Discurso durante a 54ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

A crise econômica mundial e o seu impacto na economia brasileira. Satisfação com a construção da fábrica da multinacional norte-americana International Paper no Município de Três Lagoas/MS.

Autor
Marisa Serrano (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
Nome completo: Marisa Joaquina Monteiro Serrano
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. DESENVOLVIMENTO REGIONAL. SOBERANIA NACIONAL.:
  • A crise econômica mundial e o seu impacto na economia brasileira. Satisfação com a construção da fábrica da multinacional norte-americana International Paper no Município de Três Lagoas/MS.
Publicação
Publicação no DSF de 18/04/2009 - Página 12013
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. DESENVOLVIMENTO REGIONAL. SOBERANIA NACIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, PROVOCAÇÃO, DESACELERAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, IMPORTANCIA, PROGRAMA DE ESTIMULO A REESTRUTURAÇÃO E AO FORTALECIMENTO AO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (PROER), SETOR, PRODUÇÃO, MANUTENÇÃO, ESTABILIDADE, ECONOMIA, ESPECIFICAÇÃO, INDUSTRIA, AGROINDUSTRIA, TURISMO, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), REGISTRO, DADOS, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), INSTITUIÇÃO DE PESQUISA, DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL, CONFIRMAÇÃO, REDUÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO.
  • COMEMORAÇÃO, ABERTURA, MUNICIPIO, TRES LAGOAS (MS), ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), FABRICA, EMPRESA MULTINACIONAL, PAPEL, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), DETALHAMENTO, IMPORTANCIA, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, AMPLIAÇÃO, OFERTA, EMPREGO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), MUNICIPIOS.
  • DEFESA, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL, INCENTIVO, SETOR, PRODUÇÃO, NECESSIDADE, REDUÇÃO, EXCESSO, BUROCRACIA, TRIBUTOS, AMPLIAÇÃO, CREDITOS.
  • REGISTRO, ENTREVISTA, ORADOR, IMPORTANCIA, MUNICIPIOS, ESTADOS, INTERIOR, BRASIL, MANUTENÇÃO, SOBERANIA NACIONAL, FAIXA DE FRONTEIRA, NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL, AUXILIO, REGIÃO.

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SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Sr. Presidente.

Eu queria pedir autorização para falar aqui da bancada, já que operei o joelho e ainda não tenho condições de me manter de pé.

O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - V. Exª tem a autorização da Mesa para falar sentada. Aliás, é uma tradição desta Casa. Bernardo Pereira de Vasconcelos também só falava sentado, porque não tinha condições de falar de pé.

A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS) - Mas eu espero que na próxima semana, Sr. Presidente, eu já esteja em condições de acompanhar os meus companheiros.

O SR. PRESIDENTE (José Sarney. PMDB - AP) - São os votos também nossos, de que rapidamente a senhora se recupere totalmente.

A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS) - Obrigada, Sr. Presidente.

Mas, Sr. Presidente, Srs. Senadores, ao que tudo indica, já é um fato consumado que a crise econômica mundial terá, em nosso País, um impacto relativamente menor do que em outros países do mundo, principalmente Japão, Estados Unidos. Mas eu tenho certeza de que esse impacto também não vai ser nenhuma marolinha.

Parte dessa, digamos, blindagem que conseguimos interpor entre nós e os efeitos mais nocivos da crise se deve, sem sombra de dúvida, à natureza do nosso sistema bancário e financeiro.

As aplicações preferidas dos nossos banqueiros, investidores eram, e continuam sendo, bem menos voláteis do que as preferidas pela América do Norte e pela Europa.

É importante destacar que hoje críticos ferrenhos ao Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional, o Proer, lançado em novembro de 1995, ainda no primeiro governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, se beneficiam e se vangloriam da estabilidade do nosso sistema financeiro.

Naquela época, o Proer teve como objetivo responder à nova realidade advinda do Plano Real e promover o enxugamento do sistema financeiro através de fusões de bancos, bem como aquisições, reorganizações societárias e reestruturação de instituições financeiras.

Porém, Sr. Presidente, quero acreditar que a economia brasileira - não só em relação à crise, mas como um todo - tem uma enorme dívida com nosso setor produtivo.

Nossa indústria, nosso comércio, nosso agronegócio, nosso turismo, enfim, o setor produtivo brasileiro merece nossos mais efusivos cumprimentos pela capacidade de trabalho e pelo empenho demonstrado nos últimos anos.

