Discurso durante a 54ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Retrospectiva da vida política nacional, momento que comemora o milésimo discurso proferido por S.Exa. no plenário do Senado Federal.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. SENADO.:
  • Retrospectiva da vida política nacional, momento que comemora o milésimo discurso proferido por S.Exa. no plenário do Senado Federal.
Aparteantes
Garibaldi Alves Filho, Geraldo Mesquita Júnior, Heráclito Fortes, Jorge Afonso Argello, João Durval, Marisa Serrano, Romero Jucá.
Publicação
Publicação no DSF de 18/04/2009 - Página 12016
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. SENADO.
Indexação
  • COMENTARIO, BIOGRAFIA, ORADOR, FORMAÇÃO, CIRURGIÃO, DETALHAMENTO, TRABALHO, ESTADO DO PIAUI (PI), ESTADO DO MARANHÃO (MA), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), REGISTRO, INICIO, VIDA PUBLICA, PARTIDO POLITICO, MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (MDB), ELOGIO, ATUAÇÃO, JOSE SARNEY, PRESIDENTE, SENADO.
  • ELOGIO, HISTORIA, SENADO, IMPORTANCIA, CONSOLIDAÇÃO, DEMOCRACIA, BUSCA, ETICA, FISCALIZAÇÃO, EXECUTIVO, JUDICIARIO, DEFESA, CONTROLE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, NOMEAÇÃO, MINISTRO, NECESSIDADE, MANUTENÇÃO, IGUALDADE, PODERES CONSTITUCIONAIS.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DIVULGAÇÃO, COMEMORAÇÃO, ORADOR, SUPERIORIDADE, NUMERO, DISCURSO, HOMENAGEM, PEDRO SIMON, SENADOR, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, BUSCA, ETICA, PERIODO, TENTATIVA, DIFAMAÇÃO, REPUTAÇÃO, SENADO.
  • AGRADECIMENTO, DIRETOR, GRAFICA, SENADO, PRODUÇÃO, LIVRO, BIOGRAFIA, VIDA PUBLICA, ORADOR.
  • COMENTARIO, NUMERO, DISCURSO, APRESENTAÇÃO, DETALHAMENTO, NORMAS, CONDUTA, POLITICO, UTILIZAÇÃO, MODELO, ATUAÇÃO, PEDRO SIMON, SENADOR, DEFESA, RESPEITO, POPULAÇÃO, CONTROLE, GASTOS PUBLICOS, PRIORIDADE, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, SOCIEDADE, BUSCA, VERDADE, MANUTENÇÃO, CONFIANÇA, ELEITOR, DIREITOS, IGUALDADE, TRATAMENTO.
  • QUESTIONAMENTO, COMPETENCIA, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL, CANDIDATURA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Presidente José Sarney, que preside esta reunião de sexta-feira, 17 de abril do ano de 2009, parlamentares, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado.

Presidente José Sarney, eu e o Brasil temos aprendido muito com V. Exª. Hoje, faço - Deus me permitiu - o milésimo pronunciamento nesta tribuna. Senadora Marisa, nesta tribuna tombou aquele que muito me ajudou a entrar na política, um médico, ex-Governador do Estado, rotaryano, cirurgião como eu: Dirceu Mendes Arcoverde.

Presidente Sarney, V. Exª interpreta as coisas e diz que Deus as encaminha. Nunca desejei, nunca quis, nunca pensei em ser Deputado Estadual no Piauí. Eu queria ser prefeitinho da minha Parnaíba, que V. Exª conhece, adora e por quem é adorado. Meu mundo era estar nos braços de Adalgisa, parnaibana. Formei-me em Fortaleza, no Rio de Janeiro fiz pós-graduação e, em Buenos Aires, comprava livros espanhóis na livraria El Ateneu - havia poucos livros brasileiros. Tenho quarenta e dois anos de médico. Sobre Parnaíba, eu diria como Sêneca, como eu ouvi V. Exª falar de Pinheiro, no Maranhão. O Sêneca e o Sarney me ensinaram a amar a terra natal. O Sêneca, filósofo que educou tantos reis e sábios, não era nem de Atenas nem de Esparta, era de uma cidade pequena, e ele dizia: “Não é uma cidade pequena, é a minha cidade”.

Então, o meu mundo era aquilo, e eu queria ser prefeito de Parnaíba. Fortaleza, Rio - cada ano eu ia me atualizar - e Buenos Aires, para onde ia com a minha Adalgisa. Em Teresina, não estava...

Mas este homem, Dirceu Arcoverde, precisou ser Senador da República - Sarney, é o destino -, e era contra Alberto Silva. E Alberto Silva foi uma figura muito dinâmica, muito carismática, muito forte, foi um prefeito extraordinário. De repente, o Dirceu apelou: “Mão Santa, eu estou é lascado!” Foi. Eu era amigo dele, era cirurgião. O senhor sabe como é.

Em Parnaíba, que é o segundo colégio eleitoral, não teria nada. Só tinha uma emissora, e era dos Silva. Empresário muito distinto, deu o poder político ao Dr. Lauro Correa - essas forças que o político tem, essas nomeações, os DAS. Eu era amigo dele, mas não sabia nem o que era DAS, não queria um DAS, eu queria era operar na Santa Casa de Misericórdia de Parnaíba, esse era o meu desejo.

Sarney, eu recebi convite para vir para o hospital do Ipase aqui. O cirurgião era até do Estado do Maranhão, Serrão. Insistiu. Recebi convites para dirigir Petrolina, para ficar em Fortaleza, mas eu fui porque quis. Eu não sei, nunca soube o que é desemprego, era fila de convites de emprego. Eu comecei a saber quando entrei na política.

Sarney, nós fomos unidos muito antes: meu pai é maranhense, o pai de Adalgisa é maranhense.

Eu sei que outro dia fui entrevistado pelo CQC, Sarney. Eles queriam bater em V. Exª. Quando eu vinha de lá para cá, obediente à nossa encantadora Secretária Executiva, Cláudia Lyra, para, às 14h, conforme determinação de V. Exª, iniciar a sessão, fui chamado por eles. Olhei e vim andando, mas eles disseram logo: “O Presidente Sarney aí só é de governo, só foi de governo a vida toda”. Eu disse: “Não, vocês estão enganados, meninos. Essa televisão aí é fraquinha, é pequenininha a televisão. Ele enfrentou os Diários Associados de Assis Chateaubriand”.

Deus me permitiu estar lá, assistir àquela página vergonhosa da nossa democracia. Renunciou todo mundo a mando de Governador, de PSD, bateu uma eleição... Hoje não há carnaval fora de época? Pois lá era eleição fora de época. Eu era menino e não entendia aquilo. Mas o Sarney votou contra Assis Chateaubriand, contra as forças do governo e os Diários Associados. Eu quero dizer algo a este Brasil, quero testemunhar o que vi.

Olha, de repente, chega a São Luís do Maranhão um avião cheio de propaganda de Assis Chateaubriand. A juventude, então, queria sabotar o plano, mas não tinha recursos. O Sarney conseguiu um caminhão para ir lá e, com a juventude, pegaram, reagiram. E votou numa mulher, numa professora - não sei o nome. Então, ele teve coragem de combater os Diários Associados, que eram muito fortes. Há até um livro sobre o rei Chatô. Quem foi à Inglaterra viu, na embaixada, como todo mundo se curvava a Assis Chateaubriand. O Sarney não se curvou. E ele foi, e foi.

Aí disseram: “mas isso e aquilo...” Eu disse: “você está por fora. Ele era lá da banda”. “Ele tinha banda de música?”. “Moço, você tem que estudar história. O maior oposicionista foi uma tal de UDN, de Carlos Lacerda”. E ele era dela. Eu não sei o que ele tocava, mas ele era da oposição lá, era dessa tal banda. Como hoje existem “os autênticos” do PMDB, havia um grupo que era chamado de “banda”, tinha esse negócio da banda de música.

Aí, esperto, eu fui entrando, não parei, viu, Sarney? Eu disse: “A Cláudia Lyra está ali, moço. Eu tenho que começar a sessão” - para não parar. Aí, quando adentrava o plenário, ouvi: “Mas ele está velho, está ali e não sai. É todo o tempo no governo”.

