Discurso durante a 60ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Análise do surto de gripe que assusta o mundo.

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE. SENADO.:
  • Análise do surto de gripe que assusta o mundo.
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 29/04/2009 - Página 13341
Assunto
Outros > SAUDE. SENADO.
Indexação
  • COMENTARIO, NOTICIARIO, APREENSÃO, EXPANSÃO, DOENÇA TRANSMISSIVEL, EPIDEMIA, PAIS ESTRANGEIRO, MEXICO, IMPORTANCIA, ACOMPANHAMENTO, ESCLARECIMENTOS, POPULAÇÃO, REGISTRO, PROVIDENCIA, GOVERNO BRASILEIRO, CRIAÇÃO, GRUPO INTERMINISTERIAL, EMERGENCIA, PARTICIPAÇÃO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), AGENCIA NACIONAL DE VIGILANCIA SANITARIA (ANVISA), MINISTERIO DA AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO (MAPA), AUSENCIA, OCORRENCIA, BRASIL, EXISTENCIA, PLANO, ATENDIMENTO, SITUAÇÃO, ESTOQUE, MEDICAMENTOS, ORIENTAÇÃO, SECRETARIA DE ESTADO, CONTROLE, AEROPORTO.
  • QUALIDADE, REPRESENTANTE, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), PRODUTOR, CARNE, SUINOCULTURA, ESCLARECIMENTOS, AUSENCIA, RISCOS, CONSUMO, ALIMENTOS, SUINO, ANUNCIO, ACOMPANHAMENTO, SECRETARIO DE ESTADO, AUDIENCIA, MINISTERIO DA AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO (MAPA), OBJETIVO, PROVIDENCIA, PROTEÇÃO, EXPORTAÇÃO.
  • SAUDAÇÃO, VISITA, SENADOR, PARLAMENTAR ESTRANGEIRO, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Srª Presidente.

Srªs e Srs. Senadores, está na capa de todos os jornais de hoje, Senadora Serys, a preocupação, a angústia com mais este surto de gripe, que quero chamar devidamente de gripe americana, gripe mexicana, seja lá como queiram chamá-la, porque denominá-la de gripe suína, em primeiro lugar, é um erro, induz a outros erros e, desses erros, o Brasil pode sair muito prejudicado.

Portanto, a preocupação que está estampada na capa de todos os jornais merece, obviamente, de todos nós, o acompanhamento e, principalmente, o esclarecimento da população para que, de uma situação dada - e devemos nos preocupar, sim, obviamente -, não se promova o pânico, e do pânico nós tenhamos muitas consequências advindas de medidas que não precisariam ser tomadas e que podem acarretar prejuízos ainda maiores.

Em primeiro lugar, o Governo brasileiro já adotou várias medidas, todas elas muito importantes, para fazer frente ao perigo. Então, a primeira delas é a constituição do Gabinete de Emergência, que já se instalou desde esse final de semana, quando a Organização Mundial da Saúde passou a considerar esse surto de gripe do índice 3 para o índice 4, portanto, aumentando o nível de preocupação. O Governo do Presidente Lula, então, já instalou o comitê, o Gabinete Permanente de Emergência, com a participação do Ministério da Saúde, da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Este grupo se reúne diariamente para acompanhar toda a evolução da situação.

Não há nenhum caso da doença registrado no Brasil. Nada! Nenhum! Isso é muito importante que fique registrado, dito e reprisado. Inclusive, as suspeitas que pairavam sobre algumas pessoas já foram descartadas, e outras, os exames estão sendo monitorados. Então, o próprio Diretor da Anvisa, o Sr. José Agenor Álvares, coloca, de forma enfática e com dados reais e concretos, que não há nenhum motivo para pânico.

