Discurso durante a 53ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Estranheza diante de ação da Segurança do Senado Federal, que impediu um jornalista de fotografar o ex-Diretor-Geral, Agaciel Maia.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO.:
  • Estranheza diante de ação da Segurança do Senado Federal, que impediu um jornalista de fotografar o ex-Diretor-Geral, Agaciel Maia.
Publicação
Publicação no DSF de 17/04/2009 - Página 11963
Assunto
Outros > SENADO.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, SEGURANÇA, SENADO, RESTRIÇÃO, TRABALHO, JORNALISTA, FOTOGRAFIA, EX-DIRETOR, ACUSADO, IRREGULARIDADE, ADMINISTRAÇÃO, PREJUIZO, DEMOCRACIA, REPUTAÇÃO, LEGISLATIVO.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Permite-me, Senador Casagrande, eu quero ter o prazer de ouvir esse colega e amigo tão admirado.

            Mas duas comunicações bem breves.

            Uma, parabenizar V. Exª. Recebi o convite para estar aqui - estou aqui - para presenciar o seu milésimo pronunciamento.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Amanhã, sexta-feira.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Amanhã.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Amanhã, sexta-feira.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Eu o parabenizo antecipadamente por toda essa dedicação aos trabalhos do Senado Federal.

            E, segundo, eu gostaria de lhe dizer que acabou de acontecer um incidente que eu julgo desnecessário. Soube que um repórter do jornal O Estado de S. Paulo tentou fotografar o ex-Diretor-Geral da Casa Dr. Agaciel Maia e foi impedido pela Segurança. Não consigo entender isso como normal. O Sr. Agaciel Maia não sofreu punição, pode transitar livremente por onde ele quiser. Terá que ter todo o direito que a democracia garante a qualquer pessoa que é acusada de alguma coisa se defender. Então, obviamente, que ele não deve ser constrangido no seu direito de ir e vir. E, obviamente, que o repórter não deve ser impedido de fazer o seu trabalho.

            Eu creio que esta Casa precisa, de uma vez por todas, tomar o seu rumo. Evitar mistérios, dificultar coisas que são simples.

            Então, para repetir o meu sentimento muito sincero. Sou contra qualquer atividade persecutória, qualquer coisa que cheire a inquisição. Não. O que eu tive que falar, falei; o que eu tiver de falar, falaram. Muito bem.

            Então, hoje, o Sr. Agaciel Maia é uma pessoa absolutamente livre para andar por onde ele quiser, por onde ele quiser: viajar para o exterior, voltar para o Brasil; ir ao Estado, voltar do Estado dele para cá; fazer o que quiser.

            Por outro lado, o repórter tem o direito de fazer o seu trabalho. Isso tudo vai criando um clima que a gente não via há muito tempo no Congresso, como se houvesse muita coisa a esconder, como se houvesse algo que fosse nos separar da obrigação de respeitarmos a opinião dos outros, enfim.

            Então, confesso, Presidente, que nós precisamos tomar uma atitude muito firme, muito segura, porque isso vai entristecendo um pouco. Pergunto-me muito se somos capazes de encontrar um rumo para isso, de dar um jeito nisso. Eu, sinceramente, não vejo delito em uma pessoa que tem sua liberdade assegurada de transitar a hora que quiser. Pode andar por onde sempre andou, à vontade. E muito menos é delituoso o repórter fotografar. Pode fotografar V. Exª, a mim, o Senador Renato Casagrande, o médico, a enfermeira, quem está na assistência, qualquer um.

            Tenho a maior estima por todos que trabalham na Segurança. Certamente isso pode ter sido ordem. Se foi ordem, foi ordem equivocada. Quem deu ordem não pode dar essa ordem.

            De algumas coisas a gente não abre mão. Eu não abro mão do compromisso democrático. Não abro mão. Eu não me zango com quem me critica. Eu reajo a quem me insulta - é diferente -, mas não me zango com quem me critica. E lutei, junto com tantas outras pessoas, para que houvesse democracia no País, todo o mundo pagando seu preço para haver democracia no País. Então, isto não é do tempo que a gente vive: impedir um jornalista de fazer o seu papel, enfim. E, se o jornal disser para ele: “Ou você faz, ou você perde o emprego”. Por que não pode fotografar? Pode. Pode fotografar a Madona. Pode fotografar o Ronaldo, o fenômeno. Não vai fotografar a mim, a V. Exª, ao Dr. Agaciel, a qualquer pessoa?! Somos pessoas públicas. Ele não tem por que se esconder. Deve se defender, isto sim, com todo o direito que a democracia lhe assegura, e o fotografo tem que trabalhar.

            V. Exª, como membro corajoso da Mesa que é, transmita esse sentimento, que é muito pessoal meu, porque eu não entendo que por aí nós vamos chegar a bom termo, a lugar bom. Isso me lembra tempos que vivi, lá atrás. O General Newton Cruz nos insultando à porta, quando entrávamos para trabalhar, e nós nos vingávamos da tribuna. Não consigo achar que o caminho seja esse. Pode fotografar. Ele passa, vai ao banco, vai não sei aonde, é funcionário da Casa, com todos os seus direitos de funcionário da Casa. E o fotógrafo é fotógrafo credenciado, com todos os seus direitos de fotógrafo credenciado.

            Digamos que outro tivesse tirado a fotografia. Ele perderia o emprego dele.

            Em plena democracia, de que a gente se vangloria, com justeza, de termos consolidado, transmito essa reclamação a V. Exª, que é uma das pessoas mais certas para nós levarmos essa reclamação que faço, como Parlamentar, em nome de uma coisa básica, que é a democracia, de que não podemos abrir mão.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/04/2009 - Página 11963