Eu disse: “olha, mais velho do que ele, estava ali o Rui Barbosa. E todo mundo passou - foram 32 anos - e todo mundo é agradecido. Ninguém fez mais pela democracia do que Rui Barbosa”. Então, isso é o Presidente Sarney.

Mas, Presidente Sarney, sem querer, V. Exª é responsável por este meu milésimo discurso. Vou dizer como, Marisa.

Foi dura a vida do Sarney. Eu, muito novo, já o admirava. Depois, de branquinho, também. Olha, ele andava nas canoas, Heráclito, daquele delta, buscando voto nos Araioses, na Tutóia. Talvez ele não se lembre, mas, uma vez, ele estava jantando na beira-rio, no Cabaninha, aí eu me aproximei e conversamos. Ele era um pouco mais novo - parecia o Clark Gable -, e eu, aprendendo ali. Mas ele enfrentou as águas do delta do rio para buscar voto. Mas, Sarney, o destino é surpreendente. Eu não sou Mão Santa não, mas foi lá no Maranhão que começou esse negócio, esse apelido.

Marisa, médico da Santa Casa, vim bem formado mesmo. Minha família me deu todas condições. Não é mérito meu não, é da minha família. Não me faltou livro, fiz estágio onde quis, aprendi mesmo. O diretor era maranhense. Aliás, o Maranhão tem de prestar uma homenagem a Cândido Almeida Athaíde. Ele, de repente, fora convidado para Barro Duro, Tutóia, Sarney, para ser patrono de um posto do Funrural.

Hoje, fico pensando se ele pensou que eu fosse representá-lo. Eu fico assim pensando. Dr. Cândido, experiente. Olha, ele que trouxe ao mundo Reis Velloso; foi o parteiro de João Paulo dos Reis Velloso, que há poucos dias esteve com V. Exª. Então, eu fico a imaginar: meu pai era maranhense, Dr. Cândido. Ele pediu que eu o representasse em Barro Duro. E fico imaginando por que, Senadora Marisa Serrano, ele andava em um teco-teco bem pequeno, daqueles que havia lá.

E ao Delta, eu, recém-chegado do Rio de Janeiro, graduado, fui com o anestesista, Dr. Joaquim Narciso, com uma freira e um pastor. O Maranhão é agradável: Barro Duro. Olha, naquele tempo de fartura, comia-se, bebia, Sarney. Quatro horas da tarde, o dono disse: acabou; vamos para a inauguração. Fui, e fiquei até chateado. Eu era novo, Geraldo Mesquita, suspenderam a cerveja. Eu fui, Sarney, mas no Maranhão a turma discursa mais do que no Piauí. Era discurso de Presidente de Câmara, de vereador, de deputado e não sei quem de sindicato, e eu ali. Aí foi falar o presidente do sindicato, e eu estava representando o patrono do posto do Funrural, em Barro Duro, na Tutóia.

O Presidente olhou para mim - sabia o nome, sabia o nome do Dr. Cândido - e disse: “E esse doutor? Doutor das mãos santas que me operou e eu estou aqui?” Eu nem sabia que tinha operado o homem. Naquele tempo, Sarney, chegavam na rede, na canoa, nos ombros, na Santa Casa, e os motoristas deixavam o doente no balanço da minha casa.

Eu acordava, botava e levava para a Santa Casa. Ele tinha sido um desses, com uma hérnia estrangulada, eu tirei um metro de intestino.

E ali estava o anestesista, mais inteligente do que eu, mais competente, Joaquim Narciso - está no céu. Quando eu voltei, havia muitas enfermeiras, porque o Dr. Cândido pegava aquelas moradoras da Tutóia, conterrâneas dele, e levava para a Santa Casa, Sarney, e vestia de branco para dar oportunidade de elas estudarem num meio maior. E as irmãs diziam aos pobres: “Não, o Dr. Cândido está cansado, está velho. Quem vai lhe operar é o doutor das mãos santas, um novo.” Ficava só nessa brincadeira.

Aí, entramos na política. Perdi um bocado de votos para ser deputado estadual. Fui o segundo mais votado, da primeira vez. Dessa vez que o Dirceu me convidou para ajudá-lo, foram anuladas porque não valia apelido. Aí, eu passei para o quarto. Mas aí o Presidente Sarney criou uma lei - olha aí -, segundo a qual apelido valia. Não foi V. Exª? Sarney não é o nome dele não.

O meu mais honroso nome, Marisa, é quando me chamavam Chico do Joaiz. Olha o Chico do Joaiz! O Chico do Joaiz era o meu pai, maranhense, irmão do Jaime, seu eleitor, da Anica, Ana Maria, sua aluna, fervorosa do Direito. Então, eu era o Chico do Joaiz, o senhor era o Zé do Sarney. O pai dele que era Sarney. Mas eu sei que ele fez essa lei e, daí por diante, eu também fui beneficiado. E, naquele tempo, não tinha essa máquina, eram três nomes: Dr. Francisco, só os que me conheciam na cidade; o nome da família “Moraes Souza”; e o terceiro, Mão Santa e o povo.

Às vezes, Sarney, aparecia voto lá no Maranhão porque eu operava e pedia para Mão Santa. No Ceará, ali no chavão. Essa é a história.

Mas o que tem aqui a ver aqui com mil discursos. V. Exª escreve livros, é internacional. Gosto mais do Saraminda. Mas tem quem goste do Os Marimbondos de Fogo, de O Velho e o Mar, as poesias, mas Saraminda, para mim, é o melhor. Para mim.

Heráclito, você já leu Saraminda?

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Não.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Olha, olha, o bicho é androgênico.

Sarney ainda não conseguiu fazer um filme de Saraminda, não. Mas fez um artigo, ele que tem uma coluna semanal, de vez em quando eu leio...

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - V. Exª leu Os Marimbondos de Fogo

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Ainda não. Vai ser a fama.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Empate.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Empate.

Também empate a nossa admiração pelo Presidente Sarney.

Então, Sarney escreveu um artigo - ele acordou de madrugada, foi na sua biblioteca e começou a ver oradores do Senado da República, rememorou os grandes oradores, os grandes, fez sua interpretação sobre os grandes oradores: Rui Barbosa, Carlos Lacerda, Afonso Arinos. Lembra-se do Afonso Arinos: “Será mentira a viúva? Será mentira o órfão? Será mentira o mar de lama?” Olha como é forte esta tribuna! Getúlio desistiu da vida. Após esse discurso...

Mas o Sarney disse: “Hoje o Senado vive pela coragem, pelo estoicismo e pela vibração dos pronunciamentos de Mão Santa.”

Sarney, aquilo me deu entusiasmo. Talvez V. Exª não se lembre. O senhor terminou isso.

Então aí vão... Mas o milésimo...

A Srª Marisa Serrano (PSDB - MS) - Um aparte, Senador?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu vi o Pelé fazer mil gols. Eu acho isso muito mais importante do que o futebol. Ele ofereceu às crianças. Que beleza! Outro dia o Romário ofereceu às crianças.

E este aqui eu também tinha que oferecer a alguém. Deus escreve certo por linhas tortas. Este é o melhor Senado da República do Brasil em 183 anos.

Interessante que ontem eu dizia aqui, Sarney: 66 anos de vergonha, de dignidade, de trabalho, de caridade, de vitórias, de lutas, de sofrimento. E chegamos aqui para perder a vergonha, para sermos desmoralizados como querem nos desmoralizar. Nunca houve na história um Senado como o nosso. A mim e a cada um... Podem fazer uma CPI na minha cidade, no meu Estado, que eu governei, e aqui... Nós somos vidas limpas. Se Cícero dizia “o Senado e o povo de Roma”, eu posso dizer, nós podemos dizer, “o Senado e o povo do Brasil”, que nós representamos.

E eu vou dar um conselho de como é que se chega aqui. Eu cheguei de maneira simples, com a minha crença em Deus, no amor, no estudo e no trabalho. Estudando e trabalhando, estou aqui. É esse o caminho.

Com o aparte a Profª Marisa.

