Fala da Presidência durante a 43ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-presidente da Argentina Raul Ricardo Alfonsín.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-presidente da Argentina Raul Ricardo Alfonsín.
Publicação
Publicação no DSF de 02/04/2009 - Página 8177
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, RAUL ALFONSIN, EX PRESIDENTE, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA, ELOGIO, VIDA PUBLICA, REDEMOCRATIZAÇÃO, PAIS, MELHORIA, RELAÇÕES INTERNACIONAIS, BRASIL, INICIO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), JUSTIFICAÇÃO, AUSENCIA, SENADO, JOSE SARNEY, PRESIDENTE, PARTICIPAÇÃO, HONRAS FUNEBRES.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Após brilhante pronunciamento da Senadora Serys Slhessarenko, lamento ter que trazer a esta Casa o falecimento do ex-Presidente da Argentina, Alfonsín. Essa é a razão de o nosso Presidente José Sarney não estar a presidir esta sessão.

            Alfonsín é tido no país vizinho como o pai da democracia. Lá eles tiveram um período militar, mas a história registra - e eu conheço profundamente - que foram sacrificados mais de 30 mil argentinos no período militar; um período de grande violência, e quem o redemocratizou foi Alfonsín.

            Agora, importante é que, no mesmo instante, no Brasil se imolou pela redemocratização Tancredo Neves. E José Sarney presidiu e fez também renascer aqui a democracia no período mais violento.

            Alfonsín se engrandeceu porque ele, amante do Direito e da justiça, puniu todos os militares que sacrificaram 30 mil argentinos. Isso nunca houve na nossa Pátria.

            Então, aquele período tortuoso - e quis Deus estar aí Paulo Paim - era um conflito muito intenso entre Brasil e Argentina: fronteiras e disputas de zonas de terra lá pelo Sul. E, principalmente, eles foram sempre muito poderosos na pecuária, e os impostos do Brasil estão muito altos, mas já eram altos com Pedro II. De tal maneira que o Rio Grande do Sul não podia competir com a Argentina. Aí surgiu uma das reivindicações da Revolução Farroupilha, dos bravos gaúchos, que foi o primeiro movimento heroico pela República e pela libertação dos negros, destacando-se os lanceiros negros. Com certeza, V. Exª é neto de algum, para ter tanta bravura.

            Mas esses países tinham conflito, fronteira enorme. E, hoje, acabou. E quem acabou com essa animosidade, esse espírito belicoso entre Brasil e Argentina foi Presidente Sarney e Alfonsín. Foram os dois.

            Hoje, eu posso dizer que os brasileiros dizem que a Argentina é o nosso segundo País; os argentinos dizem que o Brasil é o nosso segundo país. A única disputa que há, Serys, é que, para passar bem lá, você tem que dizer que o Maradona é melhor do que o Pelé. Mas, no mais, são dois povos... E, da ligação desses dois democratas, nasceu o Mercosul. Nasceu, nasceu! Reaproximaram esses dois homens Argentina e Brasil. O Mercosul, hoje, está caminhando para um parlamento latino; está em andamento.

            Então, o Presidente Sarney, como não podia deixar de mencionar, foi enterrar esse seu irmão político. Ele era uma figura tão grandiosa que, nessa transição - levar os militares à Justiça e apareceu uma hiperinflação -, foi eleito Carlos Menem. Ele amou a democracia e antecipou a posse do Presidente. Então, Alfonsín é tido, na Argentina, como pai da democracia.

            O Senado da República lamenta a perda desse extraordinário democrata aqui da nossa América do Sul.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/04/2009 - Página 8177