. Dividiu-se o poder e exigiu-se uma alternância de poder, para que o poderoso não ficasse eternamente, como os reis. Fomos nós quem garantimos essa alternância. Este País vai ter eleições, vai ter alternância de poder graças à nossa existência.

E aqui estamos. Quero dizer o seguinte: a imprensa devia também ver esses valores, os três mil números desse jornal que leva a verdade.

Efraim, essa televisão tem uma audiência tão grande! Ali está o Geraldo Mesquita.

No fim de semana passado, Efraim, estive em Buenos Aires. Gosto muito de Buenos Aires. Sabe por quê? Porque nós - e o Luiz Inácio sabe disto; a imprensa sabe disto - vivemos numa barbárie. Não é uma sociedade civilizada. Bem ali, em Montevidéu; bem ali, em Buenos Aires, você pode sair - está ouvindo, Efraim? Saio de mãos dadas com Adalgisa às 4 horas da manhã. Não tem negócio de bala perdida; não tem negócio de seqüestro; as livrarias estão abertas; há a fraternidade.

Então, esse medo da violência, esse sofrimento das filas dos hospitais, essa escuridão do analfabetismo, essa incompetência do sucateamento da educação, da universidade... Estava lá o Leomar Quintanilha com a namoradinha dele, passeando de madrugada. São tantos brasileiros, mas tantos!

Efraim, dei muito autógrafo. Fui lá naquele Senhor Tango. O dono, que estava no espetáculo, pensava que era... Porque a televisão é acreditada; o povo busca. Eu nunca imaginava! É gaúcho que está lá, é Santa Catarina, é paranaense, é do Piauí, é do Maranhão, e não pudemos viver aqui.

Todo mundo viu na televisão aquele bangue-bangue: Polícia Civil, jornalista deitada na mureta, bem aí, no Rio de Janeiro. Isso, Luiz Inácio, não era assim, não; isso é de agora. Isso é uma vergonha! Nem isso os jornalistas podem dizer e não dizem mais. Disse o Boris Casoy no passado; não diz mais. O Governo amordaçou todos. É CUT, é OAB, é UNE. Mas não é a UNE do meu tempo; não é a UNE que saía cantando: “Vem vamos embora que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora e não espera acontecer”. É esse protesto e essa participação que não vemos mais. A única Casa que ousa lutar pelas liberdades democráticas e frear o Governo que aí está somos nós, e estão aí as pedradas.

Mas a audiência desta televisão, desta rádio AM e FM... V. Exª mesmo já disse. Está aí e o Senado somos nós. Nunca existiram neste Senado melhores Senadores do que nós. Interessante: passei, Efraim, 30 anos numa Santa Casa, num consultório, para vir perder aqui a dignidade. Nós todos...

O Sr. Leomar Quintanilha (PMDB - TO) - Senador Mão Santa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Leomar Quintanilha.

O Sr. Leomar Quintanilha (PMDB - TO) - Permita-me participar do raciocínio de V. Exª? V. Exª começa com uma afirmativa muito interessante, muito importante, que diz respeito à modernização do Senado, que V. Exª exalta, afirmando não existir período melhor de funcionamento do Senado que este. V. Exª talvez tenha razão em fazer esse tipo de assertiva, porque nós verificamos no processo de modernização que o Senado experimenta a forma de estabelecer uma transparência de suas atividades por meio dos seus meios de comunicação - a rádio, a televisão e o jornal. Jornal que comemora hoje uma tiragem extraordinária. Esses meios de comunicação permitem à população acompanhar, em tempo real e com a perfeita exatidão, aquilo que é tratado nesta Casa, as discussões que aqui são travadas, as decisões, as omissões, as atitudes que aqui são tomadas em benefício deste País. V. Exª tem razão: em matéria de comunicação, a decisão do Senado de criar esses meios de comunicação traz uma contribuição extremamente positiva para que a população possa acompanhar, sem comentários e em tempo real, com a exatidão perfeita, na íntegra, tudo o que é aqui discutido. A outra parte do comentário de V. Exª, com que eu também comungo, é de deixar todos nós, brasileiros, estarrecidos com o nível que a violência atingiu neste País. E isso tem muito a ver com a disseminação da droga. Distribuída de forma descontrolada, a droga e o crime cada vez mais convocam a nossa juventude, os nossos jovens ainda em fase de formação do caráter, envolvidos que são pela criminalidade e pela droga, a começar a trilhar os descaminhos da vida. V. Exª traz, nesta tarde, duas discussões, dois temas distintos, mas ambos muito importantes. Cumprimento V. Exª pela decisão.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Nós agradecemos a participação. E V. Exª é testemunha, pois estava, no fim de semana, namorando com a esposa lá em Buenos Aires, já que, aqui, ninguém pode. Quem vai namorar numa praça? A minha cidade, Alvaro Dias, eu não conheço mais. Na casa dos amigos, só há muros altos. Os ricos instalam uma cerca elétrica nos muros; os pobres e médios, cacos de vidro. É esta a barbárie que nós vivemos. Isso não é coisa do passado, não; é de hoje. Existe um culpado: é o cara, é o cara, é o cara-de-pau, que está aí. Esta é a verdade. Não era esta violência, não.