A Srª Marisa Serrano (PSDB - MS) - Obrigada. Senador Mão Santa, quero primeiramente parabenizá-lo pelos mil discursos que V. Exª celebra hoje. Isso não é fácil. V. Exª tem dado a este País a idéia de uma pessoa culta que é V. Exª. E V. Exª lê muito, é difícil não o vermos lendo um livro. V. Exª tem uma memória prodigiosa e, principalmente, tem coragem de estar sempre na tribuna conversando com a população, não só do seu querido Piauí como também do povo brasileiro. Quando V. Exª fala da sua cidade Parnaíba, é como Fernando Pessoa cantando o córrego da aldeia dele, que era tão importante, porque era da aldeia dele. Não importava os grandes, a Europa, América, Tejo, Lisboa, não importava. Importava a sua aldeia. E fico muito feliz, porque o Brasil inteiro reverencia V. Exª, pela força, pela coragem, pela luta, pelo seu Estado. Sei que V. Exª fez um discurso, ontem ou anteontem, não me lembro, preocupado com o baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Piauí. Mas tenho certeza, Senador Mão Santa, que o povo da sua terra o reconhece., sabe o quanto V. Exª trabalhou, o quanto V. Exª fez para que o Piauí não fosse um Estado que desse a preocupação que está dando a todos os brasileiros, que fosse um Estado que pudesse oferecer a todos os seus habitantes de lá uma vida mais digna, uma vida melhor. V. Exª tem feito isso a vida toda. E diz aqui como V. Exª começou e por que V. Exª tem essa alcunha de Mão Santa. Porque estava junto do povo, ajudando o povo, trabalhando ao lado, enfim, estendendo a mão para o povo que tanto ama. Portanto, quero parabenizá-lo. Dizer que os mil discursos que V. Exª fez deve, hoje, ser motivo de alegria e de orgulho para todos nós. E que Deus continue iluminando-o para que V. Exª continue aqui nos dando as aulas não só de história, de filosofia, mas principalmente de qualidade de vida e de vida que V. Ex tem dado para todos nós. Parabéns.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - V. Exª enriquece o nosso pronunciamento. E V. Exª representa as professoras do Brasil, que ninguém mais do que eu admiro. Todos os dias eu durmo abraçado com a minha professora Adalgisa. Ela é professora.

Ó Sarney, a Folha de S.Paulo é enriquecida com a coluna de V. Exª. Até isso ela comentou, atentai:

         O loquaz Mão Santa (PMDB - PI), fará hoje o seu milésimo discurso na tribuna do Senado. O feito histórico do peemedebista ‘não contabiliza os apartes em relação aos seus pares’. Para a data especial, ele preparou uma homenagem ao colega Pedro Simon (PMDB - RS), a ser proferida em forma de decálogo.

Então, o Pelé eu vi, no Maracanã. Ele oferecia às criancinhas. Que beleza, Geraldo Mesquita! O Romário, a crianças deficientes. Que sensibilidade! E eu, ao Pedro Simon. Justamente quando se quer atacar este Senado, surgem figuras como Pedro Simon, que não esperava isso.

Mas eu queria mesmo, a minha intenção era oferecer essa oportunidade que eu tive de convivência com homens ilustres que nos formaram. Eu vim do Piauí, onde aprendi a grandeza de Senadores, como Petrônio Portella. Sarney, eu estava do lado de Petrônio Portella quando fecharam este Congresso. Isso é forte, meninos que querem atirar pedras; jornalistas incautos que querem acabar com esta instituição, que Eduardo Gomes sonhou e pregou, ele que combateu a ditadura. Eduardo Gomes disse: “O preço da liberdade democrática é a eterna vigilância”. Nós somos essa eterna vigilância.

Se este valoroso Senado não existisse, nós seríamos hoje a cópia de Cuba; da Venezuela do Chávez; do Equador do Correa; da Bolívia do Morales; do Paraguai do Lugo; e da Nicarágua. Se este País permanece na democracia é porque aqui nós entendemos disso. Se este País não deixou um partido só dominar o Poder Executivo, cujo Presidente da República, sem culpa, nem a Constituição - mas ela foi feita para que o Presidente tivesse um mandato - já nomeou sete de onze e vai nomear mais dois...

Não poderia o PT... O PT! Entendemos nós - e esta campanha foi iniciada por Geraldo Mesquita e por mim - que na democracia tem que haver o equilíbrio. Não poderíamos entregar esta Casa ao PT, para salvaguardar a divisão, a equipotência e a democracia. Daí fomos buscar este nome, este nome que é mais do que PMDB, este nome que transitou como Moisés atravessou o Mar Vermelho no momento mais difícil da democracia.

Eu vi, minha gente, o país-irmão, a nossa segunda pátria, a Argentina, chorar a morte de Alfonsín. Esse é o pai da pátria, eu vi isso no cemitério. O Sarney foi isso aqui na transição democrática. Tancredo se imolou. Deus designou o Presidente Sarney, e nós vivemos uma democracia. Então convencemos, eu e Geraldo Mesquita, que este seria o melhor momento desta história. E nós estamos vivendo.

E eu queria dizer que queria o privilégio que tive de conviver com Petrônio Portella, que presidiu esta Casa com grandeza. Eu estava do lado de Petrônio Portella, Heráclito Fortes, quando fecharam o Senado da República. E a imprensa, que foi liderada por um piauiense, Carlos Castello Branco, foi a Petrônio para saber o que significava isso. Geraldo Mesquita, eu estava ao lado dele. Petrônio só disse uma frase: “Este é o dia mais triste da minha vida”. Eu aprendi ali que autoridade é moral, Sarney, autoridade é moral, autoridade é moral. “Este é o dia mais triste da minha vida”. Aquilo saiu, ecoou, chegou aos generais que governavam, e eles mandaram abrir este Congresso, e nós estamos aqui, representando essa história e essa democracia.

Ontem, na reunião da Mesa Diretora - e aqui se trabalha muito e muito, não tem esse negócio aí... Ontem, quando eu vou saindo - olha aí, Presidente Sarney -, uma jornalista da televisão: “E você acha certo você poder viajar com a sua mulher?”. Eu digo: “Olha, eu acho. Eu achava errado se eu fosse levar as mulheres dos outros, mas levar a minha?!” E os filhos?... A ignorância é audaciosa. Os filhos, Sarney. Deus, Deus, Deus, pegou o Filho Dele, não desgarrou, botou-O numa família. Então, esse é o significado que este mundo precisa valorizar, essa instituição divina de Deus. Deus não botou aí Jesus desgarrado, não, mas numa família, Jesus, Maria e José, sagrada. Vocês querem é acabar com a família?!.

Ora, eu já viajei... Olha, quando eu fui prefeitinho - e por isso estou aqui, eu sou o pai da Pátria.

Ô Romero, eu Prefeitinho, ganhei uma viagem - Parnaíba tem duas multinacionais - patrocinada pela Merck, da Alemanha, de medicamento, e pela Cobrasil, de Vic, Barcelona.

Aí, honrado como somos, quer dizer, a gente tem vergonha, tenho 66 anos - ó jornalista -, e aqui vamos perder a vergonha. De um hora para outra, querem fazer a gente de bandido, de salteador. A gente chegou aqui muito julgado, muito avaliado, muito analisado. Se candidatem a Senador da República. Eu faço o convite. Eu sei que essa daí...Tive oposição, Presidente Sarney. Hoje é meu amigo, é médico, Dr. Ariosto, mas era oposicionista, dos Silva. Aí eu fui, olhei lá, nunca tinha ido um Prefeito de Parnaíba para o exterior. Eu fui convidado. Achei que devia ir. Perguntei ao Dr. Cândido Athayde, mais velho, meu conselheiro: “Vá. Se lhe convidaram, só têm lhe oferecido”.

Aí fui. Sarney, não tinha nem diária. Tem o espírito da lei, o bom senso. Não existia diária na Prefeitura de Parnaíba para o exterior. A gente sabe que esse dólar sempre foi pesado, sempre foi complicado, foi até mais do que hoje. Aí, Sarney, olhei no bom senso, e perguntei: “Qual é a maior diária?” Naquele tempo era São Paulo e Rio de Janeiro. Teresina era mais barato.

Eu disse: “Pois me dê aí, vinte diárias. Para D. Adalgisa também”. Ela era do Serviço Social. Vinte dias. Aí quando eu cheguei, a Câmara estava no maior alvoroço, me chamou lá, o Ariosto: “Levou a mulher.”

