Discurso durante a 61ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao centenário do nascimento de Dom Helder Camara.

Autor
Renato Casagrande (PSB - Partido Socialista Brasileiro/ES)
Nome completo: José Renato Casagrande
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao centenário do nascimento de Dom Helder Camara.
Aparteantes
Antonio Carlos Valadares, Eduardo Azeredo.
Publicação
Publicação no DSF de 30/04/2009 - Página 13473
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, HELDER CAMARA, ARCEBISPO, ELOGIO, ATUAÇÃO, COMBATE, DESIGUALDADE SOCIAL, POBREZA, BUSCA, LIBERDADE, DEMOCRACIA, GARANTIA, DIREITOS HUMANOS, DENUNCIA, TORTURA, LUTA, EXTINÇÃO, REGIME MILITAR, CRITICA, IMPEDIMENTO, DITADURA, RECEBIMENTO, PREMIO, PAZ.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. RENATO CASAGRANDE (Bloco/PSB - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, senhoras e senhores que compõem a Mesa, Senador Inácio Arruda, que é um dos autores desta sessão solene, Senador José Sarney, Presidente da Casa, quero, de forma muito sucinta, manifestar aqui também a minha alegria de estarmos lembrando, homenageando D. Helder pelo seu centenário de nascimento, por ser D. Helder uma figura viva com seus exemplos ainda no nosso meio.

O Papa João Paulo II, numa referência a ele - alguns já disseram aqui, mas, não custa nunca a gente relembrar - disse que “D. Helder era irmão dos pobres e meu irmão”. Referência do Papa João Paulo II a D. Helder. E é importante que nós possamos lembrar de Dom Helder não só como irmão dos pobres, defensor dos pobres, mas também como uma figura, uma liderança religiosa, um cidadão com a capacidade de pregar e de praticar a paz, a defesa da boa política, a defesa dos mais necessitados e a coragem, que ele sempre tinha, de denunciar o acúmulo de renda, a concentração de riqueza. Acho que essas coisas todas precisam ser lembradas em um momento como este. A nomeação de Dom Helder em 12 de março de 1964 foi, na verdade, quase um desígnio para que houvesse mais uma liderança com a capacidade de contestar e debater as ações do regime militar que tomou o poder no Brasil no dia 31 de março..

Enquanto o regime militar endurecia, Dom Helder se tornava, cada vez mais, uma pessoa importante na defesa dos direitos individuais e coletivos, na defesa das liberdades para o povo brasileiro. Um lutador - e uma referência nossa, interna -, mas também uma voz que se ouvia fora do Brasil.

Ele, em diversos momentos, teve a oportunidade de dizer o que estava acontecendo no Brasil nesse período de praticamente 20 anos de regime autoritário. Então, acho que essas figuras e essas pessoas cumpriram um papel num momento de muita dificuldade para o povo brasileiro. E é por isso que nós estamos aqui fazendo essas homenagens, e são homenagens que já foram feitas a ele: indicado para o Prêmio Nobel da Paz, não foi o escolhido, mas conquistou diversas honrarias pelo tempo em que ele esteve como líder, como dirigente, como bispo, como cidadão brasileiro; 32 títulos de Doutor Honoris Causa e diversas outras homenagens, aqui e também fora daqui; Prêmio Martin Luther King, nos Estados Unidos; Prêmio Popular da Paz, na Noruega; e foi um dos grande organizadores e +obra literária extensa na qual hoje muitos se aprofundam.

O Senador Valadares quer um aparte, a quem concedo, como meu Líder do PSB.

O Sr. Antonio Carlos Valadares (Bloco/PSB - SE) - Senador Casagrande, V. Exª está fazendo um resumo importante da vida de Dom Helder, uma figura monumental da vida episcopal brasileira, da vida social do nosso País, naquela época mergulhado entre a necessidade de uma democracia verdadeira, de uma democracia participativa, de uma democracia preocupada com a população; e uma outra face, a face que se estava inaugurando, da violência institucional, do regime discricionário que de fato aconteceu e mergulhou o Brasil num período de escuridão diante dos reclamos de liberdade do povo brasileiro. Mas a figura de Dom Helder se posiciona bem alto, acima de tudo, porque em face do famigerado capitalismo que anseia por mais lucros, que anseia por mais poder, ele deixou esse exemplo de humildade, esse exemplo de engajamento com os mais pobres. Quando vemos hoje esse capitalismo famigerado que tanto prejudicou as classes sociais mais pobres, mergulhado nessa crise que nasceu nos Estados Unidos, a figura de Dom Helder, com a sua pregação, demonstra por “a mais b” que a solidariedade humana deve ser a primeira preocupação de todos nós. O lucro, num regime capitalista, é uma consequência, um efeito do trabalho, mas não a busca incessante do lucro como forma de riqueza, abandonando os mais pobres na miséria, no esquecimento e na humilhação. Portanto, meus parabéns a V. Exª pelo seu pronunciamento. Que outras figuras como Dom Helder, neste momento tão dramático por que passa a nacionalidade e o mundo, surjam, porque o seu exemplo é realmente edificante. Ele traz para os jovens a certeza de que a vida está acima do lucro, a vida está comungando, andando passo a passo com a eternidade e a solidariedade humana.

O SR. RENATO CASAGRANDE (Bloco/PSB - ES) - Obrigado, Senador Antonio Carlos Valadares, nosso Líder, pelo seu aparte, que enriqueceu o meu pronunciamento.

Senador Eduardo Azeredo.

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador Casagrande, como representante de Minas Gerais, eu não poderia também deixar de manifestar a minha homenagem a Dom Helder Câmara. Acompanhei o seu trabalho, aprendi a admirá-lo ainda na minha época de estudante secundário e, depois, estudante universitário. Dom Helder foi, realmente, o homem que soube entender as dificuldades das pessoas mais necessitadas, que soube entender a necessidade de enfrentar especialmente as desigualdades sociais e as desigualdades regionais. Portanto, nada mais justo do que homenagearmos aqui a sua memória. Dom Helder foi o grande artesão da paz. Não foi um artesão, foi o grande artesão da paz.

O SR. RENATO CASAGRANDE (Bloco/PSB - ES) - Muito obrigado, Senador Eduardo Azeredo.

Concluo, Sr. Presidente, dizendo a V. Exª que Dom Helder foi Bispo nomeado de Recife e Olinda e lá encontrou o Dr. Miguel Arraes, que é o nosso Presidente eterno, e junto com o Dr. Miguel Arraes fez uma grande luta democrática.

A referência de Dom Helder é o seu principal legado, que neste momento estamos vivendo e que, cada vez mais, se fortalece.

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)


Modelo1 11/24/243:25



Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/04/2009 - Página 13473