O SR. PRESIDENTE (Marconi Perillo. PSDB - GO) - Há número regimental. Declaro aberta a sessão.

            Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

            A presente sessão especial destina-se a comemorar os 45 anos da Campanha da Fraternidade, de acordo com o Requerimento nº 121/2009, de autoria do Exmº Sr. Senador José Nery e de outros Srs. Senadores e Srªs Senadoras.

            De acordo com a decisão desta Presidência, usarão da palavra os Srs. Líderes ou quem S. Exªs indicarem.

            A Presidência vai conceder a palavra também aos primeiros subscritores dos requerimentos.

            Tenho a honra de convidar para compor a Mesa o primeiro signatário da presente sessão, o Exmº Sr. Senador José Nery. Tenho também a honra de convidar para compor a Mesa o Exmº Sr. Dom Lorenzo Baldisseri, Núncio Apostólico do Brasil. Convido S. Exª Reverendíssima Dom Dimas Lara Barbosa, Secretário Geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB.

           Srªs Senadoras, Srs. Senadores, convidados ilustres aqui presentes, senhoras e senhores, por uma nobre e feliz iniciativa do eminente Senador José Nery e de outros Senadores, o Senado Federal comemora, no dia de hoje, os 45 anos de existência da Campanha da Fraternidade, uma das realizações mais importantes da Igreja Católica no Brasil.

            Promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), desde 1964, com o tema “Igreja em Renovação”, a Campanha da Fraternidade atravessou 45 anos ininterruptos, dedicando-se a diversos temas, como a juventude, a fome, a questão fundiária, a violência, os indígenas, a população carcerária e a família, entre muitos outros importantes temas.

            Sempre realizada no tempo da Quaresma, a Campanha da Fraternidade tem por objetivo chamar não só os católicos, mas toda a sociedade brasileira, em especial os cristãos, à reflexão e, principalmente, à ação sobre temas invariavelmente pungentes da vida social no nosso País. Baseando-se na metodologia do “ver, julgar e agir”, a Igreja convoca todos os homens e mulheres de bem, o que inclui a nós, representantes da sociedade brasileira neste Parlamento, a estudar o tema escolhido e a traçar estratégias de atuação para obter as mudanças necessárias à construção de uma sociedade mais justa e mais solidária, estruturada sobre os valores cristãos.

            Nesta ocasião em que comemoramos os 45 anos da campanha da fraternidade, é preciso destacar a coragem e a determinação da CNBB, entidade que nunca se acovardou, tampouco se omitiu diante das mazelas vividas pela sociedade brasileira, mesmo nos tempos difíceis do período militar. De 1964 a 1985, a Campanha foi realizada todos os anos sem uma única lacuna sequer.

           Este ano, a CNBB nos proporciona uma reflexão sobre um dos temas mais graves, importantes e candentes já enfrentados pela sociedade brasileira: a questão da segurança pública. Com o lema “A paz é fruto da justiça”, a Igreja nos chama; aliás, nos conclama a pensar sobre as raízes da insegurança e da crescente onda de violência que assola as cidades brasileiras, certamente fruto das desigualdades sociais e das discrepâncias regionais, desde as maiores metrópoles até as pequenas cidades, as pequenas comunidades brasileiras.

           Chama-nos, também, a lembrar que a insegurança em que vivemos não é fruto somente da falta de investimento no aparato repressivo dos crimes, mas também, e principalmente, resultado da histórica omissão do Estado brasileiro na universalização da educação e das políticas de inserção social, únicas medidas capazes de oferecer a nossos jovens alternativas viáveis de futuro, e que certamente significam medidas preventivas em relação à violência.

            Por mais importante que seja a estruturação de polícias bem aparelhadas e dotadas de pessoal bem remunerado e bem treinado, e isso é muito importante, a sociedade brasileira jamais se verá livre da chaga da violência urbana, enquanto as organizações criminosas ainda forem mais vantajosas para a nossa juventude do que o caminho da honestidade e da justiça, que só se pavimenta sobre iniciativas concretas de inclusão social.

            O Estado precisa estar mais presente na vida dos cidadãos, especialmente daqueles mais pobres, fornecendo-lhes educação de qualidade e oportunidades de ascensão social, especialmente o emprego. Nessa seara, nós, Parlamentares, temos um papel importante a desempenhar! É bem verdade que muito tem sido feito. Mas ainda há muito o que fazer, e é para isso que estamos aqui!

            Parabéns à CNBB e à Igreja Católica por esses 45 anos de chamado à ação e à reflexão. É por meio de iniciativas como a Campanha da Fraternidade que a sociedade brasileira evolui e proporciona a seus filhos um futuro melhor do que o presente. É assim que deve ser. É assim que será.

            Essa é a mensagem inicial da Presidência do Senado Federal.