E eu disse: “Ora, rapaz, isto aqui é em dólar. Vocês queriam que eu fosse dormir com a Adalgisa debaixo da ponte, naquele frio doido da Europa. Você já foi à Alemanha? Isto não dá”. Agora, feio seria se eu tivesse levado a mulher dos outros; levei a minha.

           Então, este é o Senado de ontem: família. Família é algo divino. Este País está degradado, e está aqui Pedro Simon para ensiná-los. Leiam os valores da família, da escola, todos degradados. E a Igreja se comercializando. Vamos regatar esses valores.

           Mas, então, o que eu queria levar à população, Presidente José Sarney... Oh, Deus, eu vos agradeço. Eu sou fruto disso. Não sou mão santa. Nunca disse. São mãos de um cirurgião, guiadas por Deus, que salvavam um aqui e outro acolá. Mas sou filho de mãe santa, Presidente Sarney. Eu sou filho de mãe santa.

           O pai da minha mãe era rico, meu avô. Ele tinha dois navios. Hoje, o mais rico do Piauí é o pai do Senador João Vicente. Eu brinco muito com ele: “Rapaz, o seu pai não tem navio. O meu avô tinha dois”. Lá, Senador Geraldo Mesquita Júnior, ele pegou uma indústria de sabão Moraes e levou para o Rio de Janeiro, para a Ilha do Governador, e botou Dakopa. A gordura Moraes, que lá se chamou Dunorte, venceu a gordura de coco Carioca.

Então, ela, a minha mãe, Durval, filha do maior empresário do Piauí, que criou o sistema de federação das indústrias, que hoje é dirigida pelo meu irmão. Ela, filha do homem mais rico do Estado do Piauí, foi ser Terceira Franciscana. Por isso, a minha admiração por Pedro Simon: ele é Terceiro Franciscano. O meu nome não é Mão Santa, é Francisco, aquele que andava no mundo com uma bandeira, “Paz e Bem”.

Então, eu queria oferecer a minha mocidade, isso que colhi da convivência com esses grandes homens, o que eu aprendi. Geraldo Mesquita teve o pai político - o meu não era. Teve um professor em casa. O Heráclito também está aqui por essa capacidade de se aproximar dos bons políticos do Brasil. Ele foi o grande amigo de Tancredo, de Ulysses, de Renato Archer e de outros. Eu também estive com esses grandes e, entre eles, o Pedro Simon.

Então, eu queria que o Pedro Simon, com a sua vida, que engrandece este Senado - que é tão grande como foi Cícero no senado romano, como Rui Barbosa o foi, tanto é que ele vai completar 32 anos de mandato no Senado, José Sarney -, que ele passasse aos jovens esses conhecimentos, Geraldo Mesquita. Tanto é verdade que eu pedi para ele fazer um decálogo.

Deus não fez o decálogo Dele para melhorar o mundo? Abraham Lincoln fez. Benjamim Franklin fez. Karl Marx fez. Então, Pedro Simon oferece.

Eu vi o estadista Fernando Henrique Cardoso, que escreveu um livrão sobre a vida dele. Lá são citados dois piauienses: eu sou um, e o Freitas Neto, que foi Ministro. E quero dizer que ele fez um livrinho para jovens, ensinando-os a participar da política. É uma obra interessante.

Eu pedi a Pedro Simon para fazer isso, e eu vou apresentar, Sarney, e quero convidar o Romero, esse grande líder, o Geraldo Mesquita, a Secretaria, que eu conquistei com apoio dos nossos companheiros do PMDB. Não tem nenhum quadro. Eu vou colocar o decálogo de Pedro Simon para ensinar a juventude. E apresento aqui para o Brasil. Então, ele fez, ele pensou e ele meditou.

“Decálogo indispensável para o exercício da atividade política”. Essa é a grande contribuição. Aqui estão os meus primeiros quatro anos. Essa obra extraordinária, que ontem eu revi, Sarney. A grandeza do Senado, a grandeza dos profissionais honrados do Senado. É uma obra, e ele melhora.

Quero agradecer ao Diretor da Secretaria, William Diniz, ao Diretor Jornalístico, Elival: Minha Vida no Senado, editor Pedro Rogério Moreira, que até já se aposentou. Uma finura. Ele, espontaneamente, por amor, deixou eternizada nossa obra dos primeiros quatro anos. Lutas pelos pobres, pelos humildes, pelos necessitados, pelo salário mínimo, pela aposentadoria, pela melhoria de saúde, advertindo sobre a violência, lembrando, Luiz Inácio, que Norberto Bobbio, Senador da Itália, dizia que o menos que se tem que exigir de um governo é a segurança à vida, à liberdade e à propriedade. Uma luta com coragem. É mais fácil a porta larga de buscar as facilidades, mas eu sigo aqueles que pensam: feliz do país e do senado que não precisa buscar exemplo em outros senadores! Aqui mesmo o País viu, moribundo, Teotônio Vilela dizer que ia resistir falando e falando resistir.

Está a nossa obra, que queria, então, apresentar à nossa juventude. Não entrei na política como lascado... Há essa impressão... Fui cirurgião dos mais brilhantes deste País. Todos os cursos imagináveis em Medicina eu os tenho. Todos! Respeitado aqui e fora do País como cirurgião. Nunca, nunca... E sabes que político tem a vida vasculhada. Todo mundo sabe.

Então, estamos aqui assim, onde chegamos realizados. Um quadro vale por dez mil palavras. Este Senado é admirado, é respeitado, é amado pelo Brasil. É o melhor Senado da história da República o que V. Exª preside.

Quero lhe dizer, ô Romero, eu vi Ramez Tebet, meu companheiro... Eu fui médico, Sarney, de pessoas importantes? Não, eu era médico dos pobres da Parnaíba, da Tutóia, do Maranhão, mas, aqui... Mário Covas, quando eu era Governador, ele com câncer, desabafava comigo; Ramez Tebet, a mesma coisa. Eu, médico, estimulando. Mas eu vi, quando do passamento de Ramez Tebet, um povo chorar, a sua cidade, Três Corações. Eu vi Jonas Pinheiro, Sarney. Chorou até o céu, chovendo. Eu não sei se tinha mais água vinda do céu ou das lágrimas do povo. O Garibaldi fez o mais belo discurso da sua vida - Garibaldi, você podia ter mandado gravar - pela emoção que ele sentiu. Nós vimos a Bahia e o Brasil chorarem Antonio Carlos Magalhães, a sua bravura. E ele, ô Sarney, é um dos maiores Senadores da história. Este Senado tem que ter coragem de frear o Judiciário. Eles não freiam, mas a gente tem que ter coragem. O Executivo não freou, mas Antonio Carlos Magalhães pôs esse freio com a CPI do Judiciário. Ele nos mostrou os “lalaus” da vida. Atentai bem! Eu vi o povo chorar Jefferson Péres!

Então, quer dizer que só os mortos, Romero?! Somos mortais também. Quer dizer, esta é a verdade: nós somos isto, nós representamos os pais da Pátria e da democracia.

Sarney, vi o povo chorar na Argentina por Alfonsín, o pai da democracia. Comprei duas revistas e orgulhoso fiquei quando vi que elas anunciavam e homenageavam o Brasil, com sua mensagem de solidariedade àquele povo por Alfonsín. Argentina e Brasil eram inimigos. Hoje, minha segunda pátria é a Argentina, e a dos argentinos é o Brasil, graças a Alfonsín e ao Presidente Sarney. Então, essa é a história viva.

            Mas vou ler e oferecer, como fruto desse esforço, o que vai ficar: ó minha mocidade, meus filhos, meus netos, o decálogo de Pedro Simon: “1. Amar e respeitar o próximo com a si mesmo”.

         Um respeito fundamental. Aí ele faz uma análise e um comentário para os jovens. Vou mandar imprimir o decálogo, só em letras maiúsculas.

Os princípios da solidariedade e da fraternidade devem ser constantes na atividade política. Agir, verdadeiramente, como representante do povo, na sua caminhada rumo a um mundo de paz, sem exclusão social.

2. Não usar o sagrado dinheiro público em vão.

O dinheiro público é, como diz o próprio nome, “público”. Tem que ser gasto, necessariamente, com eficiência e equidade, para promover melhores condições de vida para um maior número possível de cidadãos.

