Discurso durante a 58ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem ao Presidente José Sarney pelo transcurso, hoje, de seu aniversário.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao Presidente José Sarney pelo transcurso, hoje, de seu aniversário.
Publicação
Publicação no DSF de 25/04/2009 - Página 13028
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, JOSE SARNEY, PRESIDENTE, SENADO, ELOGIO, VIDA PUBLICA, ESPECIFICAÇÃO, GESTÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, REDEMOCRATIZAÇÃO, IMPORTANCIA, MODERNIZAÇÃO, ESTADO DO MARANHÃO (MA), PERIODO, GOVERNADOR.
  • LEITURA, BIOGRAFIA, JOSE SARNEY, PRESIDENTE, SENADO, COMENTARIO, INFLUENCIA, FAMILIA, VIDA PUBLICA, BUSCA, MANUTENÇÃO, ETICA, MORAL, CONGRESSO NACIONAL.
  • SOLICITAÇÃO, PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS, AGILIZAÇÃO, TRAMITAÇÃO, PROPOSIÇÃO, PAULO PAIM, SENADOR, DEFESA, ORADOR, AMPLIAÇÃO, CONTROLE, COTA, PASSAGEM AEREA, CONGRESSISTA.
  • REGISTRO, DIALOGO, ORADOR, PERIODO, GESTÃO, GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEBATE, SECA, REGIÃO NORDESTE, INSUFICIENCIA, PROVIDENCIA, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE (SUDENE), DEFESA, ALTERAÇÃO, ORGÃOS.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


             O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, que preside esta sessão de sexta-feira, 24 de abril, Parlamentares presentes na Casa, brasileiros e brasileiras que nos assistem aqui e que nos acompanham pelo extraordinário sistema de comunicação do Senado da República.

Aliás, vim aqui, na sexta-feira passada, eu fazia o milésimo pronunciamento aqui, e V. Exª, Paim, não estava presente, mas me telefonou, dizendo que estava acompanhando lá do Rio Grande do Sul. Então, uma coisa sempre tem a ver com a outra. A minha vinda hoje - e estava presente o Presidente desta Casa, um testemunho de respeito, de solidariedade e de apreço a minha pessoa. Então, o Presidente José Sarney presidiu aquela sessão do milésimo pronunciamento. E eu dizia que tudo tem uma coisa a ver com a outra. Por que eu fazia o milésimo pronunciamento? O Presidente José Sarney, que hoje faz aniversário, daí o motivo da minha vinda aqui, em nome da Casa, em nome da Mesa Diretora, em nome do Senado da República, em nome da democracia do Brasil, que eu represento, quero cumprimentar esta data. Mas uma coisa tem sempre a ver com a outra: Paim ouvindo na televisão o Mão Santa fazendo o milésimo discurso.

Paim, um dia, ele escreve e escreve bem, no jornal ele tem uma coluna semanal e, numa delas, que eu tive o prazer de ler, ele disse que acordou na madrugada, foi a sua biblioteca, buscou os livros e começou a refletir sobre os oradores que ele tinha visto no Congresso, no Senado, citando Rui, Nabuco, Afonso Arinos, aqueles pronunciamentos, Carlos Lacerda. Entendo que o discurso mais contundente foi o de Afonso Arinos. Afonso Arinos bradou daqui: “Será mentira o órfão? Será mentira a viúva? Será mentira o mar de lama?” E Getúlio Vargas, aquela alma boa, vítima do tempo em que ele governou, passou por três guerras e deixou a maior estrutura administrativa deste País. E não tinha compactuado com aquele incidente de morte do major da Aeronáutica; não resistiu ao discurso de Afonso Arinos. Afonso Arinos, depois mesmo, Paim, em suas memórias, disse que até se arrependeu de dizê-lo, mas isso mostra como é pujante a tribuna que nós ocupamos.

Mas o Sarney, analisando aquilo tudo, os oradores, disse: “Hoje, o Senado da República vive da coragem, do estoicismo e da bravura dos discursos do Senador Mão Santa”.

E, para mim, foi importante continuar. E, nessa continuação, fomos companheiros de muitas e muitas aqui...