Desde 2005, quando já tivemos aquela outra suspeita e problemas com uma outra gripe, que, naquela época, tinha a denominação de aviária... E vejam que eles colocam a suspeita no animal, o que acaba trazendo consequências econômicas. Então, já desde 2005, quando tivemos aquele surto anterior, o Ministério da Saúde já elaborou todo um plano para enfrentamento de situações desse tipo. Então, nos postos da Anvisa espalhados em todo o Brasil, temos, aproximadamente, 1.300 fiscais; temos 49 hospitais de referência totalmente preparados para atender casos como o anterior e o desta atual gripe; as Secretarias Estaduais de Saúde já estão orientadas para monitorar e detectar casos suspeitos de doenças respiratórias agudas; o Brasil já comprou - e deve chegar esta semana - mais 54 mil doses do Tamiflu, que é um medicamento usado no tratamento desse tipo de gripe; temos estocado no Brasil, já desde aquela época - e ainda em pleno prazo de validade, porque o estoque feito em tonéis permite a utilização do produto até 2016 -, mais de 9 milhões de doses de Tamiflu em pó, estoque que está plenamente à disposição para ser utilizado. Portanto, estamos preparados para fazer frente a qualquer situação que, porventura, venha a acontecer.

Todavia, volto a dizer: não há nenhum caso, nada, nem as suspeitas estão totalmente comprovadas. Então, é muito importante que não haja pânico.

Tivemos um caso em 1976, que está registrado num dos jornais de hoje, em que recrutas de Nova Jersey, nos Estados Unidos, contraíram a gripe - e também, naquela época, era chamada de gripe de origem suína - que se acreditava ser similar ao grande surto que houve em 1916 e em 1918. O surgimento desses casos provocou uma grande vacinação, uma vacinação em massa; entretanto, em seguida, essa vacinação teve que ser suspensa, porque, da doença efetivamente, ou seja, da gripe, morreu uma pessoa, mas das consequências da vacinação em massa, morreram 25, Senadora Serys Slhessarenko. Então, essas medidas, que são adotadas, às vezes, de forma atabalhoada ou com pânico, acabam trazendo prejuízos de saúde, de morte e também econômicos.

As medidas de controle nos aeroportos, que são de fundamental importância, estão sendo tomadas. Todos os voos do México, dos Estados Unidos estão sendo monitorados, e se há alguém doente ou se há suspeita, dentro do avião, entra o médico, entra o funcionário da Anvisa e monitora, para que não haja qualquer dúvida a respeito da origem e da situação de saúde do passageiro. Quem está sentado ao lado, nas poltronas próximas, também continua monitorado pela Anvisa. Nos aeroportos que recebem voos internacionais estão sendo permanentemente dados avisos, informações. Já foi confeccionado material de divulgação, folhetos. A orientação para quem vai voar para esses países já está sendo dada, e não há nenhuma restrição. Precisamos apenas estar informados e ser alertados.

Como o vírus é mutante, para cada manifestação tem que ser providenciada uma nova vacina. Assim, não há vacina para esse tipo de gripe, neste momento, e é muito importante o cuidado, o monitoramento. Isso é que é importante que seja realizado.

Como Senadora de um Estado que é grande produtor de carne suína, uma das coisas mais importantes a serem ditas, repetidas e reprisadas é que o consumo da carne suína não provoca a doença. Não há qualquer risco de se contrair a doença pelo consumo da carne suína.

Portanto, é por isso que digo que o pânico pode levar à consequência de uma vacinação em massa, que pode gerar mortes, como aconteceu nos Estados Unidos, como também pode afetar a área econômica, Senadora Serys. A China e a Rússia já embargaram o produto. Não compram mais carne suína dos Estados Unidos e do México. E nossos produtos não podem correr risco de serem embargados, porque não há nenhuma pessoa afetada; no Brasil, ninguém está com suspeita de ter contraído a doença.

Aliás, devemos, inclusive, aproveitar a oportunidade deste movimento, realizado por alguns países, para expandir a exportação dos nossos produtos. Com essa finalidade é que, hoje, às 17h30min, acompanharei o Secretário de Agricultura do meu Estado, Santa Catarina, o ex-Deputado Antonio Ceron, ao Ministério da Agricultura. Ali trataremos, exatamente, das medidas que devem ser adotadas para que o Brasil não sofra com os efeitos de nenhuma diminuição ou retração na venda, na exportação de um produto que, lá para meu Estado, é fundamental, como tenho certeza absoluta de que é para o Estado do Senador Paulo Paim, como é para o Estado do Senador Osmar Dias, para o Estado da Senadora Serys Slhessarenko e para o Estado de tantos outros Senadores aqui.

Por isso é que, para nós, é importante alertar a população: vamos estar atentos, cuidar, observar as orientações dadas. O Governo está preparado, já tomou as medidas necessárias e está monitorando e atuando.

Fundamentalmente, deve-se frisar: não se contrai essa doença pelo consumo da carne suína. Por isso, comecei meu pronunciamento, Senador Suplicy, dizendo que não vou chamar a gripe daquilo que não é; pode ser gripe mexicana, gripe americana, gripe do que for, mas não devemos denominá-la da forma como está para não reforçarmos uma avaliação incorreta.

Se a Presidência me permite, eu gostaria de conceder um aparte ao Senador Suplicy.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Prezada Senadora Ideli Salvatti, primeiro, quero cumprimentá-la por expor esse problema tão sério, que se espalha com enorme velocidade pelo mundo, a partir do México, já atingindo os Estados Unidos da América. É tão importante que as autoridades brasileiras, o Ministério da Saúde, o Governo, nos três níveis, sobretudo nos aeroportos, tomemos todos tomando medidas preventivas. V. Exª aqui ressalta alguns dos cuidados que precisamos ter para prevenir a doença e também esclarece o que é e o que não é verdade em relação a essa gripe, que tem propriedade letal se não for bem cuidada. Mas fiz questão de aqui pedir o aparte, antes que V. Exª concluísse, porque coincide de termos V. Exª, Senadora Ideli Salvatti, do PT de Santa Catarina, na tribuna; a Senadora Serys Slhessarenko presidindo a sessão do Senado, e a Senadora Fátima Cleide. Há até alguns homens aqui, como o Senador Mão Santa, o Senador Paulo Paim... Agora já há muitos!

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agora vai ter que citar todos, Senador Suplicy!

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Osmar Dias, Papaléo Paes, Garibaldi Alves, Flexa Ribeiro e outros que estão chegando; e eu próprio. Enfim, quero registrar que aqui recebemos, neste instante, a visita de uma amiga, mas muito especial, a Senadora Piedad Córdoba, que é do Partido Liberal da Colômbia, acompanhada da Srª Lilia Solano...

(Interrupção do som.)

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - (...) que representa colombianos e colombianas pela paz, e que fazem uma visita de três dias ao Brasil. Amanhã, será recebida na Comissão de Relações Exteriores, na de Direitos Humanos e na de Constituição e Justiça, para expor seus esforços para que, na Colômbia, possa se realizar a paz; possa inclusive se avançar muito na libertação dos prisioneiros, alguns que estão em poder das Farc; outros, em poder do governo do Presidente Alvaro Uribe. E ela vem aqui com disposição de colaborar, de dialogar, de agradecer às autoridades brasileiras, ao Governo do Presidente Lula e às próprias Forças Armadas, que colaboraram nas operações de resgate de pessoas que estavam em poder das Farc por muito anos. Então, ela vem aqui e gostaria de conversar tanto conosco, Senadores, como com o Presidente e seus principais assessores e Ministros. Enfim, eu quis fazer essa homenagem ainda com V. Exª na tribuna do Senado.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço-lhe, Senador Suplicy. Quero cumprimentar e prestar a nossa solidariedade feminina, de Senadoras, em meu nome, em nome da Senadora Fátima e, tenho certeza também, em nome da Senadora Serys Slhessarenko, porque é muito importante para todas nós, mulheres, que ocupamos postos de responsabilidade, como é o caso do cargo de Senadora da República, termos essa ação muito clara e, principalmente, voltada à construção da paz.

As mulheres sabem muito mais até do que os próprios homens, acredito, o que significa não ter paz, porque a ausência da paz recai exatamente sobre as pessoas mais frágeis. E nós, mulheres, temos sempre a tarefa de cuidar da família, de cuidar do aconchego e de cuidar para que as pessoas estejam bem. Isso é algo que diz respeito à nossa forma de se constituir enquanto seres humanos. As mulheres têm essa preocupação. Não que os homens não a tenham, mas, como nós temos o dom da prolongação da nossa espécie, de dar a vida, nós queremos que a vida seja sempre uma vida de amor, de carinho, de paz e não de sofrimento nem de guerra.

Por isso, parabenizo e agradeço a oportunidade que o Senador Suplicy me deu de poder estar me dirigindo à Senadora, que tão honrosamente nos visita neste momento.

Muito obrigada, Srª Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/04/2009 - Página 13341