3. Colocar o bem comum acima de qualquer interesse individual. [Isso é o que fazemos]. Não se servir da política, mas exercitá-la na sua plenitude, em prol da população. Servir, principalmente, àqueles que, cada vez em maior número, estão perdendo, nos nossos dias, até mesmo o sentimento de pertencer à sociedade.

4. Honrar a confiança depositada nas urnas.

           Pedro Simon ensina a nós também e aos jovens, que serão políticos.

Honramos. Quer dizer que agente era direitinho a vida toda, chegamos aqui, e querem fazer a gente de marginal?! Ora, somos os pais da pátria! A inveja e a mágoa corrompem os corações.

4. Honrar a confiança depositada nas urnas. O voto é uma procuração outorgada pelo povo ao seu representante político, para que ele busque concretizar os anseios coletivos de construção da cidadania, da democracia e da soberania.

5. Jamais ser omisso no cumprimento da função política. [Peca-se também por omissão, ele adverte.] Não se furtar jamais, quando se requer uma decisão que atenda às necessidades da população. O pecado da omissão é mortal na atividade política.

6. Trabalhar para que a justiça seja igual para todos, independentemente de raça, credo e condição social.

         Nós é quem temos que trabalhar. A justiça não é só dos que estão com a toga, não. A justiça é divina. Deus entregou as Leis a Moisés. O filho não tinha tribuna, televisão do Senado, rádio, mas ele ia às montanhas e bradava: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça.” Nós somos esses bem-aventurados. Os humanos erram.

O político deve cumprir e fazer cumprir o princípio constitucional no sentido de que ‘todos são iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza’. A exclusão social não combina com a atividade política.

7. Não furtar.

         Este parece o quarto da Lei de Deus. Não está o Crivella, não, que é Pastor. Ele relembra: não furtar. Atentai bem, aloprados, que estão a governar: não furtar.

7. Não furtar. O dinheiro público é a dor nas filas dos hospitais, a escuridão do analfabetismo e o martírio da fome. Quem rouba o dinheiro público é culpado, diretamente, pelas nossas maiores mazelas.

8. Empenhar todos os esforços para que a fome seja erradicada no planeta.

         Está no Livro de Deus, Sarney: “Dai de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede”.

A atividade pública, em escala mundial, será incompleta enquanto mais de um bilhão de seres humanos permanecerem passando fome e enquanto milhões de crianças ainda continuarem morrendo, vítimas de males causados pela desnutrição.

         Meus aplausos a Sua Excelência, o nosso Presidente, quando ele sonhou que cada um teria três alimentações!

9. Desenvolver os melhores valores e transformar-se em referência positiva para as gerações futuras. A geração atual, que se constituirá no futuro do País, receberá de nós uma herança deteriorada, em termos dos melhores valores éticos na política. O político tem que se constituir, necessariamente, na melhor referência, ser um espelho para os que virão, para que se construa um país menos desigual, mais fraterno, solidário e soberano.

10. Comprometer-se, fielmente, com a verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade. A atividade política não pode se mover, em qualquer hipótese, pelo embuste. A verdade deve ser o cerne da representação popular. Quem mente em política abdica automaticamente da confiança que lhe foi outorgada pelo povo. Perde o valor. Serve-se e não serve, jamais, como referência.

Senador Pedro Simon.

Um aparte ao Senador Geraldo Mesquita.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Caro amigo, companheiro e ilustre Senador Mão Santa, eu queria, inicialmente, saudar e cumprimentar sua querida companheira, D. Adalgisa, que está aqui. Eu diria, sem medo de errar, Senador Mão Santa, que muito do mérito que V. Exª ostenta se deve à camaradagem, à solidariedade e aos muitos conselhos que V. Exª recebe de D. Adalgisa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Por isso que eu gosto de Deus, porque ele fez Adalgisa pra mim.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Pois é! Veja V. Exª que, hoje, em razão do seu milésimo pronunciamento, muita gente veio aqui ao Senado, assistir-lhe. Entre todas as pessoas aqui, destaco, por exemplo, o Dr. Luiz, seu conterrâneo, um dos médicos mais competentes do Senado Federal, um dos mais antigos; veio aqui tão-somente para assistir-lhe; ele e várias pessoas do seu círculo de amizade, que lhe têm muito apreço. Logo no início do nosso mandato, V. Exª, já marcando a sua maneira de ser, de falar... Eu ouvi, certa vez - claro, sem qualquer maldade, sem qualquer malícia -, de um companheiro nosso aqui da tribuna: “Puxa! o Mão Santa está falando muito e tal”. E eu, confiado naquela amizade que a gente começava a construir, cheguei para V. Exª e disse: Senador, tem gente aí reclamando que você está falando muito e tal. E aí a sua resposta foi a seguinte: “Besteira, Geraldo, esse povo pensa que eu estou falando para eles aqui. Eu estou falando é para o povo do Piauí”. Eu achei fantástica a resposta. A partir dali, nunca mais eu me arvorei no direito de interpelá-lo sobre suas falas aqui no Senado Federal. Com elas, inclusive, tenho aprendido muito, com seu entusiasmo, com a sua vibração. V. Exª, de fato, quando fala do Senado Federal, fala, primeiro, com muito respeito, com muita devoção até. Eu acho isso louvável em um político. Se não fosse assim, V. Exª não estaria à altura de estar aqui, não é? Nossa Casa vem passando por um momento de turbulência, e eu acho que isso é natural. Logo, logo, ajustaremos as coisas, sob o comando do nosso querido companheiro Senador Sarney e de todos os membros da Mesa. Tenho certeza de que superaremos todas as dificuldades. E essa superação o Senado Federal vai ficar a dever ao Senador Sarney, a V. Exª, ao Senador Heráclito, a todos os membros da Mesa, que têm se empenhado de fato em promover mudanças e alterações que os tempos atuais exigem de todos nós. Mas eu queria dizer, Senador Mão Santa, que às vezes fico pensando em alguns que estão lá fora doidos para virem para cá. Às vezes fico pensando: por que o pessoal quer tanto vir para o Senado? Confesso a V. Exª que, para mim, este período em que estou no Senado foi tormentoso. Agora, eu colhi aqui coisas que vou levar para o resto da minha vida. Uma delas foi o privilégio da sua amizade. Aprendi desde o início a admirá-lo; aprendi desde o início a dar valor à sua alegria de vida. A sua popularidade, Senador Mão Santa, é uma coisa que me deixa impressionado. No Acre, por exemplo, as pessoas, quando me abordam a respeito do Senado, a primeira pergunta que fazem é: “E o Mão Santa?” E já ouvi isso em outros Estados por onde já andei. A sua popularidade é algo natural. Até porque, mesmo que quisesse, V. Exª não conseguiria forçar que isso acontecesse de forma artificial. Ela é natural. As pessoas podem até, eventualmente, esporadicamente, não gostar de alguma coisa que V. Exª diga, mas V. Exª é um homem público popular na exata expressão da palavra. Popular significa que as pessoas o reconhecem como talvez a expressão daquilo que devamos ser aqui nesta Casa. Vejo que outros companheiros aqui estão ansiosos para aparteá-lo também, e antes de concluir o meu aparte, o seu companheiro João Tenório me pede que leia aqui um cartão muito simpático que lhe envia:

            Caríssimo amigo Senador Mão Santa, hoje, quarenta anos depois de Pelé, você é um craque das palavras, faz o seu milésimo gol, um belíssimo gol cívico. Infelizmente, não posso estar presente neste dia de gala, minha Alagoas me chama. Mas fique certo, caro Senador, estarei acompanhando o seu pronunciamento através da TV Senado, que você ajudou a popularizar. Eu e mais centenas de milhares de brasileiros, todos nós hipnotizados pelo seu discurso fluido, sincero e culto, encantados com o seu patriotismo sem limites, emocionados pelo amor que você dedica ao seu querido Piauí. Parabéns! Você honra a Casa do seu colega Rui Barbosa.