V. Exª também estava lá no Rio Grande do Sul acompanhando. Foi o Presidente Sarney que criou esse sistema de comunicação. Então, nós tínhamos de fazer esta homenagem, está ouvindo, Cristovam Buarque? O homem e a sua circunstância.

Então, a biografia do Presidente Sarney tem de ser reconhecida.

Outro dia, fui entrevistado pelo CQC. Aí eles entraram logo para detonar o Presidente Sarney. “É, mas o Presidente Sarney não sei o quê e tal. Só aproveitando-se de Governo; foi sempre Governo”.

Eu sou do Piauí. Meu pai nasceu em São Luís. Eu passava as minhas férias, ô Cristovam, em São Luís, em casa de avó. Coisa boa, família, não é? Vó Nhazinha, no Alecrim, 380.

Então, eu disse: “Não, vocês estão enganados”. O Presidente Sarney... Eu era menino, de ginásio, e sempre fui atraído pela política. Achei um fato muito, vamos dizer... Fiquei perplexo, mesmo garoto. Hoje, não tem carnaval fora de época? Era uma eleição fora de época, está ouvindo, Cristovam Buarque? O dono dos Diários Associados, o mais poderoso que já houve, mais do que O Globo, porque só havia diário oficial e ele tinha muitos jornais, muitos rádios, muitas emissoras, a primeira televisão.

Ele quis ser Senador, e as forças políticas acharam - era do PSDB o Governador - que o Maranhão tinha de resolver o problema dele. Então, negociaram com o Governador. Não sei se naquele tempo já havia dois suplentes - acho que não; por isso, colocaram dois. Sei que eu era menino e vi aquilo como uma eleição fora de época. Foram comprados e afastados o Senador e o suplente ou suplentes - não sei - para Assis Chateaubriand, o poderoso, se eleger.

Atentai bem! Sou testemunha. Eu era um garoto, mas sempre atraído pela política. Vi aquilo, a capital meio rebelde. Assis Chateaubriand chegara lá. Olha, uma vez, chegou um avião, e a juventude corajosa daquele tempo quis fazer um protesto. Quando chegou um avião cheio de cartazes de Assis Chateaubriand, os jovens tramaram ir ao aeroporto, que ficava longe, e pegar essa carga de avião com o material publicitário do poderoso, que hoje tem um livro, Chato, o Rei do Brasil. Ô Cristovam, sabe quem conseguiu o avião para a juventude? Sarney. A juventude foi lá, pegou, venceu lá a vigilância e foi queimar os cartazes de Chateaubriand numa praia deserta.

Então, ele era oposição, estava contra o poderoso Chateaubriand. Apoiou uma mulher, mas ela não ganhou - sei que era uma mulher.

Começou muito novo: suplente de Deputado Federal, Professor de Direito, depois foi Deputado Federal. E foi da oposição - o pessoal do CQC não sabia disso -, ele foi da Banda de Música. Muito novos, eles não sabiam: “Banda de Música, o Sarney?”. Banda de Música era um grupo liderado pelo oposicionista Carlos Lacerda. O Sarney fazia oposição, era do time dessa Banda de Música.

Então, lá eu vi ele combater uma forte oligarquia, que dominou muito tempo: Vitorino Freire, que tinha amizade com as forças políticas militares e promovera muitos oficiais. Vi ele se eleger Governador do Maranhão, Paim, muito novo - novo, novo, parecia um artista, o Clark Gable.

São Luís era pequenininha. Eu gostava, eu sempre gostei de São Luís, mas era pequenininha. Quem modernizou as pontes, as praias, o asfalto, foi Sarney, a modernização de São Luís veio com o Governo Sarney. Até hoje não teve um Governador melhor do que ele não. Eu assistia, eu vivia lá.

Depois, ele passou para este mundo do Congresso. Repetiu mandatos federais várias vezes, Senador da República. Sempre ele e a sua família... Agora tem esse negócio aqui de estar todo mundo contra a família. Ô Cristovam, você, como educador, educacionista, tem de dizer que estão errados, que a imprensa está errada. 

