Discurso durante a 61ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Participação de S.Exa. em ato público realizado em Brasilândia/MS, de entrega de moradias a famílias pobres. Elogios ao Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd).

Autor
Valter Pereira (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Valter Pereira de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA HABITACIONAL. DROGA.:
  • Participação de S.Exa. em ato público realizado em Brasilândia/MS, de entrega de moradias a famílias pobres. Elogios ao Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd).
Publicação
Publicação no DSF de 30/04/2009 - Página 13759
Assunto
Outros > POLITICA HABITACIONAL. DROGA.
Indexação
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, CERIMONIA, DISTRIBUIÇÃO, HABITAÇÃO POPULAR, POPULAÇÃO, REALIZAÇÃO, MUNICIPIO, BRASILANDIA (MS), ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), COMENTARIO, DIALOGO, MÃE, APREENSÃO, FILHO, VICIADO EM DROGAS.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DENUNCIA, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, MÃE, HOMICIDIO, FILHO, VICIADO EM DROGAS, DEMONSTRAÇÃO, DIFICULDADE, COMBATE, DROGA, DETALHAMENTO, ORADOR, AMPLIAÇÃO, VIOLENCIA, ASSALTO, CRIME, MOTIVO, TRAFICO, CRITICA, SUGESTÃO, DISCRIMINAÇÃO, AUSENCIA, MELHORIA.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, POLICIA MILITAR, CRIAÇÃO, PROGRAMA, EDUCAÇÃO, CRIANÇA, ADOLESCENTE, RESISTENCIA, VIOLENCIA, DROGA, IMPORTANCIA, CONSCIENTIZAÇÃO, JUVENTUDE, PREVENÇÃO, VICIO.
  • DEFESA, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, INSTITUCIONALIZAÇÃO, AMPLIAÇÃO, RECURSOS, PROGRAMA, EDUCAÇÃO, CRIANÇA, ADOLESCENTE, RESISTENCIA, VIOLENCIA, DROGA, IMPLANTAÇÃO, AMBITO NACIONAL.

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O SR. VALTER PEREIRA (PMDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não há um grande número de oradores, e acredito que não vamos fazer um pronunciamento longo.

No último sábado, participei de um belo ato público no Município de Brasilândia, no Estado de Mato Grosso do Sul. Na ocasião, o Dr. Antônio de Pádua, Prefeito da cidade, e o Governador André Puccinelli entregavam dezenas de moradias a famílias pobres.

Na fisionomia de cada beneficiado, o brilho nos olhos e o sorriso abundante espelhavam contentamento e alegria de quem realizava o sonho da casa própria.

Quando terminava o evento e eu me preparava para retornar a Campo Grande, uma pobre mulher me abordou. Diferente das demais pessoas, ela não estava feliz; ao contrário, seu rosto exprimia angústia e dor. Era uma mãe desorientada que pedia socorro para um filho dependente de drogas, Senador Paulo Paim. Ela não sabia o que fazer e suplicava qualquer solução, desde tratamento médico até a prisão do próprio filho, Senador Mão Santa.

Sugeri, então, que procurasse o Ministério Público. Ela respondeu-me que já tinha feito isso e que o promotor revelara-se incompetente para solucionar o caso. Orientei-a, então, para pedir providências ao MM. Juiz de Direito.

Naquele mesmo dia, ao compulsar a Folha de S.Paulo, deparo-me com uma entrevista concedida ao jornalista Graciliano Rocha, da sucursal de Porto Alegre, por outra mãe, neste caso uma consultora aposentada, de nome Flávia Costa Hahn, de 60 anos. O Senador Paim deve conhecer o caso a que me refiro. Da mesma forma que a pobre e infeliz de Brasilândia, a mãe de classe média, em meio à agressão sofrida, acabara matando o próprio filho, Tobias Lee Manfred Hahn, de 24 anos de idade. No enredo de ambas, algo em comum: o vício do crack. O vício que vergastara as duas famílias. No episódio de Porto Alegre, o ato extremo, precedido de uma rotina de ameaças, agressões e chantagens por mais dinheiro para pagar traficantes. No caso de Brasilândia, o risco e o medo de uma tragédia futura, de uma tragédia anunciada. Nos dois eventos, a demonstração de que as drogas não se alastram apenas nos grandes centros. Confirmo, também, que elas não escolhem apenas os lares afortunados para entrar. Mansões e casebres estão sendo invadidos pela mesma praga que vem desagregando famílias e semeando violência.

O mais grave, Sr. Presidente, é que os métodos escolhidos para combater esse mal não vêm mostrando a eficácia necessária. Na incerteza da melhor estratégia, começam a se abrir perigosos caminhos para combatê-lo. Nos questionamentos sobre a eficácia dos métodos adotados para conter o uso e combater o tráfico, até soluções disparatadas são consideradas. A descriminalização é uma delas. Até bem pouco tempo atrás, essa alternativa era dona de uma reprovação quase generalizada. Hoje tem apoios consideráveis. Inicialmente, dizia-se que era preciso descriminalizar o uso, porque o vício transformava-se em patologia. Sendo doença, não se deveria reprimir o uso. E qual foi o resultado? Até agora não tenho conhecimento de nenhuma estatística que tenha mostrado uma tendência de redução do consumo. Não obstante isso, o assunto continua na pauta da sociedade. O debate se trava aqui e se trava alhures, porque os efeitos desse mal se dão no Brasil e fora de nosso País.

Quem se dá à curiosidade de acompanhar a crônica policial, constata facilmente uma dura realidade: na esmagadora maioria das infrações cometidas, a motivação está nas drogas, no roubo de automóveis, no furto de equipamentos, no assalto à padaria, à farmácia ou ao posto de combustíveis, no sequestro relâmpago, no furto do celular, num sem-número de delitos, estão presentes as digitais, sempre estão presentes as digitais de um traficante ou de um quadrilha. Em tais ilícitos é que a maioria dos dependentes químicos busca recursos para pagar as drogas.

E esses credores são implacáveis, não hesitando em aplicar até a pena de morte a seus devedores. De sorte que o indivíduo que faz negócio com o tráfico, acaba virando escravo do traficante, vira escravo do traficante e escravo do vício!

A verdade, Sr. Presidente, é que só existe o comércio de drogas porque existe o usuário, o viciado que compra, com dinheiro limpo, às vezes, ou roubado, em muitos casos, da própria mãe, do próprio pai, do próprio amigo. Só prospera o tráfico porque tem gente experimentando, muita gente instigando amigos, sob a garantia de que o uso não é crime. Com isso, o universo de viciados cresce num mercado onde saciar o desejo autoriza qualquer negócio.

O mais lastimável é que a dependência não está adstrita mais a estratos sociais mais abastados. As drogas estão maltratando pobres e dilacerando famílias de todas as classes.

No entanto, é preciso reconhecer que existem métodos que estão dando certo. O mais eficaz que conheci, Senador Paim, é adotado pelas Polícias Militares da maioria esmagadora dos Estados brasileiros. Refiro-me ao Proerd - Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência. Está dando certo. Está dando certo porque é aplicado na prevenção e produz um efeito imunizador. Opera na cabeça do adolescente como uma vacina no sistema imunológico, despertando as defesas orgânicas. O trabalho é realizado dentro da escola e é monitorado por policiais treinados para lidar com adolescente e jovens.

Paradoxalmente, é um programa onde a polícia não combate pelas armas, mas pela pedagogia e o diálogo aberto, franco, leal. A metodologia adotada passa pela capacitação de policiais militares vocacionados para lidar com jovens, com adolescentes, com crianças. É a forma de aprofundar suas relações com eles, granjear a confiança recíproca, rompendo todos os segredos que escondem o uso e o tráfico. Mistérios que muitos pais não conseguem desvendar para seus filhos são esclarecidos nas divertidas sessões desse programa.

Além de ter frustrado a adesão de adolescentes às drogas, o programa tem aumentado a disciplina e o aprendizado escolar. Mais do que isso: tem conseguido melhorar as relações entre pais e filhos, o que é fundamental também no combate às drogas. Enfim, vem resgatando valores perdidos pela sociedade moderna. Valores como a amizade sincera, a camaradagem e o respeito entre as pessoas. Eis algumas das razões dos excelentes resultados do programa.

A despeito das extraordinárias virtudes do Proerd, sua estrutura é minúscula e seus operadores trabalham em condições franciscanas. Se as forças políticas procurarem conhecer o programa e contribuírem para sua expansão, com certeza, a resposta será gratificante para toda a sociedade.

Com objetivo de espalhar o Proerd pelo Brasil afora, apresentei o Projeto de Lei nº 164, de 2009. É para isso que proponho institucionalizá-lo e dotá-lo de recursos. Esse programa, Sr. Presidente, deve ser conhecido por todos os Srs. Parlamentares que têm compromisso no combate às drogas. V. Exª, que é médico e que tem uma preocupação com a saúde - e essa questão das drogas, a partir de determinado momento, deixa de ser um crime, passa a comprometer também a saúde pública -, precisa conhecê-lo, entrar em uma unidade da Polícia Militar e assistir pelo menos a uma sessão do Proerd. Aí, V. Exª vai entender do que estou falando.

Para finalizar, um convite a todos os Srs. Parlamentares: vamos conhecer o Proerd, vamos viabilizá-lo, vamos instrumentalizá-lo. A salvação só pode ser encontrada na prevenção, porque a prevenção é que vai eliminar o comprador, e, eliminando o comprador, vamos cortar a corrente do tráfico, a corrente do crime.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/04/2009 - Página 13759