Esta é a manifestação de um colega seu, o Senador João Tenório. Tenho certeza absoluta de que, se estivéssemos aqui numa terça, quarta, quinta-feira, esta Casa toda pararia para aparteá-lo; se estivesse aqui repleta de Senadores. Portanto, Senador Mão Santa, concluindo, é só para renovar minha sincera admiração por V. Exª. Aprendi muito com V. Exª, pode ter certeza. Aprendi muito. Continuo aprendendo todos os dias, no convívio agradável, afável, simpático com que V. Exª permite que as pessoas que lhe admiram se aproximem de V. Exª. Muito obrigado pela experiência aqui, no Senado Federal, de ter privado da sua camaradagem, da sua alegria e de seu compromisso com o povo brasileiro e com o Brasil. Meus parabéns pelo milésimo discurso de V. Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu agradeço todas as palavras. V. Exª, para mim, é o que mais se aproxima de Rui Barbosa pela firmeza no Direito. E ao João Tenório... Olha, eu tenho tomado os melhores vinhos da minha vida quando ele me presenteia. João Tenório, eu quero outro vinho pra beber com a minha Adalgisa.

Mas, esse Senado é tão bom, Presidente Sarney... Presidente Sarney! Presidente Sarney! Olha, Presidente, o seguinte: o Zezinho ali, o Zezinho, pessoa... Aqui todo mundo é gente boa, esta é uma Casa boa. O Zezinho chegou e deu o cafezinho. Heráclito, sabe o humor dele? Está irradiando. Sabe o que é que ele diz? Este é o cafezinho número cinco mil que lhe sirvo. Cafezinho número cinco mil. Então é esta a Casa. Está ali o Zezinho, gente boa, não é?

Mas, Heráclito, nosso irmão camarada do Piauí, V. Exª tem o aparte.

O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Senador Mão Santa, associo-me aos apartes anteriormente dados e, acima de tudo, aos piauienses e aos brasileiros que o ouvem neste instante. No momento em que V. Exª assume a tribuna para realizar o seu milésimo discurso, o seu companheiro aqui e admirador se esforça muito para chegar ao centésimo. Não sei quando vou conseguir. De qualquer maneira, acho que V. Exª modificou os hábitos do Senado Federal. V. Exª simplificou, desburocratizou o uso da tribuna e o exercício parlamentar. Neste momento em que se procura transparência, com sofreguidão às vezes até excessiva, Senador Geraldo Mesquita, podia-se ver aqui uma ação transparente, que o Mão Santa pratica desde que assumiu o Senado. Há uma história até muito engraçada, Senador Sarney. Eu e o Mão Santa estávamos em palanques diferentes quando disputamos as eleições de 2002. Viemos para cá e os adversários achavam que nós iríamos viver aqui em eternas brigas. Uns marcaram um mês para a primeira briga, outros marcaram dois meses, outros marcaram um ano, já se vão lá seis anos e meio e não houve necessidade de nenhum desentendimento, porque temos uma coisa que nos liga muito - o amor ao Piauí. E nós tivemos uma coisa aqui de rechaçar. O PT do Piauí, que é governo, quer que os Senadores sigam aquela lição do macaquinho da fábula, que não vê, não escuta e não fala. E nós nos recusamos a isso. Temos tido aqui uma atuação muito voltada ao combate dos desmandos que se comete no Estado do Piauí. E só uma restrição faço ao Mão Santa em todos esses seis anos e meio - e vou continuar fazendo -: foi ele que botou o PT para governar o Piauí. A culpa é dele. O PT não tinha chance alguma, não tinha nem palanque. Montou na cacunda do Mão Santa, como se diz lá, e se elegeu. Aí, houve uma história interessante: fizeram a primeira viagem ao Piauí, uma caravana, uma comitiva terrível, grande, um negócio imenso. Foram para a pobreza, foram para a Vila Irmã Dulce; depois, se refestelaram no Hotel Rio Poty, que é o mais caro de Teresina. E não deixaram o Mão Santa subir no palanque. Acho que não tinha nem um mês de governo, tinha, Mão Santa? Nem isso. O Lula tinha subido há menos de um mês. Aí já bloquearam e não deixaram. Depois, fizeram pior: foram duas vezes à Parnaíba, terra do Mão Santa, base do Mão Santa, dois Ministros, não comunicaram nem ao Mão Santa a viagem à Parnaíba. E aí, evidentemente que ninguém tem sangue de barata e o brio do cidadão não pode ser de maneira nenhuma desafiado, o PT, de maneira fácil e muito agradável para todos nós, ofereceu-nos, mais rápido do que se pensava, essa extraordinária figura que tem se caracterizado como um dos mais autênticos opositores aos desmandos do Governo que aí está. Eu tenho certeza, Mão Santa, de que nós ainda vamos nos encontrar, pelo ritmo que vai. E ainda vamos ter tempo, Geraldo, de ver o Mão Santa fazer aqui o discurso dois mil. Não vai demorar. Acho uma injustiça, Gim Argello, porque nós estarmos medindo a quantidade de discursos. Se nós fizermos o inverso, medirmos o tempo dos discursos, Mão Santa é recordista mundial e vai para o Guinness, não tenho nenhuma dúvida, e tudo em benefício do Piauí. Daí porque, Mão Santa, eu me congratulo com V. Exª. Sei que a essa marca eu jamais chegarei, mas fico muito feliz de saber que tem um piauiense, um companheiro do Estado, que atinge essa marca, e não é fácil. Saber se é mais difícil do que gol é uma questão subjetiva, e cada um interprete como quiser. V. Exª só tem um consolo: sai da tribuna, a cada discurso que faz, com a consciência tranqüila do dever cumprido. Parabéns.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Heráclito, Deus diz que, quando se fecha uma porta, abre-se uma janela. E Deus abriu esta janela para que eu me aproximasse cada vez mais de V. Exª, o maior líder municipalista da história do Estado do Piauí, um homem que tem a capacidade de fazer as melhores amizades.

Olha, Senador Sarney, ele tem uma carta - e digo que isso é um título - do Rolim. Rolim, esse empreendedor que nos aproximou do mundo, da TAM. E tem lá escrito, Rolim citando: “Acho que o número de amigos não dá os dedos da minha mão”. Lá, não está o Luiz Inácio, mas está o Heráclito Fortes, entre esses grandes amigos com que Rolim gostava de conviver.

Agora, meu irmão, camarada de luta, esse extraordinário líder do Rio Grande do Norte. Aqui, nós estamos diante de um Romero. Está aí um candidato bom para ser Presidente do nosso Partido. Sugiro a Luiz Inácio colocar a Dilma de vice de Garibaldi. Garibaldi na cabeça. Ele que foi Prefeito, Governador extraordinário, Presidente deste Senado, que atravessou o Mar Vermelho, o nosso irmão camarada Garibaldi, que é o nosso vizinho. Fui eu que ganhei quando ele se afastou da Presidência do Senado, porque ele voltou a ser vizinho nosso.