Tem o Sebastião Nery, que escreveu um livro que vou trazer e sobre ele fazer um pronunciamento, um livro sobre os grandes erros da imprensa. Então, não é assim, viu, Paim? Comecei hoje, na madrugada.

A imprensa tem de ter calma. Por isso é que há as instituições, por isso existe o Senado. Temos de ser os pais da Pátria, nós é que temos de ser os moderadores. Somos nós, não é a Câmara não. Não é o Michel Temer fazer lobby e vir para cá não. Ele tem, humildemente, de vir aqui. A razão do Senado é essa. Ô Cristovam, nós é que temos de ser os moderadores.

Mas a vida dele e da família dele, os cargos políticos que ocuparam, sempre foi por eleição direta. A única eleição indireta que o Sarney enfrentou foi no Colégio Eleitoral, mas, por ironia do destino, ele foi buscado pela oposição. Antes, sempre, havia se elegido em eleição direta: no Maranhão, no Brasil, no Amapá e aqui, nas vezes em que chegou à Presidência do Senado.

Eu queria dizer, Cristovam, que, por sua grandeza histórica, este aniversário não é dele, não é da D. Marli, dos seus filhos nem Pinheiro, sua cidade natal, ou de São Luís do Maranhão: é do Brasil. Ele tem ligações.

E quero dizer o seguinte. Sei que é complicada a vida, e a política é tortuosa, é difícil.

Basta um quadro aqui - nada melhor do que o exemplo do Senado da República. Imaginem que o melhor homem deste Brasil, Juscelino Kubitscheck, foi sacado daqui, bem daquela cadeira ali, do Goiás. Foi humilhado, cassado.

A política é tortuosa, e ele tem transitado nessa tortuosidade da política.

Queria, nesta homenagem que nós prestamos, lembrar as principais passagens da vida dele.

Durante o seu governo, permitiu uma transição pacífica. Não precisa ser profundo conhecedor da história política universal, basta ver televisão para saber que as transições políticas são bélicas, com mortes, guerras e holocaustos. Ele conseguiu aqui uma transição política pacífica. Bem aí, na Argentina, foi muita confusão, não é? Dizem que, lá, os militares mataram trinta mil. Aqui ele fez não foi contra os militares, foi com os militares. E a sua tolerância...

Professor Cristovam, V. Exª sabe exatamente quantas greves o Presidente Sarney enfrentou?

Ô Paim, V. Exª, que é líder, sabe? O Luiz Inácio está aí, e acho que o apreço que ele tem... Sabe quantas greves o Presidente Sarney enfrentou nessa transição? É paciência de Jô, é tolerância: 12,6 mil greves. Ele as enfrentou com paciência e com tolerância para que este País tivesse uma transição pacífica.

Existiu um monstro que ele não dominou, mas quase dominou: a inflação. Todos se lembram dos fiscais do Sarney, do tabelão. O senhor Ministro da Fazenda o convenceu, mas não deu certo.

Ele teve, então, de optar - a vida é cheia de opções - entre combater a inflação ou preservar, plantar a democracia. Ele escolheu plantar a democracia, porque achou que a democracia tinha de ser ali, que a economia poderia ser resolvida. A experiência dele, de estadista, mostrou que isso foi certo, Cristovam.

Depois apareceu Fernando Henrique Cardoso, Itamar, Ricupero, e nós nos livramos daquele mais perverso imposto, que era a inflação. Hoje, o País tem 76 impostos. É muito imposto, Presidente Luiz Inácio! Nunca antes tivemos tantos impostos - ou nunca dantes, como dizia Camões. Mas a inflação era o mais perverso deles. V. Exª e eu governamos. Eu era prefeitinho numa época dessa, Paim. A inflação, não todos os meses, mas houve um mês, Paim, que foi 80% ao mês. Era inacreditável! Eu era prefeitinho. Todos os meses tínhamos de fazer uma folha de pagamento, Cristovam Buarque, porque eram 80% ao mês. Era como se um trabalhador que tivesse direito a R$1.000,00, quando fosse receber, só recebesse a metade. Todos nós nos lembramos que, nos supermercados, os funcionários usavam um revolverzinho para mudar etiquetas de hora em hora. Pedíamos uma cerveja num bar, a segunda já era mais cara. A inflação foi isso, e eles a combateram.

