O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Expedito Júnior, que preside esta sessão de 28 de abril, iniciada às 14 horas, serei breve. Senador Expedito Júnior - e está ali o nosso Senador João Pedro, que representa o Partido dos Trabalhadores -, nós temos que louvar o entusiasmo, o otimismo do nosso Presidente da República, Luiz Inácio.

É muito bom o entusiasmo, o otimismo, o ânimo, mas a realidade é outra. Vamos ver a realidade: a realidade não é essa euforia de dizer que temos dinheiro, que vamos emprestar para o FMI, não. Nós temos muitas dívidas. A dívida com os velhinhos, os aposentados. Todos nós clamamos e esperamos que, no dia 13 de maio vindouro, este Congresso renasça na credibilidade, resgatando o justo salário dos velhinhos aposentados. E também essas calamidades que aparecem. Nós fomos Prefeitinho, fomos Governador de Estado. Daí, temos prudência quando vimos, ouvimos o entusiasmo de nosso Presidente Luiz Inácio, muitas vezes estimulado por aloprados irresponsáveis e incapazes e inconsequentes.

Atentai bem. Está aí a enchente, e eu já vi vários hoje se lamentarem. Então, não podia deixar o Piauí, que é o que sofre mais, porque é o mais mal governado Estado deste Brasil. Todos os índices entraram em decadência. Eu os deixei, todos os índices, vencendo os do Maranhão e de muitos da Paraíba, do Rio Grande do Norte, mas agora o Piauí está sofrendo a mesma coisa.

Há no Piauí 19 rios, seis perenes, 100 lagoas, e Teresina é uma cidade mesopotâmica. O rio é o Poty e vem do Ceará e se junta com o rio Parnaíba, esse mesmo que está causando as enchentes. O Maranhão tem outros rios, mas o Parnaíba é o maior, não digo que nos separa, que nos une. Ele tem 1.458 km. Então, esse mesmo rio - de Teresina, descendo, Teresina ao litoral - é uma calamidade só.

Primeiro, a hidrelétrica foi obrigada a abrir as eclusas, lá em Boa Esperança. Então, todas as cidades abaixo dela, a própria extraordinária Floriano, Amarante, Palmerais... E Teresina sofre duplamente, porque está entre dois rios, é mesopotâmica, apesar do esforço do Prefeito, que é um Prefeito muito trabalhador, uma equipe extraordinária.

E tenho experiência para dizer isso, Luiz Inácio. Está pior agora. Mas muito pior! Muito pior! Porque tinha a Sudene, Expedito Júnior. A Sudene tinha o know-how de ajudar os Governos de Estado, as cidades que sofrem. E a Sudene está no meio desses vetos aí, não renasceu com isso tudo.

E eu mesmo, para dizer ao Luiz Inácio, tenho que contar: sofremos uma grande enchente. Era Ministro de Integração Regional o Cícero Lucena - Cícero Lucena, do PMDB da Paraíba. De chofre, ele chegou e me entregou - não foi conversa, não; não foram palavras, não - um cheque de US$5 milhões, o dólar era valorizado. Então, com esse dinheiro, com o Prefeito de Teresina Francisco Gerardo, nós fizemos logo dois conjuntos habitacionais para os alagados: um foi chamado de Wall Ferraz e no outro colocaram o nome de Mão Santa. Milhares e milhares e milhares de casas. E o restante ainda do dinheiro entreguei aos prefeitos das cidades ribeirinhas.

As cidades de União, de Barras, onde hoje Manin Rêgo está sofrendo, um grande e extraordinário Prefeito, porque há muita água, muitos rios; e, descendo, a cidade de Porto, a cidade de Matias Olímpio, Buriti dos Lopes, Esperantina, Luzilândia, Paranaíba mesmo, porque o rio Parnaíba, antes de se lançar no mar, se abre em cinco rios, um dos quais é o rio Igaraçu, que envolve a cidade de Parnaíba. Então, todos esses que estão abaixo do encontro do Poty com Parnaíba, e o Poty que veio com as águas do Ceará, estão sofrendo.

Então, é isso que nós queremos pedir. E já entramos em contato com os Ministros do PMDB, que podem nos ajudar. O Geddel Vieira, o Temporão, porque sempre isso é acompanhado de problemas de saúde, de epidemias, e o próprio Reinhold Stephanes, porque, depois disso, esperamos pelo menos recuperar na agricultura. Há que se ter apoio, dar semente. De qualquer maneira, essas enchentes, como a gente via no Nilo, na seca, se houver uma inteligência, uma ação pronta, eficiente, pode haver uma recuperação dos prejuízos.

Mas são inúmeras as casas, inúmeras as residências tombadas nessas cidades ribeirinhas: Ilha Grande, Santa Isabel. E todas, a Prefeita Joana D’Arc, a Prefeita de Luzilândia, a Prefeita de Buriti dos Lopes, a Janaína, a Ivana, todas elas estão - vamos dizer - dando seus melhores esforços.

Então, nós viemos aqui, com toda a convicção, pedir ao Presidente da República para colocar lá, também, uma atenção especial, como foi dada ao Estado de Santa Catarina, que é do Sul, e mereceu, e o País todo se desdobrou. O próprio Presidente da República foi lá e sobrevoou, minimizando as calamidades das enchentes. Que seja feito o mesmo para o Nordeste, que essa atenção seja dada ao Piauí. Então, nós solicitamos que ele recoloque o Exército. Porque o Exército lá... O Piauí é um Estado privilegiado nesse sentido, pois tem dois Batalhões de Engenharia de Construção para as reconstruções das estradas, das pontes. A Marinha tem uma Capitania dos Portos... Nessa hora, tem recursos também e uma estrutura para socorrer os alagados.

São essas as nossas palavras, Presidente Expedito. E faço o mesmo apelo, chorando e clamando, para que o Presidente da República não ouça os aloprados. A realidade é esta. Ninguém escolhe o momento em que se vai governar. E o momento é este; não é de entusiasmo, é de trabalho, é de solidariedade, é de apreço e realidade.

Então, o Piauí está a precisar das atenções de nosso ilustre Presidente da República, Luiz Inácio. Está um caos! Um caos, porque o Governo do Estado era caótico, e agora a natureza está rigorosa, mesmo diante da bravura do homem e da mulher do Piauí que enfrentam todas as adversidades.

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