Contra todas as dificuldades impostas pela excessiva carga tributária, pelo excesso de burocracia, pela competição interna e externa, pelas dificuldades de acesso às inovações tecnológicas - e aí fico triste com o corte que houve no nosso Ministério de Ciência e Tecnologia; isso é vital para sairmos da crise - com tudo isso, o empresariado brasileiro ainda consegue se superar e manter um excelente nível de qualidade e competitividade.

Em meio à onda recessiva que ataca as principais economias mundiais, o saldo comercial brasileiro foi positivo em US$749 milhões na segunda semana de abril.

Essa reação é fundamental para que a indústria brasileira neutralize o quanto antes as pesadas perdas acumuladas nos últimos seis meses, que chegam a R$25 bilhões, segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.

Em fevereiro deste ano, segundo o IBGE, o valor real da folha de pagamento da indústria voltou a crescer, após quatro meses de quedas sucessivas, e registrou alta de 1,9% tanto em relação a janeiro deste ano quanto em relação a fevereiro de 2008.

Em relação ao turismo, o Congresso Nacional aprovou, em dezembro do ano passado, R$60 milhões no Orçamento que se somarão aos recursos orçamentários dos Estados e Municípios já reservados ao setor em cada Unidade da Federação. Recentemente, desta tribuna, fiz um discurso sobre o potencial turístico do País e em especial do meu Estado do Mato Grosso do Sul. Como todos sabem, o turismo é uma das fontes de maior geração de emprego e renda para um País. Alguns países da Europa vivem quase que exclusivamente do turismo.

No agronegócio, embora o campo tenha cortado mais de 150 mil vagas de trabalho nos últimos seis meses e as exportações do setor tenham registrado queda de 9,4% no primeiro trimestre, nem todas as notícias vindas da agropecuária são ruins.

           Em resumo, o setor produtivo brasileiro vem absorvendo bem o impacto da crise econômica mundial e é, sem dúvida, um dos grandes responsáveis pela forma relativamente tranquila com que o Brasil tem enfrentado esses tempos difíceis.

           Srs. Senadores, no Estado de Mato Grosso do Sul - para ficarmos apenas em um exemplo relativo ao Estado que eu tenho a honra de representar aqui no Senado Federal -, o empresariado está mais ativo do que nunca, o que tem beneficiado visivelmente a economia da região, em que pese aos entraves nacionais a que já me referi aqui e aos entraves da economia estadual também, principalmente ligados à área econômica e tributária.

No fim do mês passado, eu recebi uma correspondência bastante significativa a esse respeito. Chegou a meu gabinete, Sr. Presidente, uma do Sr. Máximo Pacheco, presidente executivo da empresa International Paper do Brasil.

A International Paper, para quem não sabe, é uma multinacional norte-americana com mais de um século de existência e que iniciou suas operações no Brasil há 50 anos, com a aquisição de fábricas de papel que já existiam no País - estratégia, aliás, que a International Paper sempre adotou em relação à expansão de suas filiais em todo o mundo.

Isso mudou com a construção da fábrica da empresa em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. Trata-se, Sr. Presidente, da primeira fábrica da International Paper que ela constrói fora dos Estados Unidos desde 1898. Então, quase um século, é a primeira vez que ela constrói uma nova fábrica.

E eu recebi as primeiras resmas de papel A4 que a empresa de Três Lagoas começou agora a produzir.

Além desse ineditismo que marca sua constituição, a fábrica de Três Lagoas é a unidade mais moderna da International Paper no mundo, com capacidade para produção de 200 mil toneladas de papel por ano.

Tive a honra de receber, como disse, o resultado da primeira produção da International Paper em Três Lagoas.

Mais do que um simples conjunto de folhas em branco, acredito que essa resma tem significado muito maior. Ela representa, antes de tudo, a confiança de uma grande multinacional, uma das 100 maiores empresas do mundo, na força da economia brasileira e na capacidade de trabalho de seu povo, especialmente do povo sul-mato-grossense.

Foram investidos, na construção da fábrica de Três Lagoas, cerca de US$300 milhões - um aporte espetacular para a economia do meu Estado.

A fábrica gerou mais de 230 empregos diretos e 100 empregos indiretos, pelo menos. Sua construção, por sua vez, gerou mais de dez mil empregos diretos e a mesma quantidade de indiretos.