Mesmo nesse tormento, a vida foi agradável. Ele teve a competência e a sensibilidade de fazer os gatilhos para atualizar valores. Posso dar o testemunho aqui, Deus me permitiu...

Cristovam, V. Exª trabalhou com quantos Presidentes da República? Só o Fernando Henrique Cardoso? V. Exª era governante ou não?

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Fui reitor no Governo Sarney.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois Deus me permitiu trabalhar, como Prefeito ou como Governador, com o Presidente Sarney, com Itamar Franco, com o Presidente Collor e com Fernando Henrique Cardoso.

E eu quero dizer e afirmar aqui, Paim! Paim, eu quero afirmar aqui que o mais generoso de todos foi o Presidente Sarney. Olha, não tem nenhum programa de alimentação melhor do que aquele do leite, do Presidente Sarney. Eu digo, como médico, que o leite é o melhor alimento, é o mais simples e, além disso, a bacia leiteira fixava o homem no campo. O homem tinha sua vaquinha e lá ficava, porque ele tinha como comercializar, o Governo comprava. Então, ele teve... É como o Padre Antônio Vieira diz, Cristovam: “Nunca um bem vem só”. Além de nutriente, o leite fixava o homem no campo. Hoje, o leite está mais barato do que essas águas minerais importadas. Houve uma desvalorização e, em consequência disso, aquilo que era a maior riqueza do campo, a vaquinha com seus derivados do leite e sua riqueza, o homem foi forçado a vir para a capital, superpovoada, sem as qualificações necessárias, o que gerou violência. Então, é isso o que queremos dizer.

Agora, além desse apreço que tenho e dessa amizade, eu trago aqui uma vaidade de piauiense que sou. Meu pai é maranhense, minha mãe, piauiense.

Mas por que nós podemos dizer que o Sarney é um do Piauí? Está bem aqui no livro “Sarney, o outro lado da história”, de Oliveira Bastos:

A política me ensinou que é preciso aprender a arte do amadurecimento do tempo.

E onde o senhor aprendeu essa arte? [Atentai bem, Cristovam]:

Tive muitas escolas e muitos mestres. O primeiro foi meu avô materno Assuero [ele é do Piauí, Assuero, daí também nós vivermos essas emoções - não é? - do aniversário do Sarney, da sua vida e do estadista que ele é], que vagou por vários estados nordestinos, fugindo de secas e terminou chegando ao Maranhão [era do Piauí]. E soube, desde de logo, que aquela era a terra prometida. Tudo nele era forte [um avô piauiense] - o corpo, o vozeirão, a disposição moral. Falava por provérbios com grande propriedade e tem tido uma presença inesquecível na minha infância.

E são provérbios. Eu nunca vi, Paim, um provérbio, uma sabedoria popular errar, eu nunca vi. Você vê mesmo que, na Bíblia, nós temos um livro, os Provérbios, de Salomão.

Então a cultura inicial de Sarney é oriunda do seu avô, piauiense bravo, como ele mesmo disse. Tudo nele era forte, como assim é a gente piauiense. Nós, os fortes, os corajosos, que fizemos a primeira batalha sangrenta para expulsar os portugueses do Norte. Eles queriam que o País fosse dividido em dois. O Norte seria ligado a Portugal, e fomos nós... Então, Assuero traduz esse piauiense que Sarney descrevia assim:

Tudo nele era forte - o corpo, o vozeirão, a disposição moral. Falava por provérbios com grande propriedade, e tem sido uma presença inesquecível na minha infância. Por contraste, minha mãe tornou-se um verdadeiro cordeiro familiar - doce, compreensiva, sempre pronta para o afago, para o perdão.

E salienta o aprendizado como líder estudantil, como profissional da imprensa e como político. Mas Paim, e a mãe dele, de quem ele diz - presta atenção, Paim: “Por contraste, minha mãe tornou-me um verdadeiro cordeiro familiar [filho do bravo Assuero] - doce, compreensiva, sempre pronta para o afago e para o perdão”.

