Pronunciamento de Roseana Sarney em 15/04/2009
Discurso durante a 52ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Considerações sobre a estação das chuvas no Nordeste brasileiro e o sofrimento do povo maranhense.
- Autor
- Roseana Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MA)
- Nome completo: Roseana Sarney Murad
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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CALAMIDADE PUBLICA.:
- Considerações sobre a estação das chuvas no Nordeste brasileiro e o sofrimento do povo maranhense.
- Publicação
- Publicação no DSF de 16/04/2009 - Página 11519
- Assunto
- Outros > CALAMIDADE PUBLICA.
- Indexação
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- COMENTARIO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, REGIÃO NORDESTE, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO MARANHÃO (MA), VITIMA, EXCESSO, CHUVA, INUNDAÇÃO, ISOLAMENTO, DESABAMENTO, DESTRUIÇÃO, HABITAÇÃO, MORTE, POPULAÇÃO CARENTE, MUNICIPIOS, CAPITAL DE ESTADO.
- DEFESA, NECESSIDADE, OBRAS, CONTENÇÃO, DESABAMENTO, PRESERVAÇÃO, RODOVIA, CONSERVAÇÃO, ESGOTO, QUALIDADE, ASFALTO, INVESTIMENTO, CONSTRUÇÃO, REFORÇO, HABITAÇÃO POPULAR, URGENCIA, AUXILIO, REGIÃO, VITIMA, CALAMIDADE PUBLICA.
- IMPORTANCIA, ASSISTENCIA, GOVERNO FEDERAL, REGIÃO NORDESTE, DEFESA, OPORTUNIDADE, SOLUÇÃO, DIFICULDADE, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, POPULAÇÃO.
A SRA. ROSEANA SARNEY (PMDB - MA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o assunto que me traz hoje a esta tribuna é recorrente. A cada ano, a estação das chuvas - que é o Inverno para nós nordestinos --, faz vítimas pelo Brasil afora, particularmente no Nordeste, e no Maranhão inclusive. Águas transformam ruas em rios caudalosos, isolam cidades e bairros, derrubam pontes e encostas, levando casas, bens e, o que é mais triste, vidas humanas. Gente que morre soterrada sobre os escombros de casas precárias que lhes servia de abrigo. Gente que perde tudo o que conseguiu com trabalho e sacrifício de anos. Porque a tragédia anual das águas sempre castiga mais os mais pobres, os que menos têm.
Se é impossível prever o imponderável das forças da natureza, não é impossível prevenir e minimizar estragos ou tragédias, investindo, por exemplo, na contenção de encostas, na preservação da malha viária e na rede de drenagem, com limpeza de bueiros e conservação dos esgotos. Há que cuidar da qualidade do asfalto, que cobre rios e estradas, e investir na construção de casas, em moradia decente e segura para os mais necessitados. Levar, enfim, cidadania no sentido mais amplo do termo para evitar que, todo ano, milhares de brasileiros estejam nas estatísticas dos mortos e desabrigados da chuva.
Cuidar das pessoas é o prioritário dos governantes em todas as esferas de administração. Cuidar das pessoas significa prevenir, preservar, anteciparse para evitar desastres, como a repetitiva tragédia anual das chuvas.
Essa receita é o óbvio, é o chover no molhado, que os números anuais sobre estragos e tragédias das chuvas demonstram que não está sendo feito.
E assim, a cada ano, choramos sobre o leite derramado, nos solidarizamos com as vítimas, pedimos urgência no socorro para as regiões em calamidade pública.
Neste abril, o Maranhão tem quase 10 mil desabrigados.
Na semana passada houve mortos em São Luís. Choveu em um dia mais da metade do esperado para o mês todo, castigando a cidade precariamente administrada: 95 bairros estão em áreas de risco, há dezenas de desabrigados.
O rio Tocantins subiu mais de 4 metros, desabrigando outras dezenas de famílias em Imperatriz e castigando toda a Região Tocantina, que, com a abertura das comportas de Usina Hidrelétrica de Lajeado, no Tocantins, está ainda mais ameaçada. Em Timon a chuva levou as muitas casas de taipa, deixando uma centena de famílias ao relento. A rodovia MA-214, que liga Penalva a Viana, foi cortada em dois pontos, ilhando a população.
Não é diferente em cidades como Trizidela do Vale, Marajá do Sena e Tufilândia, que já somam mais de três mil desabrigados.
Em todo o Maranhão a saúde pública registra aumentos de casos de diarréia. Dengue, leptospirose e gripe também ameaçam o Estado.
De novo os maranhenses sofrem muito com as chuvas. E os governantes atuais culpam seus antecessores, que por sua vez também culparam administrações anteriores. Repetem a velha ladainha dos governantes ineptos. Não fazem e dizem que o anterior também não fez. Assim, desobrigados de responsabilidades, vêm pedir socorro ao Governo Federal para, premidos pela urgência, tentar minimizar sofrimentos. Passada a emergência, voltarão ao padrão normal: não fazer sequer o básico para evitar a recorrente tragédia das chuvas. Isso tem que acabar.
Não podemos mais desperdiçar a oportunidade de mudança na situação difícil de Estados carentes como o Maranhão. Nunca antes o Nordeste brasileiro recebeu do Governo Federal tanta atenção para superar antigas dificuldades. O Governo Lula tem mãos estendidas e generosas para o Nordeste brasileiro. Isso tem que ser muito bem aproveitado e revertido em real e palpável benefício para nosso povo sofrido.
Não vamos mais lamentar o que ainda não foi feito. Vamos fazer o possível e até o impossível para, finalmente, resgatar a imensa dívida econômica e social que o Brasil tem com o povo nordestino. Que as chuvas deste ano reguem nossa coragem de trabalhar muito para que não haja mais invernos de dor e perdas.
Muito obrigada.