Com a palavra o Senador Garibaldi.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Senador Mão Santa, na verdade, todos aqui são seus companheiros e seus irmãos, mas não são seus vizinhos. Quem é seu vizinho sou eu. Eu sei que V. Exª é um daqueles vizinhos que não nos deixam em paz, porque, na medida em que V. Exª recebe um prefeito do Piauí, um amigo, V. Exª trata logo de convocar o vizinho - e o vizinho sou eu - e diz que tem um vinho da melhor qualidade.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Que o João Tenório deu. Outro dia foi o Geraldo Mesquita, um do Uruguai.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Dado não sei por quem. Eu não sei se é comprado ou dado. Eu sei que é bom. Agora, por outro lado, quero dizer que, falando-se de espírito público, não há por que não exaltar aqui Mão Santa. Nunca se viu Mão Santa reunido aqui com comissão de lobistas, muito menos de empresários. Não que eu condene isso, não estou condenando, mas Mão Santa é um Senador que está sempre na tribuna. A atividade parlamentar dele é exercida na tribuna do Senado. Lá, ele fala como Napoleão falava para as suas tropas do alto daquela colina. Assim fala Mão Santa, com uma autoridade muito grande, que o tornou conhecido em todo o Brasil. Hoje, todos nós Senadores sabemos que a figura mais popular do Senado chama-se Mão Santa. Se você chegar ao Amazonas, se você chegar ao Rio Grande do Norte, ao Rio Grande do Sul, Mão Santa merece uma referência. Acho até que a TV Senado e a Rádio Senado deveriam conferir um titulo a V. Exª, Mão Santa, porque V. Exª, realmente, está sempre presente nas ondas da rádio e na imagem da televisão. O que quero ressaltar é a pureza de V. Exª. V. Exª acha que, dessa tribuna, vai mudar o mundo. V. Exª fala como se tudo que fosse dito aí pudesse transformar o seu Piauí. E nós sabemos que não é bem assim. Agora, quero confessar: para nós que sentimos uma frustração imensa pelos debates parlamentares que já não acontecem mais como aconteciam, por exemplo, no tempo em que o Senador Sarney era Deputado Federal e pertencia àquela bancada barulhenta, idealista, a bancada da bossa nova, para um Congresso que perdeu essa vocação para o debate, V. Exª ainda é um daqueles missionários que acreditam no debate parlamentar e, sobretudo, na tribuna do Senado. V. Exª pode até - e me permita isso - não se voltar muito para as Comissões. Eu vejo V. Exª até meio deslocado nas Comissões, mas, quando V. Exª chega aí, se mostra um iluminado. Ninguém se mostra mais à vontade nessa tribuna do que V. Exª. E essa contabilidade dos mil discursos é como o Senador Heráclito dizia, o problema não é só os mil discursos, é o tempo dos discursos. Eu, que passei na Presidência apenas um ano e dois meses, digo que V. Exª presidiu mais o Senado do que eu, que fui Presidente do Senado. Eu não diria isso com relação ao Presidente Sarney, porque S. Exª já está no terceiro mandato. Fica difícil, Mão Santa, para V. Exª chegar lá. Mas eu o parabenizo. V. Exª não vai mudar. Já disseram: “Vamos mudar Mão Santa. O Mão Santa não pode continuar a fazer o que faz. Ele toma conta da Presidência, fala da Presidência, fala do seu lugar como Senador, fala nos corredores, daqui a pouco dá um aparte a Zezinho aqui no plenário.” Mas V. Exª não vai mudar, V. Exª é Mão Santa. Mão Santa é uma entidade diferente na política do Piauí. Já perguntei aos piauienses, alguns com quem encontro: “Me digam uma coisa, o Mão Santa se reelege Senador?” E o sujeito diz: “Olha, não sei, porque Mão Santa não tem muitos Prefeitos, muitos Vereadores, mas pode ficar certo: se ele entrar de novo, vai terminar ganhando a eleição. Mão Santa é Mão Santa!”

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Mas queria dizer uma eleição que eu não disputaria: a que fosse contra V. Exª. Lá em casa, eu já perco. Está certo que Adalgisa ia votar em Mão Santa, mas a Dona Francisca faz o bolo e primeiro leva para o vizinho; o café, o melhor; o Peinha, meu irmão de criação. Então, acho que até lá em casa. Então, Romero, é uma boa chapa. Não querem a coalizão?

No PMDB, que é maior, em que o povo acredita mais, que tem mais história, o Presidente José Sarney; a Dilma, que nunca disputou uma eleição, que ninguém sabe, ninguém conhece; Vice, eu acho que o Garibaldi aceitaria.

Gim Argello, Brasília vai completar aniversário...

 

O SR. PRESIDENTE (Heráclito Fortes. DEM - PI) - Senador Gim Argello.

O Sr. Gim Argello (PTB - DF) - Pois não.

O SR. PRESIDENTE (Heráclito Fortes. DEM - PI) - Peço permissão para uma pequena interrupção, para ler aqui um comunicado.

O Sr. Gim Argello (PTB - DF) - À vontade, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Heráclito Fortes. DEM - PI) - Temos aqui a leitura de um expediente para fazer.

É lida a seguinte:

COMUNICAÇÃO S/Nº, DE 2009

Exmº Sr. Presidente do Senado Federal, tendo em vista a decisão do colendo Tribunal Superior Eleitoral e considerando os termos dos arts. 28, § 1º, e 54, II, “d”, da Constituição Federal, comunico a V. Exª que optei por assumir o cargo de Governadora do Estado do Maranhão, para o qual fui eleita no pleito majoritário de 2006, razão pela qual, a partir desta data, deixo de exercer o mandato de Senadora, representando o referido Estado.

Atenciosamente, Roseana Sarney.

 

O SR. PRESIDENTE (Heráclito Fortes. DEM - PI) - O Expediente lido vai à publicação.

A Presidência tomará as providências necessárias para a convocação do suplente.

Muito obrigado, Senador Mão Santa. V. Exª tem a palavra.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Gim Argello, lembrava que é aniversário de Brasília, e V. Exª me lembra aquela Copa em que Pelé se contundiu. Todo mundo chorou: “Vamos perder a Copa”. Aí entra Amarildo. Então, saiu daqui Roriz. Roriz, Roriz, grandeza do PMDB!

E diga a Roriz que, quando ele abriu o escritório, fui lá com Adalgisa.

Era tanta gente! Aí vim aqui para me solidarizar com Tasso Jereissati. Quando voltamos lá, ele já não estava. Mas o povo todo estava lá. Encontrei os piauienses todos. E leve ao Roriz esta verdade histórica: Deus fez o mundo, Juscelino e Roriz fizeram Brasília. E os piauienses. Aqui moram 300 mil piauienses.

Gim Argello é do PTB. Agradeço ao PTB. O PTB todo votou no meu nome para a Mesa Diretora.

O Sr. Gim Argello (PTB - DF) - É verdade. Fico muito honrado de ter V. Exª como 3º Secretário nesta Casa, Senador Mão Santa. Vou-me associar aos demais Senadores que o apartearam, para dizer que o senhor é um professor. É uma pessoa que todos nós aprendemos a admirar, por quem aprendemos a cultivar amizade sincera. V. Exª é um Senador preparado, honrado e, mais do que isso, um Senador amigo. A todos aqueles que vêm aqui o senhor tem uma palavra amiga, independentemente de ser um Senador, um servidor da Casa, um visitante. Então, a todos que aqui vêm o Senador Mão Santa atende da mesma forma, do mesmo jeito. Hoje, posso dizer que o senhor deve estar entre os cinco Senadores mais populares do País, se não for o número um. V. Exª faz o milésimo discurso e já nos ensinou muito. Para mim, da mesma forma como colocou o Senador Geraldo Mesquita, o senhor é um professor, porque traz a cultura. Mas, além da cultura dos livros, além da cultura mundial, além do seu preparo, o senhor traz também a cultura popular. O senhor consegue construir o mito de ser um autêntico representante do Estado do Piauí. Só o senhor consegue fazer isso. Veja bem, há 300 mil piauienses no Distrito Federal, e, todas as vezes em que saio em Brasília, todos eles falam: “E o Mão Santa, Gim, está indo bem?” “Está indo muito bem, graças a Deus. Tenho certeza de que hoje vou escutar o Mão Santa.” É uma certeza neste plenário. Não há um dia em que cheguemos aqui e não escutemos V. Exª dar sua opinião, uma opinião forte, sempre na mesma linha, com a mesma coerência. Todos aprendemos a respeitar muito V. Exª. Aproveitando o que V. Exª colocou sobre o aniversário de Brasília na terça-feira; aproveitando também que há 300 mil piauienses na nossa cidade e que esse número vem aumentando, porque agora existem os filhos dos piauienses - há vários Deputados Distritais, que são filhos do Piauí, mas que exercem o mandato aqui, além de Deputados Federais, como é o caso do Deputado Jofran Frejat e vários outros -, gostaria de colocar - e esta vai ser uma bandeira nossa a partir da semana que vem - que fui informado de que a BR Biocombustível vai trocar o Presidente, Líder Romero Jucá, Senador Mão Santa, Geraldo Mesquita. Trocando o Presidente parece-me que em 1º de maio, vou pedir ao Senhor Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, que transfira a sede da BR Biocombustível para o Distrito Federal, que é o local da sede de todas as empresas. É a Capital da República o local em que essas empresas devem estar instaladas. Então, a partir desse momento, este vai ser um presente que vou lutar para trazer para Brasília: a sede da BR Biocombustível. Não faz sentido que não seja assim. Quando é dito que a sede das outras empresas de petróleo estão colocadas no Rio de Janeiro, isso faz sentido, porque é o petróleo, mas, no caso, a maior quantidade de usinas está no Centro-Oeste. Então, vou pedir para trazer um presente para Brasília, mais uma sede de uma empresa para o Distrito Federal, que é a Capital da República, como muito bem V. Exª colocou, sonhada por Dom Bosco, projetada e criada por Juscelino Kubitschek, com a participação fantástica do Governador Roriz e, agora, também muito bem comandada pelo Governador Arruda. Gostaria de colocar para V. Exª ainda que fiquei sensibilizado, antes do meu aparte, pela renúncia da Senadora Roseana Sarney ao cargo de Senadora da República, embora por um motivo muito justo, o de que vai assumir o Governo do seu Estado. Roseana Sarney, brilhante Governadora, filha de quem é - a fruta não cai longe do pé -, excelente Senadora, companheira sem igual, Líder do Governo no Congresso Nacional, acaba de renunciar. O Senador Heráclito Fortes leu sua carta de renúncia. Para mim, esse foi um momento muito importante, porque muda o Governo do Maranhão, mas é feita a justiça. Ontem acompanhei o julgamento e fui informado que de 7 a zero foi o placar que tirou o ex-Governador, dando condição para que a Senadora Roseana Sarney, merecidamente, volte a assumir o Governo do Maranhão. Aproveito este aparte a V. Exª, para também parabenizar a família Sarney, na figura do nosso Presidente, José Sarney, e à Governadora Roseana Sarney, que foi nossa companheira aqui, mas que, a partir de hoje, torna-se a Governadora do maranhão. Parabéns a este Senado! Esses são os nomes do Senado da República, e tenho certeza de que ela vai fazer um grande Governo no modelo em que fez os Governos passados. A V. Exª, Senador Mão Santa, muito obrigado por todo esse aprendizado. V. Exª já foi Prefeito - fala que foi um Prefeitinho -, um Governador brilhante e é um Senador brilhante. Parabéns a V. Exª por esse ensinamento do dia-a-dia! Também tenho a mesma expectativa do Senador Heráclito Fortes: de estar aqui, no dia em que V. Exª fizer o discurso de número 2.000. Parabéns!.

O MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Gim Argello, é muito importante, porque V. Exª simboliza o PTB. O PTB avalizou nossa eleição para a Mesa Diretora. No PTB, há um líder do Piauí que é o 2º Secretário, Senador João Vicente Claudino, que tem perspectivas invejáveis na política do Piauí e do Brasil.

O Líder agora. Vamos Romero.

Ô Sarney, quando Barack Obama vier não traga ele no Senado, não, porque ele vendo Romero vai querer levá-lo para ser líder dele nos Estados Unidos. Aí, o Luiz Inácio não vai ter substituto à altura.

O Sr. Romero Jucá (PMDB - RR) - Senador Mão Santa, eu quero saudá-lo, quero saudar a Dona Adalgisa, quero saudar os seus assessores, funcionários do gabinete e todos os Senadores e Senadoras, nesta manhã, e dizer que eu fiz questão de estar aqui hoje. Eu não viajei, exatamente para estar presente numa data que é uma data importante para o Senado e para V. Exª. V. Exª - que hoje é um dos ícones deste Senado, com a sua forma autêntica, com a sua forma impetuosa, com a forma, até eu diria, sentimental de colocar as questões do País, do mundo e do Piauí - marcou e marca a atuação desta Casa. E estamos aqui hoje, inclusive em nome da liderança do Governo; Governo que V. Exª, às vezes, é tão contundente, mas é importante que o Governo tenha críticos. É importante que na democracia tenhamos contrários. E eu sei respeitar muito bem isso e tenho certeza de que o Presidente Lula respeita também muito bem isso. V. Exª exerce esse papel com maestria, fazendo as críticas necessárias, alertando o Governo, defendendo o Piauí, defendendo o Brasil, falando, repetindo, pregando, muitas vezes, como se pregasse no deserto, mas sem desistir, exatamente porque acredita em tudo que fala. Estou aqui, hoje, em nome da liderança do Governo, em respeito a V. Exª, para reconhecer esse papel, para aplaudir, para dizer que V. Exª orgulha o Senado, orgulha o PMDB.

E quero falar aqui, como o Senador Renan não está presente, em nome da Liderança do PMDB também, a pedido dele, falar da importância de V. Exª para o nosso partido, para o PMDB, dizer que seu papel aqui é imutável, não tem substituto e que todos nós temos o maior carinho, o maior respeito pela representação que V. Exª faz aqui, e pelo que V. Exª passa ao País. Portanto, meus parabéns. Continue firme. Quero estar aqui para assistir o seu discurso de número dois mil. Espero que Deus nos dê saúde e nos dê...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - Pl) - E votos.

O Sr. Romero Jucá (PMDB - RR) - ... e votos, caminho político para que a gente possa conquistar isso. Mas, sem dúvida nenhuma, é muito importante todo esse debate, é muito importante que os pontos sejam levantados, que haja o confronto de idéias. E V. Exª é o animador cultural, é o animador desse confronto e, portanto, tem todo nosso respeito, todo nosso apóio. E em nome do PMDB eu quero saudá-lo neste discurso de número mil, dizendo que todos esses mil discursos tiveram papel importante para o Piauí e para o Brasil. Meus parabéns!

O SR. MÃO SANTA (PMDB - Pl) - Senador Romero, V. Exª é uma das inteligências mais brilhantes que conheci na minha vida. Quero dizer o seguinte: leve ao nosso Presidente Luiz Inácio, quando ele for ao México, uma frase que está no palácio, do General Óbregon, Presidente Sarney, que diz: Prefiro um adversário que me leve a verdade, do que um aliado puxa-saco, aloprado, que me engane com mentiras.

            Mas quero prestar uma homenagem a sua “Adalgisinha”, sua esposa, brilhante líder. É o seguinte, eu tenho e li, e é um dos meus livros, Márcio Moreira Alves, analisando a liderança, a personalidade da sua esposa como líder no Estado de Roraima.

Márcio Moreira Alves, aquele combativo, aquele histórico lutador.

Com a palavra agora - tinha que ser o Senhor do Bonfim, a Bahia, onde tudo começou - João Durval. Aí eu confesso, Adalgisa, nós perdemos, mas chegamos lá. Ele está com mais de cinquenta anos de casado, apaixonado pela Ieda dele. Eu acho que eles merecem a medalha de ouro. Nós temos que ficar apenas com a medalha de prata do amor.

João Durval.

O Sr. João Durval (PDT - BA) - Meu caro Mão Santa, eu me dirijo, com satisfação, neste instante, a V. Exª. Eu ouvi atentamente todos os apartes que aqui foram dados a V. Exª. Ouvi as palavras da Senadora Marisa Serrano, do nosso Geraldo Mesquita, Heráclito Fortes, Romero Jucá, Gim Argello. Eu gostaria de dizer que tudo que eu ouvi aqui me encantou. Eu concordo em gênero, número e grau com tudo que foi dito aqui a respeito de V. Exª. A Bahia, como V. Exª acaba de dizer, não pode ficar ausente desta homenagem. Eu o homenageio dizendo que tenho enorme satisfação em me considerar seu amigo. Moramos no mesmo conjunto habitacional; conheço bem V. Exª, a nossa querida Dª Adalgisa, a sua filha e estou muito feliz porque, nesta Casa, V. Exª só tem amigos. Todos aqui lhe admiram. E ouvimos aqui as palavras ditas por nossos companheiros. Não é só aqui, mas em todo o Brasil V. Exª é conhecido e admirado pelas lutas que vem travando em favor do desenvolvimento do Brasil e da felicidade do seu povo. E também pelas lutas que V. Exª trava para melhorar as condições de vida de seus conterrâneos do Piauí. Parabéns a V. Exª por este discurso que é o milésimo. Tenho certeza de que V. Exª, tantas vezes se candidate ao Senado, estará aqui representando o seu Estado, o seu, o nosso querido Piauí.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradeço a palavra desse patrimônio do Senado, da Bahia e da democracia do Brasil. E está escrito no Livro de Deus: a árvore boa dá bons frutos. Ele é pai do Prefeito de Salvador, João Henrique.

Ó Deus, ó Deus, eu vos agradeço por tudo. Por tudo, pela Adalgisa, que é o meu tudo, por tudo, por tudo.

Ó Deus, eu vos agradeço este Senado pertencer ao Senado da República do Brasil, e terminar com as palavras do nosso líder maior, o Presidente Sarney: “Ó brasileiros, o Senado não vai nunca decepcionar o Brasil”.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/04/2009 - Página 12016