Paim, se apegue na santa Kiola, porque o seu projeto foi para ali, para a Câmara Federal, onde o Luiz Inácio disse que tinha trezentos picaretas. A Câmara Federal vai se levantar, mas não é destruindo a família de Parlamentares, discriminando as mulheres, as esposas e tal, para apresentar à sociedade, num erro extraordinário.

Vai, ô Michel, vai, Michel, vai, bote para votar o projeto do Paim, aprove...

Sarney, no seu aniversário, que as palavras que Kiola, hoje santa, dizia ao seu filho Sarney, que hoje comemora 79 anos, chegue ao Michel Temer, meu Presidente. É essa a coragem. E coragem também de punir os aloprados, que aí malbarataram a dignidade, a história do Parlamento brasileiro. Punir os aloprados, punir aqueles vigaristas que transformaram aquilo que era legítimo: você viajar com a sua mulher. Eu sempre viajei com a minha quando Vereador, Cristovam. Eu estou aqui porque eu sou o pai da Pátria, e a Câmara é para aprender aqui e não nós estarmos à reboque de lá. Não tem sentido. Não tem, ô Cristovam.

Eu fui chamado na Câmara quando era Prefeito de Parnaíba, no nascer da Constituição, por um Vereador, filho do juiz Ariosto Ibiapina. Eu tinha minoria, ô Cristovam. É bom. Luiz Inácio é erro dar mensalão para ter maioria. É bom ter minoria. O governante é bom na minoria. Eu tive minoria como Prefeito, como Governador do Estado e Câmara. A Oposição tem que exigir. E esse Ariosto me chamou. Eu tinha feito uma viagem para a Europa, doação de duas multinacionais que tinham na minha cidade: uma firma alemã, Merck Darmstadt, a Merck farmacêutica, e do Curtume Cobrasil Ltda.

Eu fui e levei a minha mulher, que era do Serviço Social, o que era comum, e hoje não é mais permitido. Não pode mais nomear, mas secretária pode.

E fui indagado na Câmara e disse: “Mas Dr. Ariosto, você me chamar porque eu levei a minha mulher? Se eu levasse a mulher dos outros, estava certo, mas levei a minha mulher”.

Quer dizer, eu fui absolvido pelo povo, pela Câmara, pelo Governo do Estado e estou aqui. Agora, essas medidas idiotas aí, para aparecer? Não. Tem que punir os culpados, os aloprados, que foram quarenta vezes para o exterior, que fizeram verdadeiros bordéis em suas cidades para lucros pessoais, dinheiro, não foi nem para promover o turismo em sua cidade. Aí sim, aí é que a Câmara tem que punir; separar o joio do trigo. Paim está aí. Paim utilizou as cotas dele, atendeu um aqui ou acolá, um sindicalista ou um doente. Eu atendi foi muitos, pessoas doentes.

Agora, tem que ser punido é lá. Mas a santa Kiola - por isso estou aqui, está aqui, ó Cristovam - ela chegava para o filho dela, o Presidente Sarney, e dizia: “Sarney, não deixe que prejudiquem os velhinhos aposentados”.

Dizia não prejudique. Sabia que ele não ia prejudicar, porque ele é um homem generoso, bom. Não prejudique, Luiz Inácio. Eu sei, Luiz Inácio, V. Exª não teve aí a dádiva da santa Kiola, mas a história, a gente aprende com a história.

V. Exª é muito feliz, Luiz Inácio, porque não precisa aprender estudando História, o passado e a civilização. A nossa História é cheia de exemplos como esse.

A mãe do Sarney, hoje santa Kyola, dizia: meu filho, não deixe que prejudiquem os velhinhos aposentados. Michel Temer, meu Presidente, ninguém trabalhou mais por V. Exª do que eu para ser Presidente dôo PMDB. Fui lá em São Paulo, no Rio, fui nas Minas e no Piauí. Nada em troca de cargos, por ideal e por crença. Você quer levantar essa Câmara aí, quer? Isso é uma palhaçada aí. O Ciro Gomes falou muito bem e já mereceu o meu voto que eu dei para ele em 1988. Uma demagogia. Como não tem sexo...