O pleno funcionamento da unidade de Três Lagos da International Paper deve representar um aumento de 300% no PIB do Município, de 13% no PIB do Estado do Mato Grosso do Sul e de 0,15% no PIB brasileiro.

Na esteira da construção da nova fábrica, no mínimo 15 grandes e médias empresas devem instalar-se na região no curto prazo, prestando serviços relacionados à fábrica e gerando mais emprego e mais renda para Três Lagoas e para os Municípios vizinhos.

Isso sem mencionar as dezenas de empresas que serão beneficiadas por prestarem serviços e fornecerem produtos à International Paper e às empresas relacionadas.

Em suma, Srs. Senadores, usei o exemplo da nova fábrica da International Paper como um modelo do que eu reputo como o espírito empreendedor do brasileiro e da força da nossa economia, que é capaz de, cada vez mais, atrair negócios como esse. Aliás, Três Lagoas, que fica na beira do Rio Paraná, na divisa com São Paulo, cidade do nosso querido e saudoso Senador Ramez Tebet, está se industrializando com rapidez e se tornando uma cidade extremamente atraente para uma diversidade enorme de negócios.

São iniciativas assim, Sr. Presidente, que reafirmam a força do nosso setor produtivo e renovam a nossa esperança e a nossa confiança na capacidade empreendedora de nosso empresariado. Eu fico aqui imaginando do que seríamos capazes caso uma política nacional que efetivamente incentivasse o empreendedorismo fosse levada a cabo no Brasil - com simplificação da burocracia, com redução da carga tributária, com estímulo ao crédito, entre outras maneiras similares.

Não é só incentivando áreas pontuais, sem um programa global para o setor produtivo que conseguiremos atravessar essa crise, mas principalmente sobreviver após ela num mundo financeiro que ainda não sabemos bem como será.

Assim, para gerar riquezas, emprego e renda, é necessário que todos nós incentivemos os empreendedores do País, grandes ou pequenos, das grandes cidades ou dos pequenos Municípios, para que a população brasileira tenha oportunidades para crescer e veja perspectivas reais para o futuro.

Sr. Presidente, eu quis fazer este discurso de hoje principalmente para dizer ao povo da minha terra, especialmente de Três Lagoas, que V. Exª conhece - esteve lá num dia em que eu estava também muito triste pela morte do Senador Ramez Tebet; era a terra querida dele, ele lutou tanto por Três Lagoas -, para dizer que Três Lagoas hoje é o nosso portal do desenvolvimento. É a cidade de Mato Grosso do Sul que mais se industrializa. E só a construção dessa empresa em Três Lagoas e das inúmeras empresas que estão chegando lá nos dá a certeza de que o povo sul-mato-grossense terá dias melhores.

Quero dizer que não é só na indústria, como eu disse aqui, mas o meu Estado cresce no turismo, na agricultura e no agronegócio, que é a base fundamental da economia do meu Estado. Mas é um Estado que olha para o futuro, mesmo que, e apesar de que, o Governo brasileiro tenha se voltado muito para o Atlântico, para as grandes cidades, que ficam sempre ao lado do nosso mar, do nosso oceano, do nosso litoral, e às vezes se esquecido dos nossos Estados que estão lá na fronteira garantindo a nossa soberania nacional, garantindo a vida de milhões de pessoas que estão aí, mais de três milhões de pessoas que moram nas cidades que fazem divisas com países.

E ontem eu estava dando uma entrevista em que dizia que raramente o povo brasileiro sabe que nós temos dez Municípios brasileiros que são bifronteiriços, dez Municípios que não fazem fronteira só com um país, mas fazem fronteira com dois países. E o senhor imagina, Sr. Presidente, quais são os problemas advindos de um Município que tem fronteira com um país que tem uma forma de ver o mundo, um governo que tem uma linguagem diferente, leis diferentes, que age de forma diferente, e a metade do seu Município - que é outro - e faz fronteira com outro país, com outras idéias e outras formas de viver.

Isso não e fácil. É difícil, mas eu tenho certeza de que o meu Estado, Mato Grosso do Sul, sendo um Estado fronteiriço - eu que vim lá da fronteira... Tudo isso que eu coloquei hoje aqui sobre Três Lagoas é justamente para mandar um abraço enorme a todos aqueles que trabalham na indústria, no agronegócio, no turismo, no comércio e que fazem o crescimento deste nosso País.

Muito obrigada.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/04/2009 - Página 12013