O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Jefferson Praia, que preside esta sessão; Parlamentares presentes; brasileiras e brasileiros que nos assistem aqui no plenário e que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado, realmente o Senado é de uma utilidade extraordinária. Desde quarta-feira passada, nós bradamos aqui - quarta-feira, quinta-feira e segunda-feira -, clamando a atenção do Governo diante das enchentes estão acontecendo no Nordeste e, evidentemente, no meu Estado, o Piauí. Desde quarta-feira passada, clamava aqui pela atenção do Governo e aproveitava até o Senador João Pedro para convocar o Ministro Alfredo Nascimento - a quem ele representa, aqui, com grandeza -; para convocar o Ministro do meu Partido, Geddel Vieira; o Temporão; o Ronaldo; enfim, todos. Nós fomos Prefeitos e enfrentamos essas enchentes - e quando Governador de Estado também.

Realmente elas são cíclicas e ocorrem principalmente no Piauí, Estado que tem 19 rios, seis perenes, seis lagoas, dezenas de açudes, os quais, somados a um inverno forte, causam essa calamidade. E sofre, sobretudo, a capital do Estado.

Senador Jefferson Praia, Teresina é mesopotâmica, entre dois rios, o rio Poti, que vem do Ceará, e o rio Parnaíba, que percorre 1.458 quilômetros e nos separa do Maranhão. Então, Teresina sofre muito, e a minha cidade natal, que é a do litoral, a de menor altitude.

Sofri tais experiências quando Secretário de Saúde de Parnaíba, em 1974, e era Prefeito Elias Ximenes do Prado, do PMDB. Depois, sendo Prefeito, também sofremos uma grande enchente. E quando Governador do Estado, em 1995, Teresina tinha perdido o seu pai, o seu protetor, o maior líder da capital, Wall Ferraz, que, pelo PSDB, fora Prefeito daquela cidade por três vezes. Ela, órfã, então, eu, com o Vice-Prefeito Francisco Gerardo socorremos o povo.

Mas naquele tempo era mais fácil. A situação hoje é mais difícil. Daí, na quarta-feira passada, na quinta-feira, ontem, eu ter clamado por apoio e auxílio do Governo Federal, principalmente a Sua Excelência, o nosso Presidente Luiz Inácio, relembrando que, de pronto, de imediato, com suas ações, prestou socorro a Santa Catarina, o que todo o País aplaudiu, o que nós aplaudimos.

Que sejam feitas as mesmas ações pelo Piauí. Então, aqui estão os jornais, como o Meio Norte: “Chuvas alagam Parnaíba e mais dois Municípios”; “Desabrigados já são 26 mil”; “Parnaíba deve invadir a avenida no domingo” (o rio Parnaíba).

Mas hoje podemos agradecer a Sua Excelência, o Presidente da República. “Lula chega para ver o caos”. Teresina alagada. Outro jornal muito importante: Teresina, a capital que mais sofre. O Prefeito de Teresina, Sílvio Mendes, extraordinário Prefeito, enfrentando, inspirado naquela dedicação que o líder maior do PSDB sempre teve, o professor Wall Ferraz. Desde lá, o PSDB ganha na capital, com extraordinários prefeitos. Em 1995, eu era Governador do Estado, morrera Wall Ferraz, era o Vice um engenheiro extraordinário, Francisco Gerardo.

Mas quero dizer que pedi socorro, e está-se repetindo a mesma situação. Ao Governo da época - não foi o Presidente Fernando Henrique Cardoso -, pedimos que enviasse o seu Ministro da Integração Regional, que era o hoje Senador Cícero Lucena.

Tenho uma grande gratidão, Pedro Simon, porque Cícero Lucena, naquele tempo, foi um Ministro indicado por nós, Lideres do PMDB, no Governo de Fernando Henrique Cardoso. Ele chegou de chofre, mas não chegou com conversa, não. Ele chegou e nos deu, fugindo da burocracia, um cheque de US$5 milhões. Mas, de imediato, já saltou, eu levei para o Palácio, e o dólar naquele tempo era bastante pesado, de tal maneira que, com o Prefeito de Teresina, nós minimizamos o sofrimento.

Pegamos aqueles moradores da região ribeirinha, do Poti, do Parnaíba, e dessas ações nasceram dois grandes conjuntos: um foi batizado de Wall Ferraz, o Prefeito que tinha morrido, e no outro botaram depois o nome de Mão Santa.

E, mais ainda, com esses recursos, junto com o Governo do Estado, socorremos todas as cidades da região ribeirinha, descendo de Teresina, que sofre mais, porque tem o encontro dos dois rios, os quais alagam toda aquela região, as cidades ribeirinhas, como União, Barras, Esperantina, Luzilândia, Buriti dos Lopes, Parnaíba, Ilha Grande. Todas as cidades estão sofrendo.

Então, temos de agradecer. Sua Excelência, o Presidente da República, lá chegou, acompanhado do Ministro do meu Partido, Geddel Vieira, e do Ministro Alfredo Nascimento. Nós agradecemos o empenho do Senador João Pedro, que ainda levou o do Dnit. E, ontem, pedíamos a esta Casa, implorávamos que o Presidente Luiz Inácio fosse, e estava representando o Partido dos Trabalhadores aqui o Senador Eduardo Suplicy.

Mas o fato é que Sua Excelência esteve lá, viu e, com aquele linguajar dele, disse até “que nunca pensou que fosse tão grande o sofrimento da capital e das cidades ribeirinhas do Piauí”.

Quero crer que realmente Sua Excelência, o Presidente da República, com seus Ministros, com os Prefeitos de Teresina, com os demais Prefeitos - todos que sofrem, o Manin Rêgo, a Janaína, o Prefeito da cidade de Parnaíba, os prefeitos dessas cidades mais sacrificadas -, deem atenção.

Mas queria, com a minha experiência e vivência, advertir o nosso Presidente, Luiz Inácio, que o sofrimento diante dessas calamidades no Nordeste é muito maior. Os governantes, os prefeitos vão sofrer muito mais do que eu, quando fui suplente, e o próprio Governador do Estado. Isso porque o Luiz Inácio, na sua objetividade, chegou e disse para o Governador: “Governador, seja objetivo e preciso”. Olhem as palavras do Presidente Luiz Inácio, com a sensibilidade que lhe é peculiar. A alguns jornalistas falou que está impressionado com tudo o que está vendo. “Nossa Senhora, a situação é preocupante! Essas enchentes impressionam qualquer um.” E virou-se para o Governador do seu Partido e disse: “Seja objetivo e preciso.” Isso quer dizer que ele foi com a intenção de ação e de socorrer realmente os irmãos do Piauí.

Mas quero advertir, com o meu sofrimento, porque já enfrentei isso quando Secretário de Saúde de Parnaíba, quando Prefeito e quando Governador do Estado do Piauí, que a situação é muito grave. Por quê? Porque este País já foi mais organizado.

A Sudene foi sonhada pelo estadista Juscelino Kubitschek, que imaginou este País: ele cravou no Sul a indústria automobilística. Estão aí os sulistas, está aí o Eduardo Suplicy, que pode até ser candidato a Governador de São Paulo. Lá ele cravou as indústrias, o centro industrial no Sul, a indústria automobilística, a Embraer e tudo. No centro do País, ele cravou Brasília. E lá no Norte e no Nordeste ele botou uma companhia, as superintendências de desenvolvimento, para diminuir, minimizar a grande distância entre a riqueza do Sul e a do Nordeste do País.

Paim, é com tristeza: a Sudene só na propaganda. Foram vetados os recursos que davam vida a ela. E a Sudene era o órgão especializado, que tinha know-how para socorrer os Estados do Nordeste, quer nas secas, quer nos fenômenos da enchente.

Com a minha experiência de Governador do Estado, quero dizer que é mais fácil o Governo enfrentar a seca porque ela vem lenta, gradativa; e essas enchentes surpreendem. Milhares e milhares, como diz aqui um boletim: “Passa de cinquenta mil o número de atingidos no Piauí”. São pessoas que perdem suas casas.

Eu conheço tanto isso, Paim, e sou feliz por isso. Em 1974, em Parnaíba, houve uma grande enchente. Eu era Secretário de Saúde, e o Prefeito, Elias Ximenes do Prado. Antonio Carlos Valadares está atento porque ele sente isso, foi Prefeitinho e extraordinário Governador. Aí, eu, como Secretário de Saúde, comecei a fazer alojamentos, tirando os alagados e botando-os nos prédios públicos, nas igrejas, nos templos protestantes. João Pedro, depois de mais de cem, eu parei de contar. Minha casa estava em construção, na fase de acabamento. Aí eu peguei - Paim, acho que, por isso, sou abençoado e feliz com Adalgisa e minha família - seis famílias. Lá ficaram, lá permaneceram, abrigados dessas chuvas. Nessa casa que eu construí e que estava em acabamento, alojamos seis famílias quaisquer. Eu acho que, por isso, Deus nos abençoou, e eu sou feliz com minha família nessa casa.

Essas são as minhas palavras de gratidão a Sua Excelência, o Presidente da República, que mostrou sensibilidade e tratou por igual Piauí e Santa Catarina. Basta nos unirmos, como deu exemplo o Senador Heráclito Fortes. O Senador Heráclito Fortes, um homem municipalista que foi Prefeito de Teresina, deve ter enfrentado também essas dificuldades no passado, acionou o Prefeito da cidade mais poderosa do Brasil. S. Exª, o Prefeito Cassab, já entrou em entendimento e vai mandar auxílio para o povo do Piauí.

Então, apenas as nossas palavras aqui para sensibilizar o Brasil todo, o Exército. O Exército tem dois batalhões de construção no Piauí, dois BECs, que são fundamentais nesse período para recuperar as estradas, as pontes etc.

Quero agradecer também a Deus que, sem dúvida nenhuma, não vai abandonar o Piauí. Vai, com São Pedro, sustar essas chuvas, para que possamos sair mais fortes do que estamos agora.

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