O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, agradeço.

            O que me faz pedir a palavra pela ordem é, na qualidade de membro da Comissão de Relações Exteriores e ex-Presidente daquela Comissão, o desejo de me associar ao povo argentino, mediante um Voto de Pesar, pelo falecimento desse extraordinário homem público que foi Raúl Alfonsín.

            V. Exª há de convir que, juntando-se a Sarney e a Sanguinetti, Alfonsín, em nome da estabilidade e da democracia no nosso continente, foi um dos criadores do Mercosul.

            O Presidente Alfonsín pode não ter deixado um legado administrativo de obras marcantes na Argentina, mas deixou um legado que as gerações que o sucederam irão sempre lembrar: sua luta em nome do restabelecimento e do fortalecimento da democracia naquele país.

            Professor, intelectual, um homem que dedicou toda a sua trajetória, toda a sua vida, à defesa dos princípios democráticos.

            Senador Cristovam, no auge da ditadura argentina, Alfonsín, como parlamentar, teve a ousadia e a coragem de divergir da Junta Militar com relação à invasão, por parte da Argentina, das Ilhas Malvinas. Naquele momento, se sua voz tivesse prevalecido, talvez o povo argentino tivesse sido poupado de ver o derramamento de sangue sem nenhum objetivo lógico que ocorreu naquela conflagração violenta, envolvendo argentinos e ingleses.

            Faço este registro na certeza de que a conduta de Alfonsín servirá de exemplo para os governantes que pertencem a este Continente e que, vez por outra, ousam querer desrespeitar a Constituição, desrespeitar a paz, desrespeitar a democracia e colaborar para que a América do Sul e a América Latina retornem a momentos que não queremos.

            Portanto, peço a V. Exª que faça chegar à Embaixada argentina no Brasil esse registro que, evidentemente, associa-se ao já existente na Mesa. Eu faço esse pedido porque nós, brasileiros, tivemos no governo Alfonsín talvez o momento de reencontro de relação pacífica e ordeira entre os dois países, simbolizado pelo acesso à base nuclear argentina ao então Presidente Sarney, demonstrando que entre Brasil e Argentina não haveria necessidade de segredos de Estado, uma vez que eram dois países irmãos. Foi uma simbologia do restabelecimento das relações do Brasil com o país vizinho, naquela época comprometidas por incompreensões de ambas as partes.

            Faço, portanto, esse registro, na certeza de que o enlutado povo argentino está, neste momento, pranteando essa extraordinária figura de homem público.

            Muito obrigado.