Ô Cristovam, olha para cá. Um quadro vale por dez mil palavras. Olha a estupidez. A mulher da gente está proibida de tudo. A mulher é excomungada. Os homens resolveram acabar com a família. Eu estou aqui porque estou para ensinar. Está aí o estadista Fernando Henrique Cardoso, muito mais culto que eu, muito mais preparado que eu. É um dos homens mais preparados, Paim, que eu vi. E vou ensinar, Cristovam, V. Exª é feliz porque era Governador na mesma época. Deu uma seca, quem foi Governador no Nordeste, V. Exª não governou no Nordeste, mas sabe como é a seca no Nordeste. E eu marquei uma audiência com Fernando Henrique Cardoso. Aí ele mandou suspender, suspender, com justa razão, porque foi uma semana de morte. Morreu o Sérgio Motta, e o Presidente da Câmara, o Luís Eduardo. Mas, depois, Sua Excelência nos chama, Paim, Fernando Henrique Cardoso, e remarca lá na casa mesmo, na residência, no Alvorada. Eu fui, Paim, às cinco horas. Eu cheguei lá, e elegante o Fernando Henrique, parece um galã, na biblioteca. Você já foi lá? O Luiz Inácio te convidou? Não, Paim? Lá na biblioteca grandona? Tem uma no apartamento, e, onde ele dorme, tem uma grandona, viu Cristovam? Você conhece, Cristovam, a biblioteca lá do Alvorada? A grandona? Eu conheço a outra, porque o Fernando Henrique também me levou no quarto dele, onde tem uma pequenininha. Ele mostrou até um livro que eu dei para ele. É outra história.

Aí, o Fernando Henrique, aquele galã todo, com boa apresentação, elegante, charmoso, inteligente, com cultura superior à nossa. Paim, ele vai com a Time e a Life, em inglês, as revistas, coloca ali: “Oh, Mão Santa, me desculpe. Eu demorei um pouco, mas estou aqui para ouvir. Esse negócio de computador... Eu gosto é de livro mesmo!” Aí pegou os livros, as enciclopédias. E eu, do meu jeito, perguntei: “Presidente, V. Exª acredita em Deus?” Ele: “Calma, Mão Santa. Como é que eu não acredito?” Porque teve aquela pergunta que uma jornalista fez, e ainda hoje a imprensa explora esse assunto. “Acabei de vir das missas das mortes do Sérgio Motta e do Luís Eduardo”.

Eu disse:

É o seguinte: Fernando Henrique Cardoso, eu vim aqui; é como um sinal. Foi até bom o senhor ter dispensado, porque eu voltei ao interior. Eu não sei como aquele povo não está saqueando. E ele não está saqueando em confiança aos Governadores.

         Entendeu, Cristovam? Uma expectativa.

Mas eu fui nessa Sudene. Os tecnocratas têm que ter sensibilidade política e firmeza na administração. E acho que o senhor vai acabar com o maior patrimônio que existe no Nordeste. É a família!”

[Ele disse]: “Mas como, Mão Santa? O que é que tem?”

[Eu disse]: “Eu fui lá buscar - não tem a Sudene? - os recursos e tudo. Mas tem uma cláusula lá, que o caboclo tem que sair da fazendola e trabalhar com os Prefeitos, varrer as ruas, as praças e tudo. Presidente Fernando Henrique, eu quero lhe dizer, desses caboclos vítimas da seca, que as fazendolas deles não são na cidade, são a 10 quilômetros, 15 quilômetros, 20 quilômetros da zona urbana.

Não é verdade, Cristovam? Então, os Prefeitos estão obrigando, para pagar, que eles varram as ruas, limpem as praças, nessa emergência. Muito bem. Estão pagando o salário. É bom.

E continuei:

Mas, Fernando Henrique Cardoso, você vai tirar um homem lá da sua família, que é o maior patrimônio e riqueza que nós temos no Nordeste, o senhor vai tirar e vai botar... Esse homem recebe aquele dinheiro. Dinheiro é bicho danado. Aí, o que é que vai haver? Esse homem vai deixar a velhinha dele, a mulherzinha dele, a “Adalgisinha” dele e vai pegar uma mulher nova. E não vai voltar mais. Então, V. Exª vai dar essa ajuda, mas vai destruir o maior patrimônio do Nordeste, que é nossas famílias!

É isso que se tem que pensar! Isso é que se tem que refletir!

E o Fernando Henrique disse: “Como é que se evita...”

Eu disse:

Largue isso. Nomeie amanhã mesmo Leonides Filho, que ele já foi da Sudene. Ele sabe como é o funciona isso, como é o dinheiro. E eu proponho o seguinte, Fernando Henrique Cardoso: essa contrapartida, cada Governador dá. Eu vou dar. Mantenha um homem lá na sua casa, lá na sua fazenda que eu dou a contrapartida. Leva uma professora para ensinar, leva um agrônomo para dar semente, para ele preparar. Por que o que adianta, quando vier a chuva, não está preparado o solo, o adágio?

E ele era um homem sensível e fez. E dei assim as contrapartidas, e as famílias estão lá.

Então, esse negócio de família é um patrimônio tão grande que, apressadamente, não se pode fazer essa besteira não. Tem que punir os que aproveitaram, os aloprados! E tem que ter coragem e não fazer corporativismo com ele, acabando a instituição. Da mesma maneira que defendi a família do trabalhador, do campo, eu quero defender a nossa. Olha onde nós estamos. A minha mulher sempre fez porque fez. Não tem nada não, é aberto.

Ô Cristovam, eu sou político mesmo porque o povo quis, fui ganhando. Então, sou um médico. Como Papaléo disse aqui a verdade. Ninguém tem secretária, a esposa começa a fazer isso, esses serviços, automaticamente, espontaneamente. Hoje é proibida a qualquer cargo e andar em um avião com o Parlamentar. Estão destruindo e vão destruir muito famílias.

E vão porque o mundo está aí. Essas coisas temos que pensar. Da maneira como Kiola, eu imploro a santa Kiola para inspirar o Presidente José Sarney a reestudar. Vocês já viram a renúncia. Acho que deve ser preservada sobretudo a família.

Michel Temer, se V. Exª quer engrandecer a sua Casa, é fácil, é simples. Nós já fomos lá. O Paim foi, o Mário Couto foi, eu fui, outros Senadores foram. V. Exª prometeu votar agora, em maio, que é mês do trabalhador, é mês de Maria, é mês do amor, o projeto do Paim, o Projeto de Justiça Social. Então, aí, sim, nunca mais nós vamos permitir que se diga que aquela é uma Casa de trezentos picaretas. Vamos dizer que são homens que fizeram a justiça social e tiveram coragem.

Então, antes disso, de votar essa besteira que aí está, que cada um aja com a sua consciência e com o seu bom senso. E os que não agirem assim... Vamos separar o joio do trigo: os aloprados dos Parlamentares dignos.

De jeito nenhum nós vamos permitir... E não pensem que essa agressão às famílias dos Parlamentares vai dar moral a esta Casa! Não! Pelo contrário. Ô Michel Temer, faça uma reflexão. Sarney, ó Kiola, que está no céu, inspira teu filho como o inspiraste para proteger os trabalhadores, os velhos aposentados. E ele sempre pagou. Não tinha esse negócio de redutor, fator redutor no tempo de Sarney. Não tem no mundo todo. E Paim quer limpar a nossa história. É a chance que tem Paim, que ama a Câmara Federal. Quantos anos você passou por lá Paim?

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Quatro mandatos.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Quatro mandatos, uma vida. Ô Michel Temer, vamos votar na próxima semana o projeto do Paim em benefício... Aí, esse será o maior presente que vamos dar ao Presidente Sarney e fortalecer a democracia do povo.

Essas são as nossas palavras. Que minhas últimas palavras, em nome deste Congresso, deste Senado, em nome do Piauí, cheguem até os céus pelas ondas sonoras das nossas rádios, da nossa televisão. Aos céus! Ó Deus, ó Nossa Senhora, ó Santa Kiola, abençoe José Sarney! Que ele cumpra o que está na Bíblia: os bem-aventurados devem ter uma longa vida e, durante toda essa longa vida, exercício da sua atividade de profissão, e a profissão do Sarney foi fazer o bem.


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