Discurso durante a 68ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso, em 6 de maio, do Dia do Taquígrafo, destacando a importância para o bom desempenho da missão parlamentar da Casa.

Autor
Marco Maciel (DEM - Democratas/PE)
Nome completo: Marco Antônio de Oliveira Maciel
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem pelo transcurso, em 6 de maio, do Dia do Taquígrafo, destacando a importância para o bom desempenho da missão parlamentar da Casa.
Publicação
Publicação no DSF de 09/05/2009 - Página 16322
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, TAQUIGRAFO, COMENTARIO, HISTORIA, TAQUIGRAFIA, PERIODO, INDEPENDENCIA, BRASIL, ATUALIDADE, UTILIZAÇÃO, CONCLAVE, IGREJA CATOLICA, IMPORTANCIA, TRABALHO, DOCUMENTAÇÃO, ATUAÇÃO, CONGRESSISTA, RELEVANCIA, CUMPRIMENTO, DIRETRIZ, CONGRESSO NACIONAL, ELOGIO, SERVIDOR.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Paulo Paim, Srªs e Srs. Senadores, nobre Senador Sérgio Zambiasi, que tão bem representa o Rio Grande do Sul no Senado Federal ao lado dos Senadores Paulo Paim e Pedro Simon.

Sr. Presidente, a instituição parlamentar depende, para seu bom funcionamento, de alguns órgãos essenciais ao cumprimento da sua missão.

Em primeiro lugar, certamente o apoio da Mesa Diretora. Obviamente necessita também o Senado Federal de outros recursos reputados igualmente essenciais. A Biblioteca, por exemplo, que nos subsidia no levantamento de trabalhos que nos ajudam a elaborar projetos e discursos; o Arquivo é um órgão sempre consultado, posto que é o repositório de nossas atividades desde os tempos imperiais. E, finalmente, mas não menos importante, a Taquigrafia.

Venho à tribuna hoje para falar sobre o Dia do Taquígrafo, cuja data transcorreu no dia 6 de maio. 

Nobres Senadores Sérgio Zambiasi e Paulo Paim, a Taquigrafia, como sabem V. Exªs, é a mais moderna forma de registro imediato da palavra. Com origens muito antigas, a mais próxima está na coletânea de abreviaturas que Cícero fez para seus discursos no Senado romano. Sêneca aumentou o número delas para cerca de 5.000. Daí em diante foram se multiplicando suas sistematizações e aplicações.

No Brasil, a Taquigrafia parlamentar foi introduzida inicialmente por José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, aliás, um dos grandes vultos da história nacional.

A partir daí, as sessões eram devidamente registradas através das anotações feitas pelas taquígrafas e pelos taquígrafos. Já na Constituinte de 1823, que terminou dissolvida pelo Imperador Pedro I, os taquígrafos estavam presentes. Inclusive, contamos com o concurso de taquígrafos que vieram do exterior, especialmente da França, que ajudaram a brotar no Brasil esses modernos serviços.

Essa foi, na minha opinião, uma das grandes antecipações organizatórias do nosso País porque permitiu fazer com que a Assembléia Nacional Constituinte funcionasse adequadamente, deixando devidamente registrados todos os seus trabalhos.

O dia 3 de maio daquele ano foi justamente quando se instalou a Assembléia Nacional Constituinte - 3 de maio era a data do início da Legislatura - e, pela primeira vez, taquígrafos brasileiros exerceram oficialmente suas atividades, quando da instalação, como mencionei já, da Assembléia Nacional Constituinte. Daí a consagração da data 6 de maio como o Dia do Taquígrafo, em nosso País.

Sr. Presidente, apesar das inovações tecnológicas, a taquigrafia manual prossegue indispensável, sobretudo, no Legislativo e no Judiciário.

O taquígrafo parlamentar tem assim o mérito da antecipação neste serviço entre nós. Seu trabalho árduo requer o máximo de atenção, treinamento e experiência. São os taquígrafos e taquígrafas as imediatas testemunhas da elaboração da história, pois eles e elas também estão presentes no Poder Executivo, partidos políticos, ONGs, sindicatos, órgãos de classe e nas empresas públicas e privadas.

Sr. Presidente, sabemos todos que o discurso é o instrumento fundamental para a comunicação entre os indivíduos e principalmente na reciprocidade dos povos e seus respectivos líderes. Uma das principais interpretações da origem das culturas e civilizações está na constatação da linguagem como início de todas elas em menor ou maior grau. O homem tanto mais se humaniza quanto mais se comunica por meio da palavra escrita e oral.

Na política, isso tem sua relevância ainda maior. Os grandes oradores estão com seus discursos salvos, em primeiro lugar e desde séculos, pela taquigrafia. O exemplo de Cícero, a que já me reportei no início de minhas palavras, frutificou. Passamos, pois também nesse campo, a segui-lo, inclusive os próprios imperadores romanos.

Na Igreja, desde o ano 237 da Era Cristã, os arquivos taquigráficos foram incorporados e organizados. No ano seguinte, o Papa determinou que também os padres aprendessem taquigrafia. O Papa Dâmaso (366-384 da Era Cristã) era taquígrafo e filho de taquígrafo. O primeiro santo taquígrafo foi São Jerônimo, tradutor da Bíblia do hebraico e grego para o latim, a chamada Vulgata, que contribuiu para a difusão da Bíblia em todo o mundo. Antes dele, Santo Eusébio havia deixado fragmentos, em seguida organizados.

A primeira grande reunião eclesial, em que se aplicou a taquigrafia, segundo dados que pude levantar, foi nada menos que o Concílio de Nicéia. Em 325 da chamada Era Cristã, já havia sido criado e instalado o serviço de taquigrafia da Igreja. No Concílio Vaticano I, de 1869 a 1870, existia um serviço taquigráfico composto de 23 seminaristas de diferentes nacionalidades, que faziam o trabalho de taquígrafos.

O Direito Romano, desde o tempo dos imperadores, que se baseavam não só em pareceres, doutrinas e sentenças escritas de antemão, quanto em notas taquigráficas nos debates nas sessões judiciárias.

O Congresso Nacional tem, pois, justos motivos para se regozijar com seus taquígrafos e taquigrafas. Eles e elas, ao servirem ao nosso Parlamento, servem à democracia e, portanto, ao Brasil.

São os que, dia e noite, nos acompanham, com paciência, competência e, sobretudo, eficiência.

Hoje, o decano da taquigrafia no Brasil - conforme me lembrou Dr. Luciano Brandão Alves de Souza, ex-Diretor-Geral da Câmara dos Deputados e ex-Ministro e Presidente do Tribunal de Contas da União -, é o professor Sylvio Vianna Freire, com 105 anos de idade, aliás, gozando de boa saúde. Ele foi taquígrafo da Câmara dos Deputados desde o tempo em que ainda funcionava no Palácio Tiradentes, no Rio de Janeiro e quando da transferência, portanto, da Capital Federal para Brasília, ele se tornou uma pessoa sempre consultada, uma vez que possui um acervo notável de informações. O professor Sylvio Vianna Freire continuou dando sua colaboração. É um pessoa mais que centenária, cuja grande parte de sua vida foi dedicada à taquigrafia do nosso País. Ele muito contribuiu, portanto, para a formação de novas gerações nessa especialidade, e continua exemplo e modelo.

A homenagem do Dia do Taquígrafo tem naquele mestre um destinatário simbólico, de excepcional significado pela sua lúcida e ativa longevidade.

Os taquígrafos e as taquígrafas estão, pois, de parabéns nessa data que, alías, transcorreu anteontem, segundo registra o calendário, que é não somente dos taquígrafos, mas de todos nós que admiramos e reconhecemos a importância de sua tão fundamental missão.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/05/2009 - Página 16322