Discurso durante a 66ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso, em 5 de maio, dos 144 anos de nascimento do Marechal Cândido Rondon.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem pelo transcurso, em 5 de maio, dos 144 anos de nascimento do Marechal Cândido Rondon.
Publicação
Publicação no DSF de 07/05/2009 - Página 15348
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, CANDIDO MARIANO DA SILVA RONDON, MARECHAL, PERSONAGEM ILUSTRE, PIONEIRO, POLITICA INDIGENISTA, INTEGRAÇÃO, TERRITORIO NACIONAL, REGISTRO, BIOGRAFIA, RESPONSAVEL, CONSTRUÇÃO, LINHA DE TRANSMISSÃO, TELEGRAFIA, LIGAÇÃO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ESTADO DE GOIAS (GO), REGIÃO AMAZONICA, FAIXA DE FRONTEIRA, MAPEAMENTO, INICIO, RELACIONAMENTO, DIVERSIDADE, TRIBO, ELOGIO, VIDA PUBLICA, PACIFICAÇÃO, JUSTIÇA, HOMENAGEM POSTUMA, DENOMINAÇÃO, ESTADO DE RONDONIA (RO).

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, subo a esta tribuna para fazer uma homenagem a um grande homem público que ficou na história do nosso País: Marechal Cândido Rondon.

No ano de 1865, há 144 anos, no dia 5 de maio, nascia, em Mimoso, Mato Grosso, um brasileiro, de origem indígena, que levou desenvolvimento até as áreas mais longínquas do Brasil. Estou falando, Srªs e Srs. Senadores, de Cândido Mariano da Silva Rondon, ou, como todos conhecemos, do Marechal Cândido Rondon, figura de reconhecido talento que, com sua marcha infalível, desbravou as áreas mais remotas do Brasil.

Espero, em poucas palavras, homenagear a memória desse bravo soldado, desse bravo brasileiro.

Sua carreira brilhante teve início ainda enquanto estudante.

Rondon participou dos movimentos abolicionista e republicano. Foi nomeado chefe do Distrito Telegráfico de Mato Grosso e designado para a comissão de construção da linha telegráfica que ligaria Mato Grosso e Goiás. O governo republicano tinha preocupação com a região oeste do Brasil, muito isolada dos grandes centros e de extensas áreas de fronteira. Assim, decidiu melhorar as comunicações, construindo linhas telegráficas para o Centro-Oeste. Foi, então, que o Brasil teve a oportunidade de conhecer o trabalho de um homem destemido, cuja tarefa maior era a de consolidar o Estado brasileiro.

Rondon cumpriu essa missão abrindo caminhos, desbravando terras, lançando linhas telegráficas, fazendo mapeamentos do terreno e, principalmente, estabelecendo relações cordiais com os índios. Manteve contato com muitas tribos indígenas, entre elas os Bororos, os Nhambiquaras, os Urupás, os Jarus, os Karipunas, os Ariquemes, os Bocas-Negras, os Pacaás Novos, os Macuporés, os Guarayas, os Macurapes.

Quero destacar aqui, Srªs e Srs. Senadores, somente algumas passagens da carreira deste nobre brasileiro.

Em 1890, formou-se bacharel em Ciências Físicas e Naturais na Escola Superior de Guerra. Entre 1892 e 1898, ajudou a construir as linhas telegráficas de Mato Grosso a Goiás, entre Cuiabá e o Araguaia, e uma estrada ligando Cuiabá a Goiás.

Nos anos de 1900 a 1906, dirigiu a construção de mais uma linha telegráfica, entre Cuiabá e Corumbá, alcançando as fronteiras de Paraguai e Bolívia. Em 1906, encontrou as ruínas do Real Forte do Príncipe da Beira, a maior relíquia histórica de Rondônia, onde hoje situa-se o Município de Costa Marques, divisa do Brasil com a Bolívia.

No ano de 1907, no posto de Major do corpo de engenheiros militares, foi nomeado chefe da comissão que deveria construir a linha telegráfica de Cuiabá a Santo Antônio do Madeira, a primeira a alcançar a região amazônica, que foi denominada Comissão Rondon - hoje, Santo Antônio do Madeira é onde está Porto Velho, que abriga a Usina de Santo Antônio e também a de Jirau, um pouco acima.

Seus trabalhos desenvolveram-se de 1907 a 1915. Nessa mesma época, estava sendo construída a Ferrovia Madeira-Mamoré, que, juntamente com o desbravamento da integração telegráfica de Rondon, ajudaram a ocupar a região do atual Estado de Rondônia - meu querido Estado de Rondônia.

Sr. Presidente, em 1907 a Comissão Rondon foi instituída; porém, só em 4/5/1909, Rondon iniciou a missão que levaria a linha telegráfica ao noroeste matogrossense. Mais tarde, essa missão ficou conhecida como a chegada de Rondon a Rondônia, pois, nessa missão, foram dados os primeiros contornos ao Estado. Neste ano de 2009, comemora-se, então, o centenário da chegada de Rondon a Rondônia.

Em 5 de maio de 1955 - ano em que nasci -, data de seu aniversário de 90 anos, recebeu o título de Marechal do Exército Brasileiro, concedido pelo Congresso Nacional.

Além de desbravador, Rondon também era pacifista. Conta a história que, em setembro de 1913, Rondon, dando prova de sua sabedoria e de seu respeito pelos povos indígenas, ao ser atingido por uma flecha envenenada dos índios Nhambiquaras e tendo sido salvo pela bandoleira de couro de sua espingarda, orientou seus comandados a não reagirem e a baterem em retirada, demonstrando seu princípio de penetrar no sertão somente com a paz como escudo.

Fatos como esses, Srªs e Srs. Senadores, renderam-lhe mais tarde, em 1957, a indicação do Prêmio Nobel da Paz, pelo Explorer’s Club de Nova York.

Em 1914, com a Comissão Rondon, foram construídos 372 Km de linhas e mais 5 estações telegráficas: Pimenta Bueno, Presidente Hermes -atualmente Presidente Médici, cidade do meu Estado -, Presidente Pena - depois Vila de Rondônia e atual Jiparaná -, Jaru e Ariquemes, na área do atual Estado de Rondônia.

Em 1º de janeiro de 1915, concluiu sua missão com a inauguração da estação telegráfica de Santo Antônio do Madeira - aquela a que já me referi, onde vai ser construída a Usina de Santo Antônio.

Em fevereiro de 1956, a Lei nº 21.731 conferiu justiça ao trabalho do Marechal, e o então Território Federal do Guaporé passou a se denominar Território Federal de Rondônia, em justa homenagem ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.

Hoje, nobres colegas, cumpro esta valorosa homenagem ao militar e sertanista que deu ao Estado de Rondônia seus contornos, sua determinação e sua história.

Hoje, Rondônia ocupa um lugar de destaque no cenário nacional pelas suas riquezas, pelas suas potencialidades, pelas suas terras férteis, pelas suas florestas, pela sua fauna e também pelo seu bravo povo; tantos que migraram para Rondônia, assim como eu e como aqueles que lá nasceram.

Era esta, Sr. Presidente, a homenagem que eu queria prestar a Marechal Cândido Rondon.

Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/05/2009 - Página 15348