Ô Leomar, eu vou convidar até o nosso Presidente, com a sua encantada esposa, Marisa - ele viaja muito mesmo -, a ir a Buenos Aires. Alvaro Dias, há a Nove de Julho, aquela avenida larga, e as laterais. Uma se chama Cerrito. No encontro da Cerrito com a Santa Fe, há um teatro, que tem uma sessão às 00h45 de sábado para domingo. Quando eu estou por lá, eu vou. Praticamente, uma hora da manhã. Ô Geraldo Mesquita Júnior, aí é mais um show artístico. Acho que os artistas dos outros... Ele contrata e dá esse show. A gente sai umas duas horas, três horas da manhã, de mãos dadas, eu e Adalgisa. Civilização! Ninguém assalta ninguém, ninguém desrespeita ninguém. Não tem negócio de bala perdida. Não tem!

É aqui, é este; é aqui, existe culpado: é este Governo. E a imprensa quer aqui encontrar os bandidos. O que eu vi aqui é claro. Eu, aqui. Nós somos pais desta Pátria. Nunca houve, nem na geração de Rui Barbosa, melhores do que nós, não. Vou já dar o exemplo.

Quer dizer que só os mortos que prestam? Eu vi morrer quatro e desejo que não morra mais nenhum. Peço a Deus. Mas eu vi o povo chorar. Eu vi o Ramez Tebet. Choraram seu Mato Grosso do Sul, suas Três Lagoas, o povo. Vi o Jonas. Eu fui. Chorou até o céu. Choveu, e o povo lá, carregando o caixão. Eu vi Antonio Carlos Magalhães. Choraram Salvador, a Bahia; e ainda choramos. O nosso Jefferson Péres. Está aqui. E somos nós. Por isso que se chamam os pais da Pátria. A inveja e a mágoa corrompem os corações. Está aí o substituto de Jefferson Péres, por quem o Brasil chorou. Tem as virtudes - eu sou médico, estudei muita psicologia - que se equiparam.

Então, somos todos nós, Senadores, assim. Todos nós somos um pouco do Rui Barbosa, que está aí, para defender este País. Não há nenhum aqui sem profissão, não. Não há nenhum aqui que veio se fazer, não. Nós chegamos aqui feitos. Eu vou ensinar como se faz um Senador, Geraldo Mesquita. Eu, foi dando pernada, acreditando no estudo e no trabalho; no trabalho e no estudo, e, de repente, estava aqui. É simples.

O que houve aqui para todo dia a imprensa jogar pedras? Um erro administrativo, que nós, que somos povo... Nós somos muito mais que Luiz Inácio. Luiz Inácio é o nosso Presidente, o nosso querido Presidente. Apenas estou advertindo para a realidade do Brasil. Ele teve sessenta milhões de votos. Nós temos oitenta milhões aqui - eu já somei. Nós somos filhos do voto, do povo, da democracia. Nós vimos chorarem pelos Senadores que partiram. E este País, esta liberdade democrática, somos nós que estamos segurando. Nós não nos vendemos, não nos corrompemos. Houve um erro administrativo aqui, mas houve pela grandeza dos Senadores. Se eu fosse Presidente, teria feito a mesma coisa. Uma pessoa insinuante ficou aí, perpetuou-se. E o continuísmo não é bom. Por isso, nasceu a democracia, com a alternância de poder. Continuou-se aqui um dirigente e houve vícios, como a concessão de gratificações especializadas. E eles mesmos se promoveram diretores. Fizeram um botão, mas o que nós temos que ver com isso?

Estou na Mesa Diretora. Ó Geraldo Mesquita, tenho é trabalhado. Hoje mesmo, oito e meia da manhã, já estava aqui na Comissão de Infraestrutura, presidida pelo ex-Presidente Collor, discutindo transporte, navegabilidade, ferrovias. Depois, na Comissão de Assuntos Sociais, da Rosalba, debatendo a dengue na Bahia. Em seguida, reunião da Mesa Diretora sobre moralização. E é aqui, nesta Casa.

Se Cícero, que os romanos exaltam, dizia: “O Senado e o povo de Roma”, nós podemos dizer: “O Senado e o povo do Brasil”. E estamos aqui.

Às vezes, a imprensa quer nos pegar como boi de piranha. Que negócio é esse? Nós somos os pais da Pátria. E, para mim, qualquer um...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - (...) pode fazer uma CPI lá no meu Município onde fui prefeito; pode fazer uma CPI no Estado que governei e uma CPI aqui. Assim é a vida. Adentra!

Um quadro vale por dez mil palavras. Só Marco Maciel dá grandeza e dá riqueza a esta Casa. É o senhor virtudes, é o senhor decência. Esse homem assumiu 86 vezes a Presidência da República. Atentai bem, nem todos são Marco Maciel, mas nós tentamos nos aproximar. Essa é a verdade.

Alvaro Dias ali, ainda novinho, lançado em Londrina vereador, era o gostosão das meninas...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Jefferson Praia. PDT - AM) - Senador Mão Santa, admiro muito V. Exª, e o povo do meu Estado também, mas peço a V. Exª que conclua. Temos diversos oradores inscritos.

Muito obrigado.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Queremos dizer então, para encerrar, que este é o Senado da República. Está havendo uma mudança tão grande neste País que, graças a Deus, surgiu um blog. O Governo do PT, lá no Piauí, compra tudo. Mas surgem esses blogs. Está aqui, lá do Cerrados: “APAGÃO LOGÍSTICO: Produtores constroem estrada para escoamento da safra”. São os blogs hoje... No Jornal do Senado e nos blogs está a verdade.

É o Governo do PT, das galinhas cacarejadoras. Mas, hoje, o País todo está na violência, está sem estrada, está sem hospitais e sem segurança. Mas ele tem o Senado da República para despertar o povo do Brasil.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/04/